09/08/08

Janelas fechadas

Adoro janelas.

Especialmente janelas de casas com um pé direito fantástico. Acho sempre que devia viver numa casa assim, com muita luz. Se houver outras vidas, se pudermos ter vivido outra vida antes desta, tenho a certeza que vivi numa casa grande, enorme, com corredores com chão de madeira encerada ladeados por portas gigantescas, com quartos com tectos e paredes trabalhados, com janelas semi-cobertas por cortinas diáfanas. Na cozinha, uma chaminé em vez de um exaustor, cheira a pão acabado de cozer e a arroz doce. O chá é servido à hora dele, com bolachinhas e conversas sociais. Adoro receber pessoas em casa. Adoro preparar festas. Adorava ter uma casa com janelas grandes e poder dar muitas festas.

Como a casa dos meus avós.

Adoro olhar para as janelas bonitas e pensar como vivem a vida as pessoas que aí moram. Serão felizes por trás dos seus estores e cortinados? O que faz alguém pendurar cortinados de renda numa janela? Terão rotinas de família ou jantarão cada um por si, sozinhos, à frente da televisão? Quem trata da roupa, da comida, de desentupir sanitas, de pendurar quadros? Quem põe e levanta a mesa, quem faz a comida? Assim, ainda adoro mais ver as janelas das casas das cidades antigas e que mantêm a sua riqueza, como Paris, Londres ou Madrid. Impressiona-me imenso conseguirem manter as casas lindas lindas como no início. Quem me dera poder ler a vida dos outros.

A vida dos outros faz-me sempre imensa curiosidade.

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