30/03/13

O meu preferido continua a ser o coração

Entrevistei a Joana Vasconcelos há uns bons anos, no atelier na Fundição de Oeiras. Adorei. Simples. Adorei o atelier, a artista, as ideias, a paixão, as coisas soltas que por lá andavam, os processos. Adorei, como adoro sempre, espreitar por trás do véu.
Agora está na Ajuda. Conhecia "A noiva" (mas nunca a tinha visto ao vivo e acho que merecia um pé direito ainda mais alto) e outros trabalhos, mas fiquei maluca, deslumbrada, deliciada, com o "Coração independente". A peça estava a ser acabada quando entrevistei a artista, para entrar na candidatura do Fado a Património Mundial (acho que era isso) e é preciso vê-la, primeiro ao longe, depois ao perto.
O que primeiro se vê é um gigante e bonito coração de Viana (o primeiro que vi foi o laranja, o que vimos ontem foi o vermelho), ao pormenor é a mais perfeita filigrana. Feita com talheres de plástico. É brutal!
Só por este valia a pena ir visitar a exposição no Palácio da Ajuda.
Mas a exposição de Joana Vasconcelos, que deslumbrou o mundo em Versailles, é "uma estranha forma de vida", como canta Amália Rodrigues na sala do coração.
A visita interliga a passagem pelas lindíssimas salas do Palácio com as (muitas vezes) inesperadas esculturas. Há muitas que não aprecio por aí além. As peças com renda à volta não me dizem grande coisa, mas gostei muito do carrinho de cabeleireiro. As cores são óptimas.
Adorei também o "Lilicóptre", o helicóptero que Joana Vasconcelos criou para a fuga da Marie Antoinette, com as gigantescas penas de avestruz pintadas à mão, os cristais Swaroski e as cores de macaron.
E os sapatos da "Marylin", feitos de panelas Silampos.
Os miúdos estavam no seu ambiente. É quando somos miúdos (ou artistas) que conseguimos conceber ideias tão loucas. E, da tal entrevista que fiz, a Joana é muito dos dois.
Vale bem os 24 euros do bilhete família (ou os 10 euros para quem vá sozinho). Até 25 de Agosto, fecha às quartas. Ide.









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