02/10/13

No caminho

- Manhã tranquila: tomei banho e vesti-me de porta fechada. Os miúdos não ensaiaram sequer nenhuma pega, porque disse-lhes que não os ia ouvir. Funcionou;
- Passo a entrada da escola dos miúdos e tenho de voltar para trás, rindo-me do disparate;
- Eles dizem "podíamos ir contigo para o trabalho", como quem atira barro à parede, mas sem grande convicção. Eu rio-me outra vez, um riso talvez meio sádico;
- Passo o desvio para o Dolce Vita Tejo e penso que o que me apetecia era ir lá, passar a manhã a ver montras. Quem sabe, tentar encontrar coisas naquela loja gigante que toda a gente adora e onde nunca consegui comprar nada;
- Um pouco mais à frente, penso que ando a dar erros, desde que o disparate do Acordo Ortográfico entrou na minha vida, excepto quando escrevo no Word, que parece que tem cérebro e me dá uma ajuda discreta. Desejo que ninguém perceba;
- Penso nos últimos posts que li no Facebook. Acho que ninguém vai perceber mesmo. Penso que há muita gente que não sabe escrever nem antes nem depois do Acordo Ortográfico. E - mais interessante - estão-se nas tintas;
- Tenho pena disso, um pouco de vergonha alheia. Os erros resolvem-se. Só é preciso ler;
- Penso no tempo que passo a pensar nisso;
- Penso em gomas. Amoras vermelhas e pretas;
- Chego ao escritório.

1 comentário:

Sónia disse...

...delirei a ler este post.