18/08/08

Nas margens do rio

Nas margens do rio andámos uns dias. A cidade é pequena, cruza-se inúmeras vezes ao dia nas bicicletas com ar de local alugadas no hotel que antes foi um orfanato. Uma casa imensa que tem uma discoteca, instalada na igreja. Daí até ao centro só cinco minutos a pedalar.

A cidade é excelente. É acolhedora porque é pequena. É caseira, porque podemos passar o dia só a olhar as casas dos outros e a adivinhar-lhes a vida. Já antes disse que adoro olhar as janelas dos outros. Não é propriamente cuscice, uma vez que nem conheço as pessoas. Mas gosto de conhecer as janelas e de imaginar quem lá vive. Achei piada à concentração de berços e camas de grades às janelas, como se os bebés dormissem melhor com a luz e o barulho que vem da janela.

Adorei os ganchos no cimo das casas tortas para proteger a casa da intempérie, ganchos para fazer entrar e sair os móveis, uma vez que as mudanças têm de ser feitas pelas janelas. As portas são assim tão estreitas porque os impostos camarários eram cobrados em função da largura da casa para o rio. Assim, as casas são estreitinhas mas muito compridas. A maior parte das casas é muito torta, o que torna ainda mais divertido imaginar a vida das pessoas que vivem lá. Têm, calculo, mais facilidade em encontrar as coisas perdidas, porque devem deslizar sempre para os mesmo sítios, consoante a inclinação da casa.

Amsterdão é uma cidade muito original, de tão liberal que é. Nos seus cafés é proibido fumar cigarros. Mas é permitido fumar charros. Grupos enormes de rapazes circulam pelas ruas com o ar vagamente alienado de quem fuma o seu primeiro charro, alguns recostam-se nas coffee shops com ar relaxado. As raparigas são escassas, mas são bonitas ou, pelo menos, arranjadinhas. Até algumas das famosas raparigas das janelas no distrito da luz vermelha são bonitas. Mas aí não gosto de lhes adivinhar a vida.

Os canais multiplicam-se, as pessoas cruzam-se. Subimos vezes sem conta as mesmas pontes, vimos sempre caras diferentes. Conhecemos gente de países que mal conhecemos, como o Suriname ou Curaçao.

Comemos bem.

Que boa viagem.

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