Agorinha mesmo, enquanto parava para me meter com o meu pai que estava a atravessar a passadeira e lhe chamava bonitão e os senhores da jardinagem olhavam para confirmar o que eu dizia, tive um flashback espectacular.
Uma das primeiras tarefas que a professora da primária nos deu, acho que logo no segundo dia da primeira classe, foi trazer fotografias da família e falar sobre os nossos pais.
Diligente e ordeiramente, que isto os putos dos anos 80 eram educadinhos e cumpridores, todos trouxeram o que puderam. Um colega (o Xico, que nunca mais vi e de quem era muito amiga) trouxe um recorte duma actriz loiraça retirado duma revista - um psicólogo haveria de ter hoje pano para mangas com essa questão. Na altura, todos percebemos que ele não devia ter fotografias dos pais à mão.
Começámos o exercício e o que se seguiu foi, para mim, um choque. Os outros 20 e tal miúdos diziam que os seus pais eram os mais bonitos do mundo. Diziam não, berravam, insistiam, gritavam e choravam.
Deve ter sido divertido para a professora. A mim ninguém me convenceu. Ainda hoje ninguém me consegue convencer que haja pais mais lindos do que os meus.
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