12/12/08

Home

Por vezes acontece-me pensar numa palavra qualquer e lembrar-me doutra noutra língua, que queira dizer o mesmo ou que só soe ao mesmo. Home em inglês quer dizer casa, em português não quer dizer nada. Mas é o princípio e o meio da palavra homem. Costuma dizer-se por cá que quem faz a casa são as mulheres, mas se baralharmos o inglês com o português parece que é o homem. Mas os homens são mais caguinchas, não é?

Quem me dera ter um cérebro poliglota, só tenho uma parte, já não é mau. Mas adorava falar muitas línguas, tipo Indiana Jones na juventude, uma das séries mais impecáveis da década de 90 (?). Fartei-me de aprender coisas, sempre pondo em causa a possibilidade dessa vida fantástica que não existiu - não sei se já tinha passado a barreira em que os miúdos deixam de acreditar em tudo o que vêem na televisão, acho que é aos 12 anos, mas deixava-me enrolar pela ficção.

Mais tarde, já a trabalhar no jornal tive uma colega que era muito engraçada. Tinha a minha idade e contava histórias muito bem. Eu ouvia-a e pensava "que vida tão comezinha que eu levo, tenho de fazer mais coisas" (que mania esta de me estar sempre a avaliar...). Coisas fascinantes, cursos aqui e cursos ali, pós-graduações, estágios e mais não sei quê. E eu só tinha acabado de sair da faculdade sem saber nada da vida e, por vezes, ouvia-a. E cansada como andava sem dormir em excitação com notícias e manchetes e a trabalhar até depois dos peixinhos irem dormir, não me dava sequer ao trabalho de pôr em causa o que me contava, fazia conversa e achava-lhe piada - um pouco louca, mas com piada. Mais tarde, o seu editor contou-me que quase tudo o que fazia era inventado. Inventou inclusivamente artigos e reportagens sobre a guerra no Kosovo. Eu só pensava, "bem que me pareceu um pouco estranho", e fiquei mais aliviada.

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