13/07/11

Perder umas horinhas com a Segurança Social

Pois. As coisas que funcionam mal na vida real vão funcionar mal ou pior na virtual. Quero pedir o famoso cartão europeu de seguro de doença para os quatro, porque nas férias havemos de dar um pulinho a outros países e nas férias anteriores tenho-me esquecido e vou sempre a pensar "ai se acontece alguma coisa".
Tento primeiro pela net. O site da Segurança Social digamos não é assim muito user-friendly. As explicações são dadas em texto e não se percebe exactamente a quem se deve pedir nem como. Descubro um número de telefone.
Objectivo supremo: evitar tudo quanto seja ir à própria da Segurança Social.
A senhora que atende o telefone encosta-me logo à box, perguntando-se se tenho acesso à Segurança Social directa. Acho que já recebi essa senha em tempos, pergunto para que é que é precisa.
"Por telefone não pode pedir, só se tiver a senha da Segurança Social Directa. Se não tiver, pode pedir uma senha, que recebe passado sete dias e depois pode pedir o cartão."
Supondo que não tenho,
"Então pode ir a um dos serviços da Segurança Social",
assim como quem diz pode ir ali ao café beber uma bica. E eu vejo mentalmente a fila que dá a volta ao quarteirão na Avenida dos Combatentes em Algés, horas antes do serviço abrir.
Lá desenrasco o número e, afinal, é super simples pedir o cartão. Para mim.
Para os miúdos (e para o pai deles), que não estão agregados a mim na SS porque não pedimos abono e que não são "clientes" como eu da Segurança Social Directa, é mais complicado. Estou uns bons minutos ao telefone à espera de descobrir.
Afinal, tenho de digitalizar os cartões de cidadão (de todos os lados, obviamente, vezes três), preencher um impresso com duas páginas (vezes três) que pergunta, entre outras coisas, o motivo da deslocação - era o que mais faltava (não respondo) - e depois digitalizá-lo (duas páginas vezes três). No final, tenho de enviar para uma localização obscura, onde se chega através de uma página da SS, preencher as palavras certas e indicar o assunto certo e mais uns quantos preceitos.
Eu, que não tento nunca enganar ninguém, que sou estupidamente honesta com trocos e com qualquer outra coisa que se me apareça à frente, involuntaria e essencialmente porque devo ter medo do inferno, que gosto de facilitar a vida a toda a gente, essencialmente porque devo acreditar no céu, não concebo tanta estupidez para pedir uma porcaria de um cartão. Não é que eu não goste de preencher impressos - que gosto - mas eu e os burocratas não nascemos mesmo uns para os outros (especialmente se tivermos de estar cara a cara).
(Ainda não consegui enviar tudo - penso que é preciso aí uma hora para o processo ficar completo para cada um de nós)

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