03/04/09

Dias cósmicos

Tenho uma teoria, em que penso muitas vezes, sobre os dias complicados. Sabes? Aqueles dias em que o telefone geralmente silencioso toca sem parar, em que toda a gente quer saber de nós, em que chegam encomendas, em que as máquinas se avariam, em que os carros chocam, em que se resolvem assuntos pendentes há muito? Chamo a esses dias os dias cósmicos. Dá-me uma certa satisfação pensar que há algo exterior a mim que pode ser responsável pelos desfechos em catadupa como os que sucedem nesses dias.

- não, não é a religião kicking in, é mesmo a certeza de que só pode ser o acaso, que é o mesmo que o fado, só que sem estar definido em lado nenhum. Até podia ser a religião, que era o mesmo que delegar em Deus a responsabilidade de gerir as coisas meaningless das nossas vidas, como máquinas que se avariam. Até podia ser, especialmente hoje em que estive a fazer de católica, rezando e dizendo salmos na missa, por respeito e grande amizade com duas primas já velhinhas e muito católicas, uma das quais morreu ontem, depois de um ano de grande sofrimento. Mas a religião não é isto. A religião é uma conversa com Deus, não é gerir o dia-a-dia.

Esta semana foi uma semana dessas, cósmicas. Lá em casa andámos desencontrados, todos os dias tivemos de jogar com horários e calendários, programas e baby-sitters. Eu chegava tarde, tu saías cedo. Oscilavámos entre o teu "deixa-me dormir" nocturno e o meu "deixa-me dormir" matinal. Estou cheia de saudades tuas. Ainda bem que hoje ficamos de férias.

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