30/10/13

A sério?

Só quando a música do Vasco Palmeirim sobre a lei de limitação de animais já ia a meio na rádio do carro é que me passou a leve sensação de pânico com que fiquei quando percebi que a miúda estava trancada na despensa. Sem luz. Sem conseguir abrir a porta.
O pânico não era bem pânico, era mais um desconforto, porque estava tudo bem, só havia uma porta entre nós e eu havia de conseguir resolver aquilo. Ainda tentei dar uns encontrões à porta, mas tenho a sensação que nem abanou... Comecei a magicar soluções: um machado (demasiado Shining, além de que não temos nenhum), um martelo (só ia magoar a porta), um pé-de-cabra (idem, mais a ombreira), uma chave de fendas... Ainda comecei a desenroscar a maçaneta, mas percebi que não ia resolver nada. Então parei um pouco e lembrei-me de pôr a miúda (que já tinha conseguido acalmar com um tom de voz calmo e "estou mesmo aqui, não há mal nenhum") a tentar desbloquear a maçaneta do lado de lá.
Depois de muitos "para a direita", "a direita é a mão com que eu escrevo?", "sim", "agora faz força", "para que lado? Estou a fazer e não acontece nada", "para a direita, faz força", "mais força", a porta lá se abriu e senti um alívio enorme.
Mas foi só no carro, com "Eu tenho dois cachorros", os canitos e o gado vacum do Palmeirim, com o ritmo da música do Marco Paulo, que passou a sensação de stress.
(Quem é que no seu perfeito juízo tem mais de dois cães ou mais de quatro gatos num apartamento? Lembro-me que em miúda, ao pé de casa dos meus pais morava uma maluca que, dizia-se, tinha para cima de 40 gatos. 'Ca nojo!)

7 comentários:

andré raposo disse...

Sustos esses.
um gajo tem filhos e fica mais frágil.


Quanto aos animais, o ponto não é a higiene de ter 1 ou 20 em casa. É que o Estado não tem nada com isso.

Só deve actuar em casos de comprovado estado de ofensa ao bem comum ou de ofensa aos direitos de terceiros (que até pode ser um filho de alguém que viva numa casa com 50 gatos cheios de pulgas.)

bjs

Unknown disse...

Compreendo, claro. Mas eu até sou mais radical. Zero animais em apartamentos. Ponto.
Talvez o facto de ter cães que passam o dia a ladrar no meu prédio ajude à minha sensibilidade. O facto de ter permanentemente cocós nos jardins, passeios e estradas onde gostava que os meus filhos pudessem brincar mais à vontade idem.
Chama-me fundamentalista ou qualquer coisa igualmente má. Não vou nunca ter poder regulatório sobre esta questão.
Mas acho que os animais merecem uma vida mais feliz, as pessoas idem.
Devia ser o bom senso a ditar as limitações aos animais em apartamentos e não o Estado, concordo. Mas nunca há muito bom senso nestes casos.

Sónia disse...

...eu, dada a minha própria idiossincrasia (passe o pleonasmo), sou mesmo é contra gatos em lojas-escritórios-etc...vou falar à Assunção a ver se ela faz alguma coisa...

Unknown disse...

... e cocós nos jardins, já não te ofendem, Sónia?

Sónia disse...

nos jardins, nos passeios, everywhere, sou da opinião que devem levá-los a todos! (no outro dia não reagiste à provocação, a propósito deste tema, de uma ação num passeio lisboeta)proponho o slogan: "Para deixar um (cocó)leve dois, se não houver nenhum para levar, então, aqui, o seu cão não pode c"&(%!"!" Tudo o que é grátis funciona!

e ufa ao susto com a porta da despensa!...arranja maneira da porta nem sequer fechar...

Unknown disse...

Não percebi nada, mas gosto do slogan. bjs

andré raposo disse...

Os cocós nos jardins são culpa dos donos e não dos animais.

O cocó que fica é um atentado à saúde pública. O Estado actua (ou devia) e pune (ou devia). Está certo.

Mas não pode determinar previamente quem pode ou não pode ter um animal e quantos.

ter um animal é uma responsabilidade.
O resto deve ser liberdade.

Liberdade na responsabilidade. Como Locke.

acho que isto resume tudo a que o Estado pode aspirar sobre a matéria.