Estava tudo a correr tranquilamente, como uma visita a um museu, aqui uma fotografia, aqui um quadro. Não há lá nada de que não me lembre.
O que arrasou comigo foi o roupão do avô, o armário da casa de banho e, ainda pior, o açucareiro de porcelana com a tampa colada. Confirmei rapidamente que tinha o açúcar amarelo dentro e acho que isso ainda foi pior. O açucareiro onde pescava com a avó os torrões que a humidade fazia. A gaveta das tampas das panelas, a taça de fazer bolos, as chávenas de melamina e o frigorífico. O frigorífico mais espectacular que já vi. Com o interior azul. A caixa de costura de metal verde e branco sujo. As nossas fotografias em miúdos.
As coisas que me dizem mais são aquelas em que mais mexia, as coisas mais básicas, iguais às que há em todas as casas. E o livro de receitas da avó. Escrito a ponto de cruz.
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