24/08/11

As palavras que nunca te direi

A parte chata das palavras que nunca te direi é que, apesar de  não as ter dito, ou por isso mesmo, elas ficam a martelar na minha cabeça. 
Às vezes, a intensidade é tanta que não consigo adormecer. Outras, acorda-me no meio de um sono irrequieto.
Parece que querem ser ditas. Parece que uma vez pensadas querem ganhar vida própria e sair, para ir para o lugar onde pertencem - o ar, a tua cabeça, o teu coração. Preciso mesmo que as ouças, que te magoem um bocadinho apenas do que me custou o que as motivou. Mas eu, teimosamente, mantenho-as prisioneiras. Porcaria de feitio.

Na praia, uma amiga diz, com ar meio místico, que reter "coisas" destas dá úlceras e joanetes. Que interrompe o normal funcionamento do corpo. E, por isso, esta vigília inquieta, este mastigar de ideias em silêncio. Irritada. Comigo mesmo.

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