Anda toda a gente maluca com o polvo adivinhador. E isso fez-me lembrar duma história, que não é minha mas que acho linda.
Certo dia, andava um rapaz de 11 ou 12 anos a fazer mergulho em apneia em Porto Covo ou no Algarve (não sei bem) com o objectivo de apanhar o jantar. Às tantas, o pai começou a ficar aflito, porque o miúdo nunca mais aparecia.
Ao fim dum bocado lá apareceu, com o ar mais satisfeito do mundo. Trazia numa mão um arpão com um polvo a esbracejar e na outra uma nota de 500 paus. O que é que se passara?
Ao ver um polvo no fundo do mar, o tal caçador foi na sua direcção, devagarinho e sem agitar as águas que é a única maneira de não fazer o polvo fugir e abrir aqueles braços assustadores em todas as direcções. Antes de lá chegar e depois ao espetar-lhe o arpão deve ter sentido aquele sentimento primário que o faz gostar também de rajadas e desportos radicais - o instinto primário do caçador, o perigo, a adrenalina.
Com o polvo no arpão, começou a subida para a tona da água. A meio caminho viu que debaixo do sítio onde estava o polvo estava uma pedrinha sobre qualquer coisa. Voltou atrás, sem ter recuperado o ar na superfície, e levantou a pedra. O espanto maior foi quando debaixo da pedra viu a tal nota de 50o escudos dobradinha em quatro. Para quem já não se lembra, 500 paus há vinte e tal anos era muito dinheiro. Eram notas que eu via muito pouco, nos anos ou no Natal.
Donde se conclui que, além de espertos, os polvos também sabem ser poupadinhos. Que é mais do que se pode dizer de algumas pessoas.
1 comentário:
Viste? Acertou outra vez! Acho que já se safa da panela.
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