31/03/10

Nem sei o que hei-de dizer

Depois dos posts todos que tive de passar a limpo para aqui sobre Paris acho que fiquei um bocado cansada. Uma semana e meia alucinante e umas noites sem dormir bem ajudaram ao resto da falta de vontade de vir aqui escrever.
Assim, ando com muitos projectos, o que é muito positivo;
Temos um sofá novo, lindo e enorme, que dá para a família toda, o que é muito positivo.

22/03/10

21/03/2010

Dia de anos - o meu dia preferido de todo o ano. Egocêntrico? Talvez, mas honesto. Estou a fazer horas no aeroporto de Orly. Como sempre, vim cedo de mais. A mera possibilidade de perder um avião - e, de todos, este que me leva de volta a casa - assusta-me.
Estou sozinha e acho que nunca tinha estado sozinha em lado nenhum no mundo. Durante três dias fiz tudo o que me apeteceu e soube-me muito bem. Honestamente, e se não fossem as saudades ficava cá mais algum tempo.
Não consegui ver quase nada da cidade: vi a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, a Notre Dâme, St. Germain de Près, a Sorbonne, a ponta das Tuilleries, o obelisco da Concorde, a Avenue Montaigne, os Jardins do Luxemburgo, os Champs Elissées, a Place de la Madeleine (a Fauchon, a Hediard, etc.), a Rue Saint-Honoré, o Sena, a Ladurée... e o Le Cordon Bleu, aparentemente a transformar-se num marco histórico por causa do filme Julie e Julia.
Hoje faço anos, daqui a nada vou estar com os meus filhote e com o melhor amigo do mundo (que me deu esta prenda de Natal), com os meus pais, irmãos e sobrinhos com quem sonhei sempre que vi coisas giras - milhares de coisas - de que poderiam gostar. (Já disse que tive de comprar uma mala de viagem nova?)

Em Lisboa, tive direito a um almoço supresa com amigos, a seguir a ter ido à praia. Dia perfeito. Estou contente.

20/03/2010

Não há uma única loja que não venda t-shirts às riscas azuis e brancas e sabrinas. Os óculos maxi também são um must. Adoro t-shirts às riscas azuis e brancas, mas sei que não as posso usar. Pena.

Tarde
Hoje pediram-me indicações duas vezes na rua e quase todos os franceses com que falo elogiam o meu francês. Estou hiper orgulhosa, mas sinto-o totalmente incompleto. Até 5ª feira passada não falava francês há, pelo menos, 12 anos.
A aula hoje foi divinal. O professor foi excepcional, uma verdadeira enciclopédia gastronómica, simpatiquíssimo e muito encorajador. Foi o chefe do Eliseu sob o Miterrand e, penso ter percebido, também sob o Jacques Chirac. Ambos gostavam muito da mesa à francesa. Mas o Sarkozy "está sempre com pressa", lamentou.
Senti-me no céu, não só pela aula, de excelente qualidade, como também pela comida, verdadeiramente surpreendente: rosbife e tamboril. Amanhã levo o rosbife comigo no avião (tive de comprar outra mala).
Ao telefone:
Estou cheia de saudades, digo eu.
"Então porque não vens para casa?"
Já falta pouco, meu amor.
Passado um pouco liga-me o mais velho:
"Era só para dar um beijinho" (muito baixinho, com um ar triste)
Obrigada, querido, amanhã cedinho já aí estou para celebrarmos os meus anos. E levo muitas prendas. Tive de comprar outra mala ;)
Fora isso, era capaz de viver aqui três meses, se fosse preciso.

19/03/2010

Passei a noite a acordar com medo de perder as aulas. A partir das cinco. Abri os olhos em pânico. Ao mesmo tempo, dei um pontapé involuntário e tudo o que tinha ficado sobre a cama e que me permitiria saber as horas voou para o chão - telemóvel e comando de televisão.
Tentei abrir o cortinado sem me mexer muito. Noite cerrada. Posso fechar os olhos...
... Será que, em Paris, o Sol só nasce às 10h?
Tive mesmo de me levantar e apanhar o telemóvel. 5h. O que vale foi que adormeci rapidamente. E voltei a assustar-me com o despertador.

Update intolerância: Em Paris é impossível resistir às montras lindas dos cafés. E estão todas carregadinhas com farinha, ovos e leite. Devem ser os ingredientes nacionais. Qual liberté, egalité, fraternité.

Depois das aulas
Depois das aulas, que foram muito divertidas, e onde aprendi umas receitas Oh la la, andei a passear a pé, que é a melhor maneira de conhecer as cidades. Era bem capaz de me perder aqui por mais uns dias. Mas estou cheia de saudades dos miúdos. Já estou em modo de só ver crianças. E aqui há poucas.
Agora estou sentada no meu quarto, chove. Por isso, em vez de ir jantar num parque ou na rua, como se vê muito por aqui, janto na cama. O meu robalo está uma delícia - foi o produto da aula de hoje.
Aqui, os talhos também são lindos, com montras muito cuidadas e apresentando belas iguarias como se fossem jóias. De uma maneira que não tenho visto muito. O mesmo para as frutarias. A comida é muito importante, mais neste 15eme onde estou do que nas zonas chiques por onde andei ontem.
Pena que a minha família não esteja aqui. Mas só me despachei da escola às 16h30.
Livrarias - será preciso dizer mais? E gente na rua, a toda a hora.

Antes de dormir
Os homens curiosamente também andam todos bem arranjados. O típico são os sobretudos justos com golas levantadas, as calças estreitas e os sapatos bicudos. São giros. O barulho que fazem na rua é de sapatos de mulher mas o registo é o andar de homem. Isto é, batem no chão como homens mas o som dos saltos é de mulher.
Chove. Desisto de ir ver a Torre Eiffel iluminada. Amanhã tenho de acordar cedo outra vez. Aproveito para ver umas revistas que fui comprando.

18/03/2010

Estou em Paris, onde vim gozar a minha prenda de Natal - um curso de cozinha no Le Cordon Bleu - e não tenho maneira de escrever no computador. Assim, estou a aproveitar uns minutos antes de adormecer para tirar notas.
- Adoro andar a correr ruas sem objectivo;
- Adoro ninguém saber que eu não sou de cá porque estou sozinha e portanto não sou denunciada pela língua (só pelo mapa grátis na mão);
- Estive em Paris em 1989, ano da comemoração do segundo centenário da Revolução Francesa. E lembro-me de muito mais do que pensava;
- As francesas continuam na sua generalidade muito elegantes. O look é geralmente conseguido com layers e parece effortless. Elas são donas dos All Stars;
- Penso que dificilmente vão conseguir manter-se elegantes por muito mais tempo - passam o dia a comer junk food, especialmente as mais novas;
- Têm muito dinheiro. E gastam-no;
- Não posso acreditar no conforto do meu edredon e da minha cama;
- O meu hotel é mesmo por cima do Metro, o que é genial, facilita imenso a vida;
- Os franceses andam essencialmente sozinhos na rua. Quase não se vêem crianças e os adolescentes fumam. Todos;
- Em Paris toda a gente fuma. E muito;
- O meu hotel também é ao lado da escola. O senhor da recepção riu-se quando lhe pedi para me confirmar a direcção. Deve ter achado piada a eu querer saber onde é o Le Cordon Bleu;
- Como ando sozinha, estou muito mais orientada do que quando venho acompanhada, altura em que geralmente me deixo andar. Só me perdi uma vez, subi e desci uma rua e depois tive de voltar a subir a rua paralela;
- Almoçei sopa de tomate, salada de quinoa com ervilhas, feijões de soja, cenoura e ervas. Quando levantei os olhos no fim da refeição que tomei num banco da rua a Torre Eiffel estava mesmo a olhar para mim. Enorme;
- Adoro a Gap, a Esprit, a Naf Naf e todas as lojas que têm vestidos baratos;
- Já comprei a minha prenda de anos que os meus pais me darão (foi uma ideia muito simpática): uma camisa, uma mala, um cinto e uns sapatos. Ainda deu para comprar uns macaroons deliciosos na Ladurée onde tive de esperar meia hora para ser atendida. Que sonho de loja;
- Aqui há macaroons em toda a parte e são atrozmente caros. Pedi, sem olhar para o preço, um dos grandes e paguei 3,65 euros. Os pequenos (que são mesmo pequenos) custam 1,50 euros - 30o paus!! Choque. O macaroon também era rosa choque;
- Não há crianças aqui, onde estão?
- Amanhã, as aulas começam às 8h. Vou dormir um pouco enquanto a loucura das operações plásticas toma conta da China na televisão;
- Paris tem obviamente milhares de chineses, magrebinos, indianos, cambodjanos, e outros.

17/03/10

de coração pequenino

O meu filhote acabou de me perguntar:
"mas amanhã já não te vejo?",
enquanto me despeço deles à porta de casa, vão dormir a casa dos meus pais para eu ter boleia amanhã de manhãzinha quando for apanhar o avião.
E os seus olhinhos tristes e preocupados dizem-me mais do que a própria pergunta, já antes tinha dito que lhe doía a barriga que é o sinal de que está preocupado com qualquer coisa.
"já não querido, mas também não vias se dormisses cá. Em menos de nada a mamã já voltou e traz prendas para vocês".
Estou de coração pequenino. Mas volto logo.

15/03/10

In love

Sr. filmezinho, apareça lá no meu clube de vídeo, senão qualquer dia cometo uma loucura e compro o DVD mesmo. Eu que sou completamente contra comprar DVD, aka mais uma coisa para desarrumar a casa.

Objectivo 10 mil

Então agora a brincadeira é assim:

Com as restrições das intolerâncias alimentares em regime normal - sinto-me melhor overall de todas as coisinhas que me motivaram a fazer o teste e, além disso, em três meses perdi seis quilinhos de que, na realidade, não precisava;
O Sol já permite rua;
Reactivei o meu pédometro;
Tenho agora o objectivo de dar dez mil passos por dia - diz que é o que devemos fazer para ser equivalente a ir ao ginásio, onde não vou.

Sair daqui, ir almoçar a casa dos meus pais e voltar = 2.100 passos.
Ir buscar os miúdos à escola e voltar = ?
Ir às compras e voltar = ?
Ir jantar fora = ?

Publicidade eficaz

Em Paris, a IKEA resolve mobilar as estações de metro. O efeito é muito giro e confortável. Isto é o que eu considero publicidade eficaz (pelo menos durante uns dias, enquanto os sofás não ficarem nojentos)

10/03/10

Será que vem aí a Primavera?

A nossa tartaruga totô já acordou do Inverno.

Os jornais começam a falar em alergias, que este ano, segundo os especialistas citado pelo Público, vão ser explosivas. Não os especialistas, as alergias... Diz que como choveu muito a natureza está um pouco fértil de mais ou um pouco histérica mesmo e, portanto, assim que o Sol começar a apertar vai explodir o pólen por toda a parte. Não posso esperar pelo momento em que a minha dieta de intolerâncias vá activar-se e evitar que eu tenha alergias pela primeira vez em 13 ou 14 anos.

... continuo de rastos. Não posso comer glúten, mas as torradas são presentemente a única coisa que me acalma o estômago tipo estabilizador dum catamarã. Pode ser que até às alergias chegarem volte a deixar de comer pão. Amanhã ou isso já devo estar fina.

Próxima semana: Paris. Oh lá lá! Je suis très heureux. C'est magnifique!!! Mais oui!!!

09/03/10

Estou de rastos...

Hoje acordei cheia de genica, mas um almoço de trabalho em Lisboa e andar um pouco depressa demais deu-me cabo da energia. Cheguei a casa e adormeci imediatamente em cima da cama. Agora estou a tremer de frio, já passa da hora de ir buscar os miúdos e só de pensar em ter de ir para a rua tenho arrepios. E agora? Qual é "a" cura"?

08/03/10

Como arruinar um fim-de-semana

É fácil, basta comer ostras verdes (!!) ao almoço de sexta-feira. Depois é passar a noite toda (toda) de Sábado a vomitar e o Domingo todo (todo) a dormir, com uma dor de cabeça monumental. À segunda-feira, acordar também com sono e ter o estômago pequenino tão pequenino que até um chá de camomila custa a digerir.
Melhor só mesmo tendo alguém muito amigo para ajudar, que segura na testa e que se mete no carro de pijama a meio da noite para ir à farmácia buscar "a" cura para a indisposição. E que no dia a seguir sai de casa com os miúdos para eu dormir.
E que continua a gostar de mim apesar de eu certamente me ter portado pior do que um monstro malcheiroso, daqueles verdes e bloby.

04/03/10

Weather update

No Algarve, está uma calmaria. Boa. "Assim não aprendo nada", diz o artista que sobre ontem me disse "com as ondas de seis metros, pela primeira na vida pensei - o que é que eu estou aqui a fazer?", e eu suspirei aliviada, "mas ao fim de dez minutos já estava feliz da vida ao leme do barco"... Ainda não é desta que se farta. Santa paciência.

Mais net e o flash de um amigo

Cada vez mais me convenço que devia ter um teclado ligado à net em dois sítios muito específicos: ao lado da cama e no carro. E nem precisava do ecrã. Ontem à noite tive de lutar com todas as forças para resistir às ideias malucas que andavam a perseguir-me. Gritavam-me do mais profundo "vai escrever", "vai escrever já", "o que é que estás a fazer na cama?", "vai escrever", "não tentes resistir"...
Fechei os olhos com toda a força para ver se conseguia dormir. Acho que as minhas pestanas deviam parecer as do Keanu Reeves no Matrix, quando estava a absorver toda a informação necessária para praticar na perfeição artes marciais (gosto especialmente da maneira como dizem jujitsu).
A agitação para vir escrever foi cansativa e só passou quando voltei a acender a luz, teimosamente não para escrever mas sim para ler. Para pegar finalmente no Paulo Castilho que andava a reservar para mais tarde, para que não acabe tão depressa.

Porque o Paulo Castilho é uma espécie de febre - ou, pelo menos, sempre foi. Os seus livros têm de ser devorados e, pelo que consegui ler ontem, uma série de capítulos de enfiada, agora a lutar com o cansaço do corpo pelas horas tardias, parece-me que este vai manter as expectativas. A história começa em Sintra numa atmosfera que eu adoro, de casas antigas, com mobílias antigas, com pessoas antigas, que gosto de ler nos livros porque os posso imaginar sempre como a casa dos meus avós.
E começa com amigos que já eram amigos na altura dos 17 anos, em que se discute a existência e a não existência, a importância e o sentido da vida e outros conceitos filosóficos que só eles davam para um blog inteirinho. Que saudades de tertúlias assim. Estou em pulgas para que chegue a noite e para voltar a pegar no livro. O regime é auto-imposto, se começo a ler a qualquer hora o livro chega ao fim num instante.

Já hoje, de regresso a casa no carro, lembrei-me de repente dum amigo de infância que morreu há uma série de anos, pouco depois do meu irmão ter morrido. Lembrei-me da exacta circunstância em que soube que ele o tinha feito. Tinha acabado de acordar e estava deitada na cama verde de ferro, encostada à parede. A minha irmã entrou e deu-me a notícia com um ar desesperado. Disse-me que uma das últimas respostas que tinha dado a alguém era "agora já está tudo bem". Era um miúdo muito divertido, cheio de imaginação e vontade e habilidade para fazer disparates. Brincávamos muito todos juntos. Não teve uma vida muito fácil. E hoje tive saudades dele.

03/03/10

Bocados do dia

Hoje andei a correr pela rua fora atrás dos bocadinhos de sol todos que consegui, no repouso da chuva. Fico tão contente quando vejo o sol. Que coisa mais tonta. Corro para ir ter com os meus filhos, porque estou cheia de saudades deles, porque quero ir fazer pinturas e recortes e o jantar [mesmo que quatro horas mais tarde esteja cheia de vontade que adormeçam depressa para ter uns momentinhos de paz. Isto da maternidade é meio esquizofrénico.]
Enquanto falo ao telefone, em trabalho, a mais pequena sobe para as costas da minha cadeira e agora percebo (uma hora depois) que tenho seis ganchos e uma mola postos no cabelo. Pirosos, claro. E também tive direito a creme hidratante espalhado pela cara, essencialmente pelos olhos. Acho que ela acha que o creme se deve pôr nos olhos, acho que deve ser por eu estar sempre a pôr-lhe coisas nos olhos.
O mais velhinho está meio cansado, a acusar a falta do tal sol, branquinho e com pouca energia.
Agora estão a dormir, quer dizer, estão deitados. E a minha filha, que faz xixi antes de se deitar e que nisto dos genes sai à tia, acaba de ter de ir outra vez fazer xixi, "porque não fiz todo mamã". A genética é fantástica.

Sopram as velas

Na escola os miúdos aprendem esta música assim mais ou menos "sopram as velas, nas caravelas, levam os homens pr'ó alto mar..."
Na rádio ouço a notícia de mais um barco ao fundo, desta vez ao largo de Caminha. "Foram as ondas..." Só este ano já foram quase dez pescadores.
No Algarve um palerma mete-se propositadamente dentro de um barco para brincar aos marinheiros.
...

02/03/10

Foleiro

Uma das piores sensações do mundo: inadequação.

Quando toda a gente está a ir para a direita e eu estou a ir para a esquerda;
quando me visto para o dia e vou sair à noite;
quando toda a gente está penteada e eu... não;
quando toda a gente estudou para o teste e eu não;
quando toda a gente faz parte e eu não;
quando estou contente e toda a gente está triste;
quando estou triste e toda a gente está contente;
quando quero ser amiga e o outro não;
quando toda a gente vai e eu não.

Que raio de sensação.

01/03/10

Em cheio

Esqueci-me de contar, mas uns amigos muito queridos assinalaram os nossos dez anos de casados com a colecção dos filmes "Antes do amanhecer" e "Antes do anoitecer". Obrigada, obrigada, obrigada. Não há filmes mais perfeitos, especialmente na liberdade e na proximidade magnética do "Before sunrise" e do desespero da oportunidade perdida no segundo filme. Eu sei, sou uma romântica. So kill me.



... e...



Nas noites, ao fim-de-semana o Hollywood passou mais um filme perfeito "French kiss", ontem a RTP1 passou "Something's gotta give". O que é que posso pedir mais?