31/08/14

Férias, porta trancada

Começa a tornar-se uma tradição familiar - em férias, a fechadura da porta da casa onde estamos tem de avariar. Estranhamente, isto tem-se repetido um pouco por todo o lado, incluindo na Escócia há dois verões atrás.

Os divertidos (em retrospectiva) elementos para a história de hoje foram os seguintes:

É Domingo de manhã. Está um sol fenomenal e vamos para a praia.

Acabo de puxar a porta e, quando tento rodar a chave para a trancar, não roda. Não abre nem tranca a porta. Belo.
Olho rapidamente para o pessoal. Estamos os quatro em fato de banho e t-shirt, duas pranchas e toalhas ao ombro. Eu tenho uns calções, com três euros e umas moedas pretas no bolso. Tenho a inútil chave de casa. Tenho a mala da praia cheia de protectores solares e a revista Sábado. Ninguém tem telemóvel, nem chave do carro, que está a quilómetros de distância.

Lembro-me do momento em que hoje, pela primeira vez nas férias, pus as janelas do primeiro andar - mais facilmente acessíveis pela rua - em modo basculante - o que impede a sua abertura por fora.
Olho para as janelas do segundo andar, abertas. Mas altas que se farta. Penso a quem é que poderei pedir uma escada gigante emprestada. Não conheço aqui ninguém. Lembro-me do cartão wtf que o miúdo ganhou ontem na praia a tentar acertar com argolas num pino. Falho miseravelmente na tentativa de abrir a porta com ele.

A casa não é nossa. Não temos o contacto do dono connosco - está no telemóvel.

Começo a dirigir-me para os Bombeiros, a miúda vai comigo. Os dois homens ficam na praia com as pranchas. Pequenos momentos de stress: será que os bombeiros são no cimo da ladeira? É que aqui a ladeira é mesmo grande - mas afinal até são perto. Será que não está ninguém no quartel? Está tudo com ar fechado - mas afinal está gente. "Difícil, muito difícil. Agora só abrimos portas em socorro, se estiver uma panela ao lume ou se estiver uma criança em casa.", diz-me o primeiro bombeiro que encontro. Desejo ter deixado uma panela ao lume, mas não deixei.

A colega reforça que "agora só em socorro. Se for sem socorro é muito caro. Mas aqui na rua há um senhor que abre portas." Espere, quanto custa sem socorro? pergunto a sentir-me em socorro e a ficar sem voz... Nem responde e pede ao colega que vá comigo ao senhor das fechaduras.

No caminho para a oficina, o simpático bombeiro explica que começaram a ter muitos problemas por causa de irem abrir portas que depois se verificou serem questões relacionadas com divórcios e partilhas. Por isso é que agora não fazem. Lá diz que consegue abrir com uma radiografia, mas não pode. Não faço mais perguntas mas fico a imaginar porque é que não poderá. A porta da oficina está obviamente fechada, mas há um número de telemóvel. O bombeiro liga do seu telefone, claro que parece que ninguém vai atender, o bombeiro começa a ficar com ar preocupado, eu volto a pensar a quem é que vou pedir uma escada, mas o senhor das chaves lá atende e combino, uma hora depois à porta de casa. Lá agradeço ao bombeiro, despedimo-nos dele. Pelo caminho ainda cravo uma caneta a um casal e anoto o número de telefone, não vá dar-se o caso.

Voltamos à praia. Ainda pergunto as horas a três pessoas e um pouco antes da hora combinada lá vou para a porta de casa. Miraculosamente, o senhor chega a horas e, em menos de um minuto abre a porta (de segurança) - verifica-se então que a outra chave tinha ficado do lado de dentro. Eu achava que não estava lá nenhuma chave.

Bem, o miúdo adiantou os 40 euros e a história teve um final feliz. Pelo meio senti-me bastante desesperada - como é que vou dar almoço aos miúdos e outras preocupações do género. A conclusão? Nunca deixar a porta de casa no trinco, nem quando se sai, nem quando se vai dormir. É tão fácil abrir a porta...

29/08/14

Sobre os amores adolescentes

Adoro ver passar estes miúdos enamorados, pendurados uns nos outros, tímidos, sem se conseguirem conter. Adoro os magotes de miúdos e miúdas em bando, elas encantadas neles, eles nelas. Os brilhos das fatiotas nocturnas, os sorrisos, as mãos dadas. Os amassos dos mais crescidos, um ano ou dois maiores, os mais pequenos babaques a tentar perceber a magia.
Também para isto, não há melhor do que o Verão.