Há quase 15 anos que a vejo chegar à praia, sempre com o mesmo ar feliz, com o mesmo cabelo branco junto à cabeça. Quem já cá estava antes já a via vir há muitos mais.
A praia é óptima, mas não é a típica praia do Algarve, com mar de caldo, sem ondas e lisa. A entrada é acentuada, com pequenas pedras e conchinhas partidas que podem magoar os pés e mesmo as pernas - as ondas não são meiguinhas, é uma maneira de o dizer.
A rebentação é forte, o mar puxa, mas não dá para nos guiarmos pela bandeira do nadador-salvador, inexistente. Entra, faz uns sons de satisfação engraçadíssimos e começa a nadar. Nada, nada, com um ar tão feliz como um miúdo pequenito que chega pela primeira vez ao mar. Sem medo, sem olhar para o lado. Fantástica no seu corpo que ganha vivacidade na água brava.
À saída, se está sozinha, pede a quem por ali anda que a ajude a vencer a rebentação. Vem para a praia, mesmo sem boleia, de autocarro, a pé ou como calha. Fica triste se num dia de Verão não toma banho.
A senhora dos cabelos brancos há-de ter aí uns 80 e muitos anos. Mas muito estilo.
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