Fui buscar os exames de rotina que tinha feito na semana passada. Como sempre desde que me lembro esperava que os exames dissessem qualquer coisa de extraordinário no relatório, do estilo: não me lembro de alguma vez ter visto uma pessoa com tamanha resistência na prova de esforço; o coração desta senhora toca músicas de Bach enquanto ela corre na passadeira; o sangue é o melhor que pode haver; a urina tem capacidades fantásticas; o pé (radiografado) é perfeito de todos os lados; a ecografia revela uma força interior impressionante; os ouvidos são capazes de detectar a queda de uma linha de algodão numa passadeira de linóleo a 15 km de distância; os músculos são comparáveis aos de Hércules; e por aí fora.
Nada. Está tudo normal.
30/04/09
Talvez um pouco
Talvez seja um pouco histeria minha, mas a história da gripe mexicana anda a preocupar-me muito. Eu sei que, neste momento, é cedo para saber o que vai acontecer, eu sei que pode haver uma pandemia com sintomas ligeiros, eu sei que há quem diga que é inevitável (portanto não vale a pena preocuparmo-nos), eu sei isso tudo. Mas tenho muitas coisas para perder. É isso que me assusta.
Estamos em casa dos meus pais há dois dias por causa de uma fuga de gás no meu prédio. Não gosto de arriscar, ainda por cima com gás, por isso, viemos para cá. Adoro viver assim, em comunidade, partilhar refeições, ter ainda mais companhia para ler à noite no sofá, ter os meus filhos mimados em directo pelos avós o dia todo, estar perto deles.
Em minha casa durmo sempre de edredon, porque gosto da sensação fofinha e leve do calor, mas quando durmo em casa dos meus pais adoro sentir outra vez os lençóis dobrados sobre os cobertores fininhos e que estão cá em casa desde sempre, ainda antes de eu existir e isso já foi há tanto tempo...
Estamos em casa dos meus pais há dois dias por causa de uma fuga de gás no meu prédio. Não gosto de arriscar, ainda por cima com gás, por isso, viemos para cá. Adoro viver assim, em comunidade, partilhar refeições, ter ainda mais companhia para ler à noite no sofá, ter os meus filhos mimados em directo pelos avós o dia todo, estar perto deles.
Em minha casa durmo sempre de edredon, porque gosto da sensação fofinha e leve do calor, mas quando durmo em casa dos meus pais adoro sentir outra vez os lençóis dobrados sobre os cobertores fininhos e que estão cá em casa desde sempre, ainda antes de eu existir e isso já foi há tanto tempo...
27/04/09
Sopinhas
Metade do pessoal cá de casa adora sopa. A outra metade é variável, metade dessa metade come sopa de vez em quando, assumindo que é um elemento fundamental para quem esteja a fazer dieta e não parte muito importante da alimentação. A outra metade dessa metade enrola a sopa na boca durante minutos largos e acaba por comê-la sempre fria. Ainda que, desde sempre, eu frise que a sopa é muito importante, que o Noddy, depois o Ruca, depois o Bob o construtor e finalmente os Gormitis e quaisquer outros heróis que lá venham só são fortes por causa da sopa que comem com muito gosto.
Parentesis
Eu sabia que era possível enrolar a comida na boca durante muito tempo, mas achava que era com carne dura ou com comida incomestível. Com sopa nunca tinha imaginado que isso fosse possível. Mas o meu filho mais velho é especializado nisso.
Fecha parentesis
Hoje estivemos a descascar ervilhas, um enorme prazer vê-las a fugir para os quatro cantos do chão da cozinha. Os miúdos adoraram, eu tive de comer umas quantas cruas para os convencer da bondade do vegetal. Depois, o mais velho deitou as ervilhas para dentro da água, azeite, batatas e uma pitada de sal. Espero que a coma com a maior das felicidades. Se assim for, até nem me importo de passar a comer só sopa de ervilhas.
Parentesis
Eu sabia que era possível enrolar a comida na boca durante muito tempo, mas achava que era com carne dura ou com comida incomestível. Com sopa nunca tinha imaginado que isso fosse possível. Mas o meu filho mais velho é especializado nisso.
Fecha parentesis
Hoje estivemos a descascar ervilhas, um enorme prazer vê-las a fugir para os quatro cantos do chão da cozinha. Os miúdos adoraram, eu tive de comer umas quantas cruas para os convencer da bondade do vegetal. Depois, o mais velho deitou as ervilhas para dentro da água, azeite, batatas e uma pitada de sal. Espero que a coma com a maior das felicidades. Se assim for, até nem me importo de passar a comer só sopa de ervilhas.
De pedrinha em pedrinha
Já sei porque é que foi tão fixe ser pequenina. Não havia uma única coisa no mundo que me preocupasse, a não ser brincar. Não tinha stresses com nada, acordava, brincava, comia, vestia-me, ía para a praia, levava as injecções anuais antes de ir para a praia, tudo corria sobre rodas. Os meus pais não tinham dinheiro, mas ninguém tinha, tinha muitos amigos e gozava-os bem.
Hoje ando de sobressalto em sobressalto, a pensar qual será o drama du jour que vai:
1. acabar com as minhas poupanças e as da minha família e amigos, arrastando-nos numa espiral de pobreza que nunca mais vai acabar;
2. acabar com a nossa saúde e matar toda a gente do mundo inteiro, sobrando só os ermitas de locais longínquos que: nunca visitaram lugar nenhum; nunca viram o mar; nunca comeram carne ou coisas que não conseguissem apanhar à mão;
3. acabar com todos os serviços básicos, como a água, electricidade e gás, e também com o fluxo normal de comida (i.e. preocupante uma vez que eu não sei plantar couves ou criar gado), obrigando-nos a regressar à idade das cavernas;
4. todas as acima.
Estou farta de desgraças. Descubram lá a cura para a nova estirpe da gripe e protejam os velhotes e os pequenitos. E acabem com as notícias alarmistas (se é que elas são alarmistas e não proteccionistas).
Hoje ando de sobressalto em sobressalto, a pensar qual será o drama du jour que vai:
1. acabar com as minhas poupanças e as da minha família e amigos, arrastando-nos numa espiral de pobreza que nunca mais vai acabar;
2. acabar com a nossa saúde e matar toda a gente do mundo inteiro, sobrando só os ermitas de locais longínquos que: nunca visitaram lugar nenhum; nunca viram o mar; nunca comeram carne ou coisas que não conseguissem apanhar à mão;
3. acabar com todos os serviços básicos, como a água, electricidade e gás, e também com o fluxo normal de comida (i.e. preocupante uma vez que eu não sei plantar couves ou criar gado), obrigando-nos a regressar à idade das cavernas;
4. todas as acima.
Estou farta de desgraças. Descubram lá a cura para a nova estirpe da gripe e protejam os velhotes e os pequenitos. E acabem com as notícias alarmistas (se é que elas são alarmistas e não proteccionistas).
As meias do tigger
Calço as meias do tigger do Winnie the Pooh com uma secreta satisfação por estar a fazê-lo. Ainda que por fora esteja com um ar arranjadinho e ninguém o perceba, tenho as minhas meias do tigger, iguais às do meu filho. E tenho umas cuecas da Hello Kitty, iguais às da minha filha.
25/04/09
e chove
e chove.
Leio o livro que me traz enfeitiçada até já não aguentar mais as dores de costas da posição pateta de ler de barriga para baixo, sem nenhum apoio para a cabeça, a parte mais pesada do corpo, que não sejam as mãos e os ombros. Leio até já não aguentar mais as pálpebras abertas, com a típica ansiedade febril de querer conhecer o fim das histórias que nos apaixonam. Leio mesmo quando já estás a dormir, resignado com a luz acesa, e quando, no quarto ao lado, se dorme também há três horas.
Ouço o meu filho resfolgar com o nariz entupido. Ouço a panelinha de fazer vapores. Fico irritada por não conseguir desentupir-te o nariz permanentemente, por andares com má cara de dormires mal. Não consigo dormir. Venho para a sala.
e chove. É Abril e chove.
Lembro-me bem como há uns anos Abril já era garantia de uma praia valente. Alguém diz o ditado das águas mil. Hoje em dia toda a gente à minha volta fala do tempo - tema que, tal como o futebol, não consigo acompanhar. Será que vai chover? Será que vai estar bom tempo? Os meteorologistas dizem que vai estar bom, o weather.com diz que vai chover, 20 por cento de hipóteses de sol, toda a gente a falar do tempo e eu a pensar que gostava de ter umas sandálias novas para a Primavera, daquelas como os gladiadores, altas a apanhar o tornozelo, em castanho, tamanho 39, por favor.
Leio o livro que me traz enfeitiçada até já não aguentar mais as dores de costas da posição pateta de ler de barriga para baixo, sem nenhum apoio para a cabeça, a parte mais pesada do corpo, que não sejam as mãos e os ombros. Leio até já não aguentar mais as pálpebras abertas, com a típica ansiedade febril de querer conhecer o fim das histórias que nos apaixonam. Leio mesmo quando já estás a dormir, resignado com a luz acesa, e quando, no quarto ao lado, se dorme também há três horas.
Ouço o meu filho resfolgar com o nariz entupido. Ouço a panelinha de fazer vapores. Fico irritada por não conseguir desentupir-te o nariz permanentemente, por andares com má cara de dormires mal. Não consigo dormir. Venho para a sala.
e chove. É Abril e chove.
Lembro-me bem como há uns anos Abril já era garantia de uma praia valente. Alguém diz o ditado das águas mil. Hoje em dia toda a gente à minha volta fala do tempo - tema que, tal como o futebol, não consigo acompanhar. Será que vai chover? Será que vai estar bom tempo? Os meteorologistas dizem que vai estar bom, o weather.com diz que vai chover, 20 por cento de hipóteses de sol, toda a gente a falar do tempo e eu a pensar que gostava de ter umas sandálias novas para a Primavera, daquelas como os gladiadores, altas a apanhar o tornozelo, em castanho, tamanho 39, por favor.
22/04/09
Há algo no ar
Há alguma coisa nestes dias de Primavera, em que o Sol brilha, ouço os passarinhos a cantar à janela, apetece-me andar com a carteira à roda como em pequenos fazíamos com os baldes de areia ou água na praia, apetece-me cantar, bem alto, sorrir e essas pirosices todas. Há alguma coisa no ar... [e a música de fundo é: "pirosa, vaidosa, cuecas cor-de-rosa", cantada pela minha filha de dois anos.
21/04/09
Que espectáculo!!!
Se fosse cá, eu dançava e a seguir ía comprar um telefone desta empresa. Ideia genial, barata e aposto que todas as pessoas que viram contaram pelo menos a três pessoas e essas ainda contaram a mais gente, alguém deve ter contado a um jornalista e esse espalhou por todos os seus leitores e toda a gente ficou a saber. Se alguma ideia ou produto pode vir a ser viral é se envolver as pessoas, como a música e a dança fazem. Lindo!
17/04/09
Eu sei que é para pôr tudo bonito...
... mas que barulho é este? Tenho montes de trabalho para fazer e nem me consigo ouvir a pensar, quanto mais escrever belos textos divertidos e apelativos para os leitores, ao mesmo tempo com um toque de urbanidade e modernidade.
Remember
Às vezes tenho pequenos flashes de memórias que não valem um caracol mas que me fazem sorrir. Os exercícios dos GNR em treino de condução de mota e de jipe, que passavam à porta de casa dos meus pais, subindo, primeiro, uma rua por alcatroar, e depois uma rua enorme, linda e alcatroada que via aí dois três carros por dia e onde depois passaram a passar os autocarros brancos e verdes. E onde hoje passam carros sem fim e autocarros enormes.
Hoje, lá vinham os GNR nas suas motas brancas/laranjas e possantes, talvez um nadinha demasiado plastificadas. Quando passavam há uns anos, os miúdos aqui da rua paravam o que estivessem a fazer só para os verem nas manobras. Hoje acho que ninguém dá por eles... talvez só os miúdos.
Hoje, lá vinham os GNR nas suas motas brancas/laranjas e possantes, talvez um nadinha demasiado plastificadas. Quando passavam há uns anos, os miúdos aqui da rua paravam o que estivessem a fazer só para os verem nas manobras. Hoje acho que ninguém dá por eles... talvez só os miúdos.
15/04/09
Orgulho
Lembro-me que quando o meu filho nasceu saía à rua com a maior felicidade do mundo. Parece que nem chegava a tocar com os pés no chão, pairava, tal era o orgulho. Olhava para os outros e só me apetecia perguntar: "sabem o que eu fiz? Tenho o filho mais lindo do mundo". Quando nasceu a mais pequena sentia o mesmo, mas a dobrar: "tenho dois filhos lindos, são meus". O orgulho é uma coisa linda, quando é bem aplicado. Se for orgulho de não dar o braço a torcer então não gosto. Mas o orgulho de um pai pelo filho é delicioso.
Ontem, um rapaz atravessou a rua em sentido contrário ao meu a empurrar um carrinho de bebé com o ar mais feliz e mais orgulhoso possível. Nem precisei de olhar para dentro do carrinho para confirmar que lá ía um bebé. O rapaz não tocava com os pés no chão. "Bebé novo, felicidades", disse-lhe. Fez-me o maior sorriso confirmativo do mundo e cada um seguiu para seu lado. Que bebé feliz.
Ontem, um rapaz atravessou a rua em sentido contrário ao meu a empurrar um carrinho de bebé com o ar mais feliz e mais orgulhoso possível. Nem precisei de olhar para dentro do carrinho para confirmar que lá ía um bebé. O rapaz não tocava com os pés no chão. "Bebé novo, felicidades", disse-lhe. Fez-me o maior sorriso confirmativo do mundo e cada um seguiu para seu lado. Que bebé feliz.
14/04/09
...
... ah e estou a trabalhar muito contente e tenho a boca cheia de pastilhas elásticas coloridas Gorila... que saudades de não chegar ao topo da bancada do café mesmo com o braço estendido e uma moeda ou (com sorte) uma nota de 20 paus esticada e os senhores fingirem que não me viam. "Quero cinco pastilhas vermelhas" ou (com sorte) "um pacote de Super Gorila de banana" e quero passar os dias a brincar na rua e a explorar tudo, o monte grande e o monte pequeno, ir aos carrinhos de choque uma vez por ano e estar outra vez com os meus amigos. E ter festas daquelas em que dançamos agarradinhos e comemos pães-de-leite em miniatura e fazer declarações de amizade eterna. E fazer paragens do jogo do mata piolho ou dos polícias e ladrões só para poder ir comprar as tais pastilhas e ficar com a cara toda lambuzada e o cabelo cheio de resíduos dos balões gigantes. E tudo sem pensar em dentista.
[achei a imagem amorosa, tirei do site www.esanda.com, que não sei a quem pertence]
Organizar
Quando me deito a organizar coisas, especialmente festas e eventos variados ou um trabalho novo, começo a entrar num ciclo de noites mal dormidas e irrequietas. Custa-me a adormecer, só de pensar nas variáveis todas e, se acordo por alguma razão (com os miúdos a digerirem a excitação do dia anterior), não consigo adormecer antes de rever todas as ideias. Ontem foi assim, tive de ficar na sala um bocado a acalmar depois de um grito da mais pequena. Irrita-me acordar assim, a meio da noite, sem ninguém para conversar (ao meu lado há quem me pergunte "estás a dormir?" quando acorda por qualquer razão), sem nada para fazer (ou melhor, sem poder começar a essa hora nada de especial, senão a "leve espertina" passa a "acordada para o dia") e sem objectivo nenhum.
Há quem coma quando acorda a meio da noite, eu não gosto. Só de pensar em ter de ir lavar os dentes outra vez e no chão frio da cozinha sem chinelos de entremeio passa-me qualquer leve apetite que tenha.
Há quem veja televisão. É de todas as actividades que podemos fazer sozinhos, a meio da noite e quando queremos dormir a melhor, excepto se estiver a dar um série ou um filme interessantes.
Há quem leia, eu não gosto. Gosto é de dormir. Geralmente durmo sempre bem. É o que me vale.
Há quem coma quando acorda a meio da noite, eu não gosto. Só de pensar em ter de ir lavar os dentes outra vez e no chão frio da cozinha sem chinelos de entremeio passa-me qualquer leve apetite que tenha.
Há quem veja televisão. É de todas as actividades que podemos fazer sozinhos, a meio da noite e quando queremos dormir a melhor, excepto se estiver a dar um série ou um filme interessantes.
Há quem leia, eu não gosto. Gosto é de dormir. Geralmente durmo sempre bem. É o que me vale.
11/04/09
Senilidade
É oficial, estou a ficar senil. Hoje, às 00h00 em ponto, verificadas no relógio à saída do cinema no Campo Pequeno, abraçei-me ao meu irmão mais novo e dei-lhe os parabéns. Ele ficou com um ar genuinamente contente. Os outros dois ficaram igualmente embuídos do espírito. Espera lá... O meu irmão só faz anos amanhã, upsi...
(Para os curiosos, "Ele não está assim tão interessado", gostei muito. Chick flick à antiga, mesmo como eu gosto, borboletas no estômago e tudo.)
(Para os curiosos, "Ele não está assim tão interessado", gostei muito. Chick flick à antiga, mesmo como eu gosto, borboletas no estômago e tudo.)
09/04/09
Coisas de mãe
Mães sábias fazem sempre uma laracha sobre idas e vindas. "Onde vais? Vou para a fééésta!!!... Donde vens? Venho da fesssssta...." primeiro com ar animado e entusiasmado e depois com ar abatido e gasto. Oscilo entre um e outro sentimentos, depois de ter acabado de chegar de umas voltas muito fixes pelo Algarve e Zambujeira do Mar e de um almoço sobre o porto de abrigo. A viagem foi qualquer coisa de lancinante - putos zangados um com o outro, connosco, putos histéricos de felicidade, putos com sono, putos com fome, dormir 12 horas, praia, creme solar e fatos-de-banho. O saldo é positivo, e a melhor imagem que posso retirar destes dias é esta:
"Mãeeeeeeee, o mano bateu-me. Muito. Miúdo, vais de castigo, não podes chatear a mana". Encaminho-o para o local designado. Deixo-o lá, para pensar na vida. Passado dois segundos, a miúda está sentada ao lado dele, ofendida comigo por o ter posto de castigo.
"Mãeeeeeeee, o mano bateu-me. Muito. Miúdo, vais de castigo, não podes chatear a mana". Encaminho-o para o local designado. Deixo-o lá, para pensar na vida. Passado dois segundos, a miúda está sentada ao lado dele, ofendida comigo por o ter posto de castigo.
04/04/09
Sapatilhas de ballet
Nunca quis ser bailarina, especialmente se descontarmos a vez em que fui ao São Carlos com os meus pais assistir ao Quebra Nozes. Aí, o deslumbre foi grande, devia ter aí uns oito ou nove anos, e lembro-me de ter andado em pontas desde o intervalo e nos três dias que se seguiram.
Fora isso, nunca quis ser bailarina e até julgo que é por causa do livro "Anita no ballet" que tenho um fascínio pela envolvência. Tenho um tutu verde que levo a festas e que adoro.
Como calculam, também aconteceu isso com a "Anita na cozinha" e a "Anita dona de casa". Eram livro fixes.
Adoro ver as minhas sobrinhas no ballet e já pré-inscrevi a minha filha nessas aulas. Só pelo gozo de as ver de tutu e sapatilhas. Vou comprar umas sapatilhas de ballet para andar por casa.
Fora isso, nunca quis ser bailarina e até julgo que é por causa do livro "Anita no ballet" que tenho um fascínio pela envolvência. Tenho um tutu verde que levo a festas e que adoro.
Como calculam, também aconteceu isso com a "Anita na cozinha" e a "Anita dona de casa". Eram livro fixes.
Adoro ver as minhas sobrinhas no ballet e já pré-inscrevi a minha filha nessas aulas. Só pelo gozo de as ver de tutu e sapatilhas. Vou comprar umas sapatilhas de ballet para andar por casa.
03/04/09
Dias cósmicos
Tenho uma teoria, em que penso muitas vezes, sobre os dias complicados. Sabes? Aqueles dias em que o telefone geralmente silencioso toca sem parar, em que toda a gente quer saber de nós, em que chegam encomendas, em que as máquinas se avariam, em que os carros chocam, em que se resolvem assuntos pendentes há muito? Chamo a esses dias os dias cósmicos. Dá-me uma certa satisfação pensar que há algo exterior a mim que pode ser responsável pelos desfechos em catadupa como os que sucedem nesses dias.
- não, não é a religião kicking in, é mesmo a certeza de que só pode ser o acaso, que é o mesmo que o fado, só que sem estar definido em lado nenhum. Até podia ser a religião, que era o mesmo que delegar em Deus a responsabilidade de gerir as coisas meaningless das nossas vidas, como máquinas que se avariam. Até podia ser, especialmente hoje em que estive a fazer de católica, rezando e dizendo salmos na missa, por respeito e grande amizade com duas primas já velhinhas e muito católicas, uma das quais morreu ontem, depois de um ano de grande sofrimento. Mas a religião não é isto. A religião é uma conversa com Deus, não é gerir o dia-a-dia.
Esta semana foi uma semana dessas, cósmicas. Lá em casa andámos desencontrados, todos os dias tivemos de jogar com horários e calendários, programas e baby-sitters. Eu chegava tarde, tu saías cedo. Oscilavámos entre o teu "deixa-me dormir" nocturno e o meu "deixa-me dormir" matinal. Estou cheia de saudades tuas. Ainda bem que hoje ficamos de férias.
- não, não é a religião kicking in, é mesmo a certeza de que só pode ser o acaso, que é o mesmo que o fado, só que sem estar definido em lado nenhum. Até podia ser a religião, que era o mesmo que delegar em Deus a responsabilidade de gerir as coisas meaningless das nossas vidas, como máquinas que se avariam. Até podia ser, especialmente hoje em que estive a fazer de católica, rezando e dizendo salmos na missa, por respeito e grande amizade com duas primas já velhinhas e muito católicas, uma das quais morreu ontem, depois de um ano de grande sofrimento. Mas a religião não é isto. A religião é uma conversa com Deus, não é gerir o dia-a-dia.
Esta semana foi uma semana dessas, cósmicas. Lá em casa andámos desencontrados, todos os dias tivemos de jogar com horários e calendários, programas e baby-sitters. Eu chegava tarde, tu saías cedo. Oscilavámos entre o teu "deixa-me dormir" nocturno e o meu "deixa-me dormir" matinal. Estou cheia de saudades tuas. Ainda bem que hoje ficamos de férias.
01/04/09
Amor
Esta noite, enquanto vos via a mexerem-se pela sala da festa, um em cada ponto diferente, tive de repente uma ideia. Há qualquer coisa entre estes dois. Nunca os tinha visto juntos antes, conhecia-os, mas separadamente, sabia que trabalhavam na mesma empresa, mas nada mais.
Meses antes, ele deu-me um dia por engano o seu e-mail num papel que não era para mim e que no verso tinha um rabisco de uma declaração de amor. Achei piada ao desenho, numa altura em que as pessoas parece que já só comunicam electronicamente, em e-mails e sms cheios de erros, em vez de em papelinhos amorosos.
Na festa, gravitam em torno um do outro, apesar de estarem em pontos opostos, numa "dança" não ensaiada a que se chama amor. Encontram-se e finalmente percebo que é facto aquilo que pressenti.
Meses antes, ele deu-me um dia por engano o seu e-mail num papel que não era para mim e que no verso tinha um rabisco de uma declaração de amor. Achei piada ao desenho, numa altura em que as pessoas parece que já só comunicam electronicamente, em e-mails e sms cheios de erros, em vez de em papelinhos amorosos.
Na festa, gravitam em torno um do outro, apesar de estarem em pontos opostos, numa "dança" não ensaiada a que se chama amor. Encontram-se e finalmente percebo que é facto aquilo que pressenti.
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