Uma pequena quadra para animar o fim de ano e, potencialmentr, o princípio do próximo:
"se anda gastroenterite no ar,
Sei bem quem a vai apanhar."
Esta bela quadra foi-nos trazida por uma ouvinte que passou a última noite e quase o dia todo a segurar a cabeça de um bicho pequenino e no hospital a ajudá-lo a recuperar as forças. (dois em cada três dos miúdos estavam com bronquiolite, bebés pequeninos com imenso trabalho para respirar, coitadinhos.)
31/12/10
29/12/10
Será castigo divino?
Hoje passei o dia todo a sentir um ténue cheiro a bufa por todo o lado por onde andei, nas lojas, na rua e até no parque de estacionamento do Colombo. A culpa será das pesadas comidas natalícias que toda a gente anda a comer ou terá sido castigo divino por ontem ter falado nas necessidades fisiológicas do Papa?
Desabafo
Quem não reclama na hora certa fica acordada na cama à noite e tem dores de estômago no dia a seguir. Ver o E.R. às duas não ajuda a ficar com mais sono.
28/12/10
No meu quarto
Há duas semanas, encontrei no meu quarto um senhor pastor com um capote alentejano e chapéu, que está acompanhado por um pastor alemão. Estão há que tempos ali, sentados, olhando o horizonte, em silêncio, certamente ouvindo o barulho do vento nas árvores.
Amorzinho, talvez esteja na altura de pintarmos as portas.
Amorzinho, talvez esteja na altura de pintarmos as portas.
Nos últimos tempos...
- Tenho-me lembrado muitas vezes de uma frase, que faz cada vez mais sentido, especialmente quando vejo os bebés a serem passados de uns colos para os outros, quando vejo os bebés dos amigos e os meus crescerem e tornarem-se independentes, quando vejo virem novos bebés e quando percebo que nada disto pode ser feito sozinho:
"it takes a village to raise a child".
Não sei quem disse, mas faz sentido.
- Acho que estou em modo inventário. Sabem aqueles dias em que apetece pôr papéis pardos nas montras e fingir que não estamos para ninguém que traga perguntas complicadas ou assuntos desinteressantes? Pois. Ando, verdadeiramente, a fazer um balanço. Do ano, da década, da vida. Está a ser divertido.
- Não tenho nada que me apeteça vestir. Só me apetece reciclar as minhas camisolas e as minhas camisas todas e começar do zero, desta vez com um reclame na carteira "não vale a pena comprar coisas baratas". Mas agora não tenho dinheiro para isso.
- Irrito-me imenso com pessoas com a mania da superioridade. Aí, lembro-me de outra frase muito acertada e que significa que somos todos iguais:
"até o Papa caga".
"it takes a village to raise a child".
Não sei quem disse, mas faz sentido.
- Acho que estou em modo inventário. Sabem aqueles dias em que apetece pôr papéis pardos nas montras e fingir que não estamos para ninguém que traga perguntas complicadas ou assuntos desinteressantes? Pois. Ando, verdadeiramente, a fazer um balanço. Do ano, da década, da vida. Está a ser divertido.
- Não tenho nada que me apeteça vestir. Só me apetece reciclar as minhas camisolas e as minhas camisas todas e começar do zero, desta vez com um reclame na carteira "não vale a pena comprar coisas baratas". Mas agora não tenho dinheiro para isso.
- Irrito-me imenso com pessoas com a mania da superioridade. Aí, lembro-me de outra frase muito acertada e que significa que somos todos iguais:
"até o Papa caga".
27/12/10
Coisas que não lembram a + ninguém
Conversa ontem de manhã, enquanto esperávamos que o pai pusesse gasóleo no carro:
Eu
"sim, querido, depois podes fazer isso."
A miúda que fazia anos
"querido? Tu chamaste querido ao mano..."
Eu
"sim, porque ele é querido"
Mano mais velho complacente
"ih ih ih, ela está cheia de ciúmes"
A miúda que fazia anos
"não estou, não. Isto é pele seca."
Eu
"sim, querido, depois podes fazer isso."
A miúda que fazia anos
"querido? Tu chamaste querido ao mano..."
Eu
"sim, porque ele é querido"
Mano mais velho complacente
"ih ih ih, ela está cheia de ciúmes"
A miúda que fazia anos
"não estou, não. Isto é pele seca."
25/12/10
24/12/10
O Natal das caixinhas
Já não é deste ano. Aliás, tornou-se mesmo uma das tradições natalícias por excelência. Por estes dias, toda a gente leva, pelo menos, uma caixinha branca para casa. Os com menos tempo ou paciência levam tudo em caixinhas ou caixas grandes, empilhadas umas em cima das outras, os mais tradicionais levam menos.
A tradição agora é começar a experimentar as iguarias nas várias pastelarias, logo no início de Dezembro, para ir vendo quais são as melhores. Quem andar mais distraído já sabe que, ao chegar a véspera de Natal, por norma, as maiores filas indicam onde é que os doces são melhores. E é só entrar e comprar.
Este ano ainda só comi uma filhó, que toda a gente chama coscorão, mas que cá em casa são filhós. E estava boa. E é das coisas que vale a pena comprar feito porque nos dispensa da seca de estar a fritar coisas horas sem fim.
Lembro-me de passar horas a fazer filhós com a minha avó, a misturar os ingredientes todos, a deixar a massa repousar debaixo dos cobertores de papa, a imitar a avó enquanto fazia as rezas mágicas para a massa crescer - sem acreditar muito nessa possibilidade - e depois vê-la, no fim do tempo, enorme, uma bola redonda e luxuosa de massa, que tendíamos fininha e cortávamos com a ferramenta canelada para fazer as melhores filhós que já comi em toda a minha vida. A avó fritava-as, pacientemente, e eu ía comendo o que saía. Uma delícia.
Ontem, fizemos cento e muitas broas de Abrantes, com nozes e mel, a única indulgência típica do Natal que fazemos todos os anos. Estivemos também umas boas horas a fazê-las - a minha mãe mais tempo porque ficou a tirá-las do forno - e ficaram maravilhosas.
Hoje esqueci-me de ir buscar uma caixinha branca pequena de filhós para o jantar. Por isso, a consoada em casa dos meus pais não tem fritos. Nem um. O que até é bom, convenhamos.
A tradição agora é começar a experimentar as iguarias nas várias pastelarias, logo no início de Dezembro, para ir vendo quais são as melhores. Quem andar mais distraído já sabe que, ao chegar a véspera de Natal, por norma, as maiores filas indicam onde é que os doces são melhores. E é só entrar e comprar.
Este ano ainda só comi uma filhó, que toda a gente chama coscorão, mas que cá em casa são filhós. E estava boa. E é das coisas que vale a pena comprar feito porque nos dispensa da seca de estar a fritar coisas horas sem fim.
Lembro-me de passar horas a fazer filhós com a minha avó, a misturar os ingredientes todos, a deixar a massa repousar debaixo dos cobertores de papa, a imitar a avó enquanto fazia as rezas mágicas para a massa crescer - sem acreditar muito nessa possibilidade - e depois vê-la, no fim do tempo, enorme, uma bola redonda e luxuosa de massa, que tendíamos fininha e cortávamos com a ferramenta canelada para fazer as melhores filhós que já comi em toda a minha vida. A avó fritava-as, pacientemente, e eu ía comendo o que saía. Uma delícia.
Ontem, fizemos cento e muitas broas de Abrantes, com nozes e mel, a única indulgência típica do Natal que fazemos todos os anos. Estivemos também umas boas horas a fazê-las - a minha mãe mais tempo porque ficou a tirá-las do forno - e ficaram maravilhosas.
Hoje esqueci-me de ir buscar uma caixinha branca pequena de filhós para o jantar. Por isso, a consoada em casa dos meus pais não tem fritos. Nem um. O que até é bom, convenhamos.
21/12/10
A todo o vapor
Sempre detestei secar o cabelo em casa. A um terço do fim do processo já penso que vou ficar sem o braço que está a segurar no secador e começo a pensar que já está com óptimo aspecto. Por isso, geralmente estico bem as duas partes da frente. Isto porque divido o cabelo em partes. Há uma, de trás, onde nem sequer chego. Depois há três de cada lado da cara, duas mais atrás, duas no meio e mais duas à frente. Nas da frente, se estou com paciência, aplico-me verdadeiramente. Nas de trás, nem por isso. Devo referir que tenho um secador profissional e um ferro de alisar e que são os dois óptimos, não são daquelas manhosices de secadores de viagem com 350 watts. Eu é que não tenho paciência.
Agora, de cada vez que tenho de secar o cabelo aspiro por ter um equipamento como os secadores de mão nucleares que experimentei pela primeira vez no aeroporto de Gatwick e dos quais fiquei fã.
Sabem o que é que isto quer dizer, não sabem? Está na altura de cortar outra vez o cabelo.
Agora, de cada vez que tenho de secar o cabelo aspiro por ter um equipamento como os secadores de mão nucleares que experimentei pela primeira vez no aeroporto de Gatwick e dos quais fiquei fã.
Sabem o que é que isto quer dizer, não sabem? Está na altura de cortar outra vez o cabelo.
18/12/10
Incoerência
Da janela da sala vejo o meu carro a brilhar. Veio ontem da oficina, onde esteve quatro dias para se pôr bom das mazelas provocadas por um grandalhão que não me viu há uns tempos atrás. O meu carro é conhecido por aqui por ter uma certa patine, um je ne sais quoi, e estar, como é que hei-de dizer a descascar. Da janela da sala só vejo o lado que foi pintado. E, esse, está a brilhar.
17/12/10
Antes da vida digital
Nos anos 80, quando não havia facebook, nem linkedin, nem telemóveis, nem quase sequer telefones com memória para os números de telefone, a popularidade de uma pessoa media-se pelo número de cartõezinhos do "Sempre em festa" que tínhamos.
Para quem não se lembra, estes cartões eram pequenos rectângulos de cartão às cores de um dos lados e com um desenho a ilustrar e eram brancos do outro lado. Serviam para partilhar os contactos, tipo os cartões de visita dos adultos, para deixar recados, para escrever dedicatórias, para pedir em namoro e até para marcar território, como etiquetas para mochilas e dossiers. Os cartões vendiam-se em pacotes de 70 ou 80, no "Sempre em festa", que era uma loja super beta nas Amoreiras, que tinha coisas muito cobiçadas.
A minha irmã descobriu em casa dos meus pais uma caixa recheada de pequenos tesouros, que incluía esta colecção de cartões. Tenho a ideia que me faltam imensos, porque lembro-me que tinha muitos azuis e também cor-de-rosa. Um pormenor engraçado era que tanto as raparigas como os rapazes aderiram à moda, que deve ter desaparecido por volta de 1990 ou 91.
Lembro-me que nos entretinhamos a ordenar os cartões e que quase toda a gente tinha um molhinho seu para distribuir. Dos meus, não tenho nenhum.
16/12/10
Pai Natal antecipado
O meu filho mais velho nem queria acreditar quando lhe pedi para abrir o correio e saiu de lá de dentro um envelope castanho em seu nome, que trazia um livro do João Pastel. O tal que ele pediu ao Pai Natal - em quem não acredita - numa carta que lhe tinha escrito.
A história é linda - os senhores da editora Booksmile, que edita o João Pastel, leram aqui a carta, tentaram descobri-lo e decidiram fazer-lhe uma surpresa. Foram uns queridos. E deixaram-no baralhado mais um tempinho.
Por cá, eu vou sempre repetindo "não importa em que é que acreditas. O que é importante no Natal é a magia".
A história é linda - os senhores da editora Booksmile, que edita o João Pastel, leram aqui a carta, tentaram descobri-lo e decidiram fazer-lhe uma surpresa. Foram uns queridos. E deixaram-no baralhado mais um tempinho.
Por cá, eu vou sempre repetindo "não importa em que é que acreditas. O que é importante no Natal é a magia".
15/12/10
A evolução da espécie
Adorei este poster dos Beatles (que encontrei no blogue A cup of Jo). À venda por 59,99$ no site do autor, Max Dalton, é uma bela prenda de Natal ou de anos para um fã dos fab four. Lá há montes de outros posters divertidos, ideais para decorar o quarto ou o loft (não o meu, que eu não tenho um).
Nota final: eu não quero, só achei giro, ok?
A magia do Natal
Esta é a sala de jantar dos ursinhos. Tem retratos de família, uma casa de bonecas, cortinas, um repasto em cima da mesa e um ar vitoriano chique. É uma das montras do Hamley's, a enorme e famosa loja de brinquedos de Londres. Muitas montras de Londres são assim na altura do Natal, um sonho.
Fazem-me regressar ao Chiado de que falo muito e às montras do Grandella e dos Armazéns do Chiado, há muitos muitos anos, de mão dada com os meus pais e irmãos. Lembro-me facilmente do tempo que passávamos de narizes colados aos enormes vidros, a ver todos os pormenores da cidade dos brinquedos, dos comboios que andavam a circular pela cidade, as bonecas que eu queria ter no sapatinho, se me portasse muito bem o menino Jesus havia de mas trazer.
Nesses armazéns só comprei uma vez uma Barbie, com dinheiro que juntei, já nem sei como, mas deve ter sido do Natal dos meus avós ou de semanadas, custou mil e novecentos escudos. Lembro-me como se fosse hoje e já deve ter sido há 27 anos. Acho que é por isso que o Natal só começa verdadeiramente para mim quando vamos todos ao Chiado ver as montras.
A Hamley's propriamente dita faz-me lembrar da primeira vez que fui a Londres, também com os meus pais e os meus irmãos todos, e em que ficámos encantados com os senhores que anunciavam "self-tying shoelaces" e outras maravilhas do momento na loja. Desta vez, deixámo-nos inebriar com um disco voador mágico, que andamos a aprender a controlar só com a força da mente (eu não, guardo as minhas forças para outras coisas).
Desta vez, as montras do Harrod's ainda eram mais de sonho, já falei delas, com a história do Peter Pan, mas esqueci-me de as fotografar. Nem sequer levei máquina, como quase sempre faço, por achar que vai ser um peso.
Por Lisboa, o que se usa por estes dias são as montras minimalistas - isto é, dispõe-se quase nada, o que é uma tristeza. A Bershka tem umas montras giras este Natal, a recuperar a imagem vintage, tão na moda. Uma outra loja em Campo de Ourique também me surpreendeu, mas não sei o nome, apesar de termos comprado umas coisas bem giras lá.
Tenho pena de não ter fotografado também as montras da Fortnum & Mason, com espectaculares quadros dos mestres a três dimensões, que pareciam saltar na nossa direcção, assim, sem óculos dos men in black nem nada.
Quem sabe de lojas que estejam giras para eu ir ver para a semana com os miúdos quando eles estiverem de férias? (Por enquanto, estou cheia de coragem, já comprei os bilhetes para o autocarro para irmos passear para Lisboa, um dia ao Chiado, um à Avenida de Roma, um à Baixa, um a Campo de Ourique, um, se calhar, ao circo da Feira Popular e ainda hei-de pensar em mais. Claro, aceito sugestões e combinações).
14/12/10
Os perigos de saber ler
Eu a achar que agora tinha de arrumar nas prateleiras mais altas alguns livros eventualmente mais chocantes para escaparem aos olhos de leitor devorador do meu filho e que isso era o suficiente para o proteger das palavras maléficas. Afinal não é assim tão simples.
Numa festa de anos no Fun Center do Colombo, chegámos quando já quase todos estavam sentados na mini montanha-russa, preparados para arrancar na aventura. Pois. Mesmo ao lado das escadas que dão acesso aos carrinhos há umas caixas de luz que têm esta bela inscrição a vermelho "Perigo de morte". Tão certo como 2 mais 2 serem 4, como ele já ensinou à mana, "nem pensem que eu vou andar nisso". E não andou.
Uns amigos, pais de uma colega dele, queixam-se, no mesmo estilo, da carrinha com dizeres de uma sex shop que está quase sempre parada à porta de casa deles. "Mãe, o que é que quer dizer...?"
O mundo pode ser mau... E quem se trama são os pais. Mais uma vez, claro.
Numa festa de anos no Fun Center do Colombo, chegámos quando já quase todos estavam sentados na mini montanha-russa, preparados para arrancar na aventura. Pois. Mesmo ao lado das escadas que dão acesso aos carrinhos há umas caixas de luz que têm esta bela inscrição a vermelho "Perigo de morte". Tão certo como 2 mais 2 serem 4, como ele já ensinou à mana, "nem pensem que eu vou andar nisso". E não andou.
Uns amigos, pais de uma colega dele, queixam-se, no mesmo estilo, da carrinha com dizeres de uma sex shop que está quase sempre parada à porta de casa deles. "Mãe, o que é que quer dizer...?"
O mundo pode ser mau... E quem se trama são os pais. Mais uma vez, claro.
11/12/10
A entrar em auto-combustão
O meu cérebro quase que explode nesta altura do ano, tal é a vontade de fazer coisas. Tenho as superfícies todas da casa cobertas de tecidos, tesouras, fitas, galões, botões e muitas outras coisas variadas para fazer presentes.
Hoje fiquei brutalmente frustrada quando foi, literalmente, por água abaixo aquilo que eu considerava o início de uma brilhante carreira a criar os globos de neve mais bonitos do mundo, românticos e naif ao mesmo tempo, recheados de magia e beleza.
Tinha os ingredientes todos, já tinha forrado a tampa do frasco com tecido de xadrez, já tinha colocado um bambi, um pai Natal e um pinheiro sobre o chão de neve, já tinha feito a mistela de glicerina líquida e água, com uns pozinhos de perlimpimpim para parecer neve, já tinha fechado o frasco e estava tudo lindo e perfeito e romântico e naif ao mesmo tempo e ia ser uma prenda mesmo linda e eu olhava embevecida para a minha criação a imaginar a satisfação que os meus sobrinhos iam retirar daquele pedaço de magia, até que...
... a porcaria do frasco não vedava como deve ser e o líquido saiu quase todo do frasco. Fiquei tão irritada que nem sequer tentei recuperar nada.
Lixo.
Próximo.
Orgulho, orgulho, nas três almofadas iguais a esta que "eu fiz". Na realidade, eu só escolhi o tecido, cortei e cosi, com um belo e aprumado ponto atrás, à mão. Houve então um pequeno problema: quando virei o tecido do avesso, os pontos não eram suficientemente fortes para o uso que iriam ter. Lá tive de ir pedir à minha mãe que fizesse verdadeiramente as almofadas. Ficaram lindas, obrigada, mãe.
Hoje fiquei brutalmente frustrada quando foi, literalmente, por água abaixo aquilo que eu considerava o início de uma brilhante carreira a criar os globos de neve mais bonitos do mundo, românticos e naif ao mesmo tempo, recheados de magia e beleza.
Tinha os ingredientes todos, já tinha forrado a tampa do frasco com tecido de xadrez, já tinha colocado um bambi, um pai Natal e um pinheiro sobre o chão de neve, já tinha feito a mistela de glicerina líquida e água, com uns pozinhos de perlimpimpim para parecer neve, já tinha fechado o frasco e estava tudo lindo e perfeito e romântico e naif ao mesmo tempo e ia ser uma prenda mesmo linda e eu olhava embevecida para a minha criação a imaginar a satisfação que os meus sobrinhos iam retirar daquele pedaço de magia, até que...
... a porcaria do frasco não vedava como deve ser e o líquido saiu quase todo do frasco. Fiquei tão irritada que nem sequer tentei recuperar nada.
Lixo.
Próximo.
Orgulho, orgulho, nas três almofadas iguais a esta que "eu fiz". Na realidade, eu só escolhi o tecido, cortei e cosi, com um belo e aprumado ponto atrás, à mão. Houve então um pequeno problema: quando virei o tecido do avesso, os pontos não eram suficientemente fortes para o uso que iriam ter. Lá tive de ir pedir à minha mãe que fizesse verdadeiramente as almofadas. Ficaram lindas, obrigada, mãe.
09/12/10
Lego ou Meccano para o Natal
Keep it simple. Se quando éramos miúdos adorávamos brincar com Lego e com Meccano, é provável que os nossos filhos também gostem. O meu pai brincava com Meccano quando era miúdo - não sei se foi o meu pai que mo disse se fui eu que supus, tal era a animação com que brincava connosco a estes jogos. Estes e o óbvio comboio, no qual não podíamos tocar. Podíamos ver, mas tocar é que não. Descobri mais tarde que quase todos os meus amigos tinham passado pelo mesmo.
Por isso, este ano vamos investir ou num Meccano ou num Lego para o mais velho.
Por isso, este ano vamos investir ou num Meccano ou num Lego para o mais velho.
07/12/10
Que bela conjugação
A história e as tradições sempre me maravilharam. Sempre adorei entrar em ambientes antigos que se modernizaram, que fazem parte dos dias de hoje, sem terem perdido a sua alma. No mesmo estilo, fazem-me pena os sítios que, tendo sido glamorosos, perderam a sua modernidade, deixaram passar o comboio e apresentam-se assim, meio perdidos, como a casa de uma tia velhota onde nos entristece ir por ter perdido o glamour que lhe atribuíramos na infância.
A pastelaria Aloma, em Campo de Ourique, onde pequeno-almoçei hoje com a minha mãe e a minha irmã, é um desses sítios que soube conjugar o passado com o presente. É antiga, de 1943, mas está cool, mantém o mosaico hidráulico no chão, mantém os armários antigos na parede, mas há ali uma aura de modernidade que gostei de ver. Até a miúda do balcão é hip.
Não sei qual é a história deles, nem se o senhor que está ao balcão é o dono original, nem se foi o (eventual) neto, que está ao seu lado, que o levou a estas alterações, mas já consegui pensar nisso um bocado e inventar um romance...
Aliado à boa onda do espaço, os bolos são uma delícia. Provámos o bolo-Rei e um palmier, delicioso e a parecer caseiro - não há melhor.
(A fotografia é daqui)
A pastelaria Aloma, em Campo de Ourique, onde pequeno-almoçei hoje com a minha mãe e a minha irmã, é um desses sítios que soube conjugar o passado com o presente. É antiga, de 1943, mas está cool, mantém o mosaico hidráulico no chão, mantém os armários antigos na parede, mas há ali uma aura de modernidade que gostei de ver. Até a miúda do balcão é hip.
Não sei qual é a história deles, nem se o senhor que está ao balcão é o dono original, nem se foi o (eventual) neto, que está ao seu lado, que o levou a estas alterações, mas já consegui pensar nisso um bocado e inventar um romance...
Aliado à boa onda do espaço, os bolos são uma delícia. Provámos o bolo-Rei e um palmier, delicioso e a parecer caseiro - não há melhor.
(A fotografia é daqui)
Oh, meu Deus
Estou há três minutos a fazer isto e era capaz de continuar por mais uns 15. Esperem só até os meus filhos verem...
06/12/10
Novembro foi um mês da treta
Há muito tempo que não me aconteciam tantas coisas más juntas num só mês.
Por isso, só para compensar, lembrei-me do Verão em que passámos o tempo todo a ouvir "Everything but the girl". Não sei porquê.
...
espero que Dezembro seja bem melhor...
Por isso, só para compensar, lembrei-me do Verão em que passámos o tempo todo a ouvir "Everything but the girl". Não sei porquê.
...
espero que Dezembro seja bem melhor...
05/12/10
Como poupar algum dinheiro
Lembram-se dos botões a 2,50 euros cada um para o casaco da minha filha? Mitra, precisava de dez mas só comprei dois e foi por vergonha, depois do trabalho do senhor a tirar caixas e caixas com botões cor-de-rosa para a miúda ver e depois afinal gostámos foi dos vermelhos com bolas brancas, mas francamente, a dez a 2,50 euros cada fica mais caro do que o casaco.
Por isso, hoje à tarde, aproveitando a chuva e o frio maléficos e tendo ficado todos em casa, fiz uns botões cor-de-rosa, pirosos e com estrelinhas coladas. Não sei se durarão muito, mas hão-de ficar janotas no casaco azul escuro.
Por isso, hoje à tarde, aproveitando a chuva e o frio maléficos e tendo ficado todos em casa, fiz uns botões cor-de-rosa, pirosos e com estrelinhas coladas. Não sei se durarão muito, mas hão-de ficar janotas no casaco azul escuro.
Como começar bem o dia
"Filhinha", diz o pai com uma voz amorosa,
"Quem é que tu achas que é mais racional, o papá ou a mamã?"
E ela, sem pestanejar, sequer,
"a mamã".
Repete a experiência com o mais velho, desta vez explicando o que é a racionalidade.
"São os dois", diz o meu politicozinho mais velho.
E o pai insiste,
"miúda, quem é que é mais bonito...?"
Sem pestanejar,
"A mamã".
"de quem é que gostas mais?"
"Da mamã".
"Quem é que tu achas que é mais racional, o papá ou a mamã?"
E ela, sem pestanejar, sequer,
"a mamã".
Repete a experiência com o mais velho, desta vez explicando o que é a racionalidade.
"São os dois", diz o meu politicozinho mais velho.
E o pai insiste,
"miúda, quem é que é mais bonito...?"
Sem pestanejar,
"A mamã".
"de quem é que gostas mais?"
"Da mamã".
04/12/10
O melhor programa de todos
Aproveitámos a manhã para ir passear para a Baixa e o Chiado. A chuva andou a brincar connosco, por isso não conseguimos dar todas as voltas que queríamos, mas serviu de aperitivo para os próximos dias, quando já se começa a sentir o Natal.
Almoçámos na Regional, onde andava com vontade de voltar, porque os meus pais fizeram "pirraça" por terem ido lá no fim-de-semana passado e comi uns belos filetes com arroz de tomate.
Os miúdos foram à Pappabubble ver chupas e rebuçados, eu fui à procura de botões para o sobretudo da pequenita, preciso de dez. Vi uns lindos. Custavam 2,50 euros. CADA!!! Trouxe dois - que não têm destino, mas eram lindos.
Como brinde do passeio, os miúdos ainda receberam um livro do Pai Natal dos Armazéns do Chiado. Não vimos nenhuma loja exuberante, nenhuma montra linda de morrer - no Harrod's, na semana passada, as montras retratavam a história do Peter Pan, estavam de sonho. Tirei umas fotos e gostava de as pôr aqui, a ver se não me esqueço, ainda não as descarreguei.
Quem é que ainda se lembra das montras dos brinquedos do Grandella e dos Armazéns do Chiado? Eu lembro. E da paciência dos meus pais que, com quatro miúdos, iam ao Chiado ver as montras. E diz que eu dizia:
"quero este e este e este e este e este e aquele tão lindo e este e este e este"
Em suma, era uma segarrega dos presentes.
E que os meus pais diziam:
"depois, outro dia, pede ao menino Jesus..."
E que eu depois cobrava... Santa paciência.
Almoçámos na Regional, onde andava com vontade de voltar, porque os meus pais fizeram "pirraça" por terem ido lá no fim-de-semana passado e comi uns belos filetes com arroz de tomate.
Os miúdos foram à Pappabubble ver chupas e rebuçados, eu fui à procura de botões para o sobretudo da pequenita, preciso de dez. Vi uns lindos. Custavam 2,50 euros. CADA!!! Trouxe dois - que não têm destino, mas eram lindos.
Como brinde do passeio, os miúdos ainda receberam um livro do Pai Natal dos Armazéns do Chiado. Não vimos nenhuma loja exuberante, nenhuma montra linda de morrer - no Harrod's, na semana passada, as montras retratavam a história do Peter Pan, estavam de sonho. Tirei umas fotos e gostava de as pôr aqui, a ver se não me esqueço, ainda não as descarreguei.
Quem é que ainda se lembra das montras dos brinquedos do Grandella e dos Armazéns do Chiado? Eu lembro. E da paciência dos meus pais que, com quatro miúdos, iam ao Chiado ver as montras. E diz que eu dizia:
"quero este e este e este e este e este e aquele tão lindo e este e este e este"
Em suma, era uma segarrega dos presentes.
E que os meus pais diziam:
"depois, outro dia, pede ao menino Jesus..."
E que eu depois cobrava... Santa paciência.
02/12/10
Como montar a árvore de Natal
Não são instruções para toda a gente. É como é feito cá em casa.
Briefing
Objectivo - montar a árvore de Natal, fazer o presépio e enfeitar a casa
Dia oficial - 1 de Dezembro
Banda sonora - CD que saíram num jornal há uns anos e que tem músicas como "somos estrelas de Natal", que nos dão um automático mood natalício
A lista de compras era pequena:
- uma árvore de Natal reutilizável - consegui finalmente comprar uma, depois de quatro anos a usar uma insuflável e cinco a usar um pinheiro verdadeiro, que era suposto ser devolvido ao IKEA, mas nunca foi e acabava sempre por morrer tristemente, seco e a perder agulhas a uma velocidade estonteante;
- uma estrela dourada para o cimo da árvore - pedido feito pelo meu filho mais velho;
- musgo para o presépio - sempre gostei dessa javardice;
- figuras de Natal de chocolate - impossível não recordar o anúncio mais delicioso do mundo que, nos anos 80, nos punha aos quatro a babar para a televisão e que acabava com alguma figura de chocolate que vai no comboio ao circo. Já não me lembro. Na realidade, hoje as figuras sabem a sabão... Mas os miúdos deliram.
Estivemos bem divertidos e natalícios, até alguém fingir que estava a dormir e, consequentemente irmos lanchar tostas de queijo. A árvore tem clusters de decoração, hoje já me estive a rir enquanto fazia a redistribuição de oito peças que estavam no mesmo ramo, que tinha sido decorado pela miúda.
P.S. Tivemos um ferido, a ovelha do presépio partiu uma pata, mas está já em franca recuperação e, logo à noite, reunir-se-á ao seu grupo.
Briefing
Objectivo - montar a árvore de Natal, fazer o presépio e enfeitar a casa
Dia oficial - 1 de Dezembro
Banda sonora - CD que saíram num jornal há uns anos e que tem músicas como "somos estrelas de Natal", que nos dão um automático mood natalício
A lista de compras era pequena:
- uma árvore de Natal reutilizável - consegui finalmente comprar uma, depois de quatro anos a usar uma insuflável e cinco a usar um pinheiro verdadeiro, que era suposto ser devolvido ao IKEA, mas nunca foi e acabava sempre por morrer tristemente, seco e a perder agulhas a uma velocidade estonteante;
- uma estrela dourada para o cimo da árvore - pedido feito pelo meu filho mais velho;
- musgo para o presépio - sempre gostei dessa javardice;
- figuras de Natal de chocolate - impossível não recordar o anúncio mais delicioso do mundo que, nos anos 80, nos punha aos quatro a babar para a televisão e que acabava com alguma figura de chocolate que vai no comboio ao circo. Já não me lembro. Na realidade, hoje as figuras sabem a sabão... Mas os miúdos deliram.
Estivemos bem divertidos e natalícios, até alguém fingir que estava a dormir e, consequentemente irmos lanchar tostas de queijo. A árvore tem clusters de decoração, hoje já me estive a rir enquanto fazia a redistribuição de oito peças que estavam no mesmo ramo, que tinha sido decorado pela miúda.
P.S. Tivemos um ferido, a ovelha do presépio partiu uma pata, mas está já em franca recuperação e, logo à noite, reunir-se-á ao seu grupo.
30/11/10
Como entreter miúdos pequenos durante uma hora
Ontem estive a queimar as pestanas até à meia-noite a recortar 20 ursinhos em espuma castanha, com base num molde de bolachas, a fazer 20 conjuntos de patinhas, 20 conjuntos de braços de urso, 20 narizes de urso sorridente, 20 pares de orelhas e 20 umbigos de urso. Recortei dez cartolinas A4 vermelhas em tamanho A5. Com as cartolinas A5 vermelhas fiz cartões de Natal. Escrevi 20 "Feliz Natal" nos cartões. Recortei 20 mini-cachecóis aos quadradinhos vermelhos e brancos ou azuis e brancos. Reuni 20 pares de olhos de boneco.
Hoje, na sala de aula da minha filha, depois de ler duas histórias sobre ursos, uma já grandinha e sobre o Natal, que é para fazer a ligação com o mês que amanhã começa, sentei-me com os miúdos nas mini-mesas amorosas da sala deles. Com um de cada vez ao meu lado, agrafei o ursinho ao cartão, eles colaram os olhos e ajudei-os a dar o nó no cachecol.
Adorei a actividade, acho que os miúdos também estiveram muito divertidos e o resultado ficou muito giro. No total, sem contar com os básicos, como o agrafador, a cola, os restinhos de tecido para os cachecóis e a tesoura que já faziam parte do armário das actividades cá de casa, gastei 5,25€. Como só estavam 16 miúdos na sala, dá um rácio de 0,32 €. Valeu mesmo o trabalho.
Hoje, na sala de aula da minha filha, depois de ler duas histórias sobre ursos, uma já grandinha e sobre o Natal, que é para fazer a ligação com o mês que amanhã começa, sentei-me com os miúdos nas mini-mesas amorosas da sala deles. Com um de cada vez ao meu lado, agrafei o ursinho ao cartão, eles colaram os olhos e ajudei-os a dar o nó no cachecol.
Adorei a actividade, acho que os miúdos também estiveram muito divertidos e o resultado ficou muito giro. No total, sem contar com os básicos, como o agrafador, a cola, os restinhos de tecido para os cachecóis e a tesoura que já faziam parte do armário das actividades cá de casa, gastei 5,25€. Como só estavam 16 miúdos na sala, dá um rácio de 0,32 €. Valeu mesmo o trabalho.
29/11/10
Esta é a minha carta para o Natal
querido pai natal eu queria dois Beiblaide.
i tambãen queria um estadio de Beiblaides.
e queria um livro do João pastel.
e mais algos liveros.
e qeromos do fotebole
e mais livros do João pastel.
(sic/sem edição)
(senhor dos 6 anos)
i tambãen queria um estadio de Beiblaides.
e queria um livro do João pastel.
e mais algos liveros.
e qeromos do fotebole
e mais livros do João pastel.
(sic/sem edição)
(senhor dos 6 anos)
Mitos que desfiz em Londres
A semana passada fomos a Londres. Faz de conta que fomos comemorar 17 anos de namoro, que é já daqui a cinco dias. Os miúdos ficaram com os meus pais e ficaram óptimos.
Nós tivemos uns dias fantásticos a correr de um lado para o outro, consegui repousar as vistas em tantas coisas bonitas, originais ou só giras, que me vai dar por mais uns meses. Museus, desculpe papá, sei que não foi assim que aprendi, só visitámos um, o Museu da Ciência e mais nenhum. É um museu daqueles onde nos perdemos a fazer todas as experiências disponíveis e a aprender coisas giras. Também tivemos pouco tempo, só três dias bem espremidos.
Compras, nem por isso. Umas roupas para os miúdos, pouca coisa, uns collants e uma mala para mim e uns sapatos para o artista. Depois, livros, lindos, muitos e pesados. Tivemos de comprar uma mala de viagem grande, que já andávamos a namorar há uns tempos.
E macarrons. Comemos os que pudemos.
Mitos, desfiz dois.
Mito nº 1. O Sol quando nasce é para todos
É mentira. O sol em Londres não aquece nada e ponto final. É igual andar pelas ruas com ou sem sol, sendo que quando está sol é mais frustrante porque andamos pelos passeios à procura dele e nada. É igual a nada. O vento, esse, ganha facil e rapidamente uma intimidade extrema connosco, entrando por todas as pequenas brechas das protecções contra o frio. Gelo.
Mito nº 2. O Jamie Oliver é genial
Ao almoço, lá conseguimos comer sem reserva no enorme Jamie Italian, perto de Covent Garden. E que decepção!
Amo incondicionalmente o Jamie Oliver desde que o vi pela primeira vez, mesmo com a sua ligeira boçalidade e com os seus tiques. Tenho todos os livros que consigo dele - o que não quer dizer todos -, e estão bem usados. Também compro a revista dele quando a vejo à venda, mesmo sabendo que é um bocado bullshit. Isto porque as features são um bocado decepcionantes - especialmente quando fizeram uma sobre Portugal - lugares comuns atrás de lugares comuns. Mas perdoa-se, porque as receitas são boas.
Já o restaurante foi mau do princípio ao fim. Não o sítio, que me pareceu relaxado, mas sim a música, alta de mais, e, pior que tudo, a comida - é que não tinha piadinha nenhuma. Não tinha aquele génio que encontro em todas as receitas dele. E já experimentei muitas. E todas boas.
Ao almoço, comi cogumelos no forno, que estavam a nadar em azeite, ligeiramente rançoso, ainda por cima, nada o good quality olive oil, que o Jamie tanto alardeia. Depois fui enganada com um burger italiano - que treta. O homem que frisa a necessidade de não overcook as coisas, oferece-me um hamburger sem piada nenhuma que, ainda por cima, parecia sola de sapato. As batatas posh não tinham também piada nenhuma.
Conclusão: as brand extensions podem ser espectaculares para encher os bolsos e chegar a mais clientes satisfeitos, mas se há falhas na qualidade esperada, quem sofre é a brand propriamente dita. Eu, devo confessar, saí de lá muito triste.
Nós tivemos uns dias fantásticos a correr de um lado para o outro, consegui repousar as vistas em tantas coisas bonitas, originais ou só giras, que me vai dar por mais uns meses. Museus, desculpe papá, sei que não foi assim que aprendi, só visitámos um, o Museu da Ciência e mais nenhum. É um museu daqueles onde nos perdemos a fazer todas as experiências disponíveis e a aprender coisas giras. Também tivemos pouco tempo, só três dias bem espremidos.
Compras, nem por isso. Umas roupas para os miúdos, pouca coisa, uns collants e uma mala para mim e uns sapatos para o artista. Depois, livros, lindos, muitos e pesados. Tivemos de comprar uma mala de viagem grande, que já andávamos a namorar há uns tempos.
E macarrons. Comemos os que pudemos.
Mitos, desfiz dois.
Mito nº 1. O Sol quando nasce é para todos
É mentira. O sol em Londres não aquece nada e ponto final. É igual andar pelas ruas com ou sem sol, sendo que quando está sol é mais frustrante porque andamos pelos passeios à procura dele e nada. É igual a nada. O vento, esse, ganha facil e rapidamente uma intimidade extrema connosco, entrando por todas as pequenas brechas das protecções contra o frio. Gelo.
Mito nº 2. O Jamie Oliver é genial
Ao almoço, lá conseguimos comer sem reserva no enorme Jamie Italian, perto de Covent Garden. E que decepção!
Amo incondicionalmente o Jamie Oliver desde que o vi pela primeira vez, mesmo com a sua ligeira boçalidade e com os seus tiques. Tenho todos os livros que consigo dele - o que não quer dizer todos -, e estão bem usados. Também compro a revista dele quando a vejo à venda, mesmo sabendo que é um bocado bullshit. Isto porque as features são um bocado decepcionantes - especialmente quando fizeram uma sobre Portugal - lugares comuns atrás de lugares comuns. Mas perdoa-se, porque as receitas são boas.
Já o restaurante foi mau do princípio ao fim. Não o sítio, que me pareceu relaxado, mas sim a música, alta de mais, e, pior que tudo, a comida - é que não tinha piadinha nenhuma. Não tinha aquele génio que encontro em todas as receitas dele. E já experimentei muitas. E todas boas.
Ao almoço, comi cogumelos no forno, que estavam a nadar em azeite, ligeiramente rançoso, ainda por cima, nada o good quality olive oil, que o Jamie tanto alardeia. Depois fui enganada com um burger italiano - que treta. O homem que frisa a necessidade de não overcook as coisas, oferece-me um hamburger sem piada nenhuma que, ainda por cima, parecia sola de sapato. As batatas posh não tinham também piada nenhuma.
Conclusão: as brand extensions podem ser espectaculares para encher os bolsos e chegar a mais clientes satisfeitos, mas se há falhas na qualidade esperada, quem sofre é a brand propriamente dita. Eu, devo confessar, saí de lá muito triste.
20/11/10
Adeus avôzinho
É uma espécie de justiça divina que faz com que chova agora. As grossas gotas batem nos vidros do carro. Choro. No banco de trás, os meus filhos perguntam:
"ainda estás triste, mamã?"
Sim, nada mudou,
e também,
"parece que só chove no nosso carro, porquê?"
Aqui chove, chove uma chuva miudinha mas persistente. A cabeça lateja fininho.
O meu avô morreu hoje, uma morte também miudinha, que já estava a acontecer vagarosamente há ano e meio.
Pouco antes de fazer cem anos deixou-se ficar na cama. O meu avô muito querido, feito um passarinho pequenino, baralhado com o que se passava à sua volta. Começou a ficar cada vez mais confuso, os filhos passaram a pais, os netos passaram a referências vagamente estranhas, tratava-nos com deferência, como se não nos conhecesse, contava-nos histórias bizarras de compridas viagens de comboio, queixava-se de esperar. Nem se apercebeu verdadeiramente da morte da minha avó, de quem dependia como tudo.
O meu avô juiz, que quase me inspirou a ir para Direito, companheiro, contava-me histórias compridas, com que eu delirava, dizia poesias e quadras, em português e espanhol, e tinha uma paciência mais ou menos infinita,
"batem leve, levemente", uma e outra e outra vez, com pronúncia da senhora do sétimo, até eu saber os versos todos de cor para a apresentação no teatro.
Paciência para nos ver pendurados na mesa da sala de jantar a fazer cambalhotas, para me ver vestir as suas casacas e os seus laços de cerimónia, para bisbilhotar as suas caixas deslumbrantes de fotografias com pessoas novas que eu não conhecia
"este sou eu, percebes pelo bigode? Esta é a avó, viste que bonita é?"
O meu avô escritor e romântico. O meu avô iluminado, disposto a conversar sobre todos os assuntos, e sempre bem-disposto. O meu avô catita, sempre de fato e colete, mesmo quando estava doente ou engripado, sempre aprumado.
101 anos. Portanto, uma vida muito comprida e penso que boa. Até esta fase final, que foi triste. O meu avô amigo.
"Vais ficar triste para sempre, mamã?".
"ainda estás triste, mamã?"
Sim, nada mudou,
e também,
"parece que só chove no nosso carro, porquê?"
Aqui chove, chove uma chuva miudinha mas persistente. A cabeça lateja fininho.
O meu avô morreu hoje, uma morte também miudinha, que já estava a acontecer vagarosamente há ano e meio.
Pouco antes de fazer cem anos deixou-se ficar na cama. O meu avô muito querido, feito um passarinho pequenino, baralhado com o que se passava à sua volta. Começou a ficar cada vez mais confuso, os filhos passaram a pais, os netos passaram a referências vagamente estranhas, tratava-nos com deferência, como se não nos conhecesse, contava-nos histórias bizarras de compridas viagens de comboio, queixava-se de esperar. Nem se apercebeu verdadeiramente da morte da minha avó, de quem dependia como tudo.
O meu avô juiz, que quase me inspirou a ir para Direito, companheiro, contava-me histórias compridas, com que eu delirava, dizia poesias e quadras, em português e espanhol, e tinha uma paciência mais ou menos infinita,
"batem leve, levemente", uma e outra e outra vez, com pronúncia da senhora do sétimo, até eu saber os versos todos de cor para a apresentação no teatro.
Paciência para nos ver pendurados na mesa da sala de jantar a fazer cambalhotas, para me ver vestir as suas casacas e os seus laços de cerimónia, para bisbilhotar as suas caixas deslumbrantes de fotografias com pessoas novas que eu não conhecia
"este sou eu, percebes pelo bigode? Esta é a avó, viste que bonita é?"
O meu avô escritor e romântico. O meu avô iluminado, disposto a conversar sobre todos os assuntos, e sempre bem-disposto. O meu avô catita, sempre de fato e colete, mesmo quando estava doente ou engripado, sempre aprumado.
101 anos. Portanto, uma vida muito comprida e penso que boa. Até esta fase final, que foi triste. O meu avô amigo.
"Vais ficar triste para sempre, mamã?".
19/11/10
A época dos legumes
Esta altura do ano é fascinante para quem, como eu, gosta de ir aos mercados e às lojas e ver os legumes da época.
São as castanhas, deliciosas. Já abri a época e também já fechei, depois de uma barrigada enorme.
São as abóboras gordas, que na sua versão hokaido têm um conjunto de nutrientes muito interessante para quem quer engravidar - o que foi a conversa galhofenta do almoço de ontem.
(não eu)
E as cebolas, mas não pelas mesmas razões. Inaugurámos ontem a época das cebolas picadas na mesinha de cabeceira dos putos. A tosse estava a prometer ir dar-nos uma noite das boas e, com a cebola, tivemos uma noite tranquila
(até que, às 6h da manhã, o miúdo acordou a chamar por mim e a dizer que era uma emergência, porque tinha a mão a dormir, disse-lhe que acordasse a mão e que se pusesse a dormir, que não eram horas)
Já o cheiro pela casa era de fugir e tive de ter as janelas todas da casa abertas a arejar a pestilência.
São as castanhas, deliciosas. Já abri a época e também já fechei, depois de uma barrigada enorme.
São as abóboras gordas, que na sua versão hokaido têm um conjunto de nutrientes muito interessante para quem quer engravidar - o que foi a conversa galhofenta do almoço de ontem.
(não eu)
E as cebolas, mas não pelas mesmas razões. Inaugurámos ontem a época das cebolas picadas na mesinha de cabeceira dos putos. A tosse estava a prometer ir dar-nos uma noite das boas e, com a cebola, tivemos uma noite tranquila
(até que, às 6h da manhã, o miúdo acordou a chamar por mim e a dizer que era uma emergência, porque tinha a mão a dormir, disse-lhe que acordasse a mão e que se pusesse a dormir, que não eram horas)
Já o cheiro pela casa era de fugir e tive de ter as janelas todas da casa abertas a arejar a pestilência.
18/11/10
Qual é a cor do amor?
Isto não serve para nada, só para gastar uns minutos. Mas é vibrante de energia, das cores e das respostas das pessoas sobre porque é que cada cor representa o amor. Lá deixei a minha cor para o amor: é o azul do céu, do céu luminoso da Primavera ou do Outono em Lisboa, sem nuvens, sem nada a impedir a visibilidade.
Sugestão daqui.
Sugestão daqui.
17/11/10
Ouvido no banco de trás
"Quando for grande,"
(silêncio no banco da frente, não vá sair uma daquelas afirmações "vou ser presidente" ou "astrofísica" ou "talhante", que depois, anos mais tarde, podemos usar nas conversas de velhos dizendo "desde os três anos que ela dizia que ia ser...")
"... vou ter um carro daqueles que se abre e depois se fecha todo, como o do Miguel grande"
E o irmão acrescenta, compincha,
"cor-de-rosa?"
"Sim, cor-de-rosa".
Isso é que vai ser.
(silêncio no banco da frente, não vá sair uma daquelas afirmações "vou ser presidente" ou "astrofísica" ou "talhante", que depois, anos mais tarde, podemos usar nas conversas de velhos dizendo "desde os três anos que ela dizia que ia ser...")
"... vou ter um carro daqueles que se abre e depois se fecha todo, como o do Miguel grande"
E o irmão acrescenta, compincha,
"cor-de-rosa?"
"Sim, cor-de-rosa".
Isso é que vai ser.
15/11/10
Quase o movimento perpétuo
Estranhamente, aqui, como em casa dos meus pais, a pasta dos dentes das casas de banho do meio, as dos miúdos, duram quase menos tempo do que o jornal diário. A oscilação entre o maravilhamento "é nova, sabe tão bem" e a constatação "está no fim" é tão rápida que até eu fico baralhada.
(Bem dizia o meu pai "espremam do fim para a saída, aproveitem a pasta toda")
E hoje...
"Sabes, mãe? Diz aqui que esta pasta dá para mais de seis anos"
Sim, comprei para ti (que tens quase sete, por isso, mereces dentríficos de pessoas mini-adultas)
"Pois. Assim dura muito tempo, não pode acabar tão depressa como a que compraste antes, que era só para dois anos".
(Bem dizia o meu pai "espremam do fim para a saída, aproveitem a pasta toda")
E hoje...
"Sabes, mãe? Diz aqui que esta pasta dá para mais de seis anos"
Sim, comprei para ti (que tens quase sete, por isso, mereces dentríficos de pessoas mini-adultas)
"Pois. Assim dura muito tempo, não pode acabar tão depressa como a que compraste antes, que era só para dois anos".
14/11/10
Perícia especial que eu gosto de ter
Se há coisa que me dá um orgulho danado de saber fazer é andar pela casa dos meus pais às escuras sem bater em nada. Lá vou eu pelos corredores fora, com as luzes propositadamente apagadas, até chegar aos sítios onde quero ir. Sem bater numa única esquina ou num único móvel. Perícia que aperfeiçoei especialmente a partir dos 12/13 anos, que foi quando deixei de ter medo de andar às escuras.
13/11/10
A brincar aos tractores
Os homens cá da casa estão a montar um tractor de Lego e estão super contentes. Há um que está a ensinar ao outro como é que se deve fazer e não é o mais velho... Na sala ouve-se "então pegas nesta peça e pões ali e é só olhar para o livrinho que percebes logo" e também "joaaaana, anda cá", mas não vou dizer quem diz qual frase.
12/11/10
Palavras novas
"Pai, arranjas-me uma lanjarina?"
"Mãe, vamos no Taski"
"Tens soluços porque bebeste uma caca-cola".
"Mãe, vamos no Taski"
"Tens soluços porque bebeste uma caca-cola".
Criar
Ando meia desmoralizada, com isto do meu tio e com ter o carro todo empanado (óbvios diferentes níveis de desmoralização), com ter montes de coisas para pagar e ver o fundinho da minha conta a chegar e com alguns assuntos do trabalho que andam em modo tortuosamente adormecidos. Também, com a aproximação do Natal, o coração amolece um pouco mais.
[E claro, também me comovi com a morte, ou com a reacção das pessoas à morte, do senhor que fazia adeus no Saldanha. Não sabia nada da vida dele, aparte o diz que disse que era rico e que tinha perdido a mãe, saindo por isso para a rua em busca de companhia. Há anos que lhe fazia adeus quando passava pelo Saldanha às suas horas. Há anos que desviava conscientemente do meu caminho só para poder passar por lá para lhe dizer adeus, olá, tenha uma boa noite. Ainda bem que, leio agora, ele sabia que me fazia bem também].
Por isso, ontem dei um saltinho ao Vidal (tcharan!), com as minhas duas deusas criativas e comprei tecido para fazer almofadas para os sofás. Tudo junto, para dar para fazer três almofadas, gastei 18 euros. Se fosse à Area ou a qualquer loja onde há almofadas das giras, gastava mais do que isso só numa.
Hoje, vou pedir a ajuda dos meus filhos e vamos fazê-las. Depois ponho fotografias (se não ficarem horripilentas).
[E claro, também me comovi com a morte, ou com a reacção das pessoas à morte, do senhor que fazia adeus no Saldanha. Não sabia nada da vida dele, aparte o diz que disse que era rico e que tinha perdido a mãe, saindo por isso para a rua em busca de companhia. Há anos que lhe fazia adeus quando passava pelo Saldanha às suas horas. Há anos que desviava conscientemente do meu caminho só para poder passar por lá para lhe dizer adeus, olá, tenha uma boa noite. Ainda bem que, leio agora, ele sabia que me fazia bem também].
Por isso, ontem dei um saltinho ao Vidal (tcharan!), com as minhas duas deusas criativas e comprei tecido para fazer almofadas para os sofás. Tudo junto, para dar para fazer três almofadas, gastei 18 euros. Se fosse à Area ou a qualquer loja onde há almofadas das giras, gastava mais do que isso só numa.
Hoje, vou pedir a ajuda dos meus filhos e vamos fazê-las. Depois ponho fotografias (se não ficarem horripilentas).
10/11/10
Triste
Tenho um tio velhote de que gosto muito, do fundinho do coração, a lutar pela vida. Um tio cheio de energia e que ainda tem muitos anos pela frente se conseguir superar esta fase, que caiu e está a passar um muito mau bocado. Estou muito triste.
09/11/10
07/11/10
Fundo de compensação
Os "onde é que está a mamã?", gritados em uníssono de manhã, depois de ter estado dois dias fora, compensam todos os eventuais "és má" ouvidos ao longo dos tempos.
De regresso a casa
Estou de regresso, depois de uma semana passada na estrada, com a casa às costas. A semana foi boa e teve direito a um dia em Viana do Castelo - adorei! Mas estou cansada.
03/11/10
Com quantos anos te vês?
A pergunta do fim-de-semana, feita pelo meu cunhado viciado em perguntas tramadinhas:
- Com quantos anos te vês?
Páro um pouco para pensar... essa é fácil, 16.
- Com quantos anos te vês?
Páro um pouco para pensar... essa é fácil, 16.
02/11/10
Hoje tornei-me um cliché
Hoje de manhã um senhor com uma carrinha branca imensa bateu em toda a lateral esquerda do meu carro. Eu bem buzinei. Eu bem lhe chamei nomes internamente, desejando que ele sentisse as vibrações e parasse. Mas nada. Quanto mais eu buzinava mais ele olhava para o outro lado a ver de onde vinha a buzina. Fiquei com a tal lateral esquerda toda arruinada.
Estou tão triste. Sou um cliché - uma mulher com o carro todo riscado.
Estou tão triste. Sou um cliché - uma mulher com o carro todo riscado.
28/10/10
Filmes de terror
Quem é o cromo que escreve na capa de um filme "de rir às gargalhadas" e depois o filme é das coisas mais tristes que eu já tenho visto? Terá sido alguma alma maldosa que sabia que eu só gosto de filmes cor-de-rosa? De fazer chorar as pedras da calçada era o que lá devia vir.
Um pai, recentemente viúvo, que olha para os filhos adultos como se fossem crianças... Só essa imagem já é daquelas difíceis de engolir.
"Everyone's fine". É o verdadeiro filme de terror, desaconselhado às lágrimas fáceis como eu.
Um pai, recentemente viúvo, que olha para os filhos adultos como se fossem crianças... Só essa imagem já é daquelas difíceis de engolir.
"Everyone's fine". É o verdadeiro filme de terror, desaconselhado às lágrimas fáceis como eu.
27/10/10
26/10/10
O melhor do mundo
Parece que o melhor do mundo para a felicidade individual é ter irmãs. E eu concordo que é muito bom. É excelente ter irmãos rapazes, fazem coisas malucas e são diferentes, vêm o mundo de uma maneira tão... nem sei qual é o adjectivo, mas é uma perspectiva diferente. Os rapazes, os meus irmãos pelo menos, nunca entram em grandes confidências, refugiam-se muito mais em termos emocionais do que as mulheres.
Com a minha irmã posso partilhar tudo, falar sobre sentimentos, libertar a pressão, posso estar só ali. Geralmente ela sabe o que eu estou a sentir e vice-versa.
Não sei se os meus irmãos concordam com o factor "a felicidade da irmã" que o NYTimes diz que existe em relação a mim, talvez às vezes eu não seja do mais conversador, talvez haja sempre "too much on my mind". Mas quando é para conversar estou lá, mas nem sempre é, nem sempre nos encontramos no mesmo tom.
A bem da minha felicidade, a minha sorte é que tenho duas irmãs - uma mãe, uma irmã, que são a mesma coisa.
Com a minha irmã posso partilhar tudo, falar sobre sentimentos, libertar a pressão, posso estar só ali. Geralmente ela sabe o que eu estou a sentir e vice-versa.
Não sei se os meus irmãos concordam com o factor "a felicidade da irmã" que o NYTimes diz que existe em relação a mim, talvez às vezes eu não seja do mais conversador, talvez haja sempre "too much on my mind". Mas quando é para conversar estou lá, mas nem sempre é, nem sempre nos encontramos no mesmo tom.
A bem da minha felicidade, a minha sorte é que tenho duas irmãs - uma mãe, uma irmã, que são a mesma coisa.
25/10/10
Sabedoria
Li ontem um artigo muito engraçado sobre matchmaking em que surgia, a certa altura, esta pérola da sabedoria dos relacionamentos:
"Looks fade, dumb lasts forever",
que dedico com especial carinho ao Migueli.
"Looks fade, dumb lasts forever",
que dedico com especial carinho ao Migueli.
23/10/10
Um dragão no piquenique
No piquenique que fizemos hoje ao almoço no Jardim do Cerco atrás do Convento de Mafra, encontrámos este dragãozinho. Fiquei com a sensação que ainda era bebé, porque se ria para nós envergonhado e ficou muito contente quando os meus filhos passaram a saltitar e a coleccionar as folhas amarelas, castanhas e vermelhas do Outono, espalhadas pelo chão. As folhas são para levar para a escola e o piquenique foi muito giro, num jardim muito arranjadinho.
Eu acho que a família do dragão já lá devia viver quando o D. João V mandou construir o Convento, obra magnífica que arruinou a Coroa Portuguesa.
E o dragão lá ficou, a tomar conta do jardim tranquilo. Quando aprenderá a deitar fogo pelo nariz?
21/10/10
À roda do património
A fazer pesquisa para um "trabalho" programado com umas amigas descobri hoje coisas giras sobre o nosso património e sobre Sintra - terrinha encantada, quase perfeita, onde se não fosse a humidade eu gostava de viver. Desde que fosse num daqueles palácios românticos que por lá há.
Depois de muito pensar na conversa do almoço, desculpa lá cunhadinho, mas ser antropólogo (durante uma semana, no máximo) e poder escavar coisas do chão e perceber o que querem dizer, mesmo que a seguir se tenham de pôr todas em sacos de plástico rotulados do estilo dos que eu uso para pôr os legumes que corto para a sopa e congelo para não ter de andar sempre a descascar aquelas porcarias, deve ser divertido.
É assim um trabalho estilo detective. E eu, quando era pequenina, queria ser detective. Ou isso ou veterinária, como o meu avô materno.
Depois de muito pensar na conversa do almoço, desculpa lá cunhadinho, mas ser antropólogo (durante uma semana, no máximo) e poder escavar coisas do chão e perceber o que querem dizer, mesmo que a seguir se tenham de pôr todas em sacos de plástico rotulados do estilo dos que eu uso para pôr os legumes que corto para a sopa e congelo para não ter de andar sempre a descascar aquelas porcarias, deve ser divertido.
É assim um trabalho estilo detective. E eu, quando era pequenina, queria ser detective. Ou isso ou veterinária, como o meu avô materno.
Work in progress
Programa genial à hora do almoço, passeio pela Baixa, almoço num indiano delicioso, visita guiada primeiro ao céu e depois às catacumbas e ao cemitério. Tudo no mesmo sítio. Adorei.
Coisas que magoam
- As saudades (hoje estive o dia todo a lembrar-me das tardes passadas a brincar ao carnaval com a minha avó paterna e as suas roupas de festa e cloches, chapéus de rede e sapatos a condizer)
- Perder cheiros das coisas de que gostamos
- Deixar queimar o jantar
- Apertões no nariz
- Bater com o cotovelo em coisas metálicas
- Ficar com uma espinha espetada na gengiva (ou em qualquer outro sítio, será que passa?)
- Arranjar as sobrancelhas
- Esfolar os joelhos no alcatrão
- Sapatos apertados
- Arrancar um penso rápido
- Ser acordada uma hora e meia depois de ter adormecido
- Perder cheiros das coisas de que gostamos
- Deixar queimar o jantar
- Apertões no nariz
- Bater com o cotovelo em coisas metálicas
- Ficar com uma espinha espetada na gengiva (ou em qualquer outro sítio, será que passa?)
- Arranjar as sobrancelhas
- Esfolar os joelhos no alcatrão
- Sapatos apertados
- Arrancar um penso rápido
- Ser acordada uma hora e meia depois de ter adormecido
20/10/10
As AVD
Chateia-me imenso quando os meus filhos implicam com as actividades da vida diária como: acordar, vestir, tomar banho, jantar, tomar o pequeno-almoço... essas coisas que todos temos de fazer todos os dias.
Na realidade, fazem-me lembrar os passarinhos que, todos os dias quando o Sol se põe, entram numa chinfrineira histérica, como se o dia acabasse e não voltasse a nascer o Sol no dia seguinte, tal e qual como nos dias anteriores todos.
Por muito que eu lhes explique - aos meus filhos, não aos passarinhos - que todos os dias temos de fazer assim e que esta família é uma equipa e, portanto, temos de trabalhar todos pelo bem comum, há dias em que as coisas correm, digamos, menos bem. Assim, obrigam-me a chamá-los mais vezes, a dizer vistam-se mais vezes, a chamá-los para o pequeno-almoço mais do que o estritamente necessário, a dizer-lhes para lavarem os dentes, vestirem os casacos "mas não está frio mãe", a porem-se à porta que vamos já já sair "vou só buscar os cromos ou um brinquedo ou uns ganchinhos mãe"...
Mas destas AVD todas, a pior, aquela que me faz ficar com irritação pele-de-galinha, é quando insistem em que não querem cortar as unhas. Eu geralmente só reparo que eles precisam de manicure no tipping point. Ou seja, só me apercebo do tamanho das unhas deles quando estão a um passo de se tornarem aqueles senhores velhotes da Índia que vivem sentados no chão, de perninhas cruzadas à Ghandi, exibindo as suas unhas encaracoladas, que medem para cima de três metros (e são candidatas à alínea mais nojenta de todas as competições do Guiness World of Records, ao lado daquela senhora que consegue esbugalhar os olhos dez centímetros ou coisa que o valha).
Há cinco dias tinha-me chateado com o meu filho porque ele fez uma fita enorme para cortar as unhas e eu disse-lhe "nunca mais te corto as unhas, vais ficar com as unhas enormes, blá blá blá", "não me importo blá blá blá". Um pequeno braço de ferro. A solução foi pedir à minha irmã, que é dona de uma paciência quase infinita, que lhe dissesse que tinha de resolver esse problema, a bem do seu aspecto geral. E ele lá capitulou, "mamã cortas-me as unhas, por favor? Eu juro que nunca mais..." Eu lá capitulei e agora parece um verdadeiro anjinho das unhas bonitas.
Por mais uma semana, pelo menos.
Na realidade, fazem-me lembrar os passarinhos que, todos os dias quando o Sol se põe, entram numa chinfrineira histérica, como se o dia acabasse e não voltasse a nascer o Sol no dia seguinte, tal e qual como nos dias anteriores todos.
Por muito que eu lhes explique - aos meus filhos, não aos passarinhos - que todos os dias temos de fazer assim e que esta família é uma equipa e, portanto, temos de trabalhar todos pelo bem comum, há dias em que as coisas correm, digamos, menos bem. Assim, obrigam-me a chamá-los mais vezes, a dizer vistam-se mais vezes, a chamá-los para o pequeno-almoço mais do que o estritamente necessário, a dizer-lhes para lavarem os dentes, vestirem os casacos "mas não está frio mãe", a porem-se à porta que vamos já já sair "vou só buscar os cromos ou um brinquedo ou uns ganchinhos mãe"...
Mas destas AVD todas, a pior, aquela que me faz ficar com irritação pele-de-galinha, é quando insistem em que não querem cortar as unhas. Eu geralmente só reparo que eles precisam de manicure no tipping point. Ou seja, só me apercebo do tamanho das unhas deles quando estão a um passo de se tornarem aqueles senhores velhotes da Índia que vivem sentados no chão, de perninhas cruzadas à Ghandi, exibindo as suas unhas encaracoladas, que medem para cima de três metros (e são candidatas à alínea mais nojenta de todas as competições do Guiness World of Records, ao lado daquela senhora que consegue esbugalhar os olhos dez centímetros ou coisa que o valha).
Há cinco dias tinha-me chateado com o meu filho porque ele fez uma fita enorme para cortar as unhas e eu disse-lhe "nunca mais te corto as unhas, vais ficar com as unhas enormes, blá blá blá", "não me importo blá blá blá". Um pequeno braço de ferro. A solução foi pedir à minha irmã, que é dona de uma paciência quase infinita, que lhe dissesse que tinha de resolver esse problema, a bem do seu aspecto geral. E ele lá capitulou, "mamã cortas-me as unhas, por favor? Eu juro que nunca mais..." Eu lá capitulei e agora parece um verdadeiro anjinho das unhas bonitas.
Por mais uma semana, pelo menos.
19/10/10
Um mergulho no Tejo
No Verão ensinei aos meus filhos a letra dos Xutos "dá um mergulho no mar". Acho que é um excelente hino à iniciativa e a deixar de ter medos. Eles gostam dos Xutos e eu também sempre gostei. Uma vez até calhou entrevistar o Zé Pedro e simpatizei imenso com ele.
Agora, de há dois ou três dias para cá, ando a sonhar com um banho no rio Tejo, há um mês atrás. É uma loucura as imagens que nos aparecem à frente sem as convocarmos.
Agora, de há dois ou três dias para cá, ando a sonhar com um banho no rio Tejo, há um mês atrás. É uma loucura as imagens que nos aparecem à frente sem as convocarmos.
18/10/10
... e se calhar funcionou
O arranque algo turbulento do dia não auspiciava grande coisa, mas o final do dia foi quase de festa. Os miúdos estavam super bem-dispostos e brincalhões e divertimo-nos os quatro. É óptimo quando estamos todos juntos - está tudo bem. Se calhar foi do mantra...
Mantra do dia
Não é perfeito como modo de vida, mas tira-nos uma parte da responsabilidade pelas coisas. O que, às vezes, pode ser bom. O quadro é duma colecção engraçada.
Adenda ao post anterior
Uma hora e 20 depois da música anterior...
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaargh!! Por hoje já chega!
... já nunca mais vou ser teu amigo... ficas sem cromos e sem televisão até sexta-feira. Não se diz isso a ninguém... mamã, dá-me um beijinho...
Porque é que os putos insistem sempre em fazer birras? Esperam algum resultado diferente? Esperam que coisas boas aconteçam?
A estupidez foi minha, claro, já sei que a hora de dormir faz uma enorme diferença e ontem eles deitaram-se às nove. Mas não há pachorra.
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaargh!! Por hoje já chega!
... já nunca mais vou ser teu amigo... ficas sem cromos e sem televisão até sexta-feira. Não se diz isso a ninguém... mamã, dá-me um beijinho...
Porque é que os putos insistem sempre em fazer birras? Esperam algum resultado diferente? Esperam que coisas boas aconteçam?
A estupidez foi minha, claro, já sei que a hora de dormir faz uma enorme diferença e ontem eles deitaram-se às nove. Mas não há pachorra.
A paz interior
O miúdo está aos saltos em cima da cama a tocar em todas as teclas que sabe que nos irritam.
Ommmm. Ommmmmmmm. Ommmmmmmmmmm. Paz.
Ommmm. Ommmmmmmm. Ommmmmmmmmmm. Paz.
17/10/10
15/10/10
Imagens para esquecer
- A fotografia do esqueleto de uma senhora, de braços cruzados debaixo da cabeça, que vi num telemóvel amigo, tirada numas escavações arqueológicas;
- A dum carro funerário com um mini-caixão lá dentro, hoje de manhã.
- A dum carro funerário com um mini-caixão lá dentro, hoje de manhã.
14/10/10
O choque
Hoje, na consulta dos dois monstrinhos, o pediatra ficou ostensivamente chocado quando lhe disse que a miúda faz quatro anos daqui a nada.
- Quatro anos? Impossível! Ainda agora nasceu...
- Quatro anos? Impossível! Ainda agora nasceu...
13/10/10
12/10/10
Porque é que ser mulher é tramado?
Ontem, atrasada, no autocarro a caminho de ir buscar os miúdos à escola, lembrei-me de 50 coisas, pelo menos, em que tinha falhado. Só naquele dia. E ainda só eram cinco da tarde.
Estar atrasada foi o factor despoletador. Mas, em catadupa, lembrei-me que não tinha deixado nada pronto para o jantar, que não tinha descongelado a sopa (ter sopa congelada foi uma atenuante), que não tinha enviado ou respondido a 33 emails importantes, que não tinha preenchido cinco folhas de excel fundamentais (não para mim), que tinha saído duma reunião antes do tempo, que não tinha arrumado o meu armário (abençoadas portas dos armários), que ainda não tinha comprado um tampo de sanita novo, que tinha o congelador a rebentar de gelo, que tinha o fundinho duma mala do Verão ainda para arrumar, que tinha o verniz das unhas com péssimo aspecto, que ainda não tinha comprado acetona, que não tenho botas, pantufas, calças e camisolas de Inverno para a minha filha (deixou tudo de lhe servir dum dia para o outro), que mandei o meu filho para a escola com uma camisa por passar a ferro, que tenho de arranjar uma maneira de ter mais dinheiro, mas também de ter mais tempo para não me atrasar a ir buscar os miúdos...
Depois, na paragem seguinte, entrou uma amiga no autocarro e essas nuvens dissiparam-se. E ainda dizem que os amigos não trazem a felicidade.
Hoje, por coincidência, li este artigo.
Estar atrasada foi o factor despoletador. Mas, em catadupa, lembrei-me que não tinha deixado nada pronto para o jantar, que não tinha descongelado a sopa (ter sopa congelada foi uma atenuante), que não tinha enviado ou respondido a 33 emails importantes, que não tinha preenchido cinco folhas de excel fundamentais (não para mim), que tinha saído duma reunião antes do tempo, que não tinha arrumado o meu armário (abençoadas portas dos armários), que ainda não tinha comprado um tampo de sanita novo, que tinha o congelador a rebentar de gelo, que tinha o fundinho duma mala do Verão ainda para arrumar, que tinha o verniz das unhas com péssimo aspecto, que ainda não tinha comprado acetona, que não tenho botas, pantufas, calças e camisolas de Inverno para a minha filha (deixou tudo de lhe servir dum dia para o outro), que mandei o meu filho para a escola com uma camisa por passar a ferro, que tenho de arranjar uma maneira de ter mais dinheiro, mas também de ter mais tempo para não me atrasar a ir buscar os miúdos...
Depois, na paragem seguinte, entrou uma amiga no autocarro e essas nuvens dissiparam-se. E ainda dizem que os amigos não trazem a felicidade.
Hoje, por coincidência, li este artigo.
10/10/10
Meter o bedelho...
Deixa de fumar assim, amiga.
Estás a dar cabo da tua vida.
Faz as contas e pensa nos teus filhos.
Sorry.
Estás a dar cabo da tua vida.
Faz as contas e pensa nos teus filhos.
Sorry.
London calling
Geralmente desconfio dos números internacionais no telefone. Como não costumo comunicar por telefone com ninguém que esteja no estrangeiro, não faz sentido receber chamadas dessas. Mas ontem recebi e atendi o telefone, mesmo depois de ter torcido o nariz ao número.
Surpreendentemente, eram saudades de uma emIgrante que foi para Inglaterra estudar. Levou as três filhas atrás, o marido tinha ido à frente. Fiquei muito contente de a ouvir, dizendo-me orgulhosa que já tinha começado as aulas, que as miúdas estavam a adorar. Que a casa era mais ou menos mas que estavam todos juntos. E disse que tinha saudades nossas. Quase lhe ouvi as lágrimas. Desejei-lhe muito boa sorte.
Surpreendentemente, eram saudades de uma emIgrante que foi para Inglaterra estudar. Levou as três filhas atrás, o marido tinha ido à frente. Fiquei muito contente de a ouvir, dizendo-me orgulhosa que já tinha começado as aulas, que as miúdas estavam a adorar. Que a casa era mais ou menos mas que estavam todos juntos. E disse que tinha saudades nossas. Quase lhe ouvi as lágrimas. Desejei-lhe muito boa sorte.
06/10/10
Pistáchios
Ontem, o miúdo mais engraçado que eu conheci este ano perguntou à mãe depois de eu lhe dar uns pistáchios:
"mãe, este é verde? Posso comer?"
"mãe, este é verde? Posso comer?"
04/10/10
Tiririca é federal
A notícia do dia é esta:
Tiririca da televisão, candidato a deputado federal,
"o que é que é deputado federal? Eu não sei, vota em mim que eu depois conto",
que diz que quer melhorar a vida das pessoas,
"nomeadamente da minha família",
foi o deputado mais votado nas eleições do Brasil.
O seu slogan é também genial:
Vote em Tiririca, pior do que está não fica.
Tiririca da televisão, candidato a deputado federal,
"o que é que é deputado federal? Eu não sei, vota em mim que eu depois conto",
que diz que quer melhorar a vida das pessoas,
"nomeadamente da minha família",
foi o deputado mais votado nas eleições do Brasil.
O seu slogan é também genial:
Vote em Tiririca, pior do que está não fica.
02/10/10
T.P.C.
O meu empenhadinho mais velho anda encantado com a escola. Vi-o no vídeo de apresentação da turma aos pais, direito como um prego e super atento. Vejo-o no ar satisfeito com que me diz que já acabou os trabalhos de casa. E, também, no caderno de linhas que me pediu para comprar, para "praticar as letras" e que já está cheio de ii, ee, oo, uu, ss e mm. Vejo-o na felicidade com que é ele que agora conta a história. "O Pedro no jardim" ontem e eu a ir na história.
01/10/10
As good as it gets
E se, quando nos lembrarmos da pergunta que faz o Jack Nicholson à psiquiatra "what if this is as good as it gets?" no filme "Melhor é impossível" pensarmos "isto é mesmo o melhor que alguma vez terei"? E o melhor ser mesmo muito bom?
30/09/10
What's the meaning of all this?
Não sei se é cansaço, mas ultimamente dou por mim muitas vezes a pensar isto de coisas pomposas e complicadas.
Hoje no cinema
Estreia hoje nas salas de cinema portuguesas um filme que se baseia num livro que foi importante na minha vida. Chama-se "Comer orar amar", é com a Julia Roberts e acho que tem tido boas críticas. Mas isso nem me interessa. Quero ver e ponto.
Estranhamente, resultou da leitura e análise desse livro uma pacificação interior muito simpática. E a paz, que hoje também se consegue comprar em comprimidos, deixou-se ficar e ainda por aí anda, embora, por vezes, queira brincar às escondidas, obrigando a uma maior concentração para me focar de novo no que quero.
Do entusiasmo em pegar no livro resultou um clube de livros, outra iniciativa importante dos últimos tempos - já vamos fazer dois anos, n'est ce pas?
Porque é que gostei do livro? Não é que contenha nenhuma verdade nunca antes dita, não é que seja de tal maneira iluminado que ilumine o que está à volta. O que diz, simplesmente, é que somos todos a mesma coisa e que do bem dos outros resulta o meu bem e vice-versa e mais coisas do estilo que me ajudam nos meus pensamentos. E, ainda por cima, di-lo partindo de uma viagem emocional e física banal, que qualquer um de nós poderia fazer - tendo a disponibilidade profissional e monetária a que obriga vagabundar pelo mundo.
Não vou hoje, mas vou para a semana, já está prometido.
Estranhamente, resultou da leitura e análise desse livro uma pacificação interior muito simpática. E a paz, que hoje também se consegue comprar em comprimidos, deixou-se ficar e ainda por aí anda, embora, por vezes, queira brincar às escondidas, obrigando a uma maior concentração para me focar de novo no que quero.
Do entusiasmo em pegar no livro resultou um clube de livros, outra iniciativa importante dos últimos tempos - já vamos fazer dois anos, n'est ce pas?
Porque é que gostei do livro? Não é que contenha nenhuma verdade nunca antes dita, não é que seja de tal maneira iluminado que ilumine o que está à volta. O que diz, simplesmente, é que somos todos a mesma coisa e que do bem dos outros resulta o meu bem e vice-versa e mais coisas do estilo que me ajudam nos meus pensamentos. E, ainda por cima, di-lo partindo de uma viagem emocional e física banal, que qualquer um de nós poderia fazer - tendo a disponibilidade profissional e monetária a que obriga vagabundar pelo mundo.
Não vou hoje, mas vou para a semana, já está prometido.
27/09/10
Na passadeira
Por mim, se pensarmos bem nisso, passam diariamente as expectativas e os sonhos das pessoas que aqui vêm.
As pessoas simples, que conseguem organizar-se e comprar coisas que fazem sentido, as idealistas, que acham que podem comprar comida equilibrada ou comida sem açúcar ou sem gordura - virtualmente impossível -, as pessoas liberais, que compram tudo o que o impulso as leva a comprar, as pessoas santas, que vão às compras com os putos e conseguem não desesperar uma única vez, as pessoas relaxadas, que vão comprando ao sabor da maré, as pessoas obsessivas, que seguem religiosamente uma lista - que pachorra...
E passam por aqui também muitas pessoas, certamente solteiras, que enchem o tapete de coisas como rum, gin, água tónica, limas ou limões, açúcar amarelo e sumos para misturas variadas, entre outras coisa. Uma grande dúvida: o que comem?
Quando estou na fila, adoro olhar para os tapetes dos supermercados pelo canto do olho e ver o que as pessoas compram. Adoro imaginar o que vão cozinhar, só a partir dos ingredientes. Chamem-me voyeur da comida, que eu não me importo.
As pessoas simples, que conseguem organizar-se e comprar coisas que fazem sentido, as idealistas, que acham que podem comprar comida equilibrada ou comida sem açúcar ou sem gordura - virtualmente impossível -, as pessoas liberais, que compram tudo o que o impulso as leva a comprar, as pessoas santas, que vão às compras com os putos e conseguem não desesperar uma única vez, as pessoas relaxadas, que vão comprando ao sabor da maré, as pessoas obsessivas, que seguem religiosamente uma lista - que pachorra...
E passam por aqui também muitas pessoas, certamente solteiras, que enchem o tapete de coisas como rum, gin, água tónica, limas ou limões, açúcar amarelo e sumos para misturas variadas, entre outras coisa. Uma grande dúvida: o que comem?
Quando estou na fila, adoro olhar para os tapetes dos supermercados pelo canto do olho e ver o que as pessoas compram. Adoro imaginar o que vão cozinhar, só a partir dos ingredientes. Chamem-me voyeur da comida, que eu não me importo.
Sonhos que eu gosto de ter
Passei o fim-de-semana a sonhar com uma tarte de amêndoa deliciosa e com um bolo de anos do Sporting, depois do jantar de anos dum amigo pequenino na sexta-feira.
Domingo foi dia de almoço de primos, ao ar livre, a gozar o solzinho que ainda andou a brincar connosco. Giro.
Domingo foi dia de almoço de primos, ao ar livre, a gozar o solzinho que ainda andou a brincar connosco. Giro.
26/09/10
Sonhos que eu não gosto de ter
Odeio sonhar com coisas que me preocupam. Acordo irrequieta e não consigo que se vão embora. Ficam aqui, a rodopiar à minha volta, coladas a mim e, por muitas voltas que dê, não as consigo amenizar. Alguém tem truques para sonhar só coisas boas ou mesmo disparates pegados?
23/09/10
Uma manhã complicada
Agora que o Outono oficialmente começou, é preciso repensar tudo. Mas mesmo tudo.
Como, por exemplo, será que ainda posso usar sandálias?
Acho que já não. Argh!
Como, por exemplo, será que ainda posso usar sandálias?
Acho que já não. Argh!
21/09/10
Levar as reclamações a outro nível
Ao levar as reclamações a níveis totalmente diferentes daqueles a que estamos habituados estes clientes conseguem muito mais do que o simples preenchimento do livro de reclamações. Isto é, não sei se conseguiram uma guitarra nova, mas lá que conseguiram fazer-se ouvir, conseguiram.
É tarde
É tarde, tarde, tarde e eu estou para aqui a rir-me, enquanto todo o mundo está a dormir. O site askjeeves.com, que é assim uma espécie de sabichão (lembram-se do jogo, de há uns posts atrás?), compilou as dez questões mais difíceis de responder do mundo (de acordo com o Jeeves). E elas são:
1. Qual é o sentido da vida?
2. Existe um Deus?
3. As loiras divertem-se mais?
4. Qual é a melhor dieta?
5. Está alguém lá fora?
6. Quem é a pessoa mais famosa do mundo?
7. O que é o amor?
8. Qual é o segredo para a felicidade?
9. O Tony Soprano morreu?
10. Quanto tempo vou viver?
Não consigo decidir qual é a melhor, mas se alguém souber a resposta às perguntas 1, 2, 4, 5, 8 avancem por favor, aqui em baixo nos comentários. Quanto às outras, não quero saber. Especialmente a última.
1. Qual é o sentido da vida?
2. Existe um Deus?
3. As loiras divertem-se mais?
4. Qual é a melhor dieta?
5. Está alguém lá fora?
6. Quem é a pessoa mais famosa do mundo?
7. O que é o amor?
8. Qual é o segredo para a felicidade?
9. O Tony Soprano morreu?
10. Quanto tempo vou viver?
Não consigo decidir qual é a melhor, mas se alguém souber a resposta às perguntas 1, 2, 4, 5, 8 avancem por favor, aqui em baixo nos comentários. Quanto às outras, não quero saber. Especialmente a última.
20/09/10
Festa rija
Cá estou eu outra vez a falar de casamentos... Mas haverá festa de que eu mais gosto? Não sei se é da história das princesas e do "e viveram felizes para sempre", mas estou sempre em grande animação nos dias que antecedem o casamento, a preparar tudo e durante a própria festa.
Este, em especial, duma prima muito romântica que eu sei partilhar esta mística do "viveram felizes para sempre" comigo. Deu para encontrar antigos amigos da Figueira da Foz que já não via há 20 anos (xinamen!!) e para dançar até às 7h, o que, bem vistas as coisas, compensa não ir ao ginásio...
O casamento foi em casa dos meus tios, um sítio que é um verdadeiro palácio encantado, onde passei alguns dos melhores momentos da minha infância. Uma casa linda, cheia de quartos e salas, recantos e segredos, onde as tábuas rangiam enquanto nós tentávamos adormecer, histéricas de histórias de fantasmas e de cafés tomados às escondidas, onde fumámos pela primeira vez uma beata roubada do cinzeiro a um tio qualquer. Um sítio de sonho, em cima do Tejo e que merece uma visita.
Adorei a festa.
Este, em especial, duma prima muito romântica que eu sei partilhar esta mística do "viveram felizes para sempre" comigo. Deu para encontrar antigos amigos da Figueira da Foz que já não via há 20 anos (xinamen!!) e para dançar até às 7h, o que, bem vistas as coisas, compensa não ir ao ginásio...
O casamento foi em casa dos meus tios, um sítio que é um verdadeiro palácio encantado, onde passei alguns dos melhores momentos da minha infância. Uma casa linda, cheia de quartos e salas, recantos e segredos, onde as tábuas rangiam enquanto nós tentávamos adormecer, histéricas de histórias de fantasmas e de cafés tomados às escondidas, onde fumámos pela primeira vez uma beata roubada do cinzeiro a um tio qualquer. Um sítio de sonho, em cima do Tejo e que merece uma visita.
Adorei a festa.
17/09/10
Pois
Como te digo, as coisas que não fazemos ou não dizemos voltam-se contra nós.
Mesmo que as sintamos com muita força, se não as verbalizamos ou se não as tornamos físicas, para os outros é como se não existissem. E os outros (e nós) precisamos de saber que as outras pessoas, as pessoas de fora, sentem as suas coisas (os seus aniversários, as suas tristezas, as suas mortes, as suas alegrias...). Por isso, diz, pega no telefone, partilha a felicidade, a angústia, a paz...
Liberta-te pois, e deixa de ter vergonha de dizer coisas disparatadas ou emotivas.
Mesmo que as sintamos com muita força, se não as verbalizamos ou se não as tornamos físicas, para os outros é como se não existissem. E os outros (e nós) precisamos de saber que as outras pessoas, as pessoas de fora, sentem as suas coisas (os seus aniversários, as suas tristezas, as suas mortes, as suas alegrias...). Por isso, diz, pega no telefone, partilha a felicidade, a angústia, a paz...
Liberta-te pois, e deixa de ter vergonha de dizer coisas disparatadas ou emotivas.
16/09/10
15/09/10
Copy assassino
Mãe, já estou farto, mãe, ainda falta muito?, mãe, quando é que chegamos?, mãe, mãe, a que horas é o jantar?...
Olha filho, é já aqui o McDrive.
Mãe, és linda.
É uma publicidade que está a passar na rádio. E é certeira. Vamos pelo cano.
Olha filho, é já aqui o McDrive.
Mãe, és linda.
É uma publicidade que está a passar na rádio. E é certeira. Vamos pelo cano.
Placebo
Uma amiga que é quase médica, porque é filha de um casal de médicos e isso passa por osmose, sugeriu-me que tomasse magnésio, porque eu andava a queixar-me de me sentir um petit peu irritada. Já tinha tomado antes e sabia que funcionava, mas esqueci-me disso.
Ontem, de repente, invadiu-me uma paz daquelas boas e pensei "olha, foi o magnésio, funciona mesmo". E então fui tomar o tal compromidinho e reparei que me tinha esquecido de os tomar durante três dias seguidos. Ou seja, ainda só tinha tomado um.
E ainda dizem mal dos placebos. Neste caso, nem precisei de tomar os comprimidos para sentir os efeitos.
Ontem, de repente, invadiu-me uma paz daquelas boas e pensei "olha, foi o magnésio, funciona mesmo". E então fui tomar o tal compromidinho e reparei que me tinha esquecido de os tomar durante três dias seguidos. Ou seja, ainda só tinha tomado um.
E ainda dizem mal dos placebos. Neste caso, nem precisei de tomar os comprimidos para sentir os efeitos.
14/09/10
O fim de tarde
Apesar das excepcionais dificuldades em tirar dois bichos particularmente ensonados da cama hoje de manhã, ontem tivemos um fim de tarde maravilhoso, a comer pistachios e pizza no barquinho, ao pôr do sol. Não havia pinga de vento, nem de frio. Connosco, a melhor companhia do mundo. Aos saltos e a delirarem com TUDO. Especial.
13/09/10
Desperdício de tempo
Descobri que há três dias - não consecutivos que é para não se habituarem mal - que ando a usar gel de banho como creme hidratante para as pernas. Eu que andava toda empenhada em ter a pele maciinha, tipo resolução de início do ano lectivo, desperdicei dez bons minutos da última semana a pôr gel de banho nas pernas... Bem que estranhei aquilo fazer espuma, mas pensei "são os senhores da Body Shop que andam a testar umas texturas diferentes, se não nos animais, directamente nos compradores". Também estranhei ter passado o dia com ligeira comichão na pele. Quando me apercebi do disparate, estive outros cinco minutos a rir. Isto de estar sozinha em casa tende para a loucura, falar ou rir sozinha, ou coisas do estilo.
Carga de trabalhos
Na caída da noite, quando os miúdos estão a dormir, aproveito para forrar com papel autocolante ou com as folhas de plástico da AMI os livros novos das criaturas. Para a mais pequena, parece-me justo, dois livros, um de actividades um para a música. Já para o gentleman, contei 15 ou 16 livros!!! Português, Inglês, Estudo do Meio, Matemática. (Estou tão orgulhosa apesar das dores nas costas de ter estado dobrada na mesa da cozinha a fazer esse trabalho). E tive de escrever o nome dele tantas vezes em tantas coisas para que não se percam que acho que vou passar a usar essa assinatura.
De resto, fim-de-semana "muito bacana", como diria a Roberta Medina. Sábado, almoço de aniversário de uma amiga, comemorado à larga, no campo, com apetitosas comidas e conversas. Domingo, conversas e lanche, agora ao largo de Cascais. Banho já não, parece que já não apetece.
De resto, fim-de-semana "muito bacana", como diria a Roberta Medina. Sábado, almoço de aniversário de uma amiga, comemorado à larga, no campo, com apetitosas comidas e conversas. Domingo, conversas e lanche, agora ao largo de Cascais. Banho já não, parece que já não apetece.
10/09/10
Coisas patetas
Lembrei-me hoje que a primeira vez na vida que conduzi à noite fiz a viagem toda desde a faculdade até casa com os máximos ligados. De resto, só me apercebi que estavam ligados quando estacionei o carro. Isto é, o receio de tirar os olhos da estrada foi de tal maneira que nem reparei no sinal azul dos máximos ligados no tablier. Só achei muito antipáticos os outros condutores que me fizeram muitas vezes máximos.
08/09/10
Pedaços do dia
Acho que os senhores das obras do andar de baixo estão a furar o chão onde está a minha cadeira. Estou com uma dor de cabeça monumental. Estou a tentar trabalhar.
Já está
Hoje fui eu que fiquei com as outras mães na secretaria da escola à espera que o meu filho passasse para o arranque do seu primeiro ano escolar. E, pode dizer-se, sou uma mãe orgulhosa. A emoção de o ver passar com os seus colegas de mochilas às costas, tipo pintaínhos a seguir a nova professora é espectacular e faz-me lembrar a felicidade imensa que senti quando fui eu a ir para a escola - nessa altura, directamente para a primária, que a menina aqui nunca teve acesso a pré-primária. A minha grande dúvida é: será que eu sabia sequer sentar-me quando comecei a primeira classe? Os anos na escola são uma maravilha. [E ainda bem que são entremeados com férias.]
07/09/10
Eu sei que não preciso...
Stronzo
Não sei quem terá sido o stronzo que inventou a possibilidade de dar antibiótico às crianças de oito em oito horas - Hello-o, há uma dose que vai calhar a meio da noite e, no nosso caso, à meia-noite. A coisa nunca é bonita e inclui berros (de parte a parte), choro (principalmente do pai que já estava a dormir), lamentos vários (de todos), acordar o irmão mais velho (aka O fiscal), impulso de vómito (na criatura que de dia toma a solução sem se queixar), ameaças verbais ("se vomitares essa porcaria bebes tudo outra vez"), berros (do pequeno monstro, outrora uma princesa verdadeira - "mãe, eu já dormi neste castelo, sabes?"), soluços e beijinhos depois (para fazermos as pazes) e aquele belo sentimento de que sou uma mãe da treta.
O sabichão
Ontem à noite, enquanto o melhor amigo do mundo estava a montar a minha secretária nova, de chave de fendas eléctrica em punho, lembrei-me dum jogo que sempre me maravilhou quando era pequena. Por várias razões:
1ª tinha um ar muito sofisticado - nada a ver com o Jogo da Glória a que eu estava habituada;
2ª aquilo mexia-se sozinho - tinha vida própria, era uma espécie de uma tábua de espíritos;
3ª respondia a perguntas dificílimas, já não me lembro quais, mas aquilo era mesmo esperto e acertava sempre;
4ª ninguém sabia como é que aquilo funcionava - e, só isso, já justificava brincar com o jogo.
Numa família com quatro miúdos não havia dinheiro para muito mais do que o essencial e, claro, não havia dinheiro para jogos sofisticados como este. Também calculo que, se tivesse havido, a minha irmã cientista o teria desmontado para ver como funcionava. Da mesma maneira que cortava o cabelo às minhas bonecas para ficarem diferentes e mais bonitas.
Noutro dia estive com O sabichão na mão a pensar se havia de comprar ou não para os meus filhos, mas depois achei caro de mais e achei que, se comprasse, ia perder a mística.
1ª tinha um ar muito sofisticado - nada a ver com o Jogo da Glória a que eu estava habituada;
2ª aquilo mexia-se sozinho - tinha vida própria, era uma espécie de uma tábua de espíritos;
3ª respondia a perguntas dificílimas, já não me lembro quais, mas aquilo era mesmo esperto e acertava sempre;
4ª ninguém sabia como é que aquilo funcionava - e, só isso, já justificava brincar com o jogo.
Numa família com quatro miúdos não havia dinheiro para muito mais do que o essencial e, claro, não havia dinheiro para jogos sofisticados como este. Também calculo que, se tivesse havido, a minha irmã cientista o teria desmontado para ver como funcionava. Da mesma maneira que cortava o cabelo às minhas bonecas para ficarem diferentes e mais bonitas.
Noutro dia estive com O sabichão na mão a pensar se havia de comprar ou não para os meus filhos, mas depois achei caro de mais e achei que, se comprasse, ia perder a mística.
03/09/10
15 anos
Acordar 15 anos depois e conseguir rever ao minuto todos os minutos horríveis do dia 3 de Setembro de 1995 (e dos que se seguiram) não é ter boa memória. Acordar todos os dias e sentir a tua falta em todas as pequenas coisas da vida não é ser insatisfeita. Ter um buraco no coração e sentir que me (nos) falta um braço e, como um amputado, continuar a acariciar-te, a falar contigo e a contar-te histórias não é doideira. É um pesadelo. É não estar presente em toda a vida. É sentir a tua falta, maninho. Todos os dias.
02/09/10
Coisas giras
O blogger - onde escrevo o vida a dias - agora tem uma funcionalidade muito útil. Eu que fui um bocadinho tansa a instalar o google stats e que, por isso, não faço ideia de quem me leu desde que o blog existe, tenho a curiosidade natural de querer saber se alguém vem aqui ler as minhas ideias. E pela leitura das estatísticas percebo que vêem muito. São é mudos - ou seja, este blog é pouco interactivo. A culpa deve ser minha que o uso mais para desabafar do que para perguntar.
Coisas giras: a maior parte das pessoas que me lê é de Portugal, mas (não faço ideia como) também me lêem muito nos Estados Unidos, Brasil e Bélgica, Canadá, Luxemburgo e Rússia e ainda Espanha, Reino Unido e Dinamarca.
Às vezes sinto-me um bocado sozinha aqui, mas depois acontece-me conversar com pessoas na rua e perceber que sabem de que é que eu estou a falar (ah, ok, leram no blog...). Agora, com as estatísticas dos países de origem dos leitores posso quase achar que pertenço à Sociedade das Nações...
Coisas giras: a maior parte das pessoas que me lê é de Portugal, mas (não faço ideia como) também me lêem muito nos Estados Unidos, Brasil e Bélgica, Canadá, Luxemburgo e Rússia e ainda Espanha, Reino Unido e Dinamarca.
Às vezes sinto-me um bocado sozinha aqui, mas depois acontece-me conversar com pessoas na rua e perceber que sabem de que é que eu estou a falar (ah, ok, leram no blog...). Agora, com as estatísticas dos países de origem dos leitores posso quase achar que pertenço à Sociedade das Nações...
01/09/10
Help
Agora para uma questão verdadeiramente importante: como é que as pessoas conseguem aguentar o verniz das unhas dos pés com bom aspecto na praia?
31/08/10
Cuore
Vejo-a pouco, porque os meus olhos não costumam pairar sobre as revistas cor-de-rosa, mas a Cuore é a minha revista preferida. Aí, ninguém é perfeito, ninguém está perdidamente apaixonado, ninguém acaba de recuperar a excelente forma física apenas dois segundos depois de ter sido mãe. Aí, nessa revista que é publicada em vários países, as pessoas têm defeitos, têm joelhos de pessoas velhas, têm rugas, têm pança, celulite, fumam, andam despenteadas e sem maquilhagem... Enfim, são pessoas. E isso é o verdadeiro encanto da revista (que eu nunca comprei).
30/08/10
Eu quero uma
Tenho um amigo que admirava muito quando éramos pequenos, pelo simples facto de que tinha uma mala de mão de aspecto antigo que afinal era um rádio. Isto foi em 1980 e pouco, por isso ainda não havia walkman e coisas do género. E eu amava a mala/rádio dele.
Hoje vi num blog destes que recomendo à direita, o da Jordan Ferney, um post sobre as novas clutch da Kate Spade, senhora cujos produtos também admiro mas não consumo que isto aqui por casa as maletas são de tecido ou qualquer coisa igualmente barata. As clutch têm a forma de livros. Acho genial. E são lindas, além disso. Só têm um problema: custam 300 dólares.
Hoje vi num blog destes que recomendo à direita, o da Jordan Ferney, um post sobre as novas clutch da Kate Spade, senhora cujos produtos também admiro mas não consumo que isto aqui por casa as maletas são de tecido ou qualquer coisa igualmente barata. As clutch têm a forma de livros. Acho genial. E são lindas, além disso. Só têm um problema: custam 300 dólares.
Modos
Na semana passada, em Biarritz, descobri que há uma maneira simples de vigiar efectivamente as praias. Os nadadores salvadores, com ar de pequenos touros, concentram o maralhal em 20 metros de mar. Duas bandeiras azuis limitam a possibilidade de tomar banho. Quem sai das linhas de defesa leva um apito. Os surfistas que se aproximam dos banhistas levam um mega apito. O mar é mau, mas há quatro pares de olhos a fiscalizar tudo em permanência. Dá segurança.
Payback
E, como sempre, depois de sermos egoístas (ainda que com razão), recebemos o castigo divino. No meu caso, resultou na seguinte conversa que ouvi hoje de manhã entre o meu sobrinho minorca e a minha filha.
"pima, tu ontem imitaste à porta do café?"
"sim, vomitei", ar compungido.
"então vou-te comprar uma bola da kitty".
O amor entre primos é assim. E o payback também.
"pima, tu ontem imitaste à porta do café?"
"sim, vomitei", ar compungido.
"então vou-te comprar uma bola da kitty".
O amor entre primos é assim. E o payback também.
29/08/10
Hoje foi dia de compras
Hoje fui às compras para mim, sozinha. Comprei coisas muito giras, a pensar no fim do Verão, um casaco cinzento amoroso, umas sabrinas pretas, um pijama, umas cuecas, uma t-shirt. Não comprei uma única coisa para ninguém, isto é, passei por coisas de miúdos e não comprei nada para eles, nem um gancho, nem umas meias. Hoje de manhã fui egoísta. Fui só eu. Estava a precisar, depois de dois meses e tal só de meninos e trabalho e meninos self-centered.
Assim, sozinha, concluí que: em família, o equilíbrio de uns equivale ao equilíbrio de outros. O bem-estar de uns resulta mais facilmente no bem-estar dos outros à sua volta. Assim, tão simples.
Assim, sozinha, concluí que: em família, o equilíbrio de uns equivale ao equilíbrio de outros. O bem-estar de uns resulta mais facilmente no bem-estar dos outros à sua volta. Assim, tão simples.
26/08/10
Apertado
A simples ideia do que se está a passar com os 33 mineiros chilenos enterrados numa câmara de 50 metros quadrados a 700 metros de profundidade é aterradora. Devo ser um pouco claustrofóbica, porque não me aprazem muito os túneis, os locais apertados e exíguos, mas isto é mesmo demais. Pobres coitados.
Waka waka
A música deste Verão está a ser a Waka waka da Shakira. Acho que até já quase desloquei a anca para a imitar na dança. Os miúdos adoram. O delírio total foi quando na fantástica kiss fm galega apareceu a Shakira a cantar a música em castelhano. Deliraram.
"Sabes mãe, eu gosto muito da Shakira, porque ela canta muito bem"
Eu também gosto, é muito animada.
"E também gosto dela porque, além disso, é muito bonita".
"Sabes mãe, eu gosto muito da Shakira, porque ela canta muito bem"
Eu também gosto, é muito animada.
"E também gosto dela porque, além disso, é muito bonita".
25/08/10
Vejo-te
Vejo-te quando sais do mar a correr ou quando mergulhas com os olhos muito abertos não sei se com medo de ficar sempre na água. Vejo-te na galhofa e a brincar. Vejo-te nos ténis gigantes e nas calças justas. Desculpa mas é isso que vejo. Vejo-te e morro de saudades.
23/08/10
As flores
Logo pela manhã, enquanto os outros se afadigam a limpar as mesas com as toalhas de plástico às flores, penduram a roupa lavada nas cordas cor-de-laranja e se dirigem em rebanho para as casas de banho, eu enfeito a minha mesa da cozinha com flores frescas.
Aqui, no Verão, é difícil comprar pão e ovos pela manhã. Os turistas de dois dias compram tudo para poderem passar o dia na praia. Passam por aqui logo pela manhã - eu vejo pela minha janela do avançado da cozinha - com um saco cheio das baguettes e outro com o leite, queijo, tomate e alface.
Às vezes também me apetecia poder ir com eles até à praia, só um bocadinho. Mas a praia agora é diferente do que era quando eu era miúda. Antes, íamos à praia quase vestidos, a água daqui é fria, tremíamos quando o banheiro nos mergulhava dentro da água, uns a seguir aos outros, como patos a tomarem o banho. Ainda me lembro dos gritos dos outros miúdos. Como eles se devem lembrar dos meus.
Mas agora, com a quantidade de coisas que tenho de fazer, quase não me sobra tempo para ir até à praia. Acordar mais cedo do que os outros todos, para poder usar a casa de banho à minha vontade. Preparar o pequeno-almoço para nós os dois, aquecer o leite, misturar o café, preparar as torradas, fazer ovos mexidos, pôr a mesa. Começar a ver os outros a acordar, ensonados, despenteados, essa é a minha parte preferida. Quase nem me vêem. Mas eu vejo tudo. Aqui sei tudo o que se passa.
Depois, arrumar a mesa e a cozinha e tratar da roulotte. Arrumar tudo, varrer, tratar das roupas, sacudir os tapetes e começar a tratar do almoço. A seguir ao almoço repetir. Depois a sesta. E depois o jantar, arrumar de novo, apanhar um bocadinho da fresca da noite. E dormir. Não dá para ir à praia.
Aqui, no Verão, é difícil comprar pão e ovos pela manhã. Os turistas de dois dias compram tudo para poderem passar o dia na praia. Passam por aqui logo pela manhã - eu vejo pela minha janela do avançado da cozinha - com um saco cheio das baguettes e outro com o leite, queijo, tomate e alface.
Às vezes também me apetecia poder ir com eles até à praia, só um bocadinho. Mas a praia agora é diferente do que era quando eu era miúda. Antes, íamos à praia quase vestidos, a água daqui é fria, tremíamos quando o banheiro nos mergulhava dentro da água, uns a seguir aos outros, como patos a tomarem o banho. Ainda me lembro dos gritos dos outros miúdos. Como eles se devem lembrar dos meus.
Mas agora, com a quantidade de coisas que tenho de fazer, quase não me sobra tempo para ir até à praia. Acordar mais cedo do que os outros todos, para poder usar a casa de banho à minha vontade. Preparar o pequeno-almoço para nós os dois, aquecer o leite, misturar o café, preparar as torradas, fazer ovos mexidos, pôr a mesa. Começar a ver os outros a acordar, ensonados, despenteados, essa é a minha parte preferida. Quase nem me vêem. Mas eu vejo tudo. Aqui sei tudo o que se passa.
Depois, arrumar a mesa e a cozinha e tratar da roulotte. Arrumar tudo, varrer, tratar das roupas, sacudir os tapetes e começar a tratar do almoço. A seguir ao almoço repetir. Depois a sesta. E depois o jantar, arrumar de novo, apanhar um bocadinho da fresca da noite. E dormir. Não dá para ir à praia.
Lola
"Porque é que estás sentada no meu caminho?", pergunta a espanholita com um ar hiper insolente a fazer-me um ar superior.
Olá, estás boa? És muito bonita. Como te chamas?
Perdeu um pouco o pé, fez-me um sorrisinho derretido.
"Sou a Lola."
Mas continuou.
"Porque é que estás no meu caminho?"
Este caminho não é teu, é do parque de campismo e o senhor do parque disse-me para pôr aqui a minha tenda. Por isso, eu e a minha família vamos ser teus vizinhos. Quantos anos tens? Moras aqui?
"Quatro. Estou aqui de férias com a minha avó."
Ok, nós vamos embora daqui a dois dias, depois tens o teu caminho de volta, pode ser?
A avó, percebemos depois, é daquelas pessoas que liga a televisão quando acorda e desliga quando se vai deitar. Era mesmo a única fonte de barulho no pacato e familiar parque de campismo de Rodilles, zona de praias maravilha nas Astúrias, onde os miúdos se envolveram pela primeira vez numa muy tipica disputa Portugal/Espanha.
A avó, uma senhora pesadota que se apresentava com um lenço na cabeça à moda dos anos 50, tinha três actividades que lhe ocupavam o dia: conversar com as vizinhas (que não a gramavam muito), estar ao computador portátil (provavelmente no facebook) e tratar da neta.
Tratar da neta devia ser a tarefa que lhe dava mais gozo. Isto porque, enquanto os meus filhos estavam permanentemente enlameados de andarem a subir aos montes, às árvores e aos escorregas, tinham roupa estilo fato de treino para não termos pena de se estragar e andavam de chinelas da praia (acho que ainda estão coladas aos pés), a boa da Lola apresentava-se todos os dias com duas toilettes completas diferentes. De manhã com um ar mais informal mas, mesmo assim, com penteados elaborados ("ó mãe, esquecemo-nos da escova"). De noite, aparecia com ténis pretos de verniz e com tantos ganchos, pulseiras e colares que até a minha pirosa achava excessivo.
Neste parque de campismo vi também as cozinhas mais aprumadas que já alguma vez pensei ser possível haver no campo, com bancadas e electrodomésticos encastrados, com forno, fogão e micro-ondas e frigoríficos maiores do que aquele que tenho em casa. Tudo por 1.695 euros anuais.
Olá, estás boa? És muito bonita. Como te chamas?
Perdeu um pouco o pé, fez-me um sorrisinho derretido.
"Sou a Lola."
Mas continuou.
"Porque é que estás no meu caminho?"
Este caminho não é teu, é do parque de campismo e o senhor do parque disse-me para pôr aqui a minha tenda. Por isso, eu e a minha família vamos ser teus vizinhos. Quantos anos tens? Moras aqui?
"Quatro. Estou aqui de férias com a minha avó."
Ok, nós vamos embora daqui a dois dias, depois tens o teu caminho de volta, pode ser?
A avó, percebemos depois, é daquelas pessoas que liga a televisão quando acorda e desliga quando se vai deitar. Era mesmo a única fonte de barulho no pacato e familiar parque de campismo de Rodilles, zona de praias maravilha nas Astúrias, onde os miúdos se envolveram pela primeira vez numa muy tipica disputa Portugal/Espanha.
A avó, uma senhora pesadota que se apresentava com um lenço na cabeça à moda dos anos 50, tinha três actividades que lhe ocupavam o dia: conversar com as vizinhas (que não a gramavam muito), estar ao computador portátil (provavelmente no facebook) e tratar da neta.
Tratar da neta devia ser a tarefa que lhe dava mais gozo. Isto porque, enquanto os meus filhos estavam permanentemente enlameados de andarem a subir aos montes, às árvores e aos escorregas, tinham roupa estilo fato de treino para não termos pena de se estragar e andavam de chinelas da praia (acho que ainda estão coladas aos pés), a boa da Lola apresentava-se todos os dias com duas toilettes completas diferentes. De manhã com um ar mais informal mas, mesmo assim, com penteados elaborados ("ó mãe, esquecemo-nos da escova"). De noite, aparecia com ténis pretos de verniz e com tantos ganchos, pulseiras e colares que até a minha pirosa achava excessivo.
Neste parque de campismo vi também as cozinhas mais aprumadas que já alguma vez pensei ser possível haver no campo, com bancadas e electrodomésticos encastrados, com forno, fogão e micro-ondas e frigoríficos maiores do que aquele que tenho em casa. Tudo por 1.695 euros anuais.
Vida no campo
Miúda, é melhor calçares as sandálias.
"Mas porquê mamã?"
"Porque o chão está cheio de sílvias", dispara o irmão mais velho.
"Mas porquê mamã?"
"Porque o chão está cheio de sílvias", dispara o irmão mais velho.
Just landed
Chegámos ontem à noite a casa depois de uma viagem directa de carro de mil quilómetros desde Biarritz, no Sul de França. Os miúdos portaram-se maravilhosamente, apesar de terem começado a alucinar quando entrámos em Portugal e, depois, quando passámos a zona de Abrantes.
A subida até Biarritz e ao espectacular parque de campismo Le Pavillon Royal sobre a praia foi uma semana de férias a acampar por uma série de parques do Norte de Espanha, que correu muito bem.
É claro que na primeira noite, na Galiza, em O Grove, custou um pouco a adormecer. O parque de campismo era barulhento e os miúdos estavam histéricos por estarem a acampar. A partir daí acalmaram e entrou-lhes na pele. Perto de O Grove, delirámos com San Vicente do Mar, um aldeia de férias deliciosa, onde comemos marisco barato barato.
O herói que esteve a praticar body surf na praia em Biarritz é que veio um bocadinho amassado, com o braço magoado. De resto, correu tudo às mil maravilhas.
A subida até Biarritz e ao espectacular parque de campismo Le Pavillon Royal sobre a praia foi uma semana de férias a acampar por uma série de parques do Norte de Espanha, que correu muito bem.
É claro que na primeira noite, na Galiza, em O Grove, custou um pouco a adormecer. O parque de campismo era barulhento e os miúdos estavam histéricos por estarem a acampar. A partir daí acalmaram e entrou-lhes na pele. Perto de O Grove, delirámos com San Vicente do Mar, um aldeia de férias deliciosa, onde comemos marisco barato barato.
O herói que esteve a praticar body surf na praia em Biarritz é que veio um bocadinho amassado, com o braço magoado. De resto, correu tudo às mil maravilhas.
13/08/10
Casa de doidos
Costumas dizer que, seja a que hora for, podemos sempre encontrar alguém acordado cá em casa. Há os que atacam nos filmes da televisão, há os que gostam de ir beber água, os que vão à casa de banho, os que vão ler para a casa de banho, os que vão espreitar à janela do cimo das escadas, enfim... de tudo um pouco.
Eu gosto de dormir. Gosto de não saber de nada disso. Gosto, como me tem acontecido ultimamente, de acordar com a sensação de ter dormido apenas cinco minutos, por ter dormido tão bem. Mas, às vezes, também acordo.
Costumas dizer que, se calhar, somos uma casa de doidos. E enquanto vos vejo a entrar no carro às duas da manhã para ir tratar do pequenino, a discutir como marretas, rio-me porque acima de tudo somos uma família de ciganos. Ou mosqueteiros, como quiseres. E eu adoro isso.
Eu gosto de dormir. Gosto de não saber de nada disso. Gosto, como me tem acontecido ultimamente, de acordar com a sensação de ter dormido apenas cinco minutos, por ter dormido tão bem. Mas, às vezes, também acordo.
Costumas dizer que, se calhar, somos uma casa de doidos. E enquanto vos vejo a entrar no carro às duas da manhã para ir tratar do pequenino, a discutir como marretas, rio-me porque acima de tudo somos uma família de ciganos. Ou mosqueteiros, como quiseres. E eu adoro isso.
12/08/10
11/08/10
Hoje foi...
... Um dia de doidos. A partir do meio-dia, uns quantos enloqueceram. Berraram, brigaram, choraram, fincaram os pés no chão. Agora, finalmente, adormeceram todos.
A minha mãe diz "estava bem arranjada, com quatro, a serem tão esquisitinhos", para os desmotivar de serem chatos. Mas, sabe, mamã, ainda há dois dias o New York Times dizia que as memórias, de férias, por exemplo, anulam todas as pequenas areias na engrenagem, todas as birras e esquisitices. Que, ao fim dos anos, os pais se lembram de infâncias angelicais, de meninos penteadinhos e a cheirar a banho.
Hoje, com esta treta dos blogs, fica tudo gravado. Tudo tudo não. Algumas birras só. E, além disso, a pequenita ficou com um pontinha de febre e daqui a dois dias vamos usar a tenda gigante que, até há dois minutos estava estendida no jardim. Se ela ficar boa até lá, claro.
Fora isso, o mar estava um sonho - as horas na praia foram dentro dele, a brincar com as ondinhas e com os putos - felicidade suprema.
A minha mãe diz "estava bem arranjada, com quatro, a serem tão esquisitinhos", para os desmotivar de serem chatos. Mas, sabe, mamã, ainda há dois dias o New York Times dizia que as memórias, de férias, por exemplo, anulam todas as pequenas areias na engrenagem, todas as birras e esquisitices. Que, ao fim dos anos, os pais se lembram de infâncias angelicais, de meninos penteadinhos e a cheirar a banho.
Hoje, com esta treta dos blogs, fica tudo gravado. Tudo tudo não. Algumas birras só. E, além disso, a pequenita ficou com um pontinha de febre e daqui a dois dias vamos usar a tenda gigante que, até há dois minutos estava estendida no jardim. Se ela ficar boa até lá, claro.
Fora isso, o mar estava um sonho - as horas na praia foram dentro dele, a brincar com as ondinhas e com os putos - felicidade suprema.
08/08/10
Quem é?
A minha irmã anda super curiosa para saber quem é o lonely pipe que aqui há tempos deixou um comentário muito simpático neste blog e que não se revelou. Por isso, please, apresente-se. Ela quer saber quem é. E eu também, já agora.
Dias do Demo
O Levante é um vento do Demo. Quando sopra com força, parece que alguma força maléfica está para se levantar. O mar fica encarpelado, o vento seco e quente, os mosquitos atacam com um força sanguinária, a tensão vem por aí abaixo. Razão tinha o avô João, pai do meu sogro, para andar irrequieto em dias de Levante. O vento quente que vem do deserto incomodava-o imenso. A mim também, porque me cheira sempre a coisas más, como fogos, terramotos, inquietação da terra. Não gosto do Levante.
06/08/10
Aventura em alto mar
Agora, que a nossa semana de férias sobre a água está prestes a terminar, percebo que as minhas perspectivas foram muito pessimistas. Imaginei dias difíceis, birras e complicações, mas correu tudo bem. Scrapes & bruises, cada um traz os seus, que isto do mar é sempre mais instável.
Hoje, ao fazermos a nossa última amarração em Portimão, o nosso timoneiro, o nosso grande líder, caiu à água. Ficámos a simpatizar bem mais com a de Lagos, é mais estruturada.
Amanhã regressamos, ainda há tempo para uns mergulhos e depois acho que como os destes dias dificilmente vamos ter mais. O tempo esteve um sonho. Os miúdos portaram-se muito bem. Mesmo considerando o dia do Inferno.
Hoje, ao fazermos a nossa última amarração em Portimão, o nosso timoneiro, o nosso grande líder, caiu à água. Ficámos a simpatizar bem mais com a de Lagos, é mais estruturada.
Amanhã regressamos, ainda há tempo para uns mergulhos e depois acho que como os destes dias dificilmente vamos ter mais. O tempo esteve um sonho. Os miúdos portaram-se muito bem. Mesmo considerando o dia do Inferno.
A ver o mar
Doem-me os pés. Aquele senhor está a olhar para mim de lado, de que é que eu me esqueci? Estes sapatos já deram o que tinham a dar, tenho de pedir à Conceição que me compre outros. A esplanada hoje está cheia, não devo ir para casa antes das três da manhã. Outra vez. Entrego umas amêijoas à mesa de esquina, acho que os tipos são suecos. Para a semana faz 20 anos que trabalho aqui. Despacho uma cataplana especial e duas massas de peixe. Nem tenho tempo de olhar para o mar. Assim que começa o Verão acaba-se o passeio. Durante o Inverno é pior, o restaurante fecha e vivo da agricultura. Parece muito mas é muito pouco, dá para dois. Desculpe, mas já não temos carapaus. Aqui está a sua conta, é cara? Pois temos de fazer em três meses o que nos faz comer em nove. Tenho 40 anos, não sei o que vou fazer a seguir. Para já, faço quatro turnos ao jantar e mais três ao almoço. E é o dia todo a tentar perceber o que é que eles querem. E eu?
04/08/10
Modo de vida
Por estes dias, dormimos em vê, lavamos os dentes com água do luso, arrumamos as coisas mal as usamos, passamos os serões ao ar livre, repetimos três vezes a chamada em vhf, compro e devoro duas ou três revistas por dia (mais um bolinho de amêndoa, o da forma de joaninha, por favor), e repetimos uns para os outros "isto é que é viver a vida".
Hoje, em especial, tivemos de simular que íamos pôr os putos no comboio para Lisboa, por mau comportamento e implicância militante. Entrámos na estação, onde estava muito fresquinho, e tudo. Depois, ficaram mais meiguinhos e tudo "ó mana" práqui, "ó mano" práli.
Quem disse que pais têm férias é como quem diz que dormiu como um bebé: o mais certo é não ter tido filhos ou já não se lembrar.
Está a ser muito fixe, não se assustem, os miúdos estão a delirar.
Será muito errado dizer-lhes que ás vezes tornam as férias num Inferno? Não deve fazer grande mal. A isso segue-se a pergunta "o que é um inferno?" e o meu ataque de riso inevitável. Passamos os dias dentro de água. Isso compensa.
Hoje, em especial, tivemos de simular que íamos pôr os putos no comboio para Lisboa, por mau comportamento e implicância militante. Entrámos na estação, onde estava muito fresquinho, e tudo. Depois, ficaram mais meiguinhos e tudo "ó mana" práqui, "ó mano" práli.
Quem disse que pais têm férias é como quem diz que dormiu como um bebé: o mais certo é não ter tido filhos ou já não se lembrar.
Está a ser muito fixe, não se assustem, os miúdos estão a delirar.
Será muito errado dizer-lhes que ás vezes tornam as férias num Inferno? Não deve fazer grande mal. A isso segue-se a pergunta "o que é um inferno?" e o meu ataque de riso inevitável. Passamos os dias dentro de água. Isso compensa.
Parece-me que...
Quando era pequenina, gozava com a divertida característica da minha mãe de ver pessoas conhecidas em toda a parte. Quem via mais eram os seus irmãos, que nós nos apressávamos a dizer que não eram os ditos. Mãe: estou igual. Bjs
03/08/10
Vamos a fazer um esforço
Quando se referem a tostas, os ingleses não se referem a toasties, nem a mix toast, nem sequer a mistical toast. Grilled cheese. Não é lógico mas nem tudo tem de ser lógico.
30/07/10
29/07/10
O futuro
De um pintor empoleirado no telhado para o outro:
"Sabes? Eu quando for rico vou comprar cinco vivendas..."
"Então?", pergunta o outro,
"Uma para cada um dos meus irmãos".
"Sabes? Eu quando for rico vou comprar cinco vivendas..."
"Então?", pergunta o outro,
"Uma para cada um dos meus irmãos".
28/07/10
Certeiro
Já disse isto antes de certeza, mas há frases que uma vez lidas me repicam na cabeça tipo os sinos do Convento de Mafra.
"Não deixas de fazer coisas por estares a ficar mais velho, envelheces porque deixas de fazer coisas."
Esta é uma delas que ouço sempre que os miúdos andam aos saltos à minha frente a cravar-me para jogar a qualquer coisa, para mais um mergulho na piscina, para mais uma corridinha até às ondas, para me sentar no chão a brincar aos cabeleireiros, para fazer um tereré, para tudo...
"Não deixas de fazer coisas por estares a ficar mais velho, envelheces porque deixas de fazer coisas."
Esta é uma delas que ouço sempre que os miúdos andam aos saltos à minha frente a cravar-me para jogar a qualquer coisa, para mais um mergulho na piscina, para mais uma corridinha até às ondas, para me sentar no chão a brincar aos cabeleireiros, para fazer um tereré, para tudo...
27/07/10
Melgas
Então é assim:
O Ezalo acabou ontem, hoje estou de luz acesa a trabalhar no quarto, as melgas estão a aproveitar para petiscar pedacinhos do meu corpo, um dedinho do pé ali, um bocadinho de joelho suculento aqui, um ombrinho destapado - zás, uma palmada certeira da minha irmã, atordou momentaneamente a melga que se escondeu, helas, foi encontrada, jaz esmagada no chão.
Ela aproveita para matar quatro ou cinco melgas. A minha irmã adora estas caçadas nocturnas, de chinelo em riste, a pintalgar de preto e vermelho as paredes do quarto cabeça dentro dos ombros para as melgas não perceberem o que vai acontecer.
No momento em que me lembro onde guardei ontem a última pastilha azul, o que me permitiria ler daqui a bocado de janela aberta, o meu cunhado vem dizer que afinal tem melgas no quarto e se eu não teria uma pastilhinha mágica. Leva esta. Dorme bem.
O Ezalo acabou ontem, hoje estou de luz acesa a trabalhar no quarto, as melgas estão a aproveitar para petiscar pedacinhos do meu corpo, um dedinho do pé ali, um bocadinho de joelho suculento aqui, um ombrinho destapado - zás, uma palmada certeira da minha irmã, atordou momentaneamente a melga que se escondeu, helas, foi encontrada, jaz esmagada no chão.
Ela aproveita para matar quatro ou cinco melgas. A minha irmã adora estas caçadas nocturnas, de chinelo em riste, a pintalgar de preto e vermelho as paredes do quarto cabeça dentro dos ombros para as melgas não perceberem o que vai acontecer.
No momento em que me lembro onde guardei ontem a última pastilha azul, o que me permitiria ler daqui a bocado de janela aberta, o meu cunhado vem dizer que afinal tem melgas no quarto e se eu não teria uma pastilhinha mágica. Leva esta. Dorme bem.
A boa vida
26/07/10
Horas mortas
Será que dá agora?... Daqui a bocadinho vou conseguir... Mais umas horas e os miúdos estão a dormir... Pode ser que durmam a sesta e eu consiga trabalhar... Pode ser que esta dor de cabeça se vá embora... Pode ser que à noite dê...
Podia correr assim tudo bem, mas não era a mesma coisa...
Já o meu sobrinho mais novo é lindo (os outros todos também, filhos incluídos, mas este é novidade e faz carinhas quando quer qualquer coisa).
Podia correr assim tudo bem, mas não era a mesma coisa...
Já o meu sobrinho mais novo é lindo (os outros todos também, filhos incluídos, mas este é novidade e faz carinhas quando quer qualquer coisa).
22/07/10
Trabalho full-time
Era capaz de passar um dia inteiro a ouvir estas duas conversar. E se quisesse registar todas as conversas cómicas que têm tinha de deixar de trabalhar.
Hoje, depois do banho, pus creme cor-de-rosa à prima mais pequena. Perguntei-lhe se gostava do cheiro. Disse-me que sim com um ar apaixonado.
Quando regressei ao quarto, pouco depois, estava a segredar à minha filha que afinal não tinha gostado muito do cheiro do creme.
- não faz mal, disse eu, não te preocupes.
E a mais pequena diz-lhe
"não te preocupes, é o meu pai é que não sabe pentear cabelos".
Hoje, depois do banho, pus creme cor-de-rosa à prima mais pequena. Perguntei-lhe se gostava do cheiro. Disse-me que sim com um ar apaixonado.
Quando regressei ao quarto, pouco depois, estava a segredar à minha filha que afinal não tinha gostado muito do cheiro do creme.
- não faz mal, disse eu, não te preocupes.
E a mais pequena diz-lhe
"não te preocupes, é o meu pai é que não sabe pentear cabelos".
Adoro
As duas miúdas mais pequenas no banco de trás do carro, enquanto regressamos de ver o Marmaduke no cinema:
"sabes estalar os dedos?", pergunta a mais pequena a tentar dominar a perícia.
"sim sei, claro, mas agora ando a especializar-me em estalar os dedos sem fazer barulho", responde rapidamente a prima.
Agora, estão a dormir as duas na mesma cama muito abraçadinhas, tipo gémeas - acho que são um pouco gémeas, são muito parecidas em muitas coisas.
A mais velha, que é muito crescida e pretende ter um estatuto diferente na hora de ir para a cama, está a dormir abraçada a um panda de peluche. O meu filho parece um carapau embrulhado num lençol branco.
Cheira a memé no quarto dos meus filhos e das primas. Adoro.
"sabes estalar os dedos?", pergunta a mais pequena a tentar dominar a perícia.
"sim sei, claro, mas agora ando a especializar-me em estalar os dedos sem fazer barulho", responde rapidamente a prima.
Agora, estão a dormir as duas na mesma cama muito abraçadinhas, tipo gémeas - acho que são um pouco gémeas, são muito parecidas em muitas coisas.
A mais velha, que é muito crescida e pretende ter um estatuto diferente na hora de ir para a cama, está a dormir abraçada a um panda de peluche. O meu filho parece um carapau embrulhado num lençol branco.
Cheira a memé no quarto dos meus filhos e das primas. Adoro.
21/07/10
Hoje estou a ouvir isto
Há dias em que me apetece ouvir umas músicas especiais. Gosto desta que faz um tributo a Carlos Paião:
... e desta...
São as duas do Tiago Bettencourt, que ouvi noutro dia no Café da Manhã da RFM e que achei muito simpático. Não sei porquê, mas fiquei com a sensação que a segunda é de uma telenovela. Será?
... e desta...
São as duas do Tiago Bettencourt, que ouvi noutro dia no Café da Manhã da RFM e que achei muito simpático. Não sei porquê, mas fiquei com a sensação que a segunda é de uma telenovela. Será?
Peninha
Ainda não estamos praia praia, mas hoje tive uma bela manhã com os putos na praia e depois a almoçar hamburger com batatas fritas. Já que não consigo trabalhar com eles em casa, ao menos tiramos partido uns dos outros.
20/07/10
wtf?
O que fazer quando, depois de três dias de pesquisa aturada e de encontrar exactamente os dados que se procura, alguém apaga todos os nossos tabs?
19/07/10
16/07/10
O vento
Logo hoje, que tenho um vestido que não sei como reage ao vento, e que preciso de estar penteada para uma reunião importante, o maroto do vento anda por aí a brincar aos rodopios.
Troco um olhar cúmplice e seguro com os senhores das obras que olham esperançosos para ver se a saia sobe ou não sobe, tenho quase quase quase a certeza de que não vai subir. Não é para ser convencida, mas faz parte da genética masculina querer que a saia suba, não é por ser a minha, é assim uma espécie de travessura permitida pelo vento ou pela subida de umas escadas e partilhada pelos homens.
Estou muito contente. O meu pai hoje faz anos e eu adoro-o. Parabéns, papá. Tenho um sobrinho novo lindo lindo. E vou almoçar com os meus melhores amigos do mundo todo.
Troco um olhar cúmplice e seguro com os senhores das obras que olham esperançosos para ver se a saia sobe ou não sobe, tenho quase quase quase a certeza de que não vai subir. Não é para ser convencida, mas faz parte da genética masculina querer que a saia suba, não é por ser a minha, é assim uma espécie de travessura permitida pelo vento ou pela subida de umas escadas e partilhada pelos homens.
Estou muito contente. O meu pai hoje faz anos e eu adoro-o. Parabéns, papá. Tenho um sobrinho novo lindo lindo. E vou almoçar com os meus melhores amigos do mundo todo.
15/07/10
49'
Para ser do tamanho apropriado para a distância do sofá, a televisão cá de casa devia ter 49 polegadas (não sei se isso existe) em vez das actuais 16 polegadas... Já sei porque é que estou a ficar pitosga...
Tento
Tento pensar enquanto os senhores das obras interrompem por segundos o seu esforço de deitar paredes abaixo. Tento pensar enquanto está fresco por aqui. Tento pensar enquanto o sono da festa de ontem não me ataca. Tento pensar enquanto me esqueço das milhares de coisas que tenho de fazer. Tento. Mas está difícil.
14/07/10
Proprietária
Sou, desde esta manhã, a feliz proprietária dum sobrinho novo. O primeiro do meu irmão mais novo e cunhada homónima - sim, que nós queremos e eles prometem mais - e o segundo sobrinho rapaz - ficamos portanto equilibrados de sobrinhos, com duas raparigas e dois rapazes.
Correu tudo bem com o parto, a mãe portou-se à altura e está com óptima cara, o miúdo pesa os seus 3,250 kgs e é muito bonito mesmo.
Hoje podem chamar-me tia babada. Aos meus filhos, primos histéricos de felicidade - acordaram os dois aos pulos na cama a berrar pelo bebé. Promete.
Correu tudo bem com o parto, a mãe portou-se à altura e está com óptima cara, o miúdo pesa os seus 3,250 kgs e é muito bonito mesmo.
Hoje podem chamar-me tia babada. Aos meus filhos, primos histéricos de felicidade - acordaram os dois aos pulos na cama a berrar pelo bebé. Promete.
13/07/10
A minha amiga artista
Tenho uma amiga que é artista. Recupera coisas lindas, como igrejas e palácios e pinturas. Ela não se vê como eu a vejo, com a "inveja" de quem gostava de saber fazer com as tintas metade das coisas que ela sabe. Tenho a sensação que ela se vê mais como uma técnica, mais como uma executante, do que propriamente como uma artista.
Mas eu acho que o que ela faz tem tanto de arte e de interpretação como pintar de novo. Isso sei que ela não gosta de fazer. Não gosta de telas em branco. Tem uma cópia dum Almada com umas cores lindas - que eu cobiço loucamente porque sou indecisa sobre o que gostava de ter nas minhas paredes mas sei que aquilo era uma coisa que eu gostava de ter - que deixou a meio por insatisfação.
Hoje, levou-me a visitar uma igreja que terminou há pouco tempo. A própria da igreja é muito gira, uma igreja muito antiga no meio duma aldeia às portas de Lisboa. As cores restauradas do interior, o azul anil, o dourado, os marmoreados, tudo coisas de que eu gosto. Também gostei do cheiro da sacristia, o cheiro típico das caves das casas antigas, uma mistura de humidade com muitos anos, e umas escadas que não subi para o primeiro andar.
A igreja no meio da aldeia, com uma estrada que diminui ao passar por trás do altar, foi um cenário para umas imagens mentais giras. A igreja tinha as potentes luzes acesas no interior, para que um fotógrafo russo tirasse fotografias ao trabalho de restauro com um nível de bolha acoplado à máquina. Ao mesmo tempo que fotografava o tecto azul, ria-se dos nossos disparates.
Obrigada, artista. Gostei.
Mas eu acho que o que ela faz tem tanto de arte e de interpretação como pintar de novo. Isso sei que ela não gosta de fazer. Não gosta de telas em branco. Tem uma cópia dum Almada com umas cores lindas - que eu cobiço loucamente porque sou indecisa sobre o que gostava de ter nas minhas paredes mas sei que aquilo era uma coisa que eu gostava de ter - que deixou a meio por insatisfação.
Hoje, levou-me a visitar uma igreja que terminou há pouco tempo. A própria da igreja é muito gira, uma igreja muito antiga no meio duma aldeia às portas de Lisboa. As cores restauradas do interior, o azul anil, o dourado, os marmoreados, tudo coisas de que eu gosto. Também gostei do cheiro da sacristia, o cheiro típico das caves das casas antigas, uma mistura de humidade com muitos anos, e umas escadas que não subi para o primeiro andar.
A igreja no meio da aldeia, com uma estrada que diminui ao passar por trás do altar, foi um cenário para umas imagens mentais giras. A igreja tinha as potentes luzes acesas no interior, para que um fotógrafo russo tirasse fotografias ao trabalho de restauro com um nível de bolha acoplado à máquina. Ao mesmo tempo que fotografava o tecto azul, ria-se dos nossos disparates.
Obrigada, artista. Gostei.
12/07/10
Porque ainda há príncipes
Não interessa a miúda ter ficado atrapalhada ou até por causa disso, o Iker Casillas a dar um mega beijo à namorada Sara é a imagem que encerra o Mundial para mim.
Foi super genuíno. A excitação que sentem os miúdos quando ganham coisas. O "madre mia" dela, a jornalista isenta de quem no jogo com a Suíça foi dito que tinha prejudicado a concentração da equipa, também foi bom.
A linguagem corporal destes dois é gira, ele parece um puto aos saltinhos, inclinam os dois a cabeça um para o outro, ela emociona-se quando ele se emociona ao falar dos pais e do irmão, e depois "toma lá disto que eu quero comemorar contigo". Giro.
Foi super genuíno. A excitação que sentem os miúdos quando ganham coisas. O "madre mia" dela, a jornalista isenta de quem no jogo com a Suíça foi dito que tinha prejudicado a concentração da equipa, também foi bom.
A linguagem corporal destes dois é gira, ele parece um puto aos saltinhos, inclinam os dois a cabeça um para o outro, ela emociona-se quando ele se emociona ao falar dos pais e do irmão, e depois "toma lá disto que eu quero comemorar contigo". Giro.
11/07/10
Lua cheia
Tento imaginar-te, enquanto embalas a tua filha durante a noite. Sentado, no chão do quarto, com a janela entreaberta, respiras o seu cheiro que te faz ter um sentido. Através do cortinado translúcido espreitas a lua. Pensas em, pelo menos, dois assuntos chatos que tens de resolver no dia depois de amanhã.
São quatro, horas de dormir, mas os dentes moem. Ou o calor. Mas ela finalmente adormece, cansada de brincar com os teus caracóis, cansada de estar acordada e não ter nada para fazer, a não ser ouvir as tuas músicas inventadas e olhar para ti.
A lua assiste enquanto sem grande agitação te/vos levantas e te diriges para o berço da bebé. Olhas para a tua cama, meia vazia, deitas a miúda, dás-lhe um último beijinho, de pescoço esticado para chegares ao fundo do berço, e já não tens sono.
Dás outro beijinho à tua mulher, vais para a sala. Lês um bocado da revista que andas a gastar, passas os olhos pela televisão. Nada de entusiasmante. Óptimo. Voltas à cama. Tens duas hipóteses: perdeste uma hora de sono ou ganhaste uma hora com a tua filha ao colo a dar-te miminhos. Como é que queres ver a tua vida?
São quatro, horas de dormir, mas os dentes moem. Ou o calor. Mas ela finalmente adormece, cansada de brincar com os teus caracóis, cansada de estar acordada e não ter nada para fazer, a não ser ouvir as tuas músicas inventadas e olhar para ti.
A lua assiste enquanto sem grande agitação te/vos levantas e te diriges para o berço da bebé. Olhas para a tua cama, meia vazia, deitas a miúda, dás-lhe um último beijinho, de pescoço esticado para chegares ao fundo do berço, e já não tens sono.
Dás outro beijinho à tua mulher, vais para a sala. Lês um bocado da revista que andas a gastar, passas os olhos pela televisão. Nada de entusiasmante. Óptimo. Voltas à cama. Tens duas hipóteses: perdeste uma hora de sono ou ganhaste uma hora com a tua filha ao colo a dar-te miminhos. Como é que queres ver a tua vida?
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