Hoje ao jantar comemos pizza. Depois de termos rapado o cabelo ao mais velho - a ideia era acabar com o breeding ground para os minúsculos e rápidos piolhos e sim, ficou cheio de peladas, hoje tenho de ir ao barbeiro. Na escola, não percebi se os pais ficaram mais chocados com os piolhos se com a qualidade do corte. Pobre miúdo, o que vale é que ainda é pequenino, não percebe.
Voltando ao jantar, quando há pizza, e eu adoro pizza e todos os miúdos adoram pizza, faz parte, reforço a quantidade de legumes na sopa e a sobremesa é fruta dupla ou tripla se estiverem com fome. Só para compensar e para ter a certeza que não estou a dar cabo do equilíbrio nutricional deles para sempre.
Acho que com estes problemas de consciência sou igual às outras pessoas todas. Noutro dia, o meu filho de quase cinco anos comeu pela primeira vez na vida um chipicao, que é igual ao bolicao só que sabe melhor. E também já fui com ele ao McDonald's. Não gostou, o que compensou o peso na consciência com que lá entrei. Devemos excluir os nossos filhos das experiências normais da idade, só porque temos uns quantos conceitos de segurança alimentar e de nutrição?
No fundo, no fundo, mais do que sermos todos iguais, acho que somos todos o mesmo. Daí a minha curiosidade pelas pequenas coisas e pelas vidas dos outros - se eles sou eu, então tenho de saber como vivem.
Aliás, um destes dias, hei-de falar sobre a minha religião, que assume que todos somos o mesmo, que todos somos Deus. Assim que me organizar em relação a isso.
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