28/07/08

Deadline

Na maior parte das vezes, ter um deadline é a melhor coisa para me despachar. Por outras, o deadline é só mesmo isso - uma dead line. Nada. Branco. Nem com a porta fechada, sem ninguém saber onde estou, sem televisão, sem rádio, sem ir ver os outros sites de que gosto tanto, o nytimes à cabeça, blogs daqui e dali, sem telefonar a ninguém, sem nada.

Não sai nada.

27/07/08

À mesa

Adoro quando estamos todos sentados à mesa, ou à volta dela, a conversar ou a ler. Mesmo que agora seja raro conseguir estar a ouvir as conversas ou, pelo menos, estar efectivamente sentada, uma vez que o mais normal é ter de andar a correr atrás dos miúdos.

Assim, vou ouvindo bocados de conversas, o que, por vezes, também é divertido. Começo a ouvir sobre arquitectura quando estou a levantar-me e quando volto já vai o tema a fugir para política. Ou estou a preparar a minha teoria sobre o livro do momento e quando volto à mesa estamos a falar dum amigo qualquer e do seu novo trabalho. 

Sinto-me como os telefones móveis do início, sem rede, a ouvir as conversas entrecortadas. Às vezes, sobre assuntos chatos, é bom que assim seja. Posso fingir que não estava a ouvir. Mas também perco conversas muito giras, interessantes ou fundamentais. 

A partir de que idade dos filhos é que as mães conseguem ouvir as conversas do princípio ao fim e conseguem estar sentadas a uma mesa um bom bocado seguido? 

Top

Lisboa, sexo e futebol são algumas das palavras mais procuradas no google em Portugal. E, mesmo aí, Lisboa é 1,97, sexo 1.00 e futebol 0,36. Carros 0,30. Comida 0,06. Crianças só 0,04. E o dinheiro, que dá para comprar isto tudo - até sexo - fica-se pelos 0,01.

Os resultados são do google trends, um laboratório que permite saber o valor dos sites, permitindo aos seus donos orientá-los para assuntos mais rentáveis.

Dá para fazer umas leituras giras: nos cinco partidos representados no Parlamento, o Bloco de Esquerda é o que justifica mais pesquisas na net, 5,1, comparando com os outros. Segue-se o PS, 1,80, o PSD, 1,00, o PCP, 0,20, e o PP, com 0,10.

Nos clubes desportivos também é engraçado: SLB, 2,30, FCP, 1,80 e SCP, 1,00.

Mas isto são só as pesquisas no google. Mas o google é só o motor de busca mais usado em todo o mundo.

Assim sendo, devia falar mais sobre Lisboa, sexo e carros e esquecer as crianças. Casa é um termo de procura que também está em alta, nos 0,64. As pessoas, se calhar, ainda gostam do ninho. Vamos por aí. Sexo ainda não. Mal nos conhecemos.

25/07/08

Chuva...

Deve ter qualquer coisa a ver com estar mal habituada, uma vez que o Verão até está a ser bem simpático. Mas hoje de manhã quando começou a chover, senti um leve assomo de desespero. Cinco miúdos enfiados em casa quando queriam estar na praia não é a melhor ideia para um dia bem passado. O que vale é que eles não nos deixam muito tempo para desesperos, por isso pusemo-nos a mexer.

Com cinco miúdos, qualquer leve desvio ao programado é recebido com lamentos. Garantido. Eles até podem ser uns amorzinhos, que são, mas quando lhes mudamos as voltas temos de os ouvir. Por isso, temos de ir sempre pensando em qualquer coisa ainda mais fantástica do que o que estava previsto ser. Se não podemos ir à praia, temos de os aliciar com fazer bolos ou biscoitos. Se não temos pachorra para fazer bolos ou biscoitos temos de os desviar para ir fazer tendas nos beliches. Se não queremos desarrumar o quarto deles todo temos de ir andar de bicicleta para a rua. Só que está a chover. E aí já não os podemos convencer a desistir das bicicletas a troco de ir para a praia.... 

Televisão é quase tabu aqui em casa. Odeio ver os miúdos moles sentados no sofá, com a boca e a mente aberta, a absorverem tudo o que passa no ecrã.

Assim, tentámos meter os putos todos nos carros, mas só o bebé ficou no carro que lhe tinha sido originalmente destinado, e fomos dar uma volta. Quando voltaram vinham mais bem-dispostos.

Digam o que disserem, na vida real, com cinco miúdos, não interessa que o weather.com diga que está ou que vai estar "pleasant and sunny". Agora já não está a chover, mas o vento está friozinho. Nem vale a pena pensar com que é que os poderemos entreter amanhã. Logo se vê.

24/07/08

Rua dos amores

Ao pé de mim há uma rua que é dos Amores. Pelo que percebo quando passo por lá a caminho da praia, só há uma casa na Rua dos Amores. É mesmo ao lado da Rua do Paraíso e da Rua dos Ninhos. Além do mais, não consigo vê-la nos mapas na internet, garantindo maior privacidade para esses amores. Diria que alguém muito apaixonado andou por aqui.

E também que é um bocado arriscado comprar ou construir uma casa numa rua assim. É quase como disse o senhor que estava a instalar azulejos com corações na minha casa-de-banho. "Agora estão a pôr isto aqui e daqui a nada estão a querer partir tudo"... Por enquanto ainda não.

23/07/08

Ao contrário

A minha sobrinha mais nova calça os sapatos ao contrário. Não é agora, neste preciso momento, como uma observação passageira, mas quase sempre. Habitualmente, a minha sobrinha mais nova calça os sapatos ao contrário. E não é só um, para depois verificar que se enganou. São os dois sapatos. Depois levanta-se feliz da vida, como se nada fora. 

O que é que isto quererá dizer, perguntamo-nos todos. Ninguém faz ideia. Aliás, não faço ideia se já alguém se debruçou sobre o assunto. Como hoje a minha vida depende do google como de uma noite bem dormida, ponho-me a imaginar a pequena barra de pesquisa como um apenso de livros, televisão, sofá, mesas de café, até (estranhamente) na passadeira no ginásio...

Haverá algo melhor do que a possibilidade de se poder pesquisar logo quem são as pessoas, quais são as marcas, que livros ou de que artigos se fala? Imagino hoje o google apenso a tantas coisas como antes imaginava a hipótese de um control z sobre tudo na minha vida. Fui reles com alguém, control z e o mal está desfeito. Rasguei as meias de lycra antes de entrar no restaurante, control z e é como se nada fora. Antes do google, o control z era a melhor coisinha que havia.

Também é verdade que não faço ideia se alguém sabe o que quer dizer calçar e usar os sapatos ao contrário porque pura e simplesmente não sei como escrever esta dúvida em modo de pesquisa em inglês. What does it mean to put on your shoes in reverse? O google até fica confuso com tantas palavras. 

Consegui, no entanto, descobrir sites que vendem autocolantes para ensinar os miúdos a calçar o sapato no pé certo. O mais curioso que aprendi na net foi que só passou a haver dois sapatos diferentes, um para o pé esquerdo e outro para o direito, a partir de 1818. De acordo com o site wiki.answers.com, os soldados da Guerra Civil Norte-Americana ainda usavam botas iguais para os dois pés. Sobre o assunto, a minha mãe recorda sempre um curioso ditado chinês (?) que diz: "toda a vida me queixei por não ter sapatos até ao dia em que vi um homem que não tinha pés".

Calçar os sapatos ao contrário quer dizer que o dia não vai correr bem. Isto de acordo com algumas informações recolhidas num livro de factos. Mas nunca dei por que isso fosse verdade. Até digo mais: os dias correm sempre bem à minha sobrinha. Aos três anos é muito difícil que assim não seja. O único senão para esta moda/esquisitice/cena dela é que calça os sapatos de princesa e não consegue exactamente o efeito esperado.

Hoje para o jantar, Tiborna à moda do Ribatejo. Um prato delicioso, que melhora com o passar dos dias, feito de bacalhau, broa, alho, azeite e vinagre. 

22/07/08

Quase férias

Quase de férias, aproveito para pôr em dia alguns cozinhados por que ansiei todo o Inverno. Passo habitualmente o Inverno todo a coleccionar receitas, carinhosamente, reunindo ideias da internet ou de livros fantásticos que vou comprando ou recebendo pelos anos e pelo Natal.

Durante o ano quase nunca consigo justificar receitas mais rebuscadas. Com um marido quase sempre sem fome à hora do jantar e com dois filhotes que comem ainda poucochinho, é dífícil conseguir elaborar muito. Além disso, os miúdos têm algumas esquisitices, como todos os miúdos têm. Na maior parte das vezes, acabamos por comer assados ou estufados simples, a acompanhar com legumes ou com massa ou arroz. Eles obviamente não comem os legumes, excepto na sopa. Mas devoram a fruta, por isso acaba por compensar.

Assim, chega o Verão e tenho muito por onde criar. Este ano, tenho um par extra de mãos para me ajudar a cortar, a ralar e a pelar ingredientes. E a lavar no final. Assim, estou quase no ceú. Só é pena não ter aqui perto um supermercado de jeito, com os ingredientes todos de que preciso ao mesmo tempo - aipo, manjericão, gengibre, cebolas roxas, cogumelos Shitaki e Portobello, massa com tinta de choco, pão delicioso, tortilhas de milho, vieiras, gressinos torinesi, salva, arroz para risotto, legumes, fruta e ovos biológicos, azeite a preços normais, espargos pequenos e grandes, limas... São imensas as coisinhas que não consigo comprar facilmente por aqui.

E, ao mesmo tempo, o tamanho da despensa, dos frigoríficos e dos congeladores é metade do que tenho no Inverno, para quatro pessoas. No Verão, habitualmente somos 13. Habitualmente não, por agora. Quer dizer, o número tem vindo a subir gradualmente, à medida que os meus pais vão tendo netos. Mais gente para experimentar.

Hoje o jantar vai ser frango com bulgur e panzanella (uma salada italiana deliciosa parecida com uma salada montanheira que comi no Algarve).