31/10/08

A notícia

Ao dar uma notícia podemos fazê-lo de imensas formas diferentes.

Pode ser em código, como quando soube que estava à espera do meu primeiro filho e disse à minha mãe e à minha irmã: "vem lá um Francisquinho", o que fez com que a minha mãe perguntasse: "mas quem é que é esse?".

Pode ser de uma forma alarmista, como quando ligamos para o nosso pai que está na América e dizemos: "cortei metade do dedo", quando apenas entalámos metade da falangeta numa porta, apesar de ter doído como tudo. O pior é que este alarmista vive comigo e já por diversas vezes tive de o proibir de dar más notícias, dando-as eu na sua vez, para não dar baques aos ouvintes.

Pode ser de uma forma dramática, como quando o meu avô nos disse: "tenho cancro", apesar de a sua idade avançada graças a Deus não ter permitido que fosse muito agressivo e o meu avô ter programado fazer cem anos no próximo mês de Maio.

Pode ser discretamente, para ninguém dar por nada: "hoje está um dia lindo, bati ligeiramente com o carro, amanhã podíamos ir jantar fora". Assim, suavemente, não dói tanto.

Ao dar uma notícia podemos fazê-lo de imensas formas diferentes. A maneira como o fazemos vai influenciar a reacção de quem a ouve. Por isso, por favor, quando tiverem de me dar notícias más, sejam gentis, não alarmistas e escolham bem as palavras. A reacção não pode congelar a acção que pode ser necessária a seguir.

2 comentários:

anniehall disse...

Começo a ficar envergonhada por ser a unica a escrever , tantas vezes nem um comentário mas uma reacção ao que li :) mas os comentários estão abertos e vou continuar até que a Joaninha me corte o pio;)
Quando alguem anuncia que tem algo para me dizer ,aviso/peço:- conte só coisas boas.
Hábito que ficou dos dias de trabalho em que mamãs jovens ,lindas e apaixonadas pelos filhotes entravam na sala de consulta e delicadamente tiravam um rolo de papel escrito em letras pequeninas e me diziam:-
"Hoje tenho aqui umas coisinhas para perguntar ..."
Dava resultado o meu pedido pois as coisas boas eram sempre muito mais que as terríveis dúvidas e medos , pelo que a consulta decorria num ambiente de alegre convívio bem agradável para elas como para mim.Bj
bom fim de
semana

Joaninha disse...

Pois ninguém melhor do que um pediatra para perceber como funcionam os jovens pais. O meu pediatra só se ri quando me vê hoje, veterana já com dois filhos, com uma anotação curta nos cadernos dos miúdos. “Só isso?”, pergunta com ar gozão, “mas se antes trazia o rol todo de casa”. Também isso é crescer e, em relação aos miúdos, com um pediatra tranquilizador isso é muito mais fácil.
Continue a escrever, que gosto muito de a ouvir. Beijinhos