30/12/11

Cair no amor

A língua inglesa tem aquelas expressões típicas que todos conhecemos e, muitas vezes, gostávamos de ter em português. Falling in love, para eles, é excelente, é o princípio de tudo, é o que traz as borboletas no estômago e o sorriso parvo na cara. Para mim, cair no amor é um azar, uma infeliz sucessão de acontecimentos, ou uma coincidência indesejada, se assim quiserem chamar-lhe.
O que eu gosto é de ser uma pessoa livre. Ter muitas aventuras. Ter a liberdade de fazer o que quero com o meu tempo. Decidi logo aos oito anos que ía ser sempre assim. In-de-pen-den-te. Cinco sílabas, que me permitem ter já posto os pés e os olhos nos cinco continentes, sem nunca ter de estar preso às linhas telefónicas ou a escrever postais para alguém que não podia ou queria acompanhar-me. O problema é esse. Ninguém quer depois acompanhar ninguém. É, podemos chamar-lhe, o egoísmo de cada um.
Aos oito anos, eu gostava da Teresa e ela gostava do Pedro. Achei indecente e escrevi uma carta de amor à Ana - de quem não gostava. Só para fazer ciúmes à Teresa. Depois percebi que não gostava da Teresa também. E aí fiquei amigo de todas. O que foi sempre muito mais divertido. No fundo, esta mania de ser independente é uma forma de egoísmo.
O pior é que agora estou assim. Parvo de apaixonado. Caí.

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