26/05/10

Agitação abaixo da superfície

Por vezes, mesmo quando tudo parece calmo à superfície, há ligeiras agitações, imperceptíveis, que podem alterar o fluxo das energias, que podem interromper o curso normal das coisas.
Quando era pequenina, o meu pai fazia uma brincadeira que nos punha de sobreaviso em que, ao chegar a casa, dizia qualquer coisa do estilo "já sei o que se passou e estou muito zangado". Como era comum termos feito disparates - mesmo que ao fim do dia não nos lembrassemos exactamente quais -, encolhíamo-nos um bocado e ficávamos meio atrapalhados. Aí o meu pai dizia "estava a brincar" e nós suspirávamos de alívio. Apanhou-me sempre que me fez destas. E nunca gostei dessa sensação, de me sentir a pôr o pé em falso.
Por isso, odeio quando me vão "puxar as orelhas", ou dar um raspanete, especialmente quando não sei porquê.

4 comentários:

anniehall disse...

Creio que é o que de pior ou dentro dos "piores" , o nº 1 do que se pode fazer a uma criança .
A ameaça velada ....a nuvem que fica a pairar....
Mas agora que estamos todos crescidos temos um governo que todos os dias nos faz ameaças dessas.....vejam lá...nem sabem o que os espera....ora bolas ninguem refila !!!!

Joaninha disse...

No caso do meu pai era um alívio que fosse brincadeira, porque era muito raro zangar-se connosco. Muito raro mesmo.

anniehall disse...

Joaninha , eu generalizei , nao estava a referir o seu pai . Infelizmente sei de casos em que essas ameaças feitas por adultos são "normais" modos de relação com as crianças , apenas por ter exercido pediatria toda a vida.
inhos

Sónia disse...

...esconde as orelhas...não as deixes à vista...para que não haja puxões...era o que faltava! ;)