28/10/10

Filmes de terror

Quem é o cromo que escreve na capa de um filme "de rir às gargalhadas" e depois o filme é das coisas mais tristes que eu já tenho visto? Terá sido alguma alma maldosa que sabia que eu só gosto de filmes cor-de-rosa? De fazer chorar as pedras da calçada era o que lá devia vir.
Um pai, recentemente viúvo, que olha para os filhos adultos como se fossem crianças... Só essa imagem já é daquelas difíceis de engolir.
"Everyone's fine". É o verdadeiro filme de terror, desaconselhado às lágrimas fáceis como eu.

26/10/10

O melhor do mundo

Parece que o melhor do mundo para a felicidade individual é ter irmãs. E eu concordo que é muito bom. É excelente ter irmãos rapazes, fazem coisas malucas e são diferentes, vêm o mundo de uma maneira tão... nem sei qual é o adjectivo, mas é uma perspectiva diferente. Os rapazes, os meus irmãos pelo menos, nunca entram em grandes confidências, refugiam-se muito mais em termos emocionais do que as mulheres.
Com a minha irmã posso partilhar tudo, falar sobre sentimentos, libertar a pressão, posso estar só ali. Geralmente ela sabe o que eu estou a sentir e vice-versa.
Não sei se os meus irmãos concordam com o factor "a felicidade da irmã" que o NYTimes diz que existe em relação a mim, talvez às vezes eu não seja do mais conversador, talvez haja sempre "too much on my mind". Mas quando é para conversar estou lá, mas nem sempre é, nem sempre nos encontramos no mesmo tom.
A bem da minha felicidade, a minha sorte é que tenho duas irmãs - uma mãe, uma irmã, que são a mesma coisa.

25/10/10

Sabedoria

Li ontem um artigo muito engraçado sobre matchmaking em que surgia, a certa altura, esta pérola da sabedoria dos relacionamentos:
"Looks fade, dumb lasts forever",
que dedico com especial carinho ao Migueli.

23/10/10

Um dragão no piquenique


No piquenique que fizemos hoje ao almoço no Jardim do Cerco atrás do Convento de Mafra, encontrámos este dragãozinho. Fiquei com a sensação que ainda era bebé, porque se ria para nós envergonhado e ficou muito contente quando os meus filhos passaram a saltitar e a coleccionar as folhas amarelas, castanhas e vermelhas do Outono, espalhadas pelo chão. As folhas são para levar para a escola e o piquenique foi muito giro, num jardim muito arranjadinho.
Eu acho que a família do dragão já lá devia viver quando o D. João V mandou construir o Convento, obra magnífica que arruinou a Coroa Portuguesa.
E o dragão lá ficou, a tomar conta do jardim tranquilo. Quando aprenderá a deitar fogo pelo nariz?

21/10/10

Ferramentas que eu gostava de dominar

I Have PSD from Hyperakt on Vimeo.

À roda do património

A fazer pesquisa para um "trabalho" programado com umas amigas descobri hoje coisas giras sobre o nosso património e sobre Sintra - terrinha encantada, quase perfeita, onde se não fosse a humidade eu gostava de viver. Desde que fosse num daqueles palácios românticos que por lá há.
Depois de muito pensar na conversa do almoço, desculpa lá cunhadinho, mas ser antropólogo (durante uma semana, no máximo) e poder escavar coisas do chão e perceber o que querem dizer, mesmo que a seguir se tenham de pôr todas em sacos de plástico rotulados do estilo dos que eu uso para pôr os legumes que corto para a sopa e congelo para não ter de andar sempre a descascar aquelas porcarias, deve ser divertido.
É assim um trabalho estilo detective. E eu, quando era pequenina, queria ser detective. Ou isso ou veterinária, como o meu avô materno.

Work in progress

Programa genial à hora do almoço, passeio pela Baixa, almoço num indiano delicioso, visita guiada primeiro ao céu e depois às catacumbas e ao cemitério. Tudo no mesmo sítio. Adorei.

Coisas que magoam

- As saudades (hoje estive o dia todo a lembrar-me das tardes passadas a brincar ao carnaval com a minha avó paterna e as suas roupas de festa e cloches, chapéus de rede e sapatos a condizer)
- Perder cheiros das coisas de que gostamos
- Deixar queimar o jantar
- Apertões no nariz
- Bater com o cotovelo em coisas metálicas
- Ficar com uma espinha espetada na gengiva (ou em qualquer outro sítio, será que passa?)
- Arranjar as sobrancelhas
- Esfolar os joelhos no alcatrão
- Sapatos apertados
- Arrancar um penso rápido
- Ser acordada uma hora e meia depois de ter adormecido

20/10/10

As AVD

Chateia-me imenso quando os meus filhos implicam com as actividades da vida diária como: acordar, vestir, tomar banho, jantar, tomar o pequeno-almoço... essas coisas que todos temos de fazer todos os dias.
Na realidade, fazem-me lembrar os passarinhos que, todos os dias quando o Sol se põe, entram numa chinfrineira histérica, como se o dia acabasse e não voltasse a nascer o Sol no dia seguinte, tal e qual como nos dias anteriores todos.
Por muito que eu lhes explique - aos meus filhos, não aos passarinhos - que todos os dias temos de fazer assim e que esta família é uma equipa e, portanto, temos de trabalhar todos pelo bem comum, há dias em que as coisas correm, digamos, menos bem. Assim, obrigam-me a chamá-los mais vezes, a dizer vistam-se mais vezes, a chamá-los para o pequeno-almoço mais do que o estritamente necessário, a dizer-lhes para lavarem os dentes, vestirem os casacos "mas não está frio mãe", a porem-se à porta que vamos já já sair "vou só buscar os cromos ou um brinquedo ou uns ganchinhos mãe"...
Mas destas AVD todas, a pior, aquela que me faz ficar com irritação pele-de-galinha, é quando insistem em que não querem cortar as unhas. Eu geralmente só reparo que eles precisam de manicure no tipping point. Ou seja, só me apercebo do tamanho das unhas deles quando estão a um passo de se tornarem aqueles senhores velhotes da Índia que vivem sentados no chão, de perninhas cruzadas à Ghandi, exibindo as suas unhas encaracoladas, que medem para cima de três metros (e são candidatas à alínea mais nojenta de todas as competições do Guiness World of Records, ao lado daquela senhora que consegue esbugalhar os olhos dez centímetros ou coisa que o valha).
Há cinco dias tinha-me chateado com o meu filho porque ele fez uma fita enorme para cortar as unhas e eu disse-lhe "nunca mais te corto as unhas, vais ficar com as unhas enormes, blá blá blá", "não me importo blá blá blá". Um pequeno braço de ferro. A solução foi pedir à minha irmã, que é dona de uma paciência quase infinita, que lhe dissesse que tinha de resolver esse problema, a bem do seu aspecto geral. E ele lá capitulou, "mamã cortas-me as unhas, por favor? Eu juro que nunca mais..." Eu lá capitulei e agora parece um verdadeiro anjinho das unhas bonitas.
Por mais uma semana, pelo menos.

19/10/10

Um mergulho no Tejo

No Verão ensinei aos meus filhos a letra dos Xutos "dá um mergulho no mar". Acho que é um excelente hino à iniciativa e a deixar de ter medos. Eles gostam dos Xutos e eu também sempre gostei. Uma vez até calhou entrevistar o Zé Pedro e simpatizei imenso com ele.

Agora, de há dois ou três dias para cá, ando a sonhar com um banho no rio Tejo, há um mês atrás. É uma loucura as imagens que nos aparecem à frente sem as convocarmos.

18/10/10

... e se calhar funcionou

O arranque algo turbulento do dia não auspiciava grande coisa, mas o final do dia foi quase de festa. Os miúdos estavam super bem-dispostos e brincalhões e divertimo-nos os quatro. É óptimo quando estamos todos juntos - está tudo bem. Se calhar foi do mantra...

Mantra do dia



Não é perfeito como modo de vida, mas tira-nos uma parte da responsabilidade pelas coisas. O que, às vezes, pode ser bom. O quadro é duma colecção engraçada.

Adenda ao post anterior

Uma hora e 20 depois da música anterior...
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaargh!! Por hoje já chega!
... já nunca mais vou ser teu amigo... ficas sem cromos e sem televisão até sexta-feira. Não se diz isso a ninguém... mamã, dá-me um beijinho...

Porque é que os putos insistem sempre em fazer birras? Esperam algum resultado diferente? Esperam que coisas boas aconteçam?

A estupidez foi minha, claro, já sei que a hora de dormir faz uma enorme diferença e ontem eles deitaram-se às nove. Mas não há pachorra.

A paz interior

O miúdo está aos saltos em cima da cama a tocar em todas as teclas que sabe que nos irritam.
Ommmm. Ommmmmmmm. Ommmmmmmmmmm. Paz.

17/10/10

15/10/10

Imagens para esquecer

- A fotografia do esqueleto de uma senhora, de braços cruzados debaixo da cabeça, que vi num telemóvel amigo, tirada numas escavações arqueológicas;
- A dum carro funerário com um mini-caixão lá dentro, hoje de manhã.

14/10/10

O choque

Hoje, na consulta dos dois monstrinhos, o pediatra ficou ostensivamente chocado quando lhe disse que a miúda faz quatro anos daqui a nada.
- Quatro anos? Impossível! Ainda agora nasceu...

12/10/10

Porque é que ser mulher é tramado?

Ontem, atrasada, no autocarro a caminho de ir buscar os miúdos à escola, lembrei-me de 50 coisas, pelo menos, em que tinha falhado. Só naquele dia. E ainda só eram cinco da tarde.
Estar atrasada foi o factor despoletador. Mas, em catadupa, lembrei-me que não tinha deixado nada pronto para o jantar, que não tinha descongelado a sopa (ter sopa congelada foi uma atenuante), que não tinha enviado ou respondido a 33 emails importantes, que não tinha preenchido cinco folhas de excel fundamentais (não para mim), que tinha saído duma reunião antes do tempo, que não tinha arrumado o meu armário (abençoadas portas dos armários), que ainda não tinha comprado um tampo de sanita novo, que tinha o congelador a rebentar de gelo, que tinha o fundinho duma mala do Verão ainda para arrumar, que tinha o verniz das unhas com péssimo aspecto, que ainda não tinha comprado acetona, que não tenho botas, pantufas, calças e camisolas de Inverno para a minha filha (deixou tudo de lhe servir dum dia para o outro), que mandei o meu filho para a escola com uma camisa por passar a ferro, que tenho de arranjar uma maneira de ter mais dinheiro, mas também de ter mais tempo para não me atrasar a ir buscar os miúdos...
Depois, na paragem seguinte, entrou uma amiga no autocarro e essas nuvens dissiparam-se. E ainda dizem que os amigos não trazem a felicidade.

Hoje, por coincidência, li este artigo.

10/10/10

Meter o bedelho...

Deixa de fumar assim, amiga.
Estás a dar cabo da tua vida.
Faz as contas e pensa nos teus filhos.
Sorry.

London calling

Geralmente desconfio dos números internacionais no telefone. Como não costumo comunicar por telefone com ninguém que esteja no estrangeiro, não faz sentido receber chamadas dessas. Mas ontem recebi e atendi o telefone, mesmo depois de ter torcido o nariz ao número.
Surpreendentemente, eram saudades de uma emIgrante que foi para Inglaterra estudar. Levou as três filhas atrás, o marido tinha ido à frente. Fiquei muito contente de a ouvir, dizendo-me orgulhosa que já tinha começado as aulas, que as miúdas estavam a adorar. Que a casa era mais ou menos mas que estavam todos juntos. E disse que tinha saudades nossas. Quase lhe ouvi as lágrimas. Desejei-lhe muito boa sorte.

04/10/10

Tiririca é federal

A notícia do dia é esta:
Tiririca da televisão, candidato a deputado federal,
"o que é que é deputado federal? Eu não sei, vota em mim que eu depois conto",
que diz que quer melhorar a vida das pessoas,
"nomeadamente da minha família",
foi o deputado mais votado nas eleições do Brasil.
O seu slogan é também genial:
Vote em Tiririca, pior do que está não fica.

02/10/10

T.P.C.

O meu empenhadinho mais velho anda encantado com a escola. Vi-o no vídeo de apresentação da turma aos pais, direito como um prego e super atento. Vejo-o no ar satisfeito com que me diz que já acabou os trabalhos de casa. E, também, no caderno de linhas que me pediu para comprar, para "praticar as letras" e que já está cheio de ii, ee, oo, uu, ss e mm. Vejo-o na felicidade com que é ele que agora conta a história. "O Pedro no jardim" ontem e eu a ir na história.

01/10/10

As good as it gets

E se, quando nos lembrarmos da pergunta que faz o Jack Nicholson à psiquiatra "what if this is as good as it gets?" no filme "Melhor é impossível" pensarmos "isto é mesmo o melhor que alguma vez terei"? E o melhor ser mesmo muito bom?