Caiu mais um dente ao meu filhote. Não deu por nada e acordou com um dente a menos do que tinha ontem. Isso foi bom porque escapei-me ao ligeiro stress "tira o dente, mamã", "está a deitar sangue, mamã" e por aí fora.
Disse-lhe
Põe o dente debaixo da almofada, para o rato vir logo à noite.
Disse-me
"Eu já sei que não há rato dos dentes nenhum".
E eu disse
então não ponhas o dente.
Ficou completamente desarmado, estava à espera que eu o contrariasse e que argumentasse que sim, que há rato. Como fiz o contrário do que ele fez, ficou com um arzinho, como quem diz "se calhar ponho, não vá haver..." Mas não disse nada. Depois perguntou, com um ar romântico, onde é que eu guardo os outros dentes que já caíram. E eu disse
não guardo. Querias que guardasse?
"Não, era só para saber".
Eu, que em Andorra criei um Don Ráton para lhe deixar um presentinho depois de ter caído outro dente, acho que há histórias mágicas que não fazem mal a ninguém, antes pelo contrário e a atenção faz-lhes bem ao ego.
Estava a pensar nisso, enquanto arrumava papelada no escritório, quando, por sorte, encontrei a toca do rato debaixo de um armário. Fiquei feliz da vida, aqui está a prova de que ele precisava da existência do rato que traz presentinhos em troca de dentes.
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