31/07/12

Escócia dia 4

Os homens mais os miúdos mais velhos foram à pesca de salmão com o guarda rios de Kinnaird. Não pescaram nada. Mas gostaram da experiência. Eu gostei da paisagem, que me faz lembrar Abrantes e o rio que por lá passa.


À tarde fomos a Aberdeen, que é a terceira maior cidade da Escócia, e que é engraçada. Aí vimos o nosso primeiro escocês de kilt, que, além disso, tocava gaita-de-foles, o que provocou óbvia felicidade nas crianças. Ainda deu para comprar uns recuerdos.
Na viagem, passámos por mais um castelo, desta vez inabitado, que é o Dunnotar Castle. É um rochedo impressionante sobre o mar - neste, a presença de espíritos é atribuída a choros, gritos e ao som de gaitas-de-foles que se ouvem durante a noite. Haverá também um guarda que já foi visto várias vezes a pesquisar o mar, como se esperasse uma invasão iminente.


Escócia dia 3

Hoje conhecemos a condessa, que vive no castelo, e estivemos a partilhar as nossas experiências a falhar redondamente na pronúncia de palavras e nomes aqui na Escócia. Conhecemos também o simpático guarda-rios da propriedade, que será o guia na ida à pesca de salmão de amanhã.

À tarde, fomos visitar mais um castelo, o Crathes Castle, também ele cheio de assombrações. Os miúdos divertiram-se muito porque a visita é organizada a pensar neles e há pequenas pistas que devem procurar em todas as salas, para completar uma folha de percurso. O mesmo no jardim muito bonito.



Apesar de tanto este como o Glamis serem muito bonitos, a conclusão a que chego é que o "nosso" castelo é o mais bonito de todos, pena que não esteja aberto a visitas.

No passeio até Crathes, vimos o rio Feuth, onde estavam a passar salmões! Brutal! O rio tinha rochas e era tipo rápidos e os salmões estavam a SUBIR o rio. Levavam pancada da forte, mas subiam. Não hão-de eles ser bichos espertos e que fazem bem à saúde e à inteligência de quem os come.


Escócia dia 2

Caso não dê para perceber na foto anterior, a nossa casa é um castelo.

A sério. É o Kinnaird Castle na zona de Angus, em Brechin, onde moram os condes de Southesk. No nosso apartamento, que fica dentro do castelo, mas é autonómo, temos uma sala de estar que incorpora duas torres, uma sala de jantar que dá para 14 pessoas sentadas, dois quartos de casal, dois quartos duplos, um quarto individual, uma sala de estar/tv com mais uma cama, uma cozinha, quatro casas de banho e - pormenor creepy - um corredor gigante.
Pensamos que a zona onde estamos seria a das criadas da condessa, o que faz sentido se virmos este painel de chamada. Very Downton Abbey.

O castelo pertence à mesma família há mais de 600 anos e tem terrenos com mais de 1.300 acres, que são cerca de 526 hectares (o hectare anda pelos 10 mil metros quadrados, mais ou menos um campo de futebol, por isso, temos para cima de 5,2 milhões de metros quadrados ou 526 campos de futebol colados uns aos outros para passear...) Isto para quem está habituado a uma casa com 150 metros quadrados é muito por onde esticar as pernas. Os adjectivos são todos poucos - é um castelo, não é preciso quantificar muito mais, mas acho que é uma boa altura para usar a palavra brutal!

Nesta zona, há muitos castelos para visitar e hoje fomos visitar o castelo de Glamis (diz-se Glams), que é a casa onde vivia a rainha mãe.
 

Aprendemos imensas coisas na visita, com uma guia de voz suave e muito interessante. Contou-nos histórias dos fantasmas do castelo, com que sonhei durante a noite e nos momentos antes de adormecer das noites seguintes... Disse-nos que a princesa Margarida foi o primeiro bebé da realeza a nascer na Escócia em 300 anos. Houve fogo de artifício a noite toda.

Vimos uma pintura muito rara de Jesus com um chapéu posto, uma imagem que nunca tinha visto, numa capela onde dizem que há um fantasma. Uma donzela que foi mandada matar pelo rei e que se senta a rezar na capela, não por vingança, mas pela paz. Um rapaz, pagem, que terá morrido congelado e que se diz que prega rasteiras a quem entra na sala onde morreu. Depois descobri que em quase todos os castelos há, pelo menos, um fantasma. Deve ser uma espécie de tradição escocesa, que advém do facto de terem todos passado o tempo a matarem-se uns aos outros de formas horríveis. O nosso também tem fantasmas, mas só vou ler sobre isso quando já estiver em Edimburgo.

Escócia dia 1

Acabámos de aterrar em Edinburgo, depois de um voo muito tranquilo e de ficarmos deliciados com a felicidade histérica dos miúdos ao perceberem o que íamos fazer.
Viemos com a minha irmã e cunhado mais os três miúdos deles, que nunca tinham andado de avião e deliraram com a experiência.
No conjunto, os dois mais velhos sabiam que ia "existir" Escócia no Verão, mas achavam que era no fim de Agosto. Os mais pequeninos davam gritinhos histéricos, abraçados uns aos outros e a nós.
A dúvida essencial com que fico é até quando é que vamos conseguir ludibriar os nossos filhos com a tanga "ah, vamos de táxi para férias"? Eu vinha a tapar a boca para não me rir enquanto por nós passavam tabuletas a dizer Aeroporto - nunca me tinha apercebido que havia tantas... - e eles diziam "quando chegarmos a casa dos avós vou logo pôr o fato de banho" e "amanhã de manhã vamos à praia" e outras considerações do estilo.

Agora, vamos na Vito preto "sono italiano" de vidros fumé que alugámos a caminho do nosso castelo, que fica perto de Dundee. Acabei de me aperceber que estes cinco todos juntos têm a minha idade, 35.
Esta é a montagem possível da vista do meu quarto no castelo com as fotos do telemóvel. Brutal, não é?

Back home

Já estamos em casa depois de uma semana de férias na Escócia, no campo acima de Dundee e também em Edinburgo. A primeira pergunta que nos fazem é "como estava o tempo?". E para todos esses curiosos temporais, digo que tivemos um tempo muito bom, considerando que se trata da Escócia, mas, na realidade, os fatos de banho que levámos (porque somos uns optimistas, o que é melhor do que ser pessimista, apesar de os resultados práticos são mais ou menos os mesmos), ficaram dentro das malas.
À segunda pergunta "divertiram-se?", respondo com uns posts tipo diário só que ao contrário, porque como é típico dos blogues, o que surge primeiro será o mais recente. Já, já.

23/07/12

Há pais mesmo burros

À minha frente:
"papai, o que é que o dentista vai fazer no meu dente?"
"olha, ele vai arrancar com um alicate"
"meu Deus, meu pai, não pode, buá, buá..."
Haverá maneira mais pateta de tornar as crianças medrosas?
A pequenita tem cinco anos, o pai 36 ou 37. A burrice, essa, não tem idade.

As férias

Estão 20 pessoas à minha frente nas finanças só para a secção do IRS. Do que vejo, depreendo que quem foi de férias foram os funcionários das finanças. Os contribuintes ou estão a trabalhar ou não vão de férias.

21/07/12

Já não se pode ir à Morena

... que não venham logo as revistas cor-de-rosa dar a notícia em primeira mão. Tenho de arranjar um daqueles chapéus de sol de abas largas para não me reconhecerem :)

Foi a primeira vez na vida que me custou ir à praia, não estava fácil, nem sentada, nem deitada, nem em pé. Acho que, pela primeira vez na vida, vou comprar uma daquelas cadeiras mega-pirosas que renego desde sempre, para ver se o Verão corre melhor.

Ideias ridículas

Chinelos que nem no quarto de uma tia avó seriam mais do que ridículos são de há uns tempos para cá alardeados como a maior moda do ano. Não passam de pantufas. Por vezes em pele de leopardo. Outras com monogramas. Horrível.

19/07/12

O site ideal para a minha mãe

Vou confessar uma coisa: a minha mãe é a maior especialista que conheço em sites de meterologia - sabe tudo, desde o tempo que vai fazer hoje às 21h30 até ao que fará dentro de 15 dias. Sabe quais são os mais optimistas e os que estão sempre cinzentos. Eu juro que tento, mas a maior parte do tempo não consigo ouvir, sorry, é tipo futebol. Hoje descobri o site ideal para a minha mãe. Além da temperatura, diz que roupa é aconselhável para o tempo.

17/07/12

As fotos a preto e branco

Termos fotografias a preto e branco impressas em papel da Kodak ou Fugifilm quer dizer que somos velhos?

Nas ruas de Lisboa

Está um calor peganhento e mesmo os calções me parecem de mais, excepto quando tenho de me sentar nos bancos de napa do táxi que me traz à fisioterapia, onde fico com as pernas coladas no fim da corrida.
Nesta zona, onde chego uma boa meia hora adiantada, deve ter sido largado um camião de indigentes profissionais, que está a montar o espectáculo.
Uns preparam-se para vender coisas contrafeitas em pouco discretos sacos de plástico pretos, um outro poisa a bengala e senta-se no chão, sobre uma almofada e com uma fotografia da família na mão, ensaia a posição e o chorinho e aquilo sai-lhe direito.
Uma cigana vem na minha direcção, eu estou seguramente com um ar desconsolado, dormi muito mal e acordei a sentir que me tinha passado um camião por cima. Aproxima-se de mim, eu não estou propriamente a vê-la, mas devo reagir ao seu sorriso e ela interrompe-me.
"Bom dia, menina"
Bom dia. Diga.
"Menina, deixe-me ler-lhe a sina. A menina está com um mau olhado."
Livra, se o raio da mulher tem razão estou tramada, mas eu não acredito em superstições. Acredito que todos temos um anjo da guarda ou qualquer coisa boa a tomar conta de nós.
"Deixe-me ler-lhe a sina. Eu já vi que há um homem que a quer fazer feliz."
Pois há. Obrigada mas não quero que me leia a sina.
Livra.

16/07/12

Coisas que eu não vou fazer este Verão

Só para me lembrar, uma lista de alguma das coisas que não vou fazer este Verão:

- escrever cartas ou postais com vistas bonitas para casa a contar as peripécias das férias;
- passear todas as noites numa marginal qualquer para trás e para diante enquanto me delicio com um gelado;
- dançar, especialmente de braços no ar;
- jogar à bola na praia;
- jogar voleibol;
- andar de bicicleta;
- andar de trotineta;
- andar de patins;
- andar de barco;
- correr na praia (este é uma espécie de mito urbano. Eu não corro, nunca. Odeio correr. Mas há quem pense que gosto de o fazer);
- jogar raquetes;
- ler de bruços na praia;
- ler de barriga para cima na praia;
- entrar em mares revoltos;
- acabar de escrever o meu romance;
- começá-lo;
- pôr todos os dias creme hidratante nas pernas e nos braços antes de ir dormir.

Há mais, mas estas são algumas das maravilhas da indolência veraneante misturadas com as restrições passageiras do organismo.

15/07/12

Everybody is a comedian

Como quando estava grávida, ou melhor, sempre que estive grávida, tive direito a ouvir infindáveis histórias de horror sobre gravidezes que correram muito mal ou sobre bebés que nasceram virados do avesso ou coisas do estilo.
Presumo que não seja a única pessoa a ser um íman para as histórias infelizes que os outros sentem necessidade de partilhar em momentos capazes de provocar especial insegurança nos outros.
Não é diferente com esta operação que fiz. Cheguei rapidamente à conclusão que toda a gente já foi operada, conhece alguém que já foi ou vai ser operado ou o próprio gostava muito de ser operado à coluna. Por isso, querem saber todos os pormenores técnicos da operação, onde foi, como se processou tudo, quanto tempo durou, que cuidados devo ter e, a questão mais relevante, quem é o médico. Depois fazem todos o mesmo ar deixa lá ver se já ouvi o nome... ou mesmo arriscam dar outros nomes.
Hello, já foi a operação.
De seguida e sem qualquer tipo de pedido da minha parte disparam sempre com o rol de histórias e conselhos - bem intencionados mas -invariavelmente assustadores.
"Tive uma prima que..."
"Conheci um senhor que... e nunca mais..."
"Havia um médico que..."
"Há um creme que..."
"Blá blá blá blá"
Eu rio-me (que é o que faço sempre) ou não faço nada e penso em flores (que é o que digo aos meus filhos para fazerem quando estão muito aflitinhos para fazer xixi e estamos longe da casa de banho).

13/07/12

Vida de taxista

Sempre gostei de andar de táxi, não apenas porque é muito mais cómodo, mas também porque quando um dia quiser ser comediante terei material muito mais rico só por causa dessas viagens.
Hoje apanhei um figurão, que me daria para vários sketches. Era muito simpático, mas belfo, por isso, toda a conversa foi nesse tom.
Começou por ficar muito entusiasmado quando lhe disse para onde ia.
"Vai para a XIC?"
Não.

Costuma muita gente ir para lá?
Sou um coração mole, não podia não dar seguimento.
"Agora, por acajo, ultimamente, não, mas houve aí uma altura em que fajia muitas viagenj para lá. Mas xabe que há pessoaj a viver xó de ir axijtir a programaj?"
O que é que posso querer mais? Pura ficção cómica. Uma personagem à espera de ser descoberta.

12/07/12

A vida, nas trincheiras

Primeira sessão de fisioterapia - tento variar a entoação e a expressão de dor, para a fisioterapeuta não se cansar já hoje de mim.
"ai, ouch, ui, aiiiiii, xinamen, chuif, au, sim, aí, ai, dói, ouch, ai, ai, ai"
Procuro intercalar as interjeições com conversa interessante, mas não me sai nada inspirado e ninguém sabe quem é o Buddy Valastro ou quem são as manas Kardashian ou a Kate plus 8, que são as referências possíveis ao fim de quase dois meses de sofá...
Parece que acabei de pintar um quarto - é a expressão mais adequada de que me lembro, foi a fisioterapeuta que a disse e verifica-se. Não há um centímetro acima da cintura que não me doa. E eu não sou de me queixar. Juro.
(É verdade: ninguém reparou nas minhas vestes de falsa Hare Krishna. Vou dar gás à loucura e amanhã visto-me de padre ortodoxo grego. Só não sei onde desencantar as barbas).

10/07/12

A pergunta do dia

"Está a doer-lhe muito?"
Feita ao meu marido, encolhido na cadeira, pelo cirurgião, que estava a arrancar-me o penso do pescoço.

Ups...

Acabei de reparar que estou vestida à Hare Krishna... Acham normal?
Para compensar, já salvei uma alminha.

07/07/12

5 dias depois + bossypants da Tina Fey

Sem grande capacidade de me mexer, mas feeling the love. Obrigada a todos por isso.

Hoje abri finalmente o livro Bossypants da Tina Fey, que trouxe de Nova Iorque - não a Tina, o livro. Um livro amarelo com uma imagem deliciosa na capa e que me conquistou o ano passado assim que o vi analisado no NYTimes.

Gosto muito da Tina Fey, não dos filmes, que acho meio forçados, mas das séries loucas e, também, confesso, por ser morena... Por isso, comprei-o na primeira prateleira em que o vi, por $15.99.

O livro, que guardei untouched durante dois meses para durar mais, fez de novo o favor de me aliviar do peso que carreguei na bagagem até Lisboa assim que abri a primeira página, na zona das boas vindas, onde me trata por amiga (tão querida).

"Se é mulher e comprou este livro para descobrir dicas práticas para vencer num mundo profissional dominado por homens, aqui estão elas. Não usar totós nem tops tubulares. Chorar limitadamente. (Algumas pessoas dizem "nunca os deixe vê-la chorar.", eu digo, se está tão danada que podia chorar, então chore. Assusta toda a gente.) Quando estiver a escolher um parceiro sexual, lembre-se: o talento não é sexualmente transmissível. Além disso, não coma nada de dieta em reuniões."

Não era de conselhos que vinha à procura, mas sim de me rir um bocado, que ando a precisar. E o livro amarelo está a conseguir isso.

03/07/12

Dias assim-assim

Acabei de comer um pão de leite com manteiga e soube-me como se fosse o último que comeria. Mas é, na realidade, o primeiro. Não comia há 24 horas certinhas.
Ontem fui operada e passei o dia todo à espera, de ir fazer análises, de ir fazer um raio x, de ir fazer um electrocardiograma - sabiam que no princípio este exame era feito com os pés dentro de tinas cheias de água? Aquilo é feito com electricidade, meu Deus.
A operação correu muito bem e acho que até sou capaz de lançar uma moda nova, de usar gola alta no pino do Verão.
Há coisas piores, certo?