Sempre adorei o Carnaval. Não aquela coisa pirosa do Carnaval brasileiro, que parece que estão todos a levar choques eléctricos nas partes íntimas, mas o Carnaval meio aldrabado a que brincávamos lá em casa.
Éramos nós que arranjávamos qualquer coisa para vestir e só isso era 90 por cento do gozo. Quatro crianças a correr pela casa a tentar construir personagens credíveis a partir de muito pouco era de morrer.
Em casa dos meus pais havia: o fato de minhota da minha mãe, um pedaço enorme de cetim verde água, o vestido da comunhão solene da minha mãe, a colecção de gravatas do meu pai e algumas jóias de pechisbeque e lenços.
Em casa dos meus avós, ao lado da nossa, a coisa mudava de figura: um kimono, tailleurs do nosso tamanho (não percebo porquê, que a minha avó sempre foi alta), chapéus de coco, chapéus de senhora, chapéus de rede, estolas, vestidos variados, lenços e brocados, até o raio das camisas de noite da minha avó eram de sonho. E os laços da casaca e as luvas dos fatos de cerimónia e os xailes e arcas cheias de coisas deliciosas.
Por tudo isto, safámo-nos sempre bem nas máscaras. E nem sequer percebíamos que "aquilo" não eram disfarces perfeitos.
A primeira vez que percebi que havia um outro nível de disfarces foi quando vi o karate kid. Lembro-me de ter babado quando o miúdo se vestiu de chuveiro para uma festa e lembro-me de ter babado também quando vi uma fotografia de uma rapariga mascarada de cabine telefónica, daquelas vermelhinhas.
Não gosto muito dos fatos já perfeitos, brilhantes, de cetim e mega baratos que vêm da China. Por isso, este ano decidi fazer eu, comprando os tecidos, incluindo feltro para fazer uma capa para a princesa...
E o raio do Carnaval é já na sexta, que é também o deadline de um projecto muito importante que estou a fazer.
Por isso, se tiverem boas vibrações enviem-nas para cá, que eu estou a precisar.
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