31/03/11

Fim do dia


De janelas abertas para a rua,
os miúdos a dormir,
uma mota a acelerar na avenida principal,
cheira a Primavera,
Lloyd Cole and the Commotions a tocar,
peso o dia que passou,
que passei a trabalhar,
em silêncio,
na maior parte do tempo.

Apetece-me ir passear para a rua,
vejo imensa gente,
uma miúda de calções curtinhos de mais,
uma velhota a estender um tapete na varanda,
estores que se baixam para a noite,
e só me apetece ficar aqui,
de janela aberta,
a ouvir a rua,
a cheirar a Primavera.

[a fotografia do Verão, a atravessar a ponte]

view

... e agora, para uma navegação clean e simpática, basta acrescentar view no final à morada do vidaadias. Fica bonito.

30/03/11

29/03/11

Bocados dos dias

No final de Março:
- A mais pequena passa os dias (e uma noite) a certificar-se de que eu estou cá. O maior passa os dias alternando entre ser compincha (meu ou da mana) ou chagar quem estiver mais próximo;
- Não sei o que vestir, por isso, hoje fui finalmente às compras e arrecadei montes de coisas giras (umas calças, quatro t-shirts, um casaco de malha - vais dizer que parece a rede de pesca, mas não faz mal - e dois vestidos, um deles de festa, e imensas collants coloridas);
- Já tinha partilhado que sou naba das sopas, mas ontem, pela primeira vez na vida, os meus filhos disseram que gostaram "muito" da minha sopa (estavam surpreendidos, coitadinhos. Eu também). Pela primeira vez na vida, sabia à sopa da minha avó;
- Em casa de uns amigos, que nos acolheram no Domingo, encontrei esta relíquia (tristemente já não funciona). E fiquei com a sensação que era maior quando nós éramos mais pequenos, uma sensação igual à que tive quando fui visitar a minha sala da primária já no liceu (mini-cadeiras, mini-secretárias, mini-cacifos...);
- O que nos leva àquela música deprimente, de que eu gosto muito (o que eu chorei no último "Conta-me como foi", a ver os tropas todos a embarcar para o Ultramar e a pensar nos miúdos que foram queimar a juventude numa guerra completamente idiota, nas suas famílias que ficaram por cá a sofrer de saudades e medo)
"Vem viver a vida amor,
que o tempo que passou
não volta mais".
- É tudo, por hoje. Vai escrevendo.

28/03/11

Estou a precisar

Rotina

A rotina e os rituais, quando se fala de miúdos, são as melhores formas para tudo correr sobre rodas. Cá em casa, a melhor maneira de não haver birrinhas de fricção de manhã é fazer um espantalho na noite anterior, com a roupa que querem usar no dia a seguir. Quantos mais pormenores tiver, melhor.
Há dois dias passei o serão na sala com estes dois senhores. Ainda me assustei duas vezes quando olhei distraída para o sofá onde se sentaram.

Monday

27/03/11

O chão da cozinha

Odeio-o. Suja-se assim que foi acabado de lavar. Ao fim de qualquer refeição, seja pequeno-almoço, almoço, lanche ou jantar está um nojo. É bonito, mas odeio-o.

25/03/11

O rato dos dentes

Caiu mais um dente ao meu filhote. Não deu por nada e acordou com um dente a menos do que tinha ontem. Isso foi bom porque escapei-me ao ligeiro stress "tira o dente, mamã", "está a deitar sangue, mamã" e por aí fora.
Disse-lhe
Põe o dente debaixo da almofada, para o rato vir logo à noite.
Disse-me
"Eu já sei que não há rato dos dentes nenhum".
E eu disse
então não ponhas o dente.
Ficou completamente desarmado, estava à espera que eu o contrariasse e que argumentasse que sim, que há rato. Como fiz o contrário do que ele fez, ficou com um arzinho, como quem diz "se calhar ponho, não vá haver..." Mas não disse nada. Depois perguntou, com um ar romântico, onde é que eu guardo os outros dentes que já caíram. E eu disse
não guardo. Querias que guardasse?
"Não, era só para saber".
Eu, que em Andorra criei um Don Ráton para lhe deixar um presentinho depois de ter caído outro dente, acho que há histórias mágicas que não fazem mal a ninguém, antes pelo contrário e a atenção faz-lhes bem ao ego.
Estava a pensar nisso, enquanto arrumava papelada no escritório, quando, por sorte, encontrei a toca do rato debaixo de um armário. Fiquei feliz da vida, aqui está a prova de que ele precisava da existência do rato que traz presentinhos em troca de dentes.

Dúvida daquelas

Já várias vezes pensei a que é que cheirará a minha casa. Não para mim, que não devo notar cheiro nenhum porque vivo cá, mas a quem vem de fora.
Isto porque me lembro muitas vezes da casa de uns vizinhos, no prédio dos meus pais, que cheirava sempre a tangerinas, quer fosse Inverno, altura delas, quer fosse Verão. E isto foi no tempo em que a fruta era a da época e não havia cá esquisitices com frutas a virem do outro lado do mundo, em contraciclo com as nossas estações. De longe vinham as raras bananas e já era uma grande sorte. Por isso, desconfio que não havia lá tangerinas o ano todo e que aquilo devia ser algum aroma que punham, tipo detergente ou qualquer coisa.
Só falo do cheiro dessa casa porque foi um cheiro de que nunca gostei. Os primeiros momentos em casa desses vizinhos, devo dizer, metiam-me um bocadinho de nojo, porque era um cheiro que entrava pelas narinas adentro e não havia como fugir-lhe.
Por isso é que penso, a que é que cheirará a minha casa?

Live colorfully by Kate Spade

A Kate Spade consegue sempre encantar-me com qualquer coisa que faça, seja uma clutch em forma de livro, seja uma écharpe, seja um site ou um anúncio. Não tenho nada dela, com grande pena minha, mas, neste caso, os preços impedem a consumação da paixão.
Ontem o anúncio a carteiras, colorido a azul, rosa, laranja e amarelo, saltou de uma revista que comprei na loja do aeroporto (onde adoro ir por ter tantas e tão boas, mas onde vou pouco) e ficou a dizer-me enquanto lia os artigos sobre o que se vai usar na Primavera/Verão:
Live colorfully.
Live colorfully.
Amei. E foi a inspiração para o novo cabeçalho. Não está lindo, bem sei, mas tem o feel que queria que tivesse.
Tenham um bom dia, cheio de cor (ou estão todos no trânsito? Hoje já estive, por pura burrice. Quem me dera estar na praia em vez de estar aqui a fazer o que estou a fazer, não isto do blogue, mas o trabalho irritante que estou a fazer ao mesmo tempo).

23/03/11

La petite bureaucrate

Amo de paixão preencher questionários. A "petite bureaucrate" que habita dentro de mim goza de antecipação a possibilidade de ter longos questionários para preencher. Quantas mais perguntas tiver, melhor. (Também adoro o resultado mágico da agregação hercúlea de dados - somos 10.003.007, vivemos nas cidades, a maior parte das pessoas já tem esgotos em casa e por aí fora).
Acho sempre que podiam perguntar mais coisas - e deixo aqui uma lista para os senhores pensarem para daqui a dez anos:
- gosta de ler?
- é feliz?
- tem televisão?
- gosta do seu trabalho?
- como ocupa os tempos livres?
- a que é que brinca com os seus filhos?
- tem pediatra?
- público ou privado?
- os seus filhos estão no ensino público ou oficial?
- e depois destas duas últimas, como é que consegue ter dinheiro para viver?
- como é que gosta de passar as sextas-feiras à noite?
- o que é para si um dia bem passado?
- como é a sua relação com os seus vizinhos?
E isto tudo com respostas múltiplas, certamente haverá alguém para pensar em muitas perguntas que permitissem, de facto, recolhidos os dados, que se soubesse quem somos e o que fazemos.
Apesar de gostar de preencher estas coisas, por outro lado, a pequena desconfiada que há em mim pensa sempre "será que estes dados que tão alegremente partilho irão, algum dia, virar-se contra mim?", ao mesmo tempo que escrevo ou dedilho dados e dados sem fim. Alguns sei-os de cor, é mais fácil preencher, outros tenho de puxar papéis, recuperar informação.
Amo. Se alguém quiser ajuda para preencher os seus Censos 2011, eu dou.

O catálogo dos sonhos

Insistes e voltas a insistir:
"Mas com que é que tu sonhas?"
E eu, que como já te disse, acho que a noite é para dormir, digo-te,
De noite durmo. Prefiro sonhar de dia. E passo o dia a sonhar, nas coisas que hei-de fazer, nas que fiz, nas que gostava de ver, nas que gostava de fazer, onde gostava de ir...
Insistes, pressionas. Contas os teus sonhos, claros como água, alguns querem dizer coisas concretas, outros são misteriosos. Pressionas mais um pouco, lá puxo pela cabeça, o problema é que não me lembro do que sonhei quando acordo,
Sabes? Eu acho que tenho o sono muito pesado, sonho também de noite, mas geralmente só me lembro de sonhos perturbadores e, graças a Deus, esses sonhos agora são raros.
"Mas como?"
sei lá...
Olha, a última vez que me lembro de ter tido um sonho foi na noite em que fomos ver o Cisne negro. E aí sonhei. Passei a noite a sonhar, um sonho peganhento, que não se foi embora depois de acordar, por muito que eu o sacudisse e que, ainda hoje, salta nos meus olhos. Um sonho pesadelo, que ainda não digeri completamente. Começa com a sequência mais angustiante do filme, em que a bailarina rodopia sem parar, mesmo no final, não sei quem está a dançar, acho que não sou eu, é alguém em sofrimento, com uma intensidade frenética e arrepiante. Aterrador. E ao fim de um bom bocado de rodas alucinantes - em que sinto a dor que deve estar no arco do pé, nos tendões castigados pela vaidade, do ego esmagado e recuperado, já não é a bailarina que dança. É a imagem dos braços abertos do meu primo igual ao meu irmão. E acordo mal-disposta e esmagada, mais uma vez, pela constatação de que ele não está cá.
Falamos mais um pouco, tu adormeces.
Eu vou para a sala, fico sem dormir até às duas ou às três.
Pressionada, hoje sonhei que estava outra vez a preparar a festa do nosso casamento. Andava num autocarro maluco, que seguia a 200 à hora, passando por estradas totalmente esburacadas. Tinha um condutor e um assistente, sentado duas filas atrás, que ia dando instruções:
"Estás a ver aquele buraco? Acelera como fazemos nos carros." E passo, de uma terra para outra, à procura de um bonito palácio - estão todos arruinados, mas têm aquela beleza que sabes que encontro nas casas antigas-, do edifício de um tribunal que agora é a fachada de um centro comercial, de uma clareira passo para a outra, a discutir talheres, toalhas e pratos.
Depois acordei. Se perceberes o que é, diz. Eu acho que quer dizer que eu gosto de festas... Enjoy.

21/03/11

Dia de "eu"

Hoje acordei com 34 anos. Tranquilo, é igual aos 33. Os miúdos acordaram em grande excitação, aos pulos "parabéns mamã". Que bem que me sabe fazer anos na vossa língua. Ainda foram para a escola a comemorar o acontecimento, depois de me terem dado uma prenda, que estrearam mesmo antes de sair de casa.
Eu não suspeitava o que seria - o miúdo mais velho só descreveu aí umas 50 vezes o que ia ser a prenda, onde tinham comprado, tinham ido ver o preço cá mas tinham comprado na net, porque "cá era muito mais caro", como iria chegar cá a casa, "cá a casa não, ao escritório do pai, que é para não seres tu a receber a prenda, sabias que isso era possível mãe?" e, finalmente, deixado escapar concretamente o que seria a prenda, aí mais umas 30 vezes, repetindo depois baixinho "mas quando abrires finge que não sabes o que é, ok?"
E assim fiz.
Deixei-os na escola, mesmo a tempo de uma amiga me oferecer um café e um bocadinho de conversa comemorativos do dia. Almoço no Largo, no Chiado, com um clássico debaixo do braço, oferecido pelo maridinho querido. O jantar com os meus pais foi em casa da minha irmã, com direito a um concerto dado pelas primas mais pequenas, com os mais crescidos a dançar na orla da sala. Prendas muito queridas e iguais às que eu escolheria para mim. Genial.
O telefone tocou e voltou a tocar, o que é sempre bom e me faz sentir especial e contente e feliz - é assim com toda a gente? -, mas o facebook tem estado imparável. Diferentes maneiras de celebrar.
E se há coisa de que eu gosto é de fazer anos. Pois é. Obrigada a quem ligou, apareceu, smsou ou congratulou. Adorei.

19/03/11

Estar atenta

Hoje dois candeeiros públicos, um na Baixa outro em Santos, estiveram entretidos a brincar comigo, acende apaga acende apaga, para se certificarem de que eu os via. Vejo. Vejo tudo.

A lua

Vamos de mão dada buscar um filme depois do jantar.
Olha, já viste a lua? Está tão grande!
"pois está, mamã. Quem foi que encheu?

17/03/11

Feliz/triste

Dizes, com o maior sorriso do mundo,
"Bom dia, senhor..."
E fazes um senhor o mais feliz do mundo. E depois acrescentas:
"... senhor velhote".

16/03/11

Handyperson

Cá por casa a handyperson sou eu. Desculpa amigo, mas é verdade. Eu dizer-te que as paredes estão a cair aos bocados ou que está Sol é-te igual. Tenho uma lista de coisas para arranjar, algumas que não me aventuro a fazer, mas aproveito os minutos mortos enquanto espero por aprovações de trabalho para arranjar algumas coisinhas cá em casa.
Hoje pus silicone nas juntas da bancada da cozinha e na banheira da nossa casa de banho e parecia uma profissional, usando o dedo molhado para alisar o silicone e tudo - é claro que tive um panic moment quando vi que tinha as mãos todas brancas do silicone e li na embalagem que aquilo era irritante para a pele. Acabou por sair, mas só depois de ter lavado as mãos com água quase a ferver e detergente "dá para mais de 700 lavagens" e de ter esfregado com uma toalha de cozinha.
Na sena arranjadeira, arranjei também a máquina de café, com a preciosa ajuda de um rapaz muito simpático da Nespresso. Não era nada de grave, mas estava a emperrar e coisas que emperram irritam-me. Me likey coisas arranjadas.

Brio

E o que eu amo os senhores do Brio? Além de terem aberto um mega supermercado lindão ao pé de mim, foram tão queridos com os meus filhos na semana passada, mas tão queridos, que ganharam aqui uma fiel amiga.
Não é só pelos produtos. Porque eu adoro o que lá vendem, desde a carne, a fruta e os legumes, adoro as gingas congeladas, adoro os frutos secos, os queijos, as bolachas e os chocolates. Adoro os detergentes ecológicos, que deixam a roupa suave suave.
Com o Brio por aqui, deixei de ter de atravessar toda a 2ª circular até Figo Maduro para ter produtos biológicos de qualidade.
E ao serem pacientes e queridos com miúdos a fazerem disparates só ganham. Porque o bom serviço ao cliente está nestas pequenas coisas.
Só é pena não terem pães com nomes esquisitos.

Assim sim

Acaba de me ligar uma senhora muito simpática do Continente online a dizer que as caralhotas estão em ruptura de stock e que não vão poder enviá-las. Da conversa de cinco minutos que tivemos ao telefone esta foi a única expressão que eu ouvi. Fazer a encomenda no computador é meio asséptico, não tenho de falar com ninguém e dá para o disparate. Pedi essas coisas - que são um tipo de pão - só pelo nome, admito, para gozar um pouco o prato. Agora a senhora ter de saber que eu compro caralhotas é muito mau. Foi só desta vez, juro.

14/03/11

Nuclear

Se depois do que aconteceu em Tchernobil em 1986 ainda alguém pudesse defender o nuclear, o violento terramoto no Japão, um dos países mais civilizados do mundo, vem arrasar por completo a defesa dessa energia.
Desastres naturais como terramotos são imprevisíveis. A Ucrânia era a Ucrânia e em 1986 era 1986. Mas hoje é 2011 e o Japão é um dos países mais civilizados do mundo. E não há nada que estejam a conseguir fazer para evitar o desastre nuclear.

11/03/11

8,9

No Japão, a vida desaba sob um abalo de 8,9 na escala de Richter, seguido por mais inúmeros abalos. Vejo na CNN barcos, carros, casas, um comboio a serem arrastados pelo campo adentro, como se fossem brinquedos, vejo carros virados dentro de água, como peixes mortos de barriga para o ar. Sinto o coração pequenino, a pensar nos miúdos que estão longe dos pais na escola, nos pais que estão longe dos filhos. Na interrupção brutal na vida de todas estas pessoas iguais a nós.
A contagem de mortos vai em dez.

Coma com pão

Os meus olhos - e mais tarde - a minha boca nem queriam acreditar quando encontrei ontem o chocolate com que sonhei tantas vezes, Coma com pão. Está de novo à venda (penso que deixou de estar durante uns tempos, daí o fascínio) e vem em embalagens de três. Um para mim, um para o meu amigo preferido e outro para quem o apanhar. A marca Regina, a fábrica Imperial, mais uma vez, a recuperarem os chocolates míticos da minha/nossas infâncias. Delicioso.

08/03/11

Sondagem rápida

Eu sei que hoje é o Dia da Mulher e da independência das mulheres e da igualdade entre os sexos, blá blá blá.

Mas quem é que acham que deve ter a responsabilidade de mudar lâmpadas fundidas numa casa de família?

[nota: há duas casas de banho que já não têm luzes no tecto há meses cá em casa e hoje fundiu-se uma das lâmpadas do exaustor, pânico]

07/03/11

O hit do passeio

A escola fechou, fomos passear os três, autocarro até ao Marquês e depois Metro,
Querem Baixa ou Chiado?
"Chiado",
Os dois ao mesmo tempo.
Vamos lá então, passear, ver as montras, comer um gelado ao Santini,
Tem de me dar outro gelado, que a minha filha deixou cair o dela...
Gostaram muito do passeio, a meio ainda nos juntámos aos primos e fartaram-se de brincar. Comprámos alguns miminhos, nomeadamente um vestido de Baptizado para a minha futura afilhada, um chapéu para o don Corleoni mais velho e uma gravata fininha para o mais novo.
Querem saber qual foi o hit do passeio? Acho que fizeram um xixi ou um cocó em todos os sítios por onde passámos.

05/03/11

Trocadilhos II

O Carnaval, certamente, presta-se a isto:
Miúda, queres ir à festa de segunda vestida de gangster ou de senhora dos anos 20?
"diz lá quais são as hipóteses, hamster e qual é a outra?"

04/03/11

Trocadilhos

"Mamã, os primos levavam muitas sapatilhas", diz a mais pequena.
???
"Para atirar"
???

"Eram serpentinas", clarifica o mano.

Happy

Os disfarces de Carnaval ficaram muito fixes. Não tive tempo para fazer o vestido que queria para a miúda, foi com um de pret a porter, mas a capa cor de rosa até aos pés ficou um sonho. O miúdo foi de palhaço e estou tão orgulhosa porque fui eu que fiz tudo, reciclando. Iam tão contentes. E eu também.

03/03/11

Concordo

"Tanto os optimistas como os pessimistas contribuem para a sociedade. Os optimistas construíram os aviões; os pessimistas os pára-quedas."
George Bernard Shaw
via QuoteVadis

A mexer

Comecei finalmente a ir ao ginásio com o que espero seja ritmo e, pela primeira vez na vida, estou a gostar. A gostar do ginásio em si, a gostar das pessoas que por lá encontro e a gostar das aulas. Ainda não me queixei a ninguém das dores paralelas, o que me parece um bom sinal.
No ginásio, continuamos a ir para sítios diferentes, eu vou para a esquerda quando o resto da turma vai para a direita, eu vou para a direita quando eles vão para a esquerda, eu vou para a frente quando eles vão para trás e vice-versa. E isso é quando estou coordenada. O pior é quando faço coisas que mais ninguém está a fazer ou quando congelo porque já não me consigo mexer.
A propos, saiu hoje no NYTimes um artigo fantástico que diz que o exercício faz as pessoas ficarem mais novas. Quer dizer, conclui isso, dizendo que os ratos que fazem exercício têm menos cabelos brancos e têm maiores testículos e ovários. Não sei em relação aos testículos propriamente ditos, mas já gostava de não ter tantos cabelos brancos. [O que eu não gosto mesmo é quando amigos de infância ou primos me dizem "eh, estás cheia de cabelos brancos..." como quem diz "eh, conheci-te quando eras pequena e agora estás velha como o raio..."]
Haverá melhor comparação que a de ratos e a de desporto de ginásio? Não há. Portanto, estou à espera de voltar a ter a cabeleira colorida. Só de uma cor. Que não seja branca.

02/03/11

Homens

Acabo de me aperceber que tenho muito mais facilidade em criar personagens homens do que mulheres. Por que será?

O Carnaval

Sempre adorei o Carnaval. Não aquela coisa pirosa do Carnaval brasileiro, que parece que estão todos a levar choques eléctricos nas partes íntimas, mas o Carnaval meio aldrabado a que brincávamos lá em casa.
Éramos nós que arranjávamos qualquer coisa para vestir e só isso era 90 por cento do gozo. Quatro crianças a correr pela casa a tentar construir personagens credíveis a partir de muito pouco era de morrer.
Em casa dos meus pais havia: o fato de minhota da minha mãe, um pedaço enorme de cetim verde água, o vestido da comunhão solene da minha mãe, a colecção de gravatas do meu pai e algumas jóias de pechisbeque e lenços.
Em casa dos meus avós, ao lado da nossa, a coisa mudava de figura: um kimono, tailleurs do nosso tamanho (não percebo porquê, que a minha avó sempre foi alta), chapéus de coco, chapéus de senhora, chapéus de rede, estolas, vestidos variados, lenços e brocados, até o raio das camisas de noite da minha avó eram de sonho. E os laços da casaca e as luvas dos fatos de cerimónia e os xailes e arcas cheias de coisas deliciosas.
Por tudo isto, safámo-nos sempre bem nas máscaras. E nem sequer percebíamos que "aquilo" não eram disfarces perfeitos.
A primeira vez que percebi que havia um outro nível de disfarces foi quando vi o karate kid. Lembro-me de ter babado quando o miúdo se vestiu de chuveiro para uma festa e lembro-me de ter babado também quando vi uma fotografia de uma rapariga mascarada de cabine telefónica, daquelas vermelhinhas.
Não gosto muito dos fatos já perfeitos, brilhantes, de cetim e mega baratos que vêm da China. Por isso, este ano decidi fazer eu, comprando os tecidos, incluindo feltro para fazer uma capa para a princesa...
E o raio do Carnaval é já na sexta, que é também o deadline de um projecto muito importante que estou a fazer.
Por isso, se tiverem boas vibrações enviem-nas para cá, que eu estou a precisar.

01/03/11

Correr na areia


Sábado tivemos praia. E Sol. Um senhor a fazer de gaivota, equilibrado nas rochas da praia. E água do mar a trepar por nós acima, sem pedir autorização, como se não se importasse de nos ter ali, mas como se não quisesse que partíssemos sem uma recordação. O Guincho é uma praia assim. Nos raros dias em que parece dócil, continua a ser um bicho maluco e temos de ter muito cuidado com ele.
Portanto, o fim-de-semana foi muito bom, entre o Sol de Sábado e o Sol de Domingo, a fazer tempo numa esplanada do Jardim Zoológico, à espera que os miúdos saíssem de uma festa.
Os ténis estão a secar há dois dias à janela. Hoje tenho frio e estou a trabalhar enrolada numa manta.

Ontem morreu o pai de uma amiga e as fotografias dos netos ao colo do avô postas à entrada do velório partiram-me o coração.