20/10/10

As AVD

Chateia-me imenso quando os meus filhos implicam com as actividades da vida diária como: acordar, vestir, tomar banho, jantar, tomar o pequeno-almoço... essas coisas que todos temos de fazer todos os dias.
Na realidade, fazem-me lembrar os passarinhos que, todos os dias quando o Sol se põe, entram numa chinfrineira histérica, como se o dia acabasse e não voltasse a nascer o Sol no dia seguinte, tal e qual como nos dias anteriores todos.
Por muito que eu lhes explique - aos meus filhos, não aos passarinhos - que todos os dias temos de fazer assim e que esta família é uma equipa e, portanto, temos de trabalhar todos pelo bem comum, há dias em que as coisas correm, digamos, menos bem. Assim, obrigam-me a chamá-los mais vezes, a dizer vistam-se mais vezes, a chamá-los para o pequeno-almoço mais do que o estritamente necessário, a dizer-lhes para lavarem os dentes, vestirem os casacos "mas não está frio mãe", a porem-se à porta que vamos já já sair "vou só buscar os cromos ou um brinquedo ou uns ganchinhos mãe"...
Mas destas AVD todas, a pior, aquela que me faz ficar com irritação pele-de-galinha, é quando insistem em que não querem cortar as unhas. Eu geralmente só reparo que eles precisam de manicure no tipping point. Ou seja, só me apercebo do tamanho das unhas deles quando estão a um passo de se tornarem aqueles senhores velhotes da Índia que vivem sentados no chão, de perninhas cruzadas à Ghandi, exibindo as suas unhas encaracoladas, que medem para cima de três metros (e são candidatas à alínea mais nojenta de todas as competições do Guiness World of Records, ao lado daquela senhora que consegue esbugalhar os olhos dez centímetros ou coisa que o valha).
Há cinco dias tinha-me chateado com o meu filho porque ele fez uma fita enorme para cortar as unhas e eu disse-lhe "nunca mais te corto as unhas, vais ficar com as unhas enormes, blá blá blá", "não me importo blá blá blá". Um pequeno braço de ferro. A solução foi pedir à minha irmã, que é dona de uma paciência quase infinita, que lhe dissesse que tinha de resolver esse problema, a bem do seu aspecto geral. E ele lá capitulou, "mamã cortas-me as unhas, por favor? Eu juro que nunca mais..." Eu lá capitulei e agora parece um verdadeiro anjinho das unhas bonitas.
Por mais uma semana, pelo menos.

1 comentário:

andré raposo disse...

também sofro com essas implicâncias às AVD.


...e depois de nos encherem o saco, vão aos saltinhos para a escola como se nada fosse.

E nada foi, na realidade.