11/07/10

Lua cheia

Tento imaginar-te, enquanto embalas a tua filha durante a noite. Sentado, no chão do quarto, com a janela entreaberta, respiras o seu cheiro que te faz ter um sentido. Através do cortinado translúcido espreitas a lua. Pensas em, pelo menos, dois assuntos chatos que tens de resolver no dia depois de amanhã.
São quatro, horas de dormir, mas os dentes moem. Ou o calor. Mas ela finalmente adormece, cansada de brincar com os teus caracóis, cansada de estar acordada e não ter nada para fazer, a não ser ouvir as tuas músicas inventadas e olhar para ti.
A lua assiste enquanto sem grande agitação te/vos levantas e te diriges para o berço da bebé. Olhas para a tua cama, meia vazia, deitas a miúda, dás-lhe um último beijinho, de pescoço esticado para chegares ao fundo do berço, e já não tens sono.
Dás outro beijinho à tua mulher, vais para a sala. Lês um bocado da revista que andas a gastar, passas os olhos pela televisão. Nada de entusiasmante. Óptimo. Voltas à cama. Tens duas hipóteses: perdeste uma hora de sono ou ganhaste uma hora com a tua filha ao colo a dar-te miminhos. Como é que queres ver a tua vida?

1 comentário:

Sónia disse...

que lindo!