Não sei muito bem como está a correr a minha compra de prendas para o Natal. Estou a fazer as compras sozinha, o que é mais difícil, porque há uma pessoa cá em casa que de há uns tempos para cá prefere fingir que em Dezembro não há Natal,
"- a mamã é que decora a árvore, porque a mamã é que gosta do Natal..."
nem há os seus anos,
"- não me faças nenhuma festa de anos. Nem se for surpresa."
nem há nada.
"- cá por mim nem celebrava o Natal..."
Nem sei bem o que lhe hei-de fazer, este é o segundo ano em que isto acontece, o ano passado tinha a desculpa da crise, o que é verdade é que o Natal por causa disso foi farçola. Este ano não sei.
Assim, ando a percorrer os corredores das lojas de brinquedos inspeccionando milimetricamente os brinquedos todos - e não encontro muitos que me apaixonem. Só uma casa de bonecas ou duas. Roupas de bonecas, carros telecomandados, estojos de maquilhagem, caixas de pintura... E Playmobil, claro, outra vez.
Quando era miúda, enchia o chão todo do quarto dos meus irmãos com a cidade Playmobil, com peças essencialmente herdadas do Jorge-das-mãos-moles-do-prédio-ao-lado. Eu e o meu irmão mais novo ficávamos horas a brincar com os bonecos e, muitas vezes, deixávamos tudo montado para o dia a seguir, rezando para que ninguém tivesse de ir à casa de banho a meio da noite. Devido ao Jorge, porque de outra maneira não teríamos mais do que dois ou três bonecos, tivemos uma cidade à séria da Playmobil, com polícia, bombeiros e ambulâncias, hospital, cães, cavalos e sei lá mais o quê, que deslumbrava toda a gente. Especialmente a nós os dois.
Também me lembro do Natal mágico em que a minha avó que nunca conheci me ofereceu uns brincos lindos. De ouro. Fiquei deliciada e acho que cresci uns centímetros.
E da música "Pró Natal, de presente, eu quero que seja... A minha agenda, a minha agenda...". E do Coro de Santo Amaro de Oeiras. E dos sonhos. E das filhós da minha avó Irene, que fazíamos numa tigela de faiança branca linda e pesada. E das rezas necessárias para fazer crescer a massa e de a embrulhar num cobertor de papa. O mistério dos fungos...
E ainda nem cheguei às prendas dos mais velhos - estou firmemente convicta que vou fazer a maior parte das prendas, mas para os homens não é prático, nenhum que eu conheça usa brincos...
Era tudo mais simples quando as prendas eram mesmo mágicas e era mesmo o menino Jesus que as deixava de manhã debaixo do pinheiro artificial decorado com todas as cores possíveis e ao lado do presépio maior do mundo, com lagos e patos e moinhos e soldados...
2 comentários:
NEm me fales (ou escrevas) sobre prendas.... Este ano acho que vai tudo corrido a abraços!!!
Parabéns a essa pessoa que consegue fingir que em Dezembro não há Natal!!!!!
E nisto se vê como a tal igualdade entre os homens e as mulheres é pura ficção...imagine uma mãe fazendo isso.Caia o Carmo e a Trindade
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