30/06/11

Os tios velhotes

Anteontem morreu mais um tio avô velhote, irmão do tio que faleceu há 15 dias.
Um tio reservado, muito privado, mas muito afectuoso e que sempre me recebeu de braços abertos na sua casa do jardim.
A senhora que tomou conta dele nos últimos 20 anos contou-me de olhos rasos de lágrimas que os biscoitos de que eu mais gostava quando lá ía eram os esquecidos, os preferidos do tio que ela fazia todas as semanas. É uma boa recordação, a que tenho da sua casa das escadas enormes até ao primeiro andar.
Ficaram duas manas tristes de uma equipa que já foi de oito irmãos.
É, mais uma vez, a parte triste de ter uma família grande.

22/06/11

Ora bolas

Hoje tive 20 minutos livres para ir às compras/ver montras. Vi imensas coisas de que gostei mas não tive coragem de comprar nenhuma - sintoma da porcaria da crise? Até consegui resistir a uma pulseira com aspecto de rebuçado às riscas vermelhas e brancas, que era baratinha
Preciso de muitas coisas...

Viva a nova presidente

Eu não sou feminista, mas gostei muito de saber que o novo presidente da Assembleia da República é a nova presidente.
Assunção Esteves, além de ser muito inteligente, é muito divertida. Jantámos uma vez, há muito tempo atrás, com um amigo comum, e ri-me a noite toda. Foi uma diversão. Está seguramente preparada para a galhofa do Parlamento.
Boa sorte.

A bola

Correm, cansam-se, correm mais um pouco, zangam-se, fazem as pazes, caem, levantam-se, caem outra vez, gritam palavras de ordem. "Aqui, estou sozinho. Chuta. Golo"
Os rapazes unificam-se em torno de uma bola com uma facilidade que sempre me surpreende. Amigos para sempre.
E o nome? Como se chama o teu amigo? Pergunto.
"Não sei", encolhe os ombros, enquanto volta apressado para o jogo. E no fim revemos juntos as melhores jogadas, eu a pensar o que há-de ser o jantar, o que vou fazer à noite quando estiverem a dormir, ele a sonhar com os passes, as fintas, os golos, a bola.
"Viste o golo que eu marquei?" Vi, claro, as mães vêm tudo.
Se há miúdas, elas tentam agarrar a bola com as mãos, eles exasperam. São os genes, mais uma vez. Eu não, eu gosto de chutar a bola, gosto de correr atrás dela, gosto de jogar com ele à bola. Não tenho pachorra é para regras. "Agora é à parede, agora eu sou primeiro e depois tu..."

Ontem fizemos um mega piquenique para comemorar a chegada do Verão. Dez putos a correr no jardim. Tivemos direito a formigas e tudo. Foi muito divertido.

20/06/11

Train wreck

Parece que me passou um comboio por cima. Estou arrasada. Mas já passou.

Na sala de espera

Miúda, estamos à espera que voltes do bloco operatório, onde foste tratar o teu olhinho. É tramada esta espera, 45 minutos a uma hora e meia.
Entraste sentadinha na maca, pacífica e satisfeita, não tens medo, não choras, não gritas, não te deitas no chão a espernear - era o que eu faria. Primeiro ainda fizeste uma resistência inicial a vestires o "vestido de noite" e a tirares os sapatos, mas depois passou, quando abriste os presentes que trouxemos.
Podes, ou não, ficar com uns tubinhos transparentes no olho, durante uns meses. Hoje e amanhã ficas com o olho tapado. Podes fazer gelo, vais adorar isso.
O papá está ali fora à tua espera, à espera de notícias. Tenho uma revista aberta no colo, mas não sei o que lá se passa. Estas esperas são chatas. Tenho um nó no estômago.
És a coisa mais querida do mundo.
(já acabou, correu tudo bem. Acordas zangada, danada mesmo com o penso do olho, que sairá amanhã, mas não me ralo. O papá já "autoriza" brincos. Boa.)

16/06/11

Um pincel?

"Quanto ao resto, toalheiros e espelho, tudo bem, mas um pincel para a casa de banho, filha? Não digas a ninguém que foi o tio que to deu."
Adoro quando ficamos com bocadinhos bons das pessoas que partem. Ficou o bom humor. Ficou a abrangência: gente que gosta do tio dos zero aos quase cem anos.

14/06/11

Medo zero

Como é que se cria uma criança com medo zero? Não faço ideia, mas vejo que tenho aqui uma. Maluca medo zero.

Vida de marinheira

Pois... Vou filmar uns desenhos daqui a pouco e estou com as mãos completamente desgraçadas. Mãos de marinheira. Será que se vai ver nas filmagens?

13/06/11

Nas ondas

Acabámos de chegar a casa depois de um fim-de-semana mais ou menos
prolongado no barco. Estou a sentir-me nas ondas, como o hotel de Tróia por
baixo do qual dormimos estes dias. Tivemos visitas muito fixes e os miúdos
divertiram-se imenso. Estou exausta.

12/06/11

Porque será?

Porque é que as marinas têm de ter sempre animação, alguém me diz? Parece que também é assim no Inverno, gente a cantar, senhores a fazerem larachas com as diversas pronúncias existentes ou com qualquer outra coisa.
Os gestores das marinas acharão que os marinheiros têm tendência para a tristeza ou para a depressão?

11/06/11

O tio Zé

Fosse por uma agenda muito organizada ou por uma memória prodigiosa (prefiro pensar que era a segunda), o meu tio-avô Zé nunca se esqueceu de assinalar as datas mais importantes ou de se associar a nós nas mais tristes. Fosse nos aniversários, ou quando passava um ano, ou dois, ou mesmo 30 de uma data importante, lá tocava o telefone e, do outro lado, a voz reconfortante do tio de cabelos brancos, sempre super elegante.
O tio Zé era sempre dos primeiros a aparecer quando alguém precisava, sempre bem disposto, sempre pronto a conversar. Enfiava o braço no nosso e levava-nos para uma conversa de tio-avô-tipo-avô. Era uma daquelas pessoas com quem não importava o tempo que passou, bastava começar e a conversa retomava exactamente onde a tínhamos deixado. E era muito bem disposto e tinha um sentido de humor dos que eu gosto. Brincava até quando, ao atender o telefone, recordava "filha, fala mais alto que o tio não te ouve".
O meu tio atleta, que até há bem pouco tempo era assíduo frequentador do ginásio - onde diz que deixou muitas saudades quando entregou o cartão de sócio -, que jogava golf e desafiava os sobrinhos e os sobrinhos netos para umas partidas. E, se calhar, ganhava.
O meu tio viajante, que tinha muito mundo dentro. O meu tio que morreu anteontem, aos 94 anos. O meu tio General.

08/06/11

Me too

E quem diz champagne diz martini ou caipirinha ou caipirosca ou sangria ou coca-cola ou comida requentada do dia anterior... Estou a sempre a pensar qual será a desculpa para os convocar.
(via A cup of Jo, via I love charts)

7 coisas que estão sempre a acabar cá em casa

Não importa quantos tenho ou quantos compro, nem quando, mas há coisas cá em casa que estão sempre a acabar. E quando digo sempre é mesmo a toda a hora.
- Detergente para lavar mãos: tenho de ter sempre um em cada casa de banho - acabam-se a uma velocidade estonteante, mesmo que me lembre perfeitamente que comprei cinco embalagens da última vez, há pouco tempo;
- Fruta: quilos e quilos de sacos de fruta que carrego para casa de cada vez que vou ao supermercado. Desaparecem a uma velocidade alucinante, mesmo que ainda sinta os vergões que os sacos de plástico me fizeram nas mãos. Excepto duas bananas, que sobram sempre pintalgadas de preto e tão moles que ninguém lhes toca, e que são sempre duas, independentemente de ter comprado um cacho com 20 ou um com cinco bananas;
- Fardas do colégio: no dia da ginástica só há a farda dos outros dias e nos outros dias só salta a da ginástica... Certinho como o destino;
- Dinheiro: será preciso explicar? É a história do mês no fim do dinheiro...
- Sopa: posso ter feito uma panela de dez litros de sopa, posso ter passado uma hora a descascar batatas e cenouras e a desmembrar pequenas árvores de couve flor, a arranjar agriões ou feijão verde, a abrir o pacote da mistura de cenoura com couve ou qualquer outra coisa do género, mas a sopa está sempre a chegar ao fim. E se há coisa de que não gosto é de descascar legumes para a sopa. Para o ratatouille, curiosamente, gosto;
- Lápis de cor e borrachas do meu filho: eu adoro que ele tenha materiais com que lhe dê gozo trabalhar, mas os lápis e as borrachas somem-se mais depressa do que os dias;
- Os dias propriamente ditos: estão sempre a chegar ao fim e eu tenho quase sempre a certeza que tinham acabado de começar...

Vamos ao cinema?

Quando?

Um dia na vida. Filmado por ti.

07/06/11

É que não me sai da cabeça

Há duas semanas, quando a ouvi pela primeira vez, sob recomendação de um amigo, fiquei encantada. Mas não percebi que tinha ficado tão encantada. O raio da música é mesmo fixe. Não sei dizer se é só a música, o ambiente também é óptimo. O clip está muito giro e foi filmado só de uma vez. Vale a pena ver (só não prometo é que não vá ficar na cabeça...)

Lido não sei onde

"You treat your body like a temple,
I treat mine like a tent."

01/06/11

Na noite

Pegas na minha mão e agarra-la com força. Força forte mas ao mesmo tempo carinhosa. Queres que fique mais um bocado. Queres que te conte outra vez o meu fim-de-semana em Madrid.
Tens pressa que fique. Deixas sempre a pergunta no ar mas não a fazes.
Queres ficar cá hoje?
Hoje não fico, tenho de acabar de escolher umas fotografias.
Mas também não perguntas, por isso não respondo.
Conta-me lá o teu fim-de-semana. Estava calor, estiveste na rua, encontraste alguém?
Senti a tua falta. Também podia dizer isso, mas também não digo.
Estranhamente tornámo-nos mestres das coisas não ditas.