16/02/11

É difícil

Acho que esta ideia não é nova por aqui, mas há uma coisa que me acontece com muita frequência, que é as minhas coisas estragarem-se mais do que as das outras pessoas. Não é por que eu lhes dê uma utilização mais intensiva nem sequer abusiva, mas, por norma, acabo por ficar com uma coisa estragada, na fase em que ainda gostava muito dela.
Porque a vida é assim, as coisas são diferentes das pessoas - há pessoas de quem gostamos sempre, para sempre. Com as coisas, gostamos delas durante um certo período de tempo e depois moving on (lembro-me das borrachinhas de cheiro há uns dias atrás). Comigo é impossível que essas coisas de que gosto muito estejam sempre bem.
Por isso, quando tenho uma coisa nova de que gosto muito, tenho sempre receio de que se vá estragar. É uma seca.
Ontem, resolvi finalmente, com um empurrão é certo, mas resolvi, o drama da falta de pilha do identificador da Via Verde, que já tinha anos de avisos. Enquanto vinha para casa a pensar "que orgulho está tudo ok com o carro" (quase tudo, há um minor issue com o registo, mas prefiro não pensar nisso agora), aviso sonoro de falta de óleo. Raisparta a porcaria do carro.
Se pudesse prescindir da ajuda que me dá com os miúdos, especialmente nos dias de chuva, dispensava-o do serviço e diminuía a lista de coisas to do.
Por isso, o despojamento, o ter menos coisas, é muito bom. E pegando nessa ideia, hoje descobri que a Bota Minuto, aqueles quiosques onde se arranjam sapatos e coisas do estilo, está outra vez a fazer uma campanha de recolha de sapatos usados, para voltarem a ter uso.
Eu sei que toda a gente deve ter, como eu, sapatos quase novos que já não usa, sapatos dos miúdos que foram usados uma vez ou duas e por aí fora. Estão, em suma, a ocupar espaço. E há pessoas que não têm sapatos.
A crise, se é dura para alguns, para outros é duríssima. A minha irmã, que é professora, diz que agora nota fome nos alunos, que nota roupas que já passaram a data de validade há muito.
Food for thought.

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