Era de noite e chovia. Ou, se calhar, não chovia e fui só eu que fiquei com a imagem de chuva.
Era de noite e andávamos a passear por Roma. Estava frio, isso sei de certeza, porque vejo nas poucas fotografias que tirámos (como sempre) que estamos de casaco - até tu. Em Trastevere, perto de casa, tínhamos por hábito dar umas voltas antes de ir dormir. A zona fez-nos lembrar o Bairro Alto, sem as subidas e descidas.
O ambiente era meio assustador, ali à beira do Tibre, húmido e frio, as ruas pouco iluminadas, imersas em silêncio e caminhávamos de mão dada, a conversar sobre o que já tínhamos visto e a loucura que é Roma.
Pelas ruas começámos, de repente, a ouvir vozes altas e o bater imponente de botas de cavaleiro nas pedras da calçada. E fomos dar a um largo onde estavam reunidos imensos cavaleiros templários ou de qualquer ordem do estilo.
Vestidos com fatos castanhos e as botas, estavam numa cerimónia especial e, a parte a que achámos mais piada, eram rapazes da nossa idade. Quando demos a volta à igreja, fomos encontrar um grupinho de vestidos castanhos e botas de cano alto a conspirar, a fumarem cigarros e a rir. Como um grupo de adolescentes, puseram-se em sentido quando passámos, porque provavelmente não estavam a ser pios.
Penso que no mesmo dia, mas de manhã, fizemos um passeio de segway pela cidade e o guia - um estudante de arte italiano - levou-nos à Praça dos Cavaleiros Templários, que tem o pormenor magnífico de, ao espreitar pela fechadura da imponente porta, ficarmos focados no Vaticano, na Basílica de São Pedro.
Como gostamos de uma boa teoria da conspiração e do valor dos símbolos, da maçonaria e dos templários, ficámos encantados ao descobrir esse "segredo".
Hoje lembrei-me de Roma. Foi bom.