30/06/09

Enquanto isso...

Enquanto penso que queria escrever um post a dizer que já não suporto mais comentários sobre o tempo que está, que ocorrem quando passo por qualquer pessoa hoje em dia, mas acho antipático fazê-lo, porque as pessoas podem não ter mais nada para dizer e coarctar-lhes assim o pensamento é foleiro;

Enquanto estou a escrever quatro textos e a paginar um livrinho;

Enquanto organizo por mail e sms o jantar do clube de livros desta semana;

Enquanto actualizo as minhas leituras obrigatórias para não me sentir tão sozinha como freelancer - há mais out there;

Enquanto me regozijo com os resultados do detox que continuo a fazer (com um dia de interrupção no fim-de-semana, atribuível aos anos da sobrinha mais crescida - acho que tive uma OD de chocolate, mas enfim) e me sinto cheia de energia por não comer as coisas que não devo comer e sinto, não, sei, que perdi aí uns quatro quilos;

Enquanto decido pôr aqui ao lado --> uma caixinha com seguidores para vos ver as carinhas larocas, esperando que sejam mais;

Já são horas de ir buscar o senhor maior, que fica hoje de férias do infantário. O post fica para depois.

26/06/09

A few of my favourite things

A felicidade faz-se de coisas pequeninas. And then I don't feel so bad, cantava a perceptora dos miúdos da família von Trapp, lembrando-se de curas para mordidelas de cães e picadelas de abelhas. Faz bem pensar em coisas boas:

* torradas com manteiga e doce de morango;
* o barulho do vento nos cortinados;
* beijinhos;
* chuvinha de Verão;
* passeios de mão dada pelas avenidas sem destino nenhum;
* scones nas senhoras do Rato;
* fazer bolos com crianças;
* lamber as taças dos bolos;
* o ar supreendido/contente do meu filho quando nos cruzámos de manhã na escola;
* lençóis muito suaves;
* amigos grátis;
* encontros inesperados;
* mergulhos no mar;
* pôr a mesa para uma festa;
* andar de patins e de bicicleta;
* ...

Mantra

Tenho de repetir em voz alta mil vezes (como os alunos que se portavam mal na altura em que importava o que os professores pensavam e os miúdos em geral queriam aprender) o meu novo mantra, adaptado das sábias palavras de uma filósofa nouvelle vague que me costuma aconselhar sabiamente, com os seus conselhos de graça que trocamos em ping-pong:

Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less.

A cem por dia, ao fim de dez dias já decorei este mantra. E depois posso evoluir para o próximo:

You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.

Se tudo correr como o previsto, daqui a vinte dias estou em paz. Até lá, p*?a de vida.

25/06/09

O que é isto que me absorve tanto?

Não consigo encontrar melhor analogia para explicar o que estou a fazer do que aquele jogo que jogávamos em miúdos de enrolar um cordel à volta das mãos que depois ia sendo passado de umas mãos para outras e mudando de forma à medida que se progredia. Às tantas tem uma figura que se chama pé de galinha ou de galo, já não sei ao certo. Não me lembro do nome do jogo, mas era do género do jogo do prego, dos berlindes ou dos carrinhos de rolamentos em termos de acessibilidade e universalidade. Toda a gente podia jogar e era muito barato. [Hoje é difícil ir a um restaurante em que haja miúdos sem que os putos estejam agarrados às PSP. Que atraso de vida.]
O que estou a fazer é o projecto final do meu curso (já passou um ano lectivo inteirinho), que é todinho em flash, uma ferramenta linda e que produz resultados lindos mas certamente inventada por mentes muito tortuosas, daquelas que se entretém a desenredar linhas ao fim-de-semana ou a contar os azulejos da casa-de-banho quando se sentam por uns momentos na sanita [eu antes dizia sempre retrete até ao dia em que levei um "humpf" de desaprovação da saloia que me estava a vender as ditas. Agora digo sanitas, mas penso retretes. Tem um som muito mais fixe].
Portanto, o flash é difícil de desenlear, mas produz resultados muito giros. Só que também acho que é um bocado sensível demais para meu gosto. Ofende-se com facilidade. Não me deixa fazer control z até onde eu quero, ou seja, até ao último momento antes do disparate que arruina a animação. Com calma lá irei. Ou será que estou burrinha por causa do detox?

Detox (VI)

Ainda não passaram três semanas. Aliás, acho que ainda só passou uma semana. Há coisas que não me custou deixar de comer, como pão e coisas de trigo. Fazem-me falta chocolates e gulodices dessas, mas não estou numa luta com eles. Tenho só pena de não poder comer essas coisas. Ontem jantámos em Sesimbra e notei que, por ter comido mais do que a dose que andava a comer até aqui, me senti muito cheia. É lindo como numa semana o estômago se habitua a uma alimentação diferente.
Entretanto, sinto-me muito bem. Ando com mais genica, mas tenho tanto trabalho que nem tem dado para grandes conversas por aqui. Logo volto.

22/06/09

Detox (V)

Cheia de trabalho. Quero mordiscar qualquer coisa. Abençoados flocos de milho sem mais nada. Malvados aperitivos deliciosos indianos coloridos. Bendito chá de camomila.
Fim-de-semana muito fixe, praia maravilhosa. Revistas. Que mais?

21/06/09

Detox (IV)

Sinto-me a recuperar a energia, calmamente. Já recebi três comentários fixes sobre o meu aspecto, como o Joshi prometeu. Coincidência ou não. Ontem, por força das circunstâncias - a festa da escola do meu filho - encontrei-me sem alternativas e comi três bolachas de água e sal. No resto retomei. É difícil fazer compras.

19/06/09

Mimos

Enquanto trabalho (e actualizo os meus dias), estou a fazer um mini SPA aos pés. Primeiro lavei-os com água e uma mão cheia de sal, sequei-os com uma toalha fofinha e depois encharquei em creme hiper hidratante. (Os meus pés ficam sempre surpreendidos quando uma coisa destas lhes acontece). A seguir calcei umas meias para o creme fazer o seu trabalho. Sinto-me como nova (nos pés. Apesar de estar um bocadinho quente, por causa das meias).

A minha filha foi convidada a ir passar uma manhã à escola do mano, onde em Setembro começa as "aulas" dela. Ficou tão orgulhosa que agora conta o convite a toda a gente de que gosta que encontra. Fiquei tão orgulhosa de a saber contente.

Amanhã é a festa da escola. O meu filho vai fazer de árvore, penso que cantando a plenos pulmões, como no ano passado. Já me disse que espera que não esteja muito calor que é para não torrar dentro das calças castanhas. Compenetrado também, disse "onde é que já se viu uma árvore de calções?", quando sugeri a mudança de guarda-roupa. Não quis dizer-lhe "onde é que já se viu uma árvore a cantar?" para não estragar a magia da coisa.

Na segunda-feira fui com ele ao IKEA comprar coisas para o Panda Atelier que todos os anos querem organizar nas férias. Tintas, pincéis, contas, lápis e coisas do estilo, mais um caixote para as arrumar. (Também comprei um cesto e uma toalha de piquenique, que, por enquanto, ainda estão vagamente clandestinos cá em casa - não eram needs, mas sim wants e o meu colega de quarto e de vida não gosta de ver as coisas acabadinhas de comprar. Se aparecerem sem ele as ver dentro de sacos, ok, não se queixa tanto. Quero estreá-los amanhã.)

Detox (III)

Ontem foi fácil, consegui evitar as gomas que uma mãe mais esperta levou para manter os putos tranquilos num jantar na rua onde comi frango + saladas + umas batatinhas fritas. O Joshi não diz que não se pode comer batatas, só é aconselhável não as comer. Fritas deve ser proibido, mas souberam-me bem. Não sou fundamentalista.
Continua sem me apetecer comer bolachas, chocolates e afins. Hoje, depois de um almoço muito agradável (pela companhia e pelo que comi - um mega prato de legumes sem tempero) apeteceu-me comer umas gomas, porque fiquei muito irritada. Percebi que são: a frustração, o cansaço, a irritação que me levam a comer doces. A diferença para a semana passada é que não as comi. Mental note to self - mantém as pessoas que te fazem sentir mal à distância - física ou psicológica.

P.s. Amigas info-excluídas e sis - adoro-vos.

Há coisas...

... que são muito injustas. Mesmo.

18/06/09

Então eu explico

Uma vez que anda muita gente interessada no tal detox do Joshi, vou explicar um bocadinho melhor. A ideia é durante 21 dias fazer umas restrições alimentares. Restringir o quê? Coisas que nos fazem mal. Parece óbvio, mas não é. A alimentação ocidental - e já nem estou a falar do fast food - aposta muito nas sensações, no palato - doce e ácido. Os estomâgos não são feitos para muita acidez. Há quem se safe, há quem ande sempre com azia ou outros ailments digestivos ou dores de cabeça.
A ideia é durante os tais 21 dias, são só três semanas, cortar com as coisas ácidas, repondo o nível neutro do organismo. O livro explica melhor do que eu, mas é o que se arranja. O quadro principal de alimentos proibidos durante o detox é igual a isto que vou escrever, mas em inglês:

- Carnes vermelhas
- Lactícinios (excepto iogurte natural, queijos ricotta, mozzarella e feta)
- Fruta (excepto banana)
- Trigo, glúten, leveduras (fermento inclusivé)
- Alcóol
- Biscoitos, bolos e donuts
- Compotas e doces (excepto mel)
- Café, café ou chá descafeínados (excepto chás de ervas)
- Açúcar, chocolate ou guloseimas
- Aromas e condimentos artificiais (vinagre, ketchup, mostarda, etc.)

Beber muita água. Fazer exercício e massagens. Acabei de fazer uma deliciosa. Só por isto já vale a pena o detox.

Detox (III)

Espectacular. Ao terceiro dia, consigo entrar na cozinha e ignorar, sem fazer esforço nenhum, as bolachas choc chip, as bolachas com recheio de baunilha, o pão de Mafra, a marmelada, as bolachas torradas, tudo o que recheia o armário das bolachas dos meus pais. Consigo abrir o frigorífico e ignorar o queijo parmesão que, fora do normal, ainda persiste ao fim de quatro dias.
Consigo ir ao Pingo Doce e ignorar, sem fazer esforço nenhum, as prateleiras dos chocolates, dos Smarties, dos M&M's e mesmo dos bombons Regina (como a minha avó). Consigo ignorar os biscoitos à antiga, os gelados e tudo o resto. Consigo entrar na frutaria e ignorar os frutos secos deliciosos - os únicos permitidos são os pinhões, que acho sempre abusivamente caros. Aliás, tenho de puxar pela cabeça para me lembrar de todas as coisas que já ignorei hoje.
Às três da manhã, quando um deles chamou por estar destapado e antes de adormecer de novo, sonhei com o pequeno-almoço: um copo de água morna com uma rodela de limão, uma taça de iogurte natural com cereais (de aveia) e uma colher de chá de mel. É meio dia e ainda não estou com fome. Com os pequenos-almoços habituais (iogurte açucarado e cereais açucarados) às 11h já estava a desesperar por qualquer coisa (um queque, um scone ou qualquer coisa igualmente doce).
Espectacular. Sou capaz de pôr aqui a receita, esperando que o senhor guru Joshi não se chateie muito. E o livro merece ir para o Clube de Livros. É muito interessante.

17/06/09

Detox (II)

Continuo a cumprir as recomendações do guru. Sinto-me bem. Hoje ainda não tive nenhum desejo de chocolate ou bolachas - os meus pecados/hábitos "letais". Bebi o chá de camomila com mel antes do desejo chegar, funcionou. De manhã, por engano, enquanto descaroçava uvas para a minha filha doida por uvas comi duas metades. A detox diz que não se pode comer fruta (excepto banana) por ser muito doce. A ideia aqui é mesmo pôr de parte o açúcar. Sinto-me menos sonolenta e hoje acordei mais bem disposta.

16/06/09

Detox

Cá em casa estamos em detox. Hoje foi o primeiro de 21 dias de uma purificação alimentar que é famosa por dar bons resultados a três níveis: a) genica; b) bem-estar; c) perda de peso. É muito difícil de seguir, porque não se podem comer: farinha (pão, massas, etc.), carnes vermelhas, alcóol, fruta (excepto a banana), açúcar (excepto mel) e outras coisas que genericamente compõem a nossa dieta habitual (especialmente nos restaurantes).

A ideia é acabar com os desejos idiotas que só nos fazem mal e que geralmente vêm sobre a forma de: açúcar e sabores ácidos. Enquanto lia o livro que sustenta esta tese "Joshi's holistic detox" comecei a ficar com uma grande dor de cabeça, que se instalou em definitivo quando lia que durante as primeiras 48 horas devido a uma coisa semelhante ao turkey dos agarrados é muito frequente ter dores de cabeça, mal-estar e até palpitações, o que se remediava com um chá de ervas com mel. Segui rapidamente as ordens, esquecendo a dor de cabeça, que voltou agora à noite. Voltei a fazer um chá com mel e acho que estou a sentir a dor de cabeça a ir embora.

Basicamente, posso dizer que passei o dia todo a sonhar com tabletes de chocolate da Milka, daquelas de meio metro, ou com as triangulares de que não me lembro o nome e com Chocapic. À noite, o meu colega de detox confessou-me que passou o dia todo a sonhar com costeletas de porco preto grelhadas e com pão com chouriço da Merendeira (aberto ao meio e barrado com manteiga).

Os miúdos não estão em detox. Acho que não têm falta de energia, nem dificuldade em digerir nada. Vamos ver como isto corre. Ainda continuo a sonhar com tabletes de chocolate. O Joshi garante que vamos perder os desejos de comidas que nos fazem mal.

14/06/09

Não sei quando

Não sei quando foi que comecei a sentir-me assim. Mas sei que já foi há muito tempo. Tenho o lado esquerdo do corpo todo cheio de um formigueiro horrível, que não me deixa dormir e também não me deixa estar tranquilo durante o dia. Não consigo afastar muito a mão do corpo.
Nos transportes públicos não consigo espreitar para o jornal do vizinho do lado, se ele estiver à minha esquerda - não que alguma vez o tenha feito, mas é bom sabermos que temos essa possibilidade se algum dia precisarmos de ler o que o vizinho do lado está a ler, não é?
Quando acordo de manhã, já não escolho as camisas que estão penduradas no roupeiro. Sou capaz de pedir a algum amigo que me ajude a dá-las a outras pessoas. Já só uso as t-shirts que vêm dobradas da lavandaria e que guardo nas gavetas baixas. Ser canhoto não ajuda. Também deixei de fechar os estores. O que vale é que a minha rua não tem muita luz à noite.
Também como não consigo dormir muito bem não faz muito mal.
O formigueiro talvez tenha começado no dia do teu casamento. Era o sinal final de que não podias ser minha. Era o sinal final de tudo o que tinha acalentado desde a primeira vez em que te vi, na praia, há quase 20 anos, dentro das tendas de lona de risquinhas. Conseguimos ser melhores amigos durante quase todo o tempo desde então. Mas há uns anos deixei de ser só teu amigo. Tinha sonhos contigo a noite toda, pensava em ti enquanto aquecia o café da manhã, ficava triste quando me contavas dos teus amores, perguntando-me pelos meus sem eu poder responder. Também acho que percebi quando apareceste apaixonada pela última vez. Eram aí umas quatro quando me ligaste a contar. Acontece que comecei a dormir mal nessa noite.
É que o lado esquerdo é o lado do coração e o meu, meu amor, está muito triste.

11/06/09

Hurra

A minha bebé pequenina que estica os braços e se põe em bicos de pés para eu ver como ela é grande e já não é bebé já sabe andar de "tónete". E fá-lo com um ar altamente equilibrado, com óculos de sol encavalitados na cabeça e com um sorriso de Leste a Oeste. A malinha traz lá dentro um "tefone" para se ligar alguém do cabeleireiro onde ela trabalha com as primas mais velhas e onde de há uns dias para cá fazem cortes, pinturas, brushings, mãos e pés, depilação e massagens. Os preços são de arrasar e à hora do almoço têm uma tabuleta que diz "FEChado".
As massagens são boas, mas a parte de lavar o cabelo também é muito agradável. Ontem fiz tudo e paguei 25 euros em notas de papel desenhadas e um euro em moedas a sério. Acho que a iniciativa privada tem de ser incentivada.
E a minha bebé pequenina também já não usa fraldas, consistentemente de há três dias para cá, tirando uma mijinha por falta de alternativa nas escadas da Area das Amoreiras, pronta e simpaticamente limpa por um funcionário com muita iniciativa.
O meu bebé grande continua pelo Algarve para "desespero" de saudades diurnas do pai e nocturnas minhas (só esta noite dormi como deve ser, depois de duas noites sem dormir). Estamos ao Sol. Isso é fantástico.

09/06/09

Egg shell

Às vezes sinto que vivemos no fim da linha de comboio, que para chegar à animação temos de atravessar a Europa toda. E que bom seria viver em Paris para chegar a Praga ou a Budapeste ou a Londres num instantinho.
Depois penso que temos coisas espectaculares para compensar, como a praia e o sol.
Mas isto é mesmo o fim da linha. Especialmente para quem agora não tem vontade de entrar em aviões.

Não dormir

Não dormir tem coisas destas. Tenho papelinhos cor-de-rosa espalhados pela casa toda a recordar-me de coisas de que me esqueço no matter what. Sinto um papel dobradinho em quatro no bolso. Sei que está lá, mas não faço ideia o que seja, nem me dou ao trabalho de o abrir para descobrir o que é. Estou cansada. Não dormi. Passei a noite às voltas na cama, preocupada talvez, mas não sei com o quê. Pensei no meu filhote a 300 km (coisas como "nem sabes as coisas que o meu pai me deixava fazer quando eu era pequeno", "eu desaparecia de casa dos meus avós e voltava à noite" ou mesmo "quando toda a gente pensava que eu estava a fazer três horas de digestão eu estava dentro de água" ditas pelo pai filho do avô in charge não ajudaram). Pensei nos miúdos com pintinhas e nos avisos dramáticos de alguns sites do potencial de perigo da varicela. Pensei na casa nova que afinal já não vamos comprar porque não gostamos de viver way beyond our means. Pensei nas estantes novas que não vamos ter, no cadeirão para a varanda, na varanda onde queria fazer um jardim biológico, no que havia de fazer na casa de banho da entrada, que queria pintar de verde e dourado...

Não sei porque não dormi, mas não gostei de não dormir.

08/06/09

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O meu filho bebé de cinco anos foi ontem passar férias a casa dos avós. Longe. O pai está muito triste. Metade de mim acha muito fixe que ele tenha querido ir, metade tem medo dos milhares de disparates em que ele se pode meter sem eu estar por lá. Tinha uma prima que dizia que ter filhos era ter bocadinhos do coração a andar por aí. É mesmo isso.
A mais pequenita está com pintinhas, apesar de ter a vacina da varicela. Esteve em contacto total com dois primos varicelíticos. Nada a fazer.

03/06/09

Envelhecer

Não acredito na vida depois da morte. Acredito que nos mantemos vivos enquanto as pessoas se lembram de nós, enquanto olham enlevadas para as nossas fotografias, enquanto sabem a que cheiramos, mesmo que percam o nosso cheiro e o reconheçam só cinco ou dez anos depois num sítio completamente diferente. [Há dois anos reconheci o cheiro do meu irmão numa almofada. Que saudades...] E essa memória, apesar de tudo, é fixe.
O pior é antes, quando envelhecemos muito e de repente não sabemos onde estamos, quem somos, quem são as pessoas que estão ao nosso lado, em que porta é o armário e qual é a casa de banho. Nessa fase começamos a lembrar-nos de coisas muito antigas, voltando quase ao momento em que demos o primeiro grito, em que nos rimos pela primeira vez, em que começámos a gatinhar...
Se fosse possível escolher quais os momentos de que poderia lembrar-me nesse processo de esquecimento acelerado a caminhar para o total queria escolher estes:
- a felicidade dos meus pais (tenho a ideia de que estavam sempre contentes quando era pequena)
- as Quintas (estávamos mesmo todos contentes)
- os momentos mais felizes todos dos meus irmãos
- fazer bolos, salame de chocolate e rolo de carne
- os carrinhos de rolamentos, os polícias e ladrões, o bate pé, as tardes ou noites inteirinhas à conversa
- as descobertas dos meus filhos e sobrinhos
- as festas

Só boas imagens. E pensar que o envelhecimento quer dizer esquecimento não é ser pessimista. Chegar a velhote com boas memórias é ser optimista.

02/06/09

Não dá para dormir

Não consigo dormir. O meu irmão está a regressar de Singapura de avião, com uma escala em Paris. Acordei e já não consegui voltar a adormecer. Desejo que as 9h da manhã cheguem rapidamente.

01/06/09

Caminho

Há três dias que ando feliz da vida. Vivo num prédio cheio de velhotas cuscas onde há dois meses aterrou uma rapariga, que comprou a casa do terceiro andar direito. A casa dela é mesmo por cima da minha. Ela é linda.
De dia cumprimentamo-nos sorrindo, bom dia, tudo bem, bem obrigada, mas nunca avançámos muito mais. Excepto no dia em que tivemos os dois dificuldade em abrir a porta da rua e falámos mais uns minutos enquanto esperávamos que as chaves voltassem a funcionar. Nos sacos de compras trazia queijo e vinho, compota de morango e uma baguette. E uma lâmpada daquelas que poupam energia.
À noite, enquanto estou à espera que o sono chegue, ouço-a a passarinhar no quarto, ouço-a descalçar os sapatos de salto alto, ouço-a pousar a mala e as chaves, imagino-a a desapertar a roupa do dia, a tirar suavemente o vestido, a vestir a camisa-de-noite, que imagino esvoacante e rosa. Quer dizer, imagino não, eu vi-a a secar na corda da roupa há uma semana.
A rapariga é um pouco mais nova do que eu, dois anos ou qualquer coisa assim, mas não faço ideia o que faça, quero falar com ela mas tenho vergonha do que possa dizer. Se eu imagino tanto do que se passa na vida dela temo poder deixar transparecer o que sei. Não sei se isto faz sentido mas é assim.
Há três dias percebia-a a fazer as malas, ouvi as rodinhas a deslizarem pelo soalho do corredor, a porta a fechar-se e depois o silêncio. Foi passar o fim-de-semana fora, de certeza. Como tinha um jantar com amigos saí logo de seguida também, cruzámo-nos à porta do prédio, olá como estás? bem obrigada, vou para a praia, que sorte, quem me dera, vou para perto, havemos de combinar, ok, até segunda. Correu bem esta conversa. Fui para o jantar, que foi fixe, e quando voltei a casa pus em ordem o que estava atrasado, fiz uma máquina de roupa, arrumei a cozinha e fui estender os lençóis a secar.
Abri a janela para a noite quente que havia de despachar os lençóis molhados num instante. E na corda estava já uma t-shirt que não era minha, era mini, que não era das velhotas do prédio, era fashion e que só podia ser da minha vizinha de cima. Vou esperar pela chegada dela, vou levar-lha, vou pedir-lhe que a vista e vou levar também uma garrafa de vinho verde fresquinho que o tempo apetece e havemos de conversar e ficar amigos. A t-shirt cheira tão bem. Acho que estou a ficar apanhadinho.
Há muito tempo que não dormia assim tão bem.