23/02/12

A dama de ferro

Esquece a história - sei tudo o que se passou, lembro-me de tudo como se fosse hoje, lembro-me das manifestações, das greves, dos mineiros, do lixo a acumular-se nas ruas, lembro-me das Malvinas, lembro-me muito bem da primeira-ministra. O que não lia nos jornais - que lia todos os dias, religiosamente -, via no telejornal, com imagem granulada, antes de ou à hora de jantar. Era pequenina, mas acho que gostava de Margaret Thatcher, justamente por ser uma pessoa muito forte (nunca porque tivesse tido ilusões de ser primeira-ministra, não, era muito mais básica do que isso nas ambições).
O ponto de vista do filme, que vimos ontem, é super deprimente. É o ponto de vista de uma mulher abandonada, velha e desorientada, com muitas memórias para sentir, em luto e sem querer reconhecer que está em baixo. O momento mais tramado foi quando viu as filmagens feitas na praia, anos antes, em que os filhos pequenos andam a brincar de um lado para o outro. Cortou-me o coração mesmo - mas não é por ser a família perdida de Margaret Thatcher, isso é problema da senhora, é mesmo porque é um dos meus soft spots.
Redundancy, é uma das palavras que a dama de ferro sublinha num discurso antes da explosão no hotel onde estava alojada, em 1984 - lembro-me disso. E redundancy é a palavra que fica na minha cabeça quando saio do cinema.

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