01/07/11

Na paragem

Ponto de partida: Eu até gosto de andar de transportes.
Gostava de ter o metro de Londres à porta de casa. Não me importava de apanhar o funicular da Nazaré todos os dias. Não me importava, calculo, porque nunca lá estive, de apanhar o elevador para o Cristo Rei da Bahia. Gostava de andar de riquexó em Xangai, onde também nunca estive - mas um riquexó não é propriamente um transporte público...
O que eu não gosto é de estar à espera montes de tempo numa paragem onde o máximo que posso ganhar é pó e poluição. Snob? Honesta.
Aqui passam dois, três, cinco, 10 autocarros para os mais variados sítios e nenhum me levará a casa. Levantam-me a saia com um vento quente e peganhento e passam até à paragem seguinte. O relógio marca 10, 20, 30 minutos de espera, de tempo que já passou, de tempo que não estive com os meus filhos a comemorar o fim da escola.
Uma ambulância chega para socorrer uma senhora que se sentiu mal, terá tido uma quebra de tensão? Levava a filha ao colo, quando entrou no autocarro. A pequenita chora agora ao colo de uma rapariga que nunca mais vai ver. Ela bem tenta animá-la, mas ver a mãe envolta em bombeiros também me assustaria a mim e julgo que também berraria e esticaria os braços para tirar a distância entre nós, o vidro do autocarro que nos separa.
Finalmente aparece o 7, cheio de gente, vou de pé ao lado de uma bebé quase recém nascida. Tenho fome. Estou farta do dia.

1 comentário:

jcb disse...

Em Helsinquia os transportes s~ao de muito caros, mas funcionam bem e sempre nahora que está no horário.