Constatas, com um ar espantado, que raramente sonho. Corriges, despachado, que "ou então" não conto os meus sonhos.
Não costumo contar sonhos, é um facto. Mas sonho. Muitas vezes não me lembro do que sonhei durante a noite, que passo geralmente a dormir.
Tu amas contar-me os teus sonhos. Adoras que me sente no sofá a dar-te cem por cento de atenção enquanto me contas as tuas aventuras dentro de água. Se desvio os olhos vais atrás deles, obrigando-me a concentrar-me de novo.
Eu gosto de te ouvir entusiasmado com os sonhos malucos que tens.
Mas eu, como te digo, à noite gosto de dormir.
Por isso, sonho de dia. Muito. E se estou a ter sonhos bons fecho os olhos com muita força para não se irem embora. E adoro remoer em sonhos bons.
Mas se os sonhos da noite podem ser completamente destituídos de raciocínio lógico, os do dia não. Por isso não os partilho com o teu lado racional. Porque só se podem sonhar sonhos malucos de noite.
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