Só porque me apetece.
Via eu mesma.
29/09/11
27/09/11
A vida, ao jantar
"Mamã, o que quer dizer absurdo?"
Pergunta - bastante alto, devo dizer - o meu filho, imediatamente depois de termos ouvido o senhor da mesa ao lado no restaurante dizer
"blá blá blá é absurdo blá blá blá".
Poster da deliciosa notonthehighstreet.
Pergunta - bastante alto, devo dizer - o meu filho, imediatamente depois de termos ouvido o senhor da mesa ao lado no restaurante dizer
"blá blá blá é absurdo blá blá blá".
Poster da deliciosa notonthehighstreet.
26/09/11
Toy story
Estou nesta casa minúscula desde que cheguei a Londres. Não procurei ainda uma maior. Não é por falta de dinheiro. É por falta de paciência, por me lembrar ainda dos caixotes que trouxe de Portugal e para os quais já tive de encontrar lugar uma vez. Não me apetece fazê-lo outra vez.
O meu pai diz que é desinteresse, a minha mãe desleixo. Who cares?
A única coisa boa que a casa tem é ser perto do metro, o que, em Londres, quer dizer perto de tudo. Além de não ser muito gelada no Inverno, por causa do aquecimento central, que foi a única exigência que fiz ao homenzinho curioso da agência imobiliária.
Nunca fui dada a frios, gosto de ter calor, esse foi o único factor que me fez torcer o nariz durante tanto tempo ao convite para vir para cá. Eles acharam que eram questões salariais - lucky me. Vim ganhar muito acima daquilo que valho, o que só pode ser uma correcção ou uma espécie de justiça cósmica face às merdas que tenho tido na vida.
"Há quem tenha pior", diz a minha tia velhota, que julga assim conseguir corrigir todas as infelicidades do mundo. Não consegue, sendo, ela própria, uma pessoa vagamente infeliz, com uma casa ensombrada por pesados cortinados de veludo e mobílias igualmente tristes e escuras.
Na minha casa minúscula, quando está sol e é Inverno, com o tal aquecedor ligado, quase consigo sonhar que estou em Portugal. Sim, que isto de ser expatriado é chique mas dói no fundinho da alma. Custa quando o trabalho chega ao fim e ficamos sozinhos num sítio onde quase ninguém é igual a nós. No final do próximo ano termina a minha aventura por aqui e, como não me perdi de amores por nenhum príncipe, devo regressar a casa.
Mas aí, também eu já não vou ser igual.
Rock bottom
Sabemos que estamos lá quando o roupeiro desmorona em cima de nós. Aí, é altura de começar tudo de novo.
A que instituição é que costumam dar as vossas roupas?
A que instituição é que costumam dar as vossas roupas?
23/09/11
Céus!
Meia-noite em Paris
Os smurfs
Amor estúpido e louco
Cuidado com o que desejas
Assim é o amor
So many flicks, so little time.
Os smurfs
Amor estúpido e louco
Cuidado com o que desejas
Assim é o amor
So many flicks, so little time.
21/09/11
A lua
Vamos de mão dada buscar um filme depois do jantar.
Olha, já viste a lua? Está tão grande, miúda!
"pois está, mamã. Quem foi que encheu?"
Olha, já viste a lua? Está tão grande, miúda!
"pois está, mamã. Quem foi que encheu?"
19/09/11
Amor de mãe
Forrar os 14 livros e cadernos do meu filho com papel autocolante num final de tarde de Domingo. (Especialmente depois de ter visto o serviço de forrar livros do Corte Inglês. Antes, tinha estado a pensar "tem de haver uma maneira mais simples, não estou a ver 'os ricos' a forrar livros na noite antes do regresso às aulas, em cima da mesa da sala ou mesmo no chão". E há uma maneira mais simples, mas, como com tudo o que é bom, excepto a natureza, que já dá para compensar, paga-se.)
16/09/11
A bandalheira às portas de Lisboa
Será possível que ninguém se preocupe em resolver a bandalheira do processo de levantar meninos à saída das aulas do Liceu Francês? É uma vergonha que papás, avós e afins estacionem em 2a e 3a fila, sem se preocuparem com quem não tem culpa nenhuma disso. Será uma questão que cabe à câmara resolver, será à polícia, será ao próprio colégio? É uma bandalheira.
Caixa-de-óculos
Quase seguramente com o acordo ortográfico, contra o qual milito silenciosamente - acho que, como sucedeu com os euros, nunca vou aprender a usar correctamente as novas grafias e vou estar a fazer erros atrás de erros sem me aperceber -, a manhosa expressão pejorativa "caixa-de-óculos" vai perder os hífens.
Tenho preguiça para confirmar.
Lembrei-me que era dos insultos mais ofensivos que se podia fazer a alguém que usasse óculos ao ler a manchete do i de hoje, que diz que há crianças a serem incentivadas a usar óculos sem deles precisarem.
Quando éramos pequenos, ir ao oftalmologista significava quase sempre vir de lá com uma receitazinha para óculos, que motivariam a chacota dos colegas e (também um pouco) a vergonha própria.
Eram as dificuldades na visão, detectadas pelos pais, pelos professores ou pelo próprio, que motivavam a ida ao oftalmologista e mais nada (os médicos não eram um bem de primeira necessidade. Não havia dinheiro para sapatos, quanto mais). Por isso, havia queixas. Por isso, fazia sentido haver óculos.
Agora, de acordo com o i, parece que se fazem rastreios nas escolas e que as crianças passam a ter de usar óculos sem precisarem deles, o que pode agravar problemas que existam.
É tão importante confiarmos nos nossos filhos e reagirmos às suas queixas e não sermos hiperactivos e fazermos tudo o que supostos técnicos nos aconselham. Daí também a importância de uma segunda (ou terceira) opinião.
Eu devo ser muito casmurra, porque corri os oftalmologistas todos de Lisboa para encontrar um que resolvesse um problema nos olhos da minha filha. Inclusivamente uma especialista em Campo de Ourique, que vinha com recomendação para pediatria, que era uma besta e que disse que não a ia tratar porque eu já tinha falado com um colega dela, portanto não seria ético, mas que nos tratou (eu mais dois putos) como se fossemos imbecis. E, no fim, cobrou a consulta.
Além disso, tinha uma casa de banho que era um nojo. Casa de banho, sem hífen.
Tenho preguiça para confirmar.
Lembrei-me que era dos insultos mais ofensivos que se podia fazer a alguém que usasse óculos ao ler a manchete do i de hoje, que diz que há crianças a serem incentivadas a usar óculos sem deles precisarem.
Quando éramos pequenos, ir ao oftalmologista significava quase sempre vir de lá com uma receitazinha para óculos, que motivariam a chacota dos colegas e (também um pouco) a vergonha própria.
Eram as dificuldades na visão, detectadas pelos pais, pelos professores ou pelo próprio, que motivavam a ida ao oftalmologista e mais nada (os médicos não eram um bem de primeira necessidade. Não havia dinheiro para sapatos, quanto mais). Por isso, havia queixas. Por isso, fazia sentido haver óculos.
Agora, de acordo com o i, parece que se fazem rastreios nas escolas e que as crianças passam a ter de usar óculos sem precisarem deles, o que pode agravar problemas que existam.
É tão importante confiarmos nos nossos filhos e reagirmos às suas queixas e não sermos hiperactivos e fazermos tudo o que supostos técnicos nos aconselham. Daí também a importância de uma segunda (ou terceira) opinião.
Eu devo ser muito casmurra, porque corri os oftalmologistas todos de Lisboa para encontrar um que resolvesse um problema nos olhos da minha filha. Inclusivamente uma especialista em Campo de Ourique, que vinha com recomendação para pediatria, que era uma besta e que disse que não a ia tratar porque eu já tinha falado com um colega dela, portanto não seria ético, mas que nos tratou (eu mais dois putos) como se fossemos imbecis. E, no fim, cobrou a consulta.
Além disso, tinha uma casa de banho que era um nojo. Casa de banho, sem hífen.
15/09/11
Coisas esquisitas
A simpática senhora da loja das gomas das Amoreiras cumprimenta-me efusivamente num dos corredores (há quantos anos sabe da minha pancada por gomas?)
O senhor que vem tirar a medição do contador da água cumprimenta-me, aplicando ao meu apelido uma pronúncia estrangeira. Fica muito chique.
O senhor que vem tirar a medição do contador da água cumprimenta-me, aplicando ao meu apelido uma pronúncia estrangeira. Fica muito chique.
O som do teu silêncio
Está a chover baixinho há mais de 12 horas. Não consigo ir lá fora buscar a roupa que tinha posto a secar. De noite, desde há uns dias, ouço o telefone tocar de maneira cada vez mais aflitiva - apesar de o som ser o mesmo desde sempre. Ouço, com o coração a bater com força, o carro da polícia, uma ambulância, o carro dos bombeiros. Passam e afastam-se com o seu lamento estridente. Ouço um trovão, escondida debaixo dos lençóis. Ouço-te bater a porta de casa. Ouço o elevador arrastar-se pelos carris. Ouço o silêncio que fica quando sais. O frigorífico recomeça a fazer barulho, depois estremece e, de repente, fica calado. A máquina da roupa continua a rodar a 600 rotações, para acabar de lavar a roupa que trouxeste hoje de manhã do trabalho. Ouço-me a pensar que tenho de arrumar a casa, tirar a roupa molhada da corda, espalhá-la pelas cadeiras da cozinha e pelos toalheiros da casa de banho, fazer o jantar só para mim. Ouço-me a chorar baixinho. Ouço-me a recomeçar - no mesmo sítio - todos os dias. Há quantos anos...
14/09/11
A senhora do mel
Eu sei como é essa urgência de falar com alguém, especialmente com alguém que vai ouvir-nos sem sentir verdadeiramente aquilo que sentimos. Talvez pena. Um gesto mais carinhoso. Um festa ou um abraço.
A senhora do mel abriu-nos a alma assim que abriu a porta da rua. Ao pé das escadas, ainda na rua, as abelhas agitavam-se à volta dos cortiços em mais um dia quente de Verão.
(quero profundamente gostar de abelhas, mas tenho muito medo delas)
A porta aberta e logo um lamento. A doença. Não precisa sequer de dizer qual é. Nós percebemos e os miúdos não precisam de saber. Um litro e meio de mel algarvio, dourado e delicioso para cada uma. Quatro euros e 20 cada frasco. Um litro e meio que estou a repartir por frascos para dar aos meus pais, aos meus irmãos e aos amigos que estão perto. A dor da alma da senhora. A resignação. São tantos os meus amigos com a doença, desabafa. Os miúdos saltam por ali. Dizemos-lhe o comum, que está com óptima cara, que vai melhorar, que há muitos casos assim. Perguntamos-lhe como estão a correr os tratamentos. Se precisa de alguma coisa. Não, obrigada, tenho muitos amigos. Sabiam que, às vezes, o mel tem um sabor meio amargo?
(quero profundamente gostar de abelhas, mas tenho muito medo delas)
A porta aberta e logo um lamento. A doença. Não precisa sequer de dizer qual é. Nós percebemos e os miúdos não precisam de saber. Um litro e meio de mel algarvio, dourado e delicioso para cada uma. Quatro euros e 20 cada frasco. Um litro e meio que estou a repartir por frascos para dar aos meus pais, aos meus irmãos e aos amigos que estão perto. A dor da alma da senhora. A resignação. São tantos os meus amigos com a doença, desabafa. Os miúdos saltam por ali. Dizemos-lhe o comum, que está com óptima cara, que vai melhorar, que há muitos casos assim. Perguntamos-lhe como estão a correr os tratamentos. Se precisa de alguma coisa. Não, obrigada, tenho muitos amigos. Sabiam que, às vezes, o mel tem um sabor meio amargo?
12/09/11
Preciso de me organizar
Eu precisava que este senhor viesse cá a casa organizar as minhas coisas por códigos de cores. O ano passado fiz isso ao meu roupeiro, mas este ano não tenho tempo (aka paciência).
A natureza dos homens
Imediatamente sinto-te irrequieto, muito interessado, a inclinares-te para a frente, perguntador, tu, que geralmente perguntas pouco. Insistente, até. Isto depois de saberes que a senhora de cabelos brancos, ar de avó e idade indefinida, mas seguramente à volta dos 70 anos, vai hoje jantar moreia frita, que ela própria apanha em covas que teima em não dizer onde são.
À noite, para compensar, jantamos também moreia frita, mas não fomos nós que a apanhámos. "Não consigo resistir, é superior a mim, sinto que estou a renegar à minha natureza. Eu sou caçador." E os olhos brilham-te como se fosses um miúdo, como eu gosto de ver. E é mesmo verdade o que dizes.
Eu não sou caçadora. Gosto de pescar, gosto de mariscar, mas arrepio-me só de pensar em encontrar-me com uma moreia no mar - onde são bem mais ofensivas do que estas que aqui estão a secar ao sol numa casa no Algarve, como se fossem roupa lavada, como também já vi fazerem com polvo.
À noite, para compensar, jantamos também moreia frita, mas não fomos nós que a apanhámos. "Não consigo resistir, é superior a mim, sinto que estou a renegar à minha natureza. Eu sou caçador." E os olhos brilham-te como se fosses um miúdo, como eu gosto de ver. E é mesmo verdade o que dizes.
Eu não sou caçadora. Gosto de pescar, gosto de mariscar, mas arrepio-me só de pensar em encontrar-me com uma moreia no mar - onde são bem mais ofensivas do que estas que aqui estão a secar ao sol numa casa no Algarve, como se fossem roupa lavada, como também já vi fazerem com polvo.
Photo shop
Regressámos hoje ao trabalho, depois da semana de férias que guardámos mesmo para o finzinho do sol. Tivemos uns dias de praia fenomenais no Algarve, com muitos mergulhos e sol.
[As fotos são tiradas com a app Instagram. Amo.]
A história da minha vida
Agora que penso nisso, tenho passado a minha vida à procura de uma boa história. É isso que eu faço. Sou capaz de atravessar meio mundo para a conseguir.
Por uma boa história sou capaz de suportar noites mal dormidas, a barriga a dar horas, dores no corpo, feridas nas mãos e nos pés. Sou capaz de fazer os maiores disparates. Agir sem pensar, saltar no vazio, correr sem parar, fazer quilómetros sem fim, ir sem destino - só porque isso também é uma história -, partir o coração a quem fica, comer o que aparecer.
Quando era miúdo, lembro-me de ter partido uma vez um dedo de propósito, só para poder contar mais essa história. Nunca tive falta de atenção, só gosto de criar enredos, de gerir personagens e criar cenários, mas na vida real.
O que faço com uma boa história depois de a conseguir é simples. Espalho-a, partilho-a com o maior número de pessoas que conseguir, aperfeiçoando a técnica de contar e a de captar novas histórias. Faço-me ouvir - e bem alto -, porque quem tem histórias mais giras ou mais malucas ganha a corrida. E eu não posso perder essa.
Por uma boa história sou capaz de suportar noites mal dormidas, a barriga a dar horas, dores no corpo, feridas nas mãos e nos pés. Sou capaz de fazer os maiores disparates. Agir sem pensar, saltar no vazio, correr sem parar, fazer quilómetros sem fim, ir sem destino - só porque isso também é uma história -, partir o coração a quem fica, comer o que aparecer.
Quando era miúdo, lembro-me de ter partido uma vez um dedo de propósito, só para poder contar mais essa história. Nunca tive falta de atenção, só gosto de criar enredos, de gerir personagens e criar cenários, mas na vida real.
O que faço com uma boa história depois de a conseguir é simples. Espalho-a, partilho-a com o maior número de pessoas que conseguir, aperfeiçoando a técnica de contar e a de captar novas histórias. Faço-me ouvir - e bem alto -, porque quem tem histórias mais giras ou mais malucas ganha a corrida. E eu não posso perder essa.
06/09/11
Pinóquios e suspensórios
Para os que sabem que rir é o melhor remédio:
Miúdo, achas que precisas de um benuron?
- sim, mas não me pões suspensórios, prometes?
Miúda, não tropeces nesses tocos de madeira.
- sim, mãe, são os pinóquios.
03/09/11
Anos
Hoje acordei a sentir-me mal. Estava irrequieta, lembrei-me de vir aqui escrever a expressão "panela de pressão". Porcaria do tempo a passar.
01/09/11
100 years East London style
Amei este anúncio.
Tudo o que devemos aprender devia ser assim, compactado. E o estilo também devia ter sempre estilo, fosse em que década fosse.
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