29/07/10

O futuro

De um pintor empoleirado no telhado para o outro:
"Sabes? Eu quando for rico vou comprar cinco vivendas..."
"Então?", pergunta o outro,
"Uma para cada um dos meus irmãos".

28/07/10

Certeiro

Já disse isto antes de certeza, mas há frases que uma vez lidas me repicam na cabeça tipo os sinos do Convento de Mafra.

"Não deixas de fazer coisas por estares a ficar mais velho, envelheces porque deixas de fazer coisas."

Esta é uma delas que ouço sempre que os miúdos andam aos saltos à minha frente a cravar-me para jogar a qualquer coisa, para mais um mergulho na piscina, para mais uma corridinha até às ondas, para me sentar no chão a brincar aos cabeleireiros, para fazer um tereré, para tudo...

27/07/10

Melgas

Então é assim:

O Ezalo acabou ontem, hoje estou de luz acesa a trabalhar no quarto, as melgas estão a aproveitar para petiscar pedacinhos do meu corpo, um dedinho do pé ali, um bocadinho de joelho suculento aqui, um ombrinho destapado - zás, uma palmada certeira da minha irmã, atordou momentaneamente a melga que se escondeu, helas, foi encontrada, jaz esmagada no chão.

Ela aproveita para matar quatro ou cinco melgas. A minha irmã adora estas caçadas nocturnas, de chinelo em riste, a pintalgar de preto e vermelho as paredes do quarto cabeça dentro dos ombros para as melgas não perceberem o que vai acontecer.

No momento em que me lembro onde guardei ontem a última pastilha azul, o que me permitiria ler daqui a bocado de janela aberta, o meu cunhado vem dizer que afinal tem melgas no quarto e se eu não teria uma pastilhinha mágica. Leva esta. Dorme bem.

A boa vida


Estou a ler "A boa vida", de Jay McInerney, que me traz recordações de Nova York antes de Setembro de 2001. Estou a gostar do livro. Só não compreendo é a porcaria da tradução. "Haveriam" é uma das pérolas que se repete ao longo das páginas.

26/07/10

Horas mortas

Será que dá agora?... Daqui a bocadinho vou conseguir... Mais umas horas e os miúdos estão a dormir... Pode ser que durmam a sesta e eu consiga trabalhar... Pode ser que esta dor de cabeça se vá embora... Pode ser que à noite dê...

Podia correr assim tudo bem, mas não era a mesma coisa...

Já o meu sobrinho mais novo é lindo (os outros todos também, filhos incluídos, mas este é novidade e faz carinhas quando quer qualquer coisa).

22/07/10

Ideias que eu gostava de ter tido

Pintar caras coloridas em marshmallows.

Trabalho full-time

Era capaz de passar um dia inteiro a ouvir estas duas conversar. E se quisesse registar todas as conversas cómicas que têm tinha de deixar de trabalhar.
Hoje, depois do banho, pus creme cor-de-rosa à prima mais pequena. Perguntei-lhe se gostava do cheiro. Disse-me que sim com um ar apaixonado.
Quando regressei ao quarto, pouco depois, estava a segredar à minha filha que afinal não tinha gostado muito do cheiro do creme.
- não faz mal, disse eu, não te preocupes.
E a mais pequena diz-lhe
"não te preocupes, é o meu pai é que não sabe pentear cabelos".

Adoro

As duas miúdas mais pequenas no banco de trás do carro, enquanto regressamos de ver o Marmaduke no cinema:
"sabes estalar os dedos?", pergunta a mais pequena a tentar dominar a perícia.
"sim sei, claro, mas agora ando a especializar-me em estalar os dedos sem fazer barulho", responde rapidamente a prima.

Agora, estão a dormir as duas na mesma cama muito abraçadinhas, tipo gémeas - acho que são um pouco gémeas, são muito parecidas em muitas coisas.

A mais velha, que é muito crescida e pretende ter um estatuto diferente na hora de ir para a cama, está a dormir abraçada a um panda de peluche. O meu filho parece um carapau embrulhado num lençol branco.

Cheira a memé no quarto dos meus filhos e das primas. Adoro.

21/07/10

Hoje estou a ouvir isto

Há dias em que me apetece ouvir umas músicas especiais. Gosto desta que faz um tributo a Carlos Paião:



... e desta...



São as duas do Tiago Bettencourt, que ouvi noutro dia no Café da Manhã da RFM e que achei muito simpático. Não sei porquê, mas fiquei com a sensação que a segunda é de uma telenovela. Será?

Peninha

Ainda não estamos praia praia, mas hoje tive uma bela manhã com os putos na praia e depois a almoçar hamburger com batatas fritas. Já que não consigo trabalhar com eles em casa, ao menos tiramos partido uns dos outros.

20/07/10

wtf?

O que fazer quando, depois de três dias de pesquisa aturada e de encontrar exactamente os dados que se procura, alguém apaga todos os nossos tabs?

16/07/10

O vento

Logo hoje, que tenho um vestido que não sei como reage ao vento, e que preciso de estar penteada para uma reunião importante, o maroto do vento anda por aí a brincar aos rodopios.
Troco um olhar cúmplice e seguro com os senhores das obras que olham esperançosos para ver se a saia sobe ou não sobe, tenho quase quase quase a certeza de que não vai subir. Não é para ser convencida, mas faz parte da genética masculina querer que a saia suba, não é por ser a minha, é assim uma espécie de travessura permitida pelo vento ou pela subida de umas escadas e partilhada pelos homens.

Estou muito contente. O meu pai hoje faz anos e eu adoro-o. Parabéns, papá. Tenho um sobrinho novo lindo lindo. E vou almoçar com os meus melhores amigos do mundo todo.

15/07/10

49'

Para ser do tamanho apropriado para a distância do sofá, a televisão cá de casa devia ter 49 polegadas (não sei se isso existe) em vez das actuais 16 polegadas... Já sei porque é que estou a ficar pitosga...

Tento

Tento pensar enquanto os senhores das obras interrompem por segundos o seu esforço de deitar paredes abaixo. Tento pensar enquanto está fresco por aqui. Tento pensar enquanto o sono da festa de ontem não me ataca. Tento pensar enquanto me esqueço das milhares de coisas que tenho de fazer. Tento. Mas está difícil.

14/07/10

Proprietária

Sou, desde esta manhã, a feliz proprietária dum sobrinho novo. O primeiro do meu irmão mais novo e cunhada homónima - sim, que nós queremos e eles prometem mais - e o segundo sobrinho rapaz - ficamos portanto equilibrados de sobrinhos, com duas raparigas e dois rapazes.
Correu tudo bem com o parto, a mãe portou-se à altura e está com óptima cara, o miúdo pesa os seus 3,250 kgs e é muito bonito mesmo.
Hoje podem chamar-me tia babada. Aos meus filhos, primos histéricos de felicidade - acordaram os dois aos pulos na cama a berrar pelo bebé. Promete.

13/07/10

A minha amiga artista

Tenho uma amiga que é artista. Recupera coisas lindas, como igrejas e palácios e pinturas. Ela não se vê como eu a vejo, com a "inveja" de quem gostava de saber fazer com as tintas metade das coisas que ela sabe. Tenho a sensação que ela se vê mais como uma técnica, mais como uma executante, do que propriamente como uma artista.
Mas eu acho que o que ela faz tem tanto de arte e de interpretação como pintar de novo. Isso sei que ela não gosta de fazer. Não gosta de telas em branco. Tem uma cópia dum Almada com umas cores lindas - que eu cobiço loucamente porque sou indecisa sobre o que gostava de ter nas minhas paredes mas sei que aquilo era uma coisa que eu gostava de ter - que deixou a meio por insatisfação.
Hoje, levou-me a visitar uma igreja que terminou há pouco tempo. A própria da igreja é muito gira, uma igreja muito antiga no meio duma aldeia às portas de Lisboa. As cores restauradas do interior, o azul anil, o dourado, os marmoreados, tudo coisas de que eu gosto. Também gostei do cheiro da sacristia, o cheiro típico das caves das casas antigas, uma mistura de humidade com muitos anos, e umas escadas que não subi para o primeiro andar.
A igreja no meio da aldeia, com uma estrada que diminui ao passar por trás do altar, foi um cenário para umas imagens mentais giras. A igreja tinha as potentes luzes acesas no interior, para que um fotógrafo russo tirasse fotografias ao trabalho de restauro com um nível de bolha acoplado à máquina. Ao mesmo tempo que fotografava o tecto azul, ria-se dos nossos disparates.
Obrigada, artista. Gostei.

12/07/10

Porque ainda há príncipes

Não interessa a miúda ter ficado atrapalhada ou até por causa disso, o Iker Casillas a dar um mega beijo à namorada Sara é a imagem que encerra o Mundial para mim.

Foi super genuíno. A excitação que sentem os miúdos quando ganham coisas. O "madre mia" dela, a jornalista isenta de quem no jogo com a Suíça foi dito que tinha prejudicado a concentração da equipa, também foi bom.

A linguagem corporal destes dois é gira, ele parece um puto aos saltinhos, inclinam os dois a cabeça um para o outro, ela emociona-se quando ele se emociona ao falar dos pais e do irmão, e depois "toma lá disto que eu quero comemorar contigo". Giro.

11/07/10

Lua cheia

Tento imaginar-te, enquanto embalas a tua filha durante a noite. Sentado, no chão do quarto, com a janela entreaberta, respiras o seu cheiro que te faz ter um sentido. Através do cortinado translúcido espreitas a lua. Pensas em, pelo menos, dois assuntos chatos que tens de resolver no dia depois de amanhã.
São quatro, horas de dormir, mas os dentes moem. Ou o calor. Mas ela finalmente adormece, cansada de brincar com os teus caracóis, cansada de estar acordada e não ter nada para fazer, a não ser ouvir as tuas músicas inventadas e olhar para ti.
A lua assiste enquanto sem grande agitação te/vos levantas e te diriges para o berço da bebé. Olhas para a tua cama, meia vazia, deitas a miúda, dás-lhe um último beijinho, de pescoço esticado para chegares ao fundo do berço, e já não tens sono.
Dás outro beijinho à tua mulher, vais para a sala. Lês um bocado da revista que andas a gastar, passas os olhos pela televisão. Nada de entusiasmante. Óptimo. Voltas à cama. Tens duas hipóteses: perdeste uma hora de sono ou ganhaste uma hora com a tua filha ao colo a dar-te miminhos. Como é que queres ver a tua vida?

09/07/10

Octopus

Anda toda a gente maluca com o polvo adivinhador. E isso fez-me lembrar duma história, que não é minha mas que acho linda.
Certo dia, andava um rapaz de 11 ou 12 anos a fazer mergulho em apneia em Porto Covo ou no Algarve (não sei bem) com o objectivo de apanhar o jantar. Às tantas, o pai começou a ficar aflito, porque o miúdo nunca mais aparecia.
Ao fim dum bocado lá apareceu, com o ar mais satisfeito do mundo. Trazia numa mão um arpão com um polvo a esbracejar e na outra uma nota de 500 paus. O que é que se passara?
Ao ver um polvo no fundo do mar, o tal caçador foi na sua direcção, devagarinho e sem agitar as águas que é a única maneira de não fazer o polvo fugir e abrir aqueles braços assustadores em todas as direcções. Antes de lá chegar e depois ao espetar-lhe o arpão deve ter sentido aquele sentimento primário que o faz gostar também de rajadas e desportos radicais - o instinto primário do caçador, o perigo, a adrenalina.
Com o polvo no arpão, começou a subida para a tona da água. A meio caminho viu que debaixo do sítio onde estava o polvo estava uma pedrinha sobre qualquer coisa. Voltou atrás, sem ter recuperado o ar na superfície, e levantou a pedra. O espanto maior foi quando debaixo da pedra viu a tal nota de 50o escudos dobradinha em quatro. Para quem já não se lembra, 500 paus há vinte e tal anos era muito dinheiro. Eram notas que eu via muito pouco, nos anos ou no Natal.
Donde se conclui que, além de espertos, os polvos também sabem ser poupadinhos. Que é mais do que se pode dizer de algumas pessoas.

08/07/10

Recompensa

Como os esforços devem ser recompensados e eu quero que os meus filhos sintam que o "trabalho" deles é valorizado cá em casa, demos ao mais velho o jogo dos "macacos acrobatas", que já estreámos esta manhã, e a mais pequena vai receber uma boneca polly pocket, aquelas mini que ocupam as miúdas durante horas e que são caras como o raio por isso só comprámos um conjunto pequenino. O que conta é a intenção.

Totô

Este post foi derrapando até que quase me esqueci dele, mas quero contar esta história. A tartaruga totô deixou-nos há coisa de duas ou três semanas. Os miúdos não deram pela falta dela até que eu puxei pelo assunto. Mostraram-se indignados até que eu lhes disse que a tartaruga já tinha mudado de casa há imenso tempo. E lhes expliquei que se tivesse estado cá este tempo todo sem que eles se preocupassem em dar-lhe comida, lavar o aquário, ver se está ao sol, ver se está viva e bem disposta, já tinha morrido. Encolheram os ombros e concordaram com a minha decisão.
Ontem e hoje fui à escola receber as avaliações dos miúdos. Gosto imenso de falar com as educadoras e de saber as coisas que os meus filhos fazem quando não estou com eles.

07/07/10

Terapia

Isto é um pouco de terapia, não é?

Note to self - a sala de manhã é mais suportável. À tarde é insuportável. Não consigo trabalhar, nem pensar. Que saudades do meu escritório no quarto ao lado do meu, onde está fresco e vejo as árvores...

Pouco original

O calor desta noite acumulou-se nas paredes e nas coisas e, por muito que tenha aberto as janelas para compensar enquanto os miúdos já dormiam que fechei quando me fui deitar, acordei às três e só consegui adormecer bem tarde. Para me compensar vi a Ossos. Não houve beijos.

05/07/10

Estranho

Tenho a casa cheia de cadeiras encostadas a sítios altos. Penso que uma senhora de um metro e dez que mora cá em casa anda a descobrir que consegue chegar aonde quiser desde que se esforce. Que esse sentimento perdure, meu amor.

Ah

... e não houve uma única gajinha capaz de me dizer que tinha um lenço na cabeça, como se fosse fazer a limpeza das escadas. E encontrei três...
Ah ah ah, é sempre bom encontrar amigas em quem podemos confiar.

Ar

Não consigo respirar...
Chego a casa e está mais ou menos o mesmo calor que na rua. De manhã não deu para abrir janelas para fazer corrente de ar, por isso, tramei-me.
Chego ao carro e pareço um ovo estrelado a fritar.

Assim, suspiro hoje por coisas que sempre disse não querer, como ar condicionado no carro ou em casa. Deve ser a tal sabedoria da idade.

Censura

A pior. A auto-censura. Tenho a potes para dar ou vender. É uma porcaria ter tanta.

Verdades insofismáveis

Parece-me que tão certo como o ditado que diz que a seguir da tempestade vem a bonança, ando a descobrir que as minhas amigas mega-betas de várias zonas do país são todas amigas das minhas outras amigas mega-betas. Uma das facetas divertidas do facebook...

02/07/10

Que cena estranha

Às vezes, quando estou a falar com as pessoas (conversa de gente), acho que estou a soar uma de três coisas: pomposa, chata ou doida. Não sei qual será pior. Não sei se é de estar com sinusite e o som da minha voz ressoar dentro da minha cabeça, mas hoje estive o dia todo a pensar nisso. Também pode ser falta de hábito.