05/09/13

25 momentos do Verão (sem fotografias...)

1. Os três primeiros dias de férias foram (digamos) de ajustamento, estávamos todos histéricos de estarmos de férias. Os miúdos de terem os pais só para eles, nós de os vermos histéricos. Depois acalmou tudo e tivemos umas férias muito boas;

2. Na Guarda, almoçar no Café Aliança. Pedir qualquer coisa;

3. Estivemos em Salamanca, Biarritz, San Sebástian, no resto do País Basco, especialmente do lado francês, em Gijón e em Santiago de Compostela. Duas semanas e meia, 3.200 kms. Que fixe;

4. Biarritz é uma cidade encantadora, com as suas ruas super animadas, as suas montras gourmet e pricey, as suas ondas permanentes e o seu estilo de vida animado e luxuoso. Conseguimos ficar a conhecer toda a cidade, que merece uma visita;

5. Há três verões atrás, quando lá estivemos, esteve sempre sol, por isso fizemos vida de praia e de surf, acabando por não conhecer muito da cidade ou das redondezas, o que pode ser considerado um desperdício;

6. Há 10 anos, quando lá estivemos pela primeira vez não lhe achei grande piada. Era fim de Setembro e a cidade estava quase vazia, comemos um cachorro nojento e a imagem não foi das melhores;

7. No Verão, Biarritz faz muito lembrar Cascais, com aquele tipo de decadência balnear de que sempre gostei, não sei porquê. Talvez porque quando era miúda passava muito tempo na praia em Cascais e os cheiros, os ritmos dos locals e os dos velhotes sejam semelhantes;

8. Uma coisa engraçada é que os empregados das lojas têm sempre bom aspecto. Muitos falam português. Não tinha noção que havia uma comunidade portuguesa tão grande na cidade;

9. Um croissant e um pain au chocolat por dia, pelo menos. São tão bons que não se podem perder;

10. Adorei o País Basco do lado francês, com os seus campos com manicures perfeitas e com as suas aldeias limpíssimas e lindas;

11. Saint-Jean-de-Luz e Ciboure, duas cidades pegadas e a poucos quilómetros de Biarritz, giríssimas (Saint-Jean-de-Luz foi especialmente recomendada pela Maria João entre mergulhos na Morena, obrigada, valeu mesmo a pena);

12. Era capaz de viver nalguns dos sítios por onde passámos (mais nas cidades pitorescas, com belos mercados cheios de comida deliciosa, do que propriamente no campo um pouco bucólico demais para meu gosto...);

13. Esse é um dos principais diferendos do Verão: as casas bascas mais típicas são brancas com traves expostas em madeira e pintadas de vermelho, de azul ou de verde. Os homens lá de casa gostam mais das vermelhas e eu das azuis. Concluímos que se alguma vez tivermos uma casa basca teremos de ter janelas das duas cores...;

14. Os nadadores-salvadores continuam da competência que já tínhamos comprovado antes. Atléticos, bem treinados e muito respeitados, quando tocam o fecho da praia às 19h, com um valente apito e um cruzar de braços em cima da cabeça, 90% dos franceses levanta a tenda e zarpa da água e, pasme-se, da praia (nós ficamos);

15. Os banhos estão limitados a uma zona bem demarcada entre duas bandeiras azuis. A carneirada toma toda banho nos mesmos 15 metros, isto é, é toda enrolada na mesma zona. Fora desse espaço, há uma vastidão para os surfistas e bodyboarders, que são mais que muitos. Está tudo muito bem pensado. Os nadadores-salvadores (e os polícias que lhes fazem companhia) parecem falcões a olhar para o mar e ai de quem entrar com prancha na zona dos nadadores e vice-versa. Leva um apito e passa pela vergonha de ter toda a gente a olhar para ele;

16. Ilbarritz é a praia mais chique da zona, cheia de parisienses mas em bikini ou fato-de-banho no caso dos homens. Só hot bods, gordura não entra. Os cabelos estão sempre penteados. Porsches, Ferraris e carros de outras marcas caras que eu não conheço enchem os lugares de estacionamento. Nós vamos a pé que a nossa casa (a da primeira semana) é mesmo ao lado;

17. O cabaz típico de praia dos franceses é tipo a mala do Sport Billy: inclui as toalhas (as típicas bascas que são lindas), raquetes, pranchas de bodyboard para toda a família (incluindo os avôs), mas mesmo impermeáveis coloridos também para toda a família (é que às vezes chove);

18. Houve um dia em que apanhámos uma molha monumental na Côte des Basques, para voltar a casa (na segunda semana, agora no centro de Biarritz). Quais pintos quais quê;

19. Outro item indispensável no cabaz das mães francesas são livros, que lêem displicentemente na toalha, sem tirar os olhos das letras nem por um minuto, enquanto os seus filhos minorcas (têm aos seis e sete nas praias mais in) andam a brincar à reboleta nas ondas selvagens, transformando os nadadores-salvadores em baby-sitters meio nazis;

20. A miúda foi picada por um peixe-aranha na praia de Chambre d'Amour em Anglet. Os hiper preparados nadadores-salvadores não tinham qualquer spray contra a dor. Salvou-nos a miúda do café quiosque, que nos deu um balde de gelo mas cheio de água quente. Ajudou muito;

21. Os velhotes têm uma praia só para eles, a do Port Vieux, que está protegida das ondas. A rotina é ir todos os dias, é nadar até ao rochedo da virgem com braçadas largas de quem nada ali há muitos anos e voltar e é as senhoras tirarem fotos na rebentação, quais Esther Williams voluptuosas. Os miúdos dão mergulhos de uma prancha no meio dos rochedos;

22. As melhores moules foram as do Port Vieux, que delícia, uma dose só para mim, depois de uma garrafa de rosé bebida a meias (a única do Verão);

23. Na Galiza, fazer o desvio até Rinlo, perto de Ribadeo, para ir comer o melhor arroz de lavagante que já comi na Cofradia. Dar um saltinho à praia "As Catedráis";

24. O melhor investimento do Verão foi o disco do Miguel Araújo Jorge, "Cinco dias e meio". As muitas viagens de carro eram acompanhadas por cantorias aos berros dos miúdos e nossas, não só "Os maridos das outras", mas também o "Reader's digest", o "Fizz Limão" e por aí, sem medo;

25. Agora era mais uma semana, mas a dois. Miúdos: vocês são um amor, mas o pai e a mãe precisam de namorar um pouco.

2 comentários:

Maria disse...

No ano passado ouvia-se muito a música "Os maridos das outras" na rádio.

Agora imagina-a transformada numa sessão contínua de "porquês?", pelo D., que tinha 3 anos.

"Mamã, porque é que os homens são feios? (...) brutos? (...) animais? "

Vi-me aflita para lhe explicar que era uma brincadeira e ele não ficou lá muito convencido.

O pai também não gostava muito da letra, mas eu sou "rádio dependente" sem hipótese de recuperação. ;)

Sónia disse...

Tão bom!
...E sim, lá por casa é igual...nos primeiros dias de férias as "placas tectónicas" estão a adaptar-se!