30/12/09

Nada original

Eu sei que não é nada original fazer um balanço do ano. Eu sei. Mas gostamos todos de ver os balanços que aparecem nas televisões, jornais e revistas no fim do ano. Especialmente se incluirem despistes, quedas aparatosas ou gaffes cómicas.

Comecei o ano a achar que o mundo ia acabar - a crise, um mês inteiro sem trabalho, a empresa, as notícias deprimentes. A partir de Maio andei em stress total com a gripe A, na altura gripe suína/mexicana. A economia parece animar. A gripe foi mais leve do que a do ano passado. Parvoeiras.

Acabo o ano cheia de energia, feliz da vida e cheia de projectos novos. Estou contenti.

29/12/09

Argh!!!

Não há uma única coisa arrumada em minha casa!!! (excepto o armário das jóias, de pechisbeque todas, claro)
Mas...
[barulho de super-heroína]
... isso não me abate!!! Há duas semanas que não como glúten, leite e derivados, milho, ovos, manga, ... e sinto-me com super poderes! (ok, tirando três broas de Abrantes no dia de Natal em casa dos meus pais, irrecusáveis) Passar pelas festas a comer bem é um luxo raro.
Além do mais, sempre gostei de começar um ano novinho em folha e estamos quase lá. É um número giro - 2010. Preparar a passagem de ano também é entusiasmante, com amigos duplica o gozo.
Antes disso, ainda quero escolher os brinquedos dos putos, arrumar a despensa, os tupperwares (não tenho um único tupperware genuíno, são todos mitras, mas o nome tupperware é muito mais mítico do que caixas de plástico, quando tentei arranjar uma festa tupperware antes de comprar caixas de plástico não tive sucesso nenhum...), a minha gaveta dos undies, a gaveta das malas (mental note: despachar as que não uso, as que não dão jeito nenhum, as que não combinam com nada, as que estão estragadas, as feias...)...
[barulho de super-heroína a levantar voo]
I'll be back...

26/12/09

Três anos

A pirralhita faz hoje três anos, que teima serem quatro, porque essa é a idade da prima, que teima em dizer que tem cinco, que é a idade do primo, que teima em dizer que não tem quase seis. Para comemorar, tivemos a casa cheia de amigos e uma festa muito fixe em que os miúdos nem se ouviram. Os meus pais (que adoram festas) tiveram falta, porque a minha mãe está com dor de garganta, tive muita pena.
Numa mesa cheia de iguarias, bolos natalícos, pão-de-ló que a minha sogra tinha trazido no Natal de Alfeizerão, queques de anos e outras delícias, fiquei-me só pelo ananás, pelos tomates-cereja, pelas nozes e amendoins e pelo bolo de figo do Algarve feito em Telheiras pela minha sogra emprestada [corrigido da versão original, porque estava errado]. Valente.
A prenda que oferecemos ao rato foi do mais piroso que podíamos ter encontrado - um toucador da barbie com banco e tudo, que o irmão aceita ter lá no quarto e que o pai aceita ter cá em casa. Vivemos em Paz.
Estou com uma energia positiva daquelas boas. Sinto-me tão bem.

25/12/09

Noite feliz

Acho que a nossa consoada correu mesmo bem. É claro que tivemos um bocadinho de comida a mais, serve para amanhã. Estavam todos muito bem dispostos e contentes. Os miúdos estavam hype, como é natural, tivemos prendas equilibradas e justas para todos. Abrimos as prendas uma horinha antes da hora e adorei tudo o que recebi.
"mãe sabes? Não gostei das minhas prendas... ADOREI!!!" diz o mais velho. A mais pequena faz uma exposição no sofá grande e leva toda a gente a ver "queres ver o que é que eu ganhei?" com um ar muito contente. Ainda bem que gostaram.
Eu tive muitas prendas directinhas das minhas listas aqui expostas, o que é para agradecer do fundo do coração - pantufas, mala castanha, mala para a máquina fotográfica, livro dos bolos, sei lá, foram só coisas de que eu preciso mesmo e mimos.
E depois ainda tive a melhor prenda do mundo. Uma surpresa enorme, de dois dias a fazer uma coisa que adoro. Adoro-te amigo.

23/12/09

Imaginário infantil

Na maior parte das vezes, quando compro comida biológica - genericamente mais cara mas com benefícios nutricionais e tendencialmente livre de pesticidas perigosos - fico à espera de ser atingida por memórias.
São as cenouras pequeninas e lindas ainda presas pela rama, são os rabanetes vermelhinhos e lindos ainda com rama também, abóboras perfeitas, maçãs tortas e diferentes umas das outras, pêras amolgadas pela natureza, ovos com gema hiper amarela...

... e a saber aos ovos que vinham nas cestas desde Abrantes onde em tempos a minha mãe partilhou um galinheiro com os irmãos (acho eu) e com que sonhava fazer uma gemada gigante: uma gema, uma colher de sopa de açúcar, numa tigelinha pequena, bater até a gema ficar quase branca. Um sonho - ainda melhor quando um dia a minha mãe me encontrou deliciada a comer esta iguaria e me disse com o ar mais enternecido do mundo "o meu pai adorava gemadas". Portanto, além dos genes partilhava esse gosto com um avô que nunca conheci e de quem tenho a imagem de ser um semi-gigante abraçado à sua Ginota.

Hoje fui completamente surpreendida por um sabor raro mas típico da minha infância: o do verdadeiro ananás. Fruta maravilha que lá em casa só aparecia no Natal - o dinheiro não abundava, mas a minha mãe fazia a comida chegar para todos e para mais os 50 amigos que aparecessem. Até muito tarde, as próprias das bananas estranhamente vinham sempre em cachos de seis - uma para cada um, não dava para mais. Bifes do lombo foi coisa que só provei lá para os 16 anos - juro.
Portanto, o que estive agora a arranjar para a consoada que amanhã será cá em casa, não é como o abacaxi doce-doce que hoje se vende em todo o lado a 1,89 euros. É um verdadeiro ananás da Madeira a, se não me engano, 8,90 euros. Só pelo sabor que tem e pelas memórias que acordou valeu cada cêntimo.

22/12/09

Ups...

O meu nível de paciência está...










... aqui em baixo... :(

Uma semana

Faz hoje uma semana desde que comecei a levar a sério as intolerâncias - e posso garantir que está a ser animado. Sinto-me cheia de energia e só me apetece começar coisas novas. Mas estou cheia de trabalho... Sinto-me desinchada, algo que desconfio seja resultado de não estar a comer glúten e fermento e não me apetece comer guloseimas - estranhamente -, só coisas salgadas.

Pelo meio, sobrevivi incólume: à organização e condução de uma aula de culinária à séria numa festa de anos de uma miúda (foi lindo!!!) - a festa foi na q.b., aceitam-se inscrições, e correu sobre rodas, os miúdos adoraram e saíram a pedir por mais; a um lanche em casa de amigos com iguarias variadíssimas e deliciosas, como bolo mármore e tortas de Azeitão, das quais eu só comi... batatas fritas.

O Natal corre sobre rodas, já comprei as prendas todas que quero dar este ano, já embrulhei algumas, já comprei o bacalhau que vou assar no forno com batatas a murro e com legumes variados, talvez salteados ou então assados no forno, sempre é menos um tacho. Para sobremesa, estou a pensar em salada de frutas, em frutos secos (figos, amêndoas, passas e pinhões) e num crumble de maçã e pêra, em que as migalhas serão feitas com amêndoa ralada, açúcar amarelo, limão e canela (não posso comer a farinha tradicional). Acabei de inventar mas deve ficar uma delícia, meio tarte de maçã meio tarte de amêndoa. Também queria ter filhós e bolo rei, mas vou encomendar.

Era das coisas que eu mais gostava de fazer com a minha avó: cozinhar. Pegar na tigela gigante, a única coisa gigante que havia na cozinha da minha avó, o resto era tudo em miniatura, misturar todos os ingredientes, seguindo as receitas da gaveta da mesa da cozinha, pesar com a balança verde, mexer com a colher de pau, provar, conversar, deixar crescer, comer queijo flamengo do frigorífico. As filhós eram mágicas. A minha avó era muito minha amiga quando eu era pequena.

18/12/09

Adenda

Preciso de fazer uma adenda à minha lista de prendas para o Natal:

- mala para a máquina fotográfica (DSLR, i.e. daquelas que dá para máquinas sem serem das pequeninas).

16/12/09

Leite de amêndoa

Nunca pensei que fosse tão simples fazer leite de amêndoa. Como a necessidade é a mãe de todas as invenções, vou experimentar. Deve ser delicioso.

Uma boa notícia

A BBC diz que cientistas acabam de desvendar o código genético completo do melanoma e cancro do pulmão - que factores ambientais, o que gerou o cancro e que tratamentos devem ser prosseguidos, i.e. que drogas vão funcionar com esse tipo de cancro. É uma boa promessa.

Experiências

Com a minha (penso eu) perspectiva humanista da vida, muitas vezes imagino trocar de papéis com outras pessoas. Pôr-me nos seus sapatos, viver a sua vida. Deve ser divertido. Por isso é que via com tanta curiosidade o reality show "Wife swap", que era justamente isso.
Hoje, enquanto deambulava pelos corredores do Jumbo à procura de comidas que não incluissem leite, glúten, ovos, piri-piri, coentros, endro, cominhos, manga e kiwi, lembrei-me disto. Chamemos-lhe uma experiência sociológica:
Imaginemos que vou pelo corredor com o meu carrinho cheio de compras para um mês inteiro e passo por outra pessoa, que não conheço de lado nenhum, e trocamos de carrinho. Ou seja, eu tenho de viver por um mês com as opções dessa pessoa. Seria engraçado?
Bem, a lista de ingredientes proibidos está na minha carteira desde ontem de manhã. Intolerâncias alimentares, é disso que trata, com os resultados do teste entregues ontem. É uma absoluta novidade para mim... Quer dizer, desde sempre que acho que não me dou bem com leite/manteiga/natas/queijo/iogurtes e há muitos anos que calculo que o glúten (trigo/centeio/cevada/milho) também não me faça muito bem. É difícil de eliminar da alimentação (massa, pão, bolos, bolachas...), mas já há muitos substitutos à altura.
Agora, ovos? Ovos moles de Aveiro, a invenção mais perfeita do mundo todo? Ovos cozidos? Ovos mexidos? Ovos estrelados, ovos escalfados, ovos? O ingrediente mais perfeito do mundo? Mais versátil do que tudo o resto que há? Isto sim, é um drama.

14/12/09

Rapidinha

Uma rapidinha só para registar a comemoração ontem dos 40 anos de casados dos meus pais. São 40 anos de vida em conjunto, sempre muito amigos. Ontem almoçámos todos em minha casa e depois fomos ver a Bela Adormecida ao São Carlos, os miúdos adoraram a sala e calculo que também a ópera - não se queixaram uma única vez. Depois, passeio pelo Chiado de Natal, com direito a conversa com o Pai Natal e tudo - "não é mesmo o Pai Natal, pois não, mamã? Tem uma barba postiça", diz o mais velho. É só um ajudante.
Para terminar, lanchinho no quiosque do Camões, com o frio a começar a apertar. Bom dia.

P.s. Hoje vou à defesa da tese de doutoramento de uma amiga - odiava ser eu a ter de ir defender uma coisa destas. Boa sorte.

12/12/09

Dicionário II

A caminho da festa de anos de uma colega da escola:
"Mamã, podes segurar aqui no presente para eu correr e ganhar a corrida?"
Claro, dá cá.
"Faz de conta que tu és a anicia feirante..."
ih ih ih ih ih

Dicionário

O que eu ouço depois de te ir buscar a casa do teu amigo onde lanchaste e onde estavas a jogar hóquei na sala...
"Mamã, quando for grande quero ser circulista"
Ciclista?, pergunto eu, a ponderar que deve ter sido da conversa com o Vasco.
"não, mamã, circolista, do circo".
Ok, está tudo explicado.

10/12/09

A propósito do Natal

Não sei muito bem como está a correr a minha compra de prendas para o Natal. Estou a fazer as compras sozinha, o que é mais difícil, porque há uma pessoa cá em casa que de há uns tempos para cá prefere fingir que em Dezembro não há Natal,
"- a mamã é que decora a árvore, porque a mamã é que gosta do Natal..."
nem há os seus anos,
"- não me faças nenhuma festa de anos. Nem se for surpresa."
nem há nada.
"- cá por mim nem celebrava o Natal..."

Nem sei bem o que lhe hei-de fazer, este é o segundo ano em que isto acontece, o ano passado tinha a desculpa da crise, o que é verdade é que o Natal por causa disso foi farçola. Este ano não sei.

Assim, ando a percorrer os corredores das lojas de brinquedos inspeccionando milimetricamente os brinquedos todos - e não encontro muitos que me apaixonem. Só uma casa de bonecas ou duas. Roupas de bonecas, carros telecomandados, estojos de maquilhagem, caixas de pintura... E Playmobil, claro, outra vez.

Quando era miúda, enchia o chão todo do quarto dos meus irmãos com a cidade Playmobil, com peças essencialmente herdadas do Jorge-das-mãos-moles-do-prédio-ao-lado. Eu e o meu irmão mais novo ficávamos horas a brincar com os bonecos e, muitas vezes, deixávamos tudo montado para o dia a seguir, rezando para que ninguém tivesse de ir à casa de banho a meio da noite. Devido ao Jorge, porque de outra maneira não teríamos mais do que dois ou três bonecos, tivemos uma cidade à séria da Playmobil, com polícia, bombeiros e ambulâncias, hospital, cães, cavalos e sei lá mais o quê, que deslumbrava toda a gente. Especialmente a nós os dois.

Também me lembro do Natal mágico em que a minha avó que nunca conheci me ofereceu uns brincos lindos. De ouro. Fiquei deliciada e acho que cresci uns centímetros.

E da música "Pró Natal, de presente, eu quero que seja... A minha agenda, a minha agenda...". E do Coro de Santo Amaro de Oeiras. E dos sonhos. E das filhós da minha avó Irene, que fazíamos numa tigela de faiança branca linda e pesada. E das rezas necessárias para fazer crescer a massa e de a embrulhar num cobertor de papa. O mistério dos fungos...

E ainda nem cheguei às prendas dos mais velhos - estou firmemente convicta que vou fazer a maior parte das prendas, mas para os homens não é prático, nenhum que eu conheça usa brincos...

Era tudo mais simples quando as prendas eram mesmo mágicas e era mesmo o menino Jesus que as deixava de manhã debaixo do pinheiro artificial decorado com todas as cores possíveis e ao lado do presépio maior do mundo, com lagos e patos e moinhos e soldados...

07/12/09

OMG

O momento oh my God do dia, corrijo, da semana, foi ver a parte do filme de animação Planeta 51 em que tiravam o cérebro a dois aliens masculinos verdinhos e eles apareceram de perninha cruzada a beber chá e com modos efeminados!!!
Não sou do tipo de reparar, não sou feminista, mas concordo que as mulheres devem ter os mesmos direitos que os homens... Isto é, se quiserem...
Agora um filme orientado para crianças pequenas a transmitir estes preconceitos já me parece um pouco fora de sentido. O filme é giro e até a mais pequena gostou, veio no carro a perguntar se os monstros existem mesmo --- o filme é sobre um planeta que é invadido por um alien, sendo que o alien é um humano e os habitantes do planeta é que são verdes. Não mete medo nem assusta, tem piadas fáceis e cores bonitas.

06/12/09

Wish list para o Natal

Noutro dia tive uns minutos e estive a pensar que coisas gostava de ter este Natal. Assim, aqui segue a minha lista de desejos para o Pai Natal/menino Jesus. Não está completa, mas logo a vou actualizando:

- O livro de fotos "Annie Leibovitz at work" - capa dura (a Amazon diz que custa 40 dólares mas vende por 26,40 dólares);
- O livro "Bolos de encantar", Debbie Brown, 25 euros;
- Uma mala castanha de pele neutra para poder usar todos os dias;
- Uma toalha de mesa de damasco preta ou vermelha escura;
- Uns chinelos de trazer por cá confortáveis, fáceis de calçar e sem andares (isto é, sem centímetros de espuma que não serve para nada por baixo);
- Paz, paciência e um dicionário para ler tudo melhor.

05/12/09

De novo Natal

Hoje finalmente a árvore de Natal está feita. Gosto de fazer no dia 1 mas atrasámo-nos. Está gira, com o toque dos miúdos obviamente, super colorida - acho que nunca mais vamos ter uma monocromática ou bicromática... Enfim, para eles é divertido. Está cheia de chocolates, como no ano passado, acho que tanto o Pai Natal como o menino Jesus gostam disso.
E tem o meu enfeite preferido, um cartão de Natal do meu irmão mais velho. Tenho saudades das tuas prendas, escolhidas nas lojas da zona, e embrulhadas em casa, dos teus chocolates Nestlé, de ti.

04/12/09

Crime and punishment

Acredito que quando fazemos coisas más ou coisas muito boas às vezes somos castigados. Calculo que como paga pelas mini-férias em Roma, ontem fiquei com uma otite malvada. Acho que só tinha tido uma coisa destas uma vez na vida - já não me lembrava como é horrível. Não dormi nada a noite toda. E acordei com a estranha e nojenta sensação de ter um líquido quente a sair do ouvido. Afastados os receios hipocondríacos normais de quem é acordado com um líquido quente a sair do ouvido, voltei-me para o lado e dormi um pouco agora que a pressão aliviou.

A médica que me viu ficou fã do meu colar novo e quando me observava perguntou se era o ouvido direito que me doía. Não e ela disse que esse estava normal, com aquele ar de quem imagina "quase que te apanhava", mas de uma maneira cómica. Quando viu o outro até deu um salto para trás "está totalmente vermelho"...

Estou a antibiótico e brufen. Logo hoje, noite de borga.

Inconfidências

Habitualmente não gosto, mas às vezes pode ser.
Ontem ganhei um baby doll espectacular.



Mimos queridos...

03/12/09

Em Roma

Roma que ao contrário é amor é uma cidade bonita para se fazer a pé. Uma cidade boa para conhecer em quatro dias - sem miúdos, para eles é um suplício. Não ficámos a conhecer intensamente, porque isso precisa de mais tempo, mas como nós gostamos, a namorar as ruas, a olhar distraidamente para as casas, para as heras que as enfeitam, para as tampas dos esgotos S.P.Q.R., para as janelas, para as montras, para as pinturas...
Só um museu, o do Vaticano. Vimos o Papa em miniatura que nos abençoou da segunda janela a contar da direita - a nós, aos nossos filhos, sobrinhos, irmãos e cunhados, pais e avós, amigos e restante família. Aproveitei, já que lá tínhamos ido, para estender a benção a todos. Acho que é justo, se todos vão sempre comigo a todo o lado onde vá.

O top da viagem:

- Na sede da Ordem de Malta espreitámos pela fechadura para o Vaticano, do outro lado da cidade. O simbolismo não se perdeu em nós.

- A vista do cimo dos jardins no Monte Palatino - a Via Sacra e toda a loucura de sedimentos visíveis. Construção sobre construção, uma manta de retalhos de épocas e de estilos espectacular.

- O indiano que, de ar absolutamente humilde, me disse: excuse me, what tree is that? Tinha um turbante enrolado à volta da cabeça e das barbas brancas e posso quase jurar que tinha só um lençol à volta do corpo, como o Ghandi. No meio da imponência louca da Via Sacra, da sucessão impressionante de monumentos de Roma, cada um mais magnífico do que o outro, o que o deslumbrava era um pinheiro bravo.

- A comida: espargos com ovos de codorniz e trufas seguidos de bife tártaro no il bacaro, tartufo na Piazza Navona, as massas maravilhosas, as pizzas al taglio, os gelados que comemos sempre que conseguimos, o crepe de nutella (nunca pensei!)...

- A Piazza de Spagna e as suas escadarias espectaculares, o passeio pela orla da Villa Borghese sobre a Piazza del Popolo.

- A Fontana de Trevi, linda, deslumbrante, apanhada ao cair da noite, mágica apesar do enxame de turistas.

- A Fontana del Acqua Paola, não só pela obra, muito bonita, mas pela magnífica vista.

- As ruas. Todas.

- Uma volta de Segway, três horas sem nos cansarmos a desvendar segredos da cidade, com um italiano guia de história da arte só para nós.

- A pompa do dito italiano, habituado a guiar americanos, quando nos mostrou com cara de vitória uma oliveira.

16 anos

Hoje. 16 anos que não parecem nada isso. A única diferença são os miúdos. Antes, quando éramos pequenos nós, não tínhamos muito dinheiro para jantar fora mas tínhamos tempo. Tínhamos conversa de adultos. Agora temos interferências e vimos para casa a pensar que era mais fixe termos ido comemorar sem os putos. Mas fomos com eles. E eles foram chatinhos e birrentos. Outro dia logo comemoramos de jeito.

A arca de gelados ainda lá está, a rua ainda se desce e se sobe no mesmo sentido. Temos tempo.

02/12/09

A organizar ideias

Eu sei que já passaram dois dias desde que voltei e ainda não contei nada, nem se gostei nem se não, mas tenho tido imenso trabalho e o gozo que escrever aqui me dá não é para queimar em dois minutos de escrita à pressa.

Prometo que quando ainda andava por Roma já estava a pensar como ia descrever as coisas que ia vendo aqui no blog. E tenho muitas coisas giras para contar.

Os miúdos portaram-se muito bem - ficaram com os meus pais :)

Amanhã faço 16 anos de namoro. Fixe.

25/11/09

Um minuto de silêncio

Um minuto inteirinho de silêncio é uma coisa insuportável.

Pior do que os miúdos aos berros pelo corredor fora, procurando assustar-se um ao outro e tentando suplantar os seus próprios receios de corredores compridos e, por vezes, escuros.

Pior do que música muito barulhenta na rádio. Pior do que não conseguir ouvir os outros por causa do barulho das discotecas e ter de sussurrar aos ouvidos para apanhar metade da conversa.

Pior do que não poder dormir por causa de barulho da rua. Pior do que ouvir o barulho dos elevadores no prédio. Pior do que ouvir a vizinha de cima a arrastar móveis - todos os dias, a vizinha de cima arrasta móveis (!!!).

Porque as piores coisas são aquelas que nos dizem que não podemos fazer.

24/11/09

E por falar em boicote...

Estou desde as 17h45 a tentar imprimir 4 (quatro!!!) páginas. A minha impressora é desesperante. Hoje vi uma da Brother de que gostei muito. É de jacto de tinta - o laser não vale a pena, disse a senhora da Staples. Tem quatro cartuchos diferentes para as cores, cada cartucho custa 11 euros e dá para 800 ou qualquer coisa do estilo páginas. Tem scanner e fotocopiadora. Também há com hipótese wi-fi, mas acho que não é necessário. Ouviu menino Jesus?

Upgrade ou downgrade

Estranho quando as evoluções tecnológicas nos fazem trabalhar mais em vez de menos, como o Ethan Hawke dizia no Antes do amanhecer (um dos meus filmes preferidos). Ou seja, não aproveitamos o tempo que poupamos com os computadores para trabalharmos menos e irmos para a rua gozar o tempo livre, mas sim para trabalhar mais.
O mesmo quando se contrata alguém para trabalhar menos e acabamos a trabalhar mais.

Gosto de surpresas

Gosto de surpresas que vêm embrulhadinhas em pacotes coloridos e brilhantes ou que passam o Inverno em embrulhos quentinhos para se apresentarem em grande no Verão.

22/11/09

Trim trim

Acabei de me rir às gargalhadas com a cara deliciosa de espanto da minha filha pequenina, depois do relógio despertador ter disparado. O relógio é daqueles antigos, de dar corda, que faz tic-tac-tic-tac a noite toda e que toca por via dum martelinho a bater nas duas câmpanulas. Super irritante, mas ela delirou. E o relógio lá ficou, dentro do armário da casa-de-banho onde vive há uns 15 ou 16 anos, a fazer tic-tac-tic-tac.

Música da terceira classe



[Em 1984, na terceira classe]
A professora pede a um dos alunos para cantar, para ocupar o bocadinho que ainda falta para o toque da saída, para corrermos que nem uns loucos para as barras paralelas, hoje proibidas de certeza. Esta era uma das músicas que ele costumava cantar. Cantava em inglês - não sei porquê - cantava com sentimento, tinha jeito para a coisa.
Os outros, em fila, encostados à parede dos cacifos da sala que ainda está igualzinha ao que era (vou lá em todas as eleições). Eu cantava também de olhos fechados (e acho que as miúdas todas) a música que à noite ouvia na rádio no quarto que partilhava com a minha irmã. Nos anos 80, eu era uma miúda pequenina, platonicamente apaixonada pelas músicas românticas que ouvia na rádio. Platonicamente apaixonada quando via "O barco do amor", quando via o "Verão azul", quando via o "Dempsey and Makepeace", quando via o "Modelo e detective". Era giro ser pequenina e ter assim paixões platónicas, completamente inocentes e impraticáveis.

E era giro ficar à noite a ouvir com a minha irmã o rádio roufenho da aparelhagem a cantar "I should have known better", "Cry me a river", "Time after time" e outras canções românticas. E acho que o Oceano pacífico da RFM, com o João Chaves - fez agora 25 anos, portanto, foi em 1984, justamente o ano em que saiu esta música.

Pelo clip, percebo que devia haver televisões a cores no Reino Unido, lá em casa havia uma televisão a preto e branco que dava hoje um belo aquário.

Hoje ouvi a música no carro. Adorei andar na primária.

21/11/09

... e tenho um utensílio novo para o chá




A coisa mais chique, estilizada e super cheia de design, foi uma prenda dum amigo muito querido. E tem um funcionamento perfeito. E o chá fica a saber muito melhor. Merci.

O google translator diz que...

La prossima settimana vado a Roma. É o google que diz que é assim que se escreve. Como eu gostava de saber falar italiano agora. Mas não sei. Mas vou a Roma. E quem tem boca vai a Roma.

17/11/09

Assim vale a pena ter filhos

Eu, acabada de sair do cabeleireiro e com um corte de cabelo diferente do habitual.

"Mãe, pareces um palhaço!".

Assim vale a pena ter filhos...

13/11/09

Só estou a olhar

Sentada na cadeira do dentista, sem poder falar e sem querer obviamente fitar as sobrancelhas do médico que se debruça sobre os meus dentes, só estou a olhar. Pelo canto do olho, parecem-me enormes, as sobrancelhas. O resto, escondido atrás duma máscara daquelas da gripe, não percebo bem como é.
Como quando vou à depilação, olho para o tecto, conto os buraquinhos, os riscos ou as pintas simétricas no caso deste pladur, penso se o próprio do prestador de serviços alguma vez se põe naquela posição, para perceber o que é que os clientes vêem - quer dizer, eles têm noção que temos de olhar para algum lado, não é? Penso se haverá clientes estranhos que suportam prender o olhar no do médico e ficam o tempo todo a olhar para os seus olhos...
Depois, olho para as suas mãos, com luvas com pó. Olho para o meu reflexo distorcido na lâmpada da cadeira, ora acesa ora apagada. Penso que gostava de ver o que diz a mensagem que está a apitar no meu telemóvel, penso que não tenho jantar nem vou ter tempo para ir às compras... "São só cinco minutos de boca aberta". "Um fio de retracção", blá blá blá.
Custa-me ir ao dentista. Não fisicamente, porque isso nunca me impressionou, mas financeiramente mesmo. Acho sempre que ficava melhor com umas botas novas, de que preciso, ou com uma mala castanha nova, de que preciso também. Mas sei que é essencial ir ao dentista. Mas é caro.
Então, para me abstrair das coisas estranhas que se passam nos meus dentes, cheiro a t-shirt que se debruça sobre mim, cheira a lavado - deve haver alguém a pensar que os dentistas têm de cheirar a lavado, senão pode ser desagradável.
No fundo, é divertido ter uns minutos com pessoas estranhas sem ter de falar, só rir de boca aberta quando o aspirador se prende à nossa bochecha e faz uns barulhos esquisitos.

No elevador, à saída do gigante consultório que anda há uns tempos em remodelação, dois homens das obras conversam: "Eles podem pôr-me a dormir em qualquer lugar. Até pode ser numa espelunca. Agora, se tiver bichos, vou logo para um hotel de 5 estrelas".

Contrastes.

Perfect

Há muito tempo que não via um filme assim. Que mexesse tanto comigo. Que me fizesse sentir bem no final. Que me desse vontade de fazer parte do elenco. Que me desse bons momentos. Adorei e recomendo - para as miúdas talvez ainda mais. Adventureland. No clube de vídeo.

12/11/09

Eu sei que é self-centered



... mas estou FARTA de estar em casa!!! Tudo somado, já vai na segunda semana de putos doentes. Com um fim-de-semana de intervalo que é para mais ninguém ficar trancado em casa. Aliás, eu gosto de estar em casa. Gosto de editar os roupeiros, a despensa e o frigorífico com uma obsessão milimétrica e por cores ou por objectivos de utilização no caso da comida. Não gosto é de não ter a opção de sair se me apetecer.



Pronto, já desabafei. Já me sinto melhor.

11/11/09

Com os mais velhos...

Com os mais velhos é mais fácil perceber. Ficam chochos, já com ar de gripe de adulto, em vez de terem só febre como os mais pequenos. Agora foi a vez do maior. Era o último dos cinco que ainda não tinha tido, por isso é agora. Acho que a razia na escola é significativa e, curiosamente, não parece ter apanhado da irmã.
Por isso, passámos o dia em casa, eu a inventar coisas para fazer e ele a fazer uma directa de desenhos animados - está cansado demais para outras coisas. Aliás, estou a olhar para ele sobre a estante dos livros da sala e acho que está a ficar com olhos de desenho animado. Não faz mal. É só por estar assim.
Entretanto, na segunda montámos finalmente o beliche (com grandes reticências, com medo dos tralhos dos putos). E estou a congeminar umas cortinas para lhe dar ar de terreno mágico ou encantado ou mesmo só de supermercado, consoante o que preferirem. Estão super contentes com a novidade.

10/11/09

Fim-de-semana bom

Sábado a nossa sobrinha mais velha ficou connosco, fomos comprar abóboras, couves, beringelas, tomates chuxa e cereja, batatas, aipo, manjericão... Adoro ter assim o frigorífico cheio de legumes - que como quase sozinha porque os miúdos ainda não percebem a maravilha e só "aceitam" os da sopa ou os que estão tão pequeninos que não têm pachorra para afastar do prato e o pai tem dias.
À tarde, os miúdos levantaram voo aos pés do Cristo-Reis (é assim que o Cristo-Rei é conhecido cá em casa) e ficaram maravilhados com a vista magnífica lá de cima, com o elevador super rápido e com as escadas estreitinhas estreitinhas.



No Domingo, dia húmido quase sem chuva, frio sem camisola, fomos até Sintra. No passeio que adoramos, pela marginal até ao Guincho, a ver as ondas explodir nas rochas, os miúdos em espanto, entrando em Sintra por Colares. Pensámos ir à Periquita, mas era Domingo e não havia lugar para o carro. Três miúdos (a nossa sobrinha mais nova connosco) acabados de sair duma gripe ou qualquer coisa do género não precisam de andar à chuvinha. Por isso continuámos e parámos mais à frente, onde me chamou a atenção um espaço que ainda não conhecia.
Saudade é o nome. E ainda mais do que a saudade do sítio espectacular que é e do bem que se está, assim como na casa de uma tia, o que fica é a pena de o espaço não ser meu. Adorei.

08/11/09

Ó coisa fofa

Sentados no sofá, quando a mais pequena acabou de acordar e o mais velho já está acordado há duas horas...
"Ó maninha, tu és mesmo querida, não é?"
Breve grunhido de assentimento.
Gosto tanto de vos ver assim, sem andar à bulha.

06/11/09

Agora são as tesouras

Enquanto o mais velho se agarra ao sofá quando lhe dizemos que são horas de nos irmos embora para a escola, fincando as unhas com força onde consegue e prometendo que "se ficar juro que me porto bem e sou obediente" até ser convencido suavemente com um livro para mostrar aos colegas e lá segue com o pai.
A mais pequena ainda não vai hoje à escola, para curar os restos da tosse.
E é o dia todo "mãe estou a fazer recortes" e quando vou ver se ainda não está com um penteado ou roupas novas com cortes estranhos estão os meus post-its cor-de-rosa todos cortadinhos e espalhados pela sala toda e a tesoura que faz efeitos ondulados enfiada nos dedos. Com um ar super profissional.
E é o dia todo "mãe quero fazer colares" e "enfias a a abulha, por favor?" e eu "sim, enfio a aGulha, faz lá os teus colares", abrindo a caixa mágica das pedrinhas com um misto de felicidade e de receio que espalhes tudo pelo chão. O que fazes frequentemente.
E é o dia todo "mãe estou a fazer colagens" e lá estão os recortes duns minutos atrás mais cola em baton (aberto sempre no máximo) espalhada pelo chão todo, para colar nos quadrados de cartolina que recuperámos das revistas.

E é o dia todo "mãe abres por favor?" e eu abro e é um frasco de verniz de brincar, mas com verniz a sério, que ela besunta nas unhas das mãos e dos pés com um ar hiper feliz.
Entreténs-te muito cá por casa, mas eu já me apetece ir dar uma volta. Hoje saimos, ok?

04/11/09

O que é mãe?

"O que se passa?" pergunta a minha filha quando eu dou o enésimo suspiro do dia.... "Estás chateada?"
- não, digo eu, a pensar, ups já me apanhaste.
"é por causa de eu?" insiste.
- não, não é.
É por estarmos as duas trancadas em casa há uma semana - estou farta, sorry. Quero que te ponhas boa depressinha. Quero ver-te aos pulos outra vez. Tenho de trabalhar. Tenho coisas para fazer. Ontem, por causa de estar meia escola a faltar e isso lhe ter feito impressão, o teu irmão também ficou em casa. Isso foi a gota de água. Sorry.
- vamos brincar?

02/11/09

Bendito Salvador

Músicas giras... São tantas. Nos Ídolos (adoro os castings, acho que já disse), aqui há dias, apareceu um miúdo com uma pinta fixe a cantar Stevie Wonder - sempre gostei dele, por isso, obrigado Salvador.



... e...

01/11/09

Felicidade

A suprema felicidade para a minha filha é rodar a grande velocidade com os braços no ar enquanto canta "uh la la". Como acho que ela tem um gene qualquer de felicidade passamos o dia a ouvi-la dizer "uh la la" enquanto gira sobre si mesma. Na rua, quando lhe perguntam se já anda no ballet, na cozinha, enquanto fazemos a meias o jantar, quando prova vestidos novos herdados das amigas no andar de baixo, quando chega a comida à mesa, quando acontece qualquer coisa boa. Como as purpurinas que comprei com o irmão ontem para a compensar de estar fechada em casa há três dias. Tenho a casa toda a brilhar - e não é no bom sentido.

A suprema felicidade para o meu filho é ser gajo. É correr que nem um cavalinho selvagem, é saltar durante duas horas sem parar, é dar voltas e voltas aos circuitos que vamos criando à medida das necessidades, é rir-se sem parar duma piada qualquer, é trocar cromos e outros mini brinquedos com os amigos e encontrar na rua miúdos que tenham os mesmos brinquedos que ele, o que, geralmente, é recíproco - como se fizessem todos parte, os homens, duma irmandade secreta que se alimenta de símbolos (por enquanto, cartas e monstrinhos em tamanho de bolso e mais tarde telemóveis, computadores e outras coisas).

A diferença entre os dois é fascinante. E há quem diga que homens e mulheres são iguais. Não me parece.

30/10/09

Acredito

Bem sei que as investigações científicas pululam por todo o lado e que, muito provavelmente, por cada conclusão brilhante dos cientistas poderemos encontrar outra brilhante conclusão que sustente justamente o contrário. Mas há dias em que acredito, como concluiu uma equipa de cientistas, que a junk food é viciante - especialmente quando vejo os restaurantes cheios de pessoas a beber Coca-Cola zero, quando vejo os miúdos a atacarem pacotes de snacks ou de batatas fritas se os encontrarem. Quando sinto uma enorme vontade de comer um hamburger e batatas fritas em palitos só porque vi o símbolo do McDonald's, apesar de depois da primeira trinca ficar completamente enjoada. Não sem antes, na fila, pensar que vou levar um sundae, um mega big hamburger, um pacote de batatas gigante e imensas outras hipóteses - acabo sempre por levar um happy meal, o mais básico e pequeno de todos. Depois como meio hamburger.

A junk food é viciante. Dizem os cientistas. Não sou eu.

29/10/09

Viver por quem perdemos

António Lobo Antunes diz numa entrevista na SIC que "temos de continuar a viver por aqueles que perdemos" ou qualquer coisa do estilo. Que a relação que temos com as pessoas de quem gostamos continua a evoluir depois de eles morrerem. Que "a certa altura, temos mais mortos do que glóbulos no sangue". Adorei o conceito.
Gosto muito de Lobo Antunes, especialmente das crónicas, os livros não sei se alcanço bem o que diz, se calhar peguei n' "Os cus de judas" ou na "Memória de elefante" antes de tempo. Adoro as crónicas que faz sobre as casas das pessoas, sobre os amores envelhecidos ou perdidos, sobre os naperons e os bibelots sobre a televisão. Daquela ideia que usa muito que é sempre um menino a ver o mundo.
Eu também sou uma miúda pequenita a ver o mundo, muitas vezes ainda não chego ao topo da bancada do café onde tento, sem sucesso, pedir cinco pastilhas Gorila de banana. Também às vezes me sinto como a miúda que se esquecia de ir à casa-de-banho, por estar tão entretida a brincar na rua aos polícias e ladrões, que fazia xixi pelas pernas abaixo e depois morria de vergonha. Ter cinco anos e começar a ter memória é lindo. Vejo hoje isso no meu filho. Já tenho memória das coisas que fazia quando tinha a idade dele. Quem me dera dar-lhe boas memórias.

Hoje de manhã

Hoje tivemos a visita do projecto Eco-casas, meio Quercus meio Câmara Municipal de Oeiras. Andaram a medir a força dos equipamentos todos, a ver as nossas lâmpadas todas, as máquinas, o tempo que demoramos a tomar banho e outras coisas. Chegámos à conclusão de que temos de trocar umas quantas lâmpadas e que o banho só pode demorar no máximo 5 minutos. Os miúdos (em casa por causa da febre da mais pequena - péssimo dia para ter febre e dúvidas... mãe sofre) pintaram este cartaz. A ver se pega.

28/10/09

Love

Lá em casa, passávamos dias inteiro em fila indiana à espera da nossa vez para jogar. Adorávamos o som "bzzzzzzzzz, xxxxxxxxx, bzzzzzzzzzzzz, tictic". Criávamos jogos com linhas de programação em que afundávamos barcos. O computador estava no quarto dos meus pais. Jogava com os meus irmãos, com a minha prima e com os meus vizinhos do 5º. Adoro.

Fragmentos do Chiado

Hoje, no Chiado, as miúdas estavam todas de vestido. Todas com óculos de sol de massa enormes e dramáticos como a Jacqueline Kennedy. Todas com leggings, algumas de leggings brilhantes. Também passei por duas rockabillies, com vestidos aos quadrados e flores no cabelo. Vi rapazes com bom ar, com a barba da moda, com a Vespa da moda, com um ar look at me meio enjoativo.
Vi botas e sandálias. Calçadas. Umas com frio outras com calor.
Vi zerinhos na minha conta e queria comprar uma mala castanha, mas não encontrei nenhuma como quero. Um rocker passou por mim e parecia que estava a fazer tricot, porque levava as mãos junto ao peito com ar de formiguinha e a t-shirt roqueira dele tinha umas asas douradas desenhadas que pareciam mesmo agulhas de tricot. Tive de olhar duas vezes para ver que era engano. Depois ri-me. Claro.

27/10/09

O quê?

Estou sem saber como voltar a pegar no blogue depois do último post que fiz. Falar sobre nadas, como faço muitas vezes, parece-me despropositado. Falar sobre coisas bonitas também. Mais uns dias.

21/10/09

Hoje

Hoje a minha avó morreu.

A minha avó mãe do meu pai e a única avó que conheci viva. Sei que os últimos tempos foram difíceis. Sei que apesar de não ter dores, a vida fugia-lhe depressa. Os sorrisos eram cada vez mais de quem só sorri por simpatia e de quem pensa "se soubessem o que eu penso...". Há muito tempo que andava metida com os seus pensamentos. Mastigava as ideias com ar de quem não estava ao pé de nós. Depois falava lucidamente.

Nem sei o que pensar. Penso só que estou triste. Penso que tenho saudades da minha avó. Da infância que tinha quando a tinha inteirinha para mim.

Avó, amiga, foi muito importante na minha vida. Muito importante na minha infância.
Dava-me banho, recheava-me carcaças com queijo flamengo que guardava numa caixinha de plástico quadrada branca no frigorífico, deixava-me mexer a massa das filhós e das empadas na taça branca de faiança em cima da mesa laranja da cozinha. Deixava-me beber o leite pelas chávenas de melamina, uma laranja uma vermelha, cada uma com seu pires a condizer. Tapava-me com o cobertor a imitar leopardo de um lado e vermelho carmim do outro. Deixava-me brincar com as roupas que tinha num roupeiro e que nunca usava. Chapéus dos anos 50, vestidos de seda chineses, fatos de cerimónia, sapatos de salto alto, colares, laços do avô, lenços, corpetes. Deixava-me brincar com os anéis do pratinho pequenino do quarto. Penteava-me o cabelo. Deixava-me desarrumar e arrumar 40 vezes os armários todos da cozinha e meter-me lá dentro. Sempre adorei mexericar nos copos chiques com relevo que enchiam os armários da cozinha. Deixava-me organizar as gavetas pequeninas da mesa da sala de jantar onde nos pendurávamos a fazer ginástica. Acho que passeava um bocadinho comigo.

Também me lembro muito bem do maravilhamento que era vê-la escrever, com a sua letra de ponto cruz. Do maravilhamento de a ver pôr e tirar as meias e as ligas que nunca vi em mais lado nenhum. De ver as suas gavetas e a sua caixa-de-costura em miniatura. De abrir e fechar o seu guarda-chuva super elegante com cabo branco (o tecido era azul ou era rosa?). De vestir as suas coisas para brincar ao carnaval. De calçar os seus sapatos para fazer barulho pela casa toda. Da vez em que fomos ao cinema, quando comprei um blusão de ganga demasiado grande só porque era o único que havia e porque não podia passar desse dia. Da outra vez em que fomos à Pizza Hut e depois ao cinema.

De a ver comer gomas e pizzas como uma miúda pequena. De ir ao supermercado e comprar a comida em quantidades mini e depois vê-la cozinhar nos tachos em miniatura, com tampas em miniatura, para dois. Do seu arroz doce. Da sua marmelada que se cortava às fatias, quando a nossa nunca chegava a arrefecer nas tigelas apesar de a panela onde a minha mãe a fazia nos suportar inteiros lá dentro.

A avó nunca conheceu os meus filhos como deve ser, mas havia de gostar deles. Nem os da minha irmã, nem os dos primos. A vida é assim. Um ciclo. Amanhã havemos de amparar o pai. Consolá-lo com a vida difícil que a avó andava a ter. Com a paz que agora tem.

Saudades e beijinhos avó.

Que loucura

O site duma empresa de decoração e design inspirou-me hoje de manhã. Fiquei impressionada.

20/10/09

Hoje não vou falar de chuva

Não vale a pena. Só vale a pena anotar a senhora que atravessava a estrada alagada a um metro dos passeios de cada lado montada nums stillettos altíssimos. Das duas uma, ou saiu de casa antes de começar a chover - algo que sucedeu por volta das 23h de ontem e que me parece, portanto, improvável - ou não tem noção nenhuma do que é andar com os pés molhados o dia todo.
Não compreendo que alguém compre stillettos. Não compreendo que alguém os use. Ainda menos compreendo que os use para o dia-a-dia. Não compreendo mesmo nada que os usem num dia em que chove assim.

No Domingo estivemos na praia. Banho de mergulho, nadar umas boas braçadas para preparar o Inverno, respirar fundo e olhar para a praia, cheia de gente como uma praia de Junho ou Setembro. Um dia fantástico, com muito Sol e um ligeiro escaldãozinho. Aulas de surf para os mais pequenos, a do maior a sério - já se pôs em pé sozinho imensas vezes orgulhoso e feliz - e a da mais pequena a brincar - em pé a deslizar nas ondas perfeitas para aprender agarrada ao instrutor com o ar mais feliz do mundo "mamã olha para mim que já sei fazer surfing!". Assim mesmo "surfing".

Entretanto, apetece-me comprar uma mala nova, de pele castanha, para o Inverno. Apetece-me ir à Acessorize e gastar o meu salário todo em mimos. Mas não vou.

19/10/09

É divertido ver os ídolos

Dá para passar uns momentos divertidos nesta fase dos castings dos Ídolos. Dá para pensar o que é que irá naquelas cabeçinhas, especialmente nas que têm uma linda voz para pintar paredes. O stress da selecção, as horas de espera, na maior parte das vezes, para nada.
Eu sempre gostei muito de cantar mas é em privado, na casa-de-banho, ou na cozinha dos meus pais com os meus filhos e sobrinhos. Fazemos verdadeiros concertos, o último foi de fado. E assim está bem. Eles não percebem, dizem "cantas tão bem" com um ar enlevado e o mundo continua a girar. Mesmo a minha mãe diz que eu canto muito bem. Com a mesma isenção que caracteriza todas as mães do mundo.
No questionário para entrar no jogo deviam perguntar "quem diz que cantas bem?" ou "quem gosta de te ouvir cantar?". E eliminar logo os concorrentes que digam "a minha mãe", "os meus pais", "avós", "sobrinhos", "filhos" e "os meus empregados". Assim o mundo seria mais belo em termos sonoros.

Mas não seria tão divertido...

13/10/09

... e especialmente

No dia em que caíu o segundo dente de leite, no meio de grande excitação porque à Bia já tinha caído o segundo, o meu filho mais velho quis ir para a cama muito mais cedo. Desconfio que não foi o sono que o puxou - mesmo que todas as noites seja o primeiro a adormecer, mal cai na cama - mas sim o desejo de que o rato dos dentes chegue mais depressa.
Cá em casa usamos os serviços do rato dos dentes em vez dos da fada dos dentes - faz mais sentido para o meu filho para quem tudo tem de fazer sentido e ter uma lógica. E dizemos que eles trabalham juntos quando alguém pergunta pela fada e diz que "a fada é que é", como as primas.
O serviço do rato dos dentes vai funcionar, apesar de o dente só ter caído antes do jantar, porque tinha armazenado uns presentinhos para dar aos miúdos quando calhar. É hoje.

Já disse

Eu sei que já disse isto e mesmo que não o tenha dito pensei-o. Pensei-o tantas vezes como as vezes que o senti. Senti-o tantas vezes como as que fiz batota e, contrariando o que acho ser mais sensato para não vos perturbar o sono, acorro às vossas camas quando vos sinto dormir e ajeito-os, miro-os, dou-vos abraços sobre os lençóis, faço-vos festinhas suaves e cheiro-vos. Adoro o vosso cheiro, de banho acabado de tomar ou, como hoje, de cloro do mais velho e de corrida da mais pequenita.
E falo convosco. E penso que mesmo que esteja cansada, estourada, com muito sono e com a cabeça dentro de um aquário, não há nada no mundo que se compare a esta sensação. Adoro-vos. São meus. E cheiram a casa. Mesmo quando não tiveram tempo para tomar banho porque fizeram uma festa de pizza com os vossos amigos. Amanhã logo tomam. Sem stress.

Dentro do aquário

Odeio esta sensação... A minha cabeça parece estar dentro de um aquário. Tenho os ouvidos tapados mas os barulhos surgem-me abafados e, ao mesmo tempo, amplificados e ficam a ressoar como um tímbalo. Falo dos barulhos da rua, dos passarinhos, dos carros, dos camiões, do ar condicionado da vizinha de cima, das portas a abrir e a fechar. Todos abafados e contínuos, como um barulho de fundo dentro dos meus ouvidos.
De vez em quando tenho sinusite. Odeio ter sinusite quando calha. Dura imenso tempo e não há nada que a faça passar, a não ser uns mergulhos no mar, mas está frio e tenho muito trabalho para fazer. Entretanto parece que tenho os olhos quentes, quando me baixo de repente fico com dor de cabeça, quando me ouço falar fico enjoada do tom nasalado que penso deva ser super cansativo para as pessoas que falam comigo. E o camião que passa lá em baixo parece que estacionou na parte de trás da minha cabeça e acelera baixinho, vrum, vrum, vrum, vrum, vrum...

12/10/09

Apatia

Hoje sinto-me apática.
Tenho um zumbido nos ouvidos - que não deve ser de obras porque as eleições já acabaram, mas se calhar ainda é -, tenho sono para dormir três dias inteirinhos, tenho calor e acho que tensão baixa - mas se beber um café à noite não durmo -, apetece-me roupa nova - mas não quero gastar dinheiro. Apetecem-me os efeitos do ginásio mas não me apetece ir lá. Apetece-me os efeitos de dançar mas ando em modo sinusite, por isso, só de pensar em abanar a cabeça até tenho um arrepio.
Não gosto dos dias assim.

09/10/09

Rir

As coisas não precisam de ser cinzentas. Nem fazer sentido. Podem ser divertidas e fora do comum. Deve ser tão bom poder intervir assim no dia-a-dia das pessoas, baralhá-las, deslumbrá-las, fazê-las mudar de caminho, mudar de rotinas. Adorei.

08/10/09

O inesperado

Tenho de confessar que para mim não há nada melhor do que a surpresa, o inesperado.

Como o balão laranja (das campanhas autárquicas que para aí andam) pendurado na árvore à frente da janela de casa dos meus pais onde faço horas para ir buscar o resto da trupe à escola;

Como uma risota no meio da noite por causa das conversetas do meu filho que é dado a conversar durante a noite e tem verdadeiras discussões com as mais variadas personagens;

Como uma ruazinha esconsa que vai abrir num largo lindo silencioso no meio de Lisboa;

Como um mini-hamburger even better than the real thing;

Como um sub-mundo qualquer.

Adoro o inesperado. O bom, claro.

07/10/09

Estivemos lá

Às sete e meia de sexta partimos para o fim-de-semana. Destino perfeito. O programa prometia ser divertido. Com os primos quase todos e os maridos/mulheres e filhos. Corremos, saltámos, orientámo-nos, respondemos a perguntas, certo ou errado, fizemos perguntas, comemos, bebemos, andámos, apanhámos marmelos, picámo-nos nas silvas, dançámos, comemos duas amoras, saltámos dentro de sacos de serapilheira antigos, andámos de canoa, de kart e de tractor. Cortámos tiras, fizemos classificações, comemos e bebemos mais um pouco. Ainda não sentimos o Outono a puxar-nos pelas pernas, o Sol brilhou todo o fim-de-semana, uns pinguitos de chuva só na Segunda. Voltámos a casa, estoirados e contentes, doridos e satisfeitos.

01/10/09

Positivo

O meu pai é cliente assíduo dos canais de televisão que têm informação sobre Bolsa e mercados de capitais. Há três dias a televisão ficou, sem ninguém saber como nem porquê, quase toda verde. Portanto, do RGB - Red, Green and Blue - a cor que ficou realçada foi o Green. Por isso agora, apesar de as notícias serem dadas por marcianos vestidos de fato e gravata, os mercados bolsistas estão sempre positivos. Mesmo quando as setas estão a apontar para baixo a sua cor verde transmite uma grande paz ao meu pai. Positivo

Adoro boas ideias

Ideias giras come this way. Há uns senhores que inventaram uns blocos de papel iguais ao iPhone, para tirar notas, para desenvolver novas apps para o iPhone, whatever. São lindos. Caros mas lindos.

30/09/09

Sobras

Sobrou-me um frango inteiro do jantar de ontem - um jantar bom, em que seis miúdos brincaram hiper-pacatamente uns com os outros.
Nos meus sonhos podia desfiá-lo inteiro e fazer uma magnífica salada com rúcula, tomate-cereja, queijo azul, ananás, maçã e pinhões ou nozes ou ambos e temperada com vinagre de framboesa e azeite. Podíamos beber um vinho branco fresco a acompanhar.
Amanhã ainda podia fazer uns wraps com ricotta, um salpico de redução de vinagre balsâmico, alface, tomate em cubinhos e chutney de manga. Os miúdos iam lamber os dedos, porque adoram wraps e tudo o que seja assim diferente. Eu também adoro. Especialmente os jantares em que dispomos tudo na mesa, os wraps ou as tortilhas que vão ao forno dentro de uma taça e ficam com essa forma, o frango desfiado, a maçã ralada, os molhos e temperos - ketchup, maionese, ricotta, mel - e outras delícias - frutos secos, fruta cortada, gambas cozidas, o que for.
Enfim, tudo o que houver no frigorífico ou na despensa. Nunca fizemos uma festa destas em que não tenha desaparecido tudo.
Mas hoje não vou desfiar frango nenhum. Estou cheia de trabalho e a caramela ainda teve um niquinho de febre ontem e tosse, por isso, se calhar ainda tenho de ir com ela ao pediatra. Mas não me apetece nada. Preferia ter tempo para desfiar o tal frango.

28/09/09

Quickie

Só uma rapidinha para me lembrar, no Sábado tive o almoço de dez anos de curso. Foi muito engraçado rever tantas caras. Tive de me vir embora mais cedo porque a mais pequena estava com febre. Gostei muito.

26/09/09

Já sei

Trabalhar com ideias é muito divertido. Primeiro uma, depois outra, às vezes nada, o vazio. Outras vezes às centenas, todas encarrileiradas como se não houvesse outra maneira de as ideias nascerem. Muitas vezes soltas, sem qualquer ligação entre elas.
Às vezes o telefone. Outras a porta. Quase todas os miúdos, outras ideias novas. Ideias interrompidas. Difícil retomar o fio. Pode ser que mais tarde... Quem sabe...
À noite, cheia de sono, com as mãos e os braços sem força para mais, bailam à frente dos meus olhos, pondo-me os dedos nervosos por não terem onde fazer a sua ginástica mental e puxam-me para fora da cama.
Às vezes quando converso com as pessoas, o que me permite criar palavras novas ou parecer só tolinha. Lá dentro, em diálogo. O dia todo. O que fiz, o que farei, o que alguém fez ou não fará, que resposta dar, que pergunta fazer. Onde pôr, onde arrumar, porquê comprar, quando ir dormir...

Hoje consegui fazer uma coisa que queria fazer há muito tempo - agradecer a um professor por ter sido muito carinhoso comigo na faculdade numa altura tramada da minha vida. Sei que ficou sensibilizado. Não precisei de dizer muito, só que penso muitas vezes nele, recordando-me das suas aulas, mesmo sem fazer ideia do que é que se passava lá. Sei que os seu olhar era sempre de compreensão. Foi um professor que me ajudou. Ainda bem que lhe agradeci.

À chegada a casa, sete pequenos ajudantes fizeram e devoraram duas doses de scones, mesmo acabadinhos de sair do forno, com a manteiga a borbulhar de tão quente. E todos diziam que não se estavam a queimar. Os miúdos são uma coisa fixe.

24/09/09

Como?

Como explicar à rapariga que trabalha cá em casa que não se deve estar ao telefone o tempo todo que se está a trabalhar?
Não é só pelo receio altruísta de que se queime a passar a ferro. Não é só pelo receio egoísta de que queime alguma camisa. Não é só pelo receio de que o chão fique mal aspirado ou lavado. Não é só por ser cusca e por não perceber nada do que diz no seu dialecto secreto. Até nem é pelo receio de que vá à miséria quando chegar a conta do telemóvel antes mesmo que eu lhe pague o primeiro mês.
É só porque acho que é foleiro.
Ok, também tem um bocadinho a ver com receio de ela passar do telemóvel que usa com auricular - conseguindo, por isso, passar a ferro - para o meu telefone fixo - deixa de conseguir passar a ferro, fazer as camas, aspirar e lavar o chão, enfim, fazer aquilo para que lhe pago. Tem a ver com um cadeado miniatura que os meus pais tiveram de instalar no telefone em casa deles há muitos anos - tantos que a roupa que se usava então está outra vez na moda. Os telefones agora não permitem essas tecnologias. Acho eu.

22/09/09

Se...

Se há dias em que as coisas correm bem, há dias em que nem por isso. Acho que é esse o sentido da vida.

Ontem as coisas correram bem.

Hoje:
É o miúdo a chorar na entrada da escola agarrado a mim como se o mundo fosse acabar, a rebolar-se com dores de barriga - às quais cedi na primeira vez em três anos de escola, apesar de as saber imaginárias e de o confirmar meia hora depois quando lhe ofereci uma taça gigante de gelatina, antes-ronha-do-que-doer-te-mesmo-a-barriga, ok?... Assim aproveito para fazer uma breve palestra sobre a história do Pedro e do Lobo, sabes qual é?
É ter uma reunião de trabalho enquanto descolo mini autocolantes do spiderman com um ar muito concentrado;
É o camião gigante espanhol que se atira para cima de mim na auto-estrada, ignorando as silenciosas buzinadelas que lhe disparo;
É o autocarro da carreira que vem a 200 na minha direcção, apesar de eu estar na passadeira com dois miúdos e outros tantos sacos;
É ter de estar sempre a carregar sacos pesadíssimos, equilibrando o bem que a fruta nos faz com as dores de costas com que fico;
É a miúda ter dormido uma sesta mini e, por isso, estar rabuja.
É o irmão que já percebeu que ela está assim e que, por isso, a está a provocar.
É a oftalmologista antipática que me cobra 90 euros por uma consulta à dita mini apesar de me dizer que como ela está a ser seguida por outro colega eticamente não a pode tratar - já agora podia ser ético não cobrar guito a quem não se vai tratar;
É querer trazer a minha secretária de casa dos meus pais e não conseguir, por causa dos tais miúdos que trago comigo a atravessar a passadeira...

Mas tenho um espelho novo pendurado na parede. Está lindo.

15/09/09

Fragmentos


Hoje está um dia lindo.
Os miúdos ficaram felizes na escola.
Encontrei imensa gente quando fui à rua.
Bebi um sumo de laranja em óptima companhia.
Tive pesadelos a noite toda.
É difícil ultrapassar sozinha algumas dúvidas profissionais.
Há dois dias vi o "Marley e eu" e chorei no fim.
Daqui a dois dias tenho um casamento.
Estou cheia de calor.
Apetece-me uma bolacha.
Estas flores foram os meus filhos que me deram.
São lindas.
Adorava saber costurar à máquina.
Quando tentava aprender na Singer velhinha da minha mãe tinha suores frios a pensar que ia espetar a agulha nas unhas.
Os meus avós ofereceram a máquina quando a minha mãe tinha 14 anos.

14/09/09

Eu sou tão querido...

"Eu sou tão querido", disse-me ontem o meu significant other depois de nos deitarmos. Mas ele próprio foi surpreendido pela afirmação. O seu ar de gozo é delicioso e, só por isso, mereceu uma festinha na cabeça.
Geralmente não se esforça muito. Podia surpreender-me muito mais. Podia supreender os miúdos muito mais. Mas é muito bonzinho e sabe ser carinhoso.
É, no entanto, estranho que queira ser "querido". Geralmente esforça-se por ser "reles" ou "ruim". Mas, no fundo, é mesmo querido. É querido com sacos de água quente e com massagens para curar torcicolos, é querido quando dá pancadinhas de amor, como as que damos aos cães grandes, como os meus tios nos dão, assim uma espécie de uma palmada ou mesmo um encontrão mas de carinho, como quem não sabe dar.
É querido quando me pergunta baixinho à noite, quando os miúdos dormem: "achas que lhes dou mimo a mais?". O mimo nunca é demais.

11/09/09

Tensão

A tensão invisível provocada pelo regresso à escola dos putos deu-me um belo torcicolo (ou um triciclo ao colo). Ser mãe obriga a constante ginástica mental para ultrapassar coisas tão simples como quem vai no banco da direita, quem carrega no botão do elevador, quem leva as chaves, quem faz o quê primeiro... Assim, em acto contínuo o dia todo.

Ser mãe obriga a um esforço de paciência grande para fazer com que calmamente dispam os pijamas quando acordam, vistam os uniformes, comam, lavem os dentes, a cara e as mãos, para que ao final do dia tirem o uniforme, que tomem banho sem molhar a casa de banho toda, que jantem, que comam a sopa, que lavem os dentes a cara e as mãos, que se deitem e que durmam. Parece fácil, mas até entrarem de novo na rotina demora.

Agora, com eles na escola, dá para relaxar um bocadinho mais, mas o stress em que eles andam e que faz com que não queiram ir para a escola (foram as férias que foram muito boas foram as férias que foram muito boas foram as férias que foram muito boas) está a dar cabo do meu pescoço.

Eu sei que é bom ir para a escola.
Eu sei que é bom ter amigos novos.
Eu sei que é bom aprender.
Eu sei isso tudo.

Aprendam lá isso também vocês, ok? Para ver se me passa o torcicolo.

09/09/09

Desculpe?

Com o passar do tempo geralmente as coisas correm melhor. Há que ter paciência. A educadora da minha filha que hoje ficou a berrar na escola contou-me que à hora do lanche, quando puseram o copo de leite na mesa ela disse com um ar muito surpreendido: "mas não foi isto que eu pedi".

O meu vizinho a quem morreu recentemente a mulher devolveu-me hoje um tupperware em que lhe tinha enviado um jantar quando a mulher estava doente. Anda apagado, metido para dentro, vejo-o passar fugazmente de e para o carro. Disse-me, com um ar triste e para que eu me lembrasse da mulher, que já tinha o tupperware lá em casa há muito tempo. Como quem diz, está a ver, desde que esta caixa entrou lá em casa o meu mundo acabou, a minha mulher era tudo, tratava de mim e de todas as outras coisas. Ontem fomos pedir-lhe gelo para fazer uma caipirinha comunitária e ele disse que não sabia se tinha e foi ao congelador e tinha. Deve ter sido a mulher que fez aquele gelo que ele nem sabia se tinha.

Ainda bem que o primeiro dia de escola da minha filha foi melhor que o segundo, assim posso sempre contar como foi um anjinho no primeiro dia de escola. Hoje foi uma sirene. Daquelas dos bombeiros. Berrou que se ouviu na escola toda e na rua ainda caíram uns pássaros das árvores com o barulho...

Mãe sofre.

Pudera, a ver o irmão mais velho, profissional da coisa e irmão mais velho, a berrar que nem um desalmado "quero ir para casa quero ir para casa" como um mantra, também eu ficava com medo do que me pudesse acontecer.

Mãe sofre.

É a penalização por me estar a sentir tão livre, depois de quase seis anos aos mandos de dois minis. Assim até suporto melhor o choro. Não me ralo. Mas que fico com o coração pequenino fico. Deve ser mais ou menos um mês. Haja paciência.

08/09/09

Hoje é o primeiro dia de escola da minha filha. Da vida toda. Depois de quase três anos de mimo de mãe e de brincadeira ininterrupta e de liberdade. "A nossa filha é uma boa selvagem, vai ser institucionalizada, coitada", diz o pai, lembrando-se da reacção ainda hoje meio adversa do mais velho à escola.

Mas hoje eles vão começar a ir juntos para a escola, presumo que de mão dada e presumo que com promessas de "se alguém te bater eu defendo-te", "vou apresentar-te aos meus amigos todos" e coisas queridas do estilo, que o mais velho é como todos os irmãos mais velhos intrinsecamente querido. Mesmo que às vezes a arrelie ou que lhe dê um sopapo.

E ter um irmão mais velho na escola - e, no caso, primas muito amigas também - faz toda a diferença. Eu, que graças a Deus não sou filha única, adorei o meu primeiro dia de aulas e todos os outros que se lhe seguiram. Ia a correr para a escola atrás dos meus irmãos mais velhos, quis aprender tudo num instante e ler os livros todos que pude. Ainda hoje sou um bocado compulsiva nas leituras.

Ontem tivemos um dia extra de mimo. Fizemos as compras todas de que precisávamos para a escola, canetas de feltro, lápis de cera, borrachas, tesouras, essas coisas. As mochilas foram eles que escolheram, o homem aranha cobiçado há três anos para o mais velho e uns bonecos cor-de-laranja e verdes para a mais pequena que ainda não foi picada pelo marketing, apesar de me avisar para os tais aviões da "pulicidade".

Quando há tempo para mimo, há conversas mais fixes. "Olha o presidente da Junta", digo eu para despertar a consciência cívica dos meus filhos, "é o Zé Sócrates?", pergunta o meu filho com aquele ar "estás a ver mãe como eu percebo de política?"

Ah, e será o primeiro dia de escola, se a miúda não tiver nenhuma descarga, porque anteontem surripiou aí umas 15 ameixas secas - sei que devem ter sido +/- 15 por vários relatos dos avós, meu e dos primos e irmãos. Os meus filhos são doidos por frutos secos.

04/09/09

Raquel

Não era giro que aprendessemos as duas a falar italiano? Hoje, enquanto estava a tomar banho, tive um pensamento estranho: "nunca vou aprender a falar italiano". Já sei porque foi, porque o champoo que está pendurado na torneira começa pelo italiano, com palavras que devem soar tão bem como surgem escritas: risciaquare, sole, solo, dopo, e por aí fora. E aí percebi que, como o Brad Pitt no fantástico Sacanas sem lei que vi ontem à noite, nunca saberei falar italiano. Por isso era giro que fossemos as duas aprender. O que achas?

03/09/09

Passeios de bicicleta

Já sei de que é que vou ter mais saudades quando voltarmos a casa para a semana que vem. É dos nossos passeios de bicicleta pelo meio dos pinheiros. Mesmo que, invariavelmente, seja eu a puxar o riquexó - que os miúdos transformaram em rique-choque, assim tipo carrinho-de-choque só que sem moeda.
E do espaço. Vamos todos ter saudades do espaço.

14

30/08/09

... e as feiras

O meu filho comprou ontem com o seu próprio dinheiro uma espada de madeira na feira de Grândola. Para ser mãe é preciso respirar fundo e pensar baixinho três vezes "não vai acontecer nada de mal". E, por isto, quero dizer que ninguém vai ficar com nenhum olho vazado, que nenhum primo vai ficar sem braço ou que a irmã mais nova não vai ficar sem qualquer coisa. Ser mãe, às vezes, é ignorar perigos tão básicos que nem gosto de pensar nisso.

Proíbi-o de bater na irmã e nos primos e, há bocado, encontrei-o a bater numa árvore. Especifiquei que não se bate em coisas vivas - "mas as árvores não são coisas vivas, são filho, são super vivas, são muito importantes para nós, e por aí fora...". Depois encontrei-o a desafiar para a luta uma parede (gulp!!). Tive de especificar que também não se pode bater na casa. O tio diz que "assim não sobra nada", "sobra, sobra", digo eu, mas não sei o quê, vou buscar uns jornais e durante cinco minutos, o tempo de duração da minha paciência, entretemo-nos a trespassar folhas de jornal abertas. Depois designo-o cavaleiro da corte de Dom Segismundo e rezo a todos os santinhos que, por hoje, a sua masculinidade esteja satisfeita de sangue. A seguir ao banho estivemos na mimalhada na minha cama, por isso, mantém o interior carinhoso.

... e a feira de Grândola é hiper racing. Nunca imaginei uma feira assim. Em grande. E hoje de manhã estivemos a ver golfinhos em Setúbal. Lindo

Sempre gostei

Sempre gostei de roupa a secar ao ar livre, mesmo nos prédios e no meio da cidade. Sempre gostei de ver as roupas coloridas ou - sendo esse o caso - das máquinas inteirinhas de roupa branca a ondular suave ou ferozmente consoante o vento. Sempre adorei as imagens das cordas de roupa no campo, sem protecções ou varandins arquitectónicos que escondam a roupa dos olhares dos outros. Sempre adorei ver lavar roupa na ribeira e trazer para os olhos de toda a gente que a roupa é lavada, seca e depois ainda tem de ser passada antes de ir para a gaveta (sempre odiei passar a ferro mas isso é outra conversa).

Acima de tudo, sempre gostei do cheirinho a vento e a sol que a roupa traz quando é apanhada da corda. Adoro abraçar a roupa quando a apanho do estendal e adoro poder fazê-lo aqui. Nem me importo de apanhar e de pendurar a roupa de toda a gente.

Por tudo isso, sempre desgostei um pouco da máquina de secar - mas com miúdos e no Inverno tem de ser. Agora com a ecologia na moda, pode ser que as cordas da roupa deixem de ser tabú outra vez. Este estendal da marca italiana casamania pode ser uma boa ideia. É bonito. Mas os básicos também são.

26/08/09

"Olhá pulicidade"

Eu sei que é publicidade, à qual sou tendencialmente imune. Considero-me apenas curiosa e, por isso, gosto de experimentar as coisas que vejo nos bons anúncios. Adoro um bom anúncio. E este está muito bom. Delicioso.



"... the years are flashing by,
but deep inside we're still the same..."

25/08/09


Já voltámos. De umas férias deliciosas, compridas como as férias devem ser, com descanso e aventura e emoções várias. Com a água do mar a 25 graus e o sol a condizer com Agosto, tivemos os miúdos só para nós, uma casa só para nós, praia só para nós e mar o dia todo.

E, mesmo no fim, também tivemos uns dias só para nós. À vela percorremos o Algarve, entre Lagos e a Culatra perto de Faro, onde dormimos no paraíso, com um mar de espelho e um pôr-de-sol perfeito. Mergulhámos juntos e amigos sozinhos na praia mais perfeita do mundo.

As férias foram recheadas de miúdos contentes a gritar "mamã, olha a pulicidade" quando os aviões mais típicos dos anos 80 do que de 2009, mas agora sem páraquedistas de brincar, sobrevoavam a praia e de gelados "posso comer mais um?" e deram direito a encontrar muitos amigos. No fim, regresso a casa mortos de saudades dos primos, tios e avós. Perfeitas como as férias devem ser.

15/08/09

... férias...

... de férias no Algarve, está tudo parado, os dias são perfeitos, os miúdos estão felizes da vida, nós também. (descobri hoje de manhã que o mais crescido tem um dentão enorme a nascer, um molar de cima, que além de ser um molar ainda tem mais uma prega, portanto cinco furos em vez dos quatro habituais. Tal como o pai tem dentes pré-históricos. Por isso, ontem andou meio refilão. Assim já não fico sem perceber algumas reacções, geralmente com a mana).
... O meu filho quer que a mana o trate por mano, que acho a coisa mais deliciosa do mundo...
... E doem-me os dedos com a necessidade de teclar qualquer coisa, rio-me sozinha com as ideias patetas que tenho e que não consigo transferir para aqui porque não tenho computador. Hoje tenho, por uns minutos, antes de ir pôr a mesa.
Espero que as férias continuem assim tranquilas.

01/08/09

Um

Caiu o primeiro dente ao meu filho. Está tão orgulhoso que não cabe nele. Hoje ouvimos passos a correr a subir a escada, com os dois primos mais crescidos a atropelarem-se para dar a novidade. A minha sobrinha mais velha está tão orgulhosa como o primo. Entraram de rompante pelo quarto e deram-nos a informação como se de um boletim noticioso se tratasse. Depois, com um ar grave, acrescentaram que talvez o dente tivesse sido engolido.
Disse-lhes para o procurarem melhor na cama. Lá o encontraram, um dentinho pequenino e branquinho. Na boca, o espaço para o próximo.
Na vida é sempre assim, temos de deixar sair o velho para entrar o novo. Temos de criar espaços para o que lá vem. Temos de abrir os braços para as novidades.

31/07/09

Que doçura

Uma das partes preferidas das minhas rotinas nocturnas é ir ver se os miúdos estão tapados antes de me ir deitar. Adoro vê-los com os cabelos espalhados pela almofada ou pela cama, com o ar pacífico que não deixa adivinhar as diabruras do dia, as almofadas enroladas no corpo, quando estão virados do avesso com a cabeça no sítio dos pés... Adoro dar-lhes beijinhos e dizer que os adoro em surdina, sem mais ninguém ouvir, só os cérebros pequeninos que registam tudo, até o bater de asas de uma mosca de Verão.
Hoje, depois de ter desenleado a minha filhota, de ter tapado os pés da sobrinha mais velha e de ter ouvido o ressonar tranquilo da sobrinha mais pequena, depois de ter espreitado para a cama de grades do meu sobrinho e vê-lo a dormir com o ar pândego que tem durante o dia, cheguei à cama do meu filho. Eles dormem numa camarata, onde há lugar físico para sete, e todas as noites antes de adormecerem é uma galhofa, eu ralho, mas rio-me a lembrar-me das minhas galhofas com irmãos e com primos. O meu filho estava enrolado num edredão que, como com o fato de surf dentro de água, lhe dá uma sensação de segurança enorme (comigo também era assim, enrolava-me muito bem nos lençóis e puxava os cobertores para cima, deixava só o nariz de fora para poder respirar e fechava os olhos com força para não ver os monstros que havia debaixo da cama e eles não me verem ou se me vissem para me devorarem de uma só vez sem eu me aperceber).
Puxo o edredão para trás e na obscuridade do quarto vejo que tem as pernas cruzadas e os chinelos novos que o pai lhe trouxe calçados. É tão bom ter presentes.

A reflama

... e, porque me esqueci ontem, o meu filho mais velho pergunta com os olhos muito abertos "quando é que o pai se reflama?". Não percebo imediatamente o que quer dizer a pergunta e ele explica melhor "quando é que o pai se reflama, assim como os avós?".
Já sei, queres o papá sempre de férias, a ir para a praia e sempre ao pé de nós.

Uma rapidinha

A correr, só para não dizer que não venho cá:

- a + pequena já sabe andar de bicicleta com rodinhas (a 200 kms por hora) e atravessa a piscina toda a nadar à cão (com braçadeiras);
- o + crescido já não tem medo das ondas e gosta que o chamemos de "o surfista";
- às vezes é "enrobolado" pelas ondas mas não se queixa;
- a sobrinha mais pequena canta pela casa toda "olha a bola chouriço a merenda" a imitar o homem das bolas de berlim;
- o + pequeno vai ser beijoqueiro;
- a + velha gosta de organizar o pessoal;
- os miúdos todos abriram um negócio (Tartaruga dos cinco), incentivado pelas mães, que assim os vêem entretidos e a trabalhar em conjunto. Vendem enfeites, brincos, pulseiras, colares e porta-chaves. Já estão a facturar super orgulhosos de si mesmos;
- os dias de praia têm estado geniais.

26/07/09

Zzzz

Há dois dias consegui, pela primeira vez num mês de férias com os miúdos, estar 15 minutinhos deitada na minha toalha azul. Deitei-me e fechei os olhos como gosto de fazer desde sempre. O fechar de olhos que permite aguçar os sentidos, que faz com que sinta melhor o que está à volta. Gosto do cheiro do mar, gosto do cheiro da areia, gosto dos barulhos da praia, do ronronar das ondas, dos gritos das crianças, dos pregões dos vendedores de bolas de berlim e gelados...

Todos os dias penso que me apetece comer uma bola de berlim com creme, mas não como. Comer bolos na praia não é grande ideia.

Ouço tudo. Gosto da proximidade da areia, do contacto com a leve ondulação da areia sob a toalha. Do toque da toalha, super macia. Abro os olhos, repostos que estão todos os sentidos. Acima o ceú, lindo, de Verão, com umas leves nuvens. Mas ao fim de um bocado, não sou eu que olho para cima para o ceú, estando afinal debruçada de cima a olhar para as nuvens que estão lá em baixo, no fim da imensidão de azul. Gosto de sentir e de provocar estas mudanças de ponto de vista. São fundamentais para aceitar coisas diferentes.

Os 15 minutos passaram a correr, como passa sempre o tempo em paz. E voltou a agitação, vamos jogar à bola, vamos fazer surf, vamos vestir o fato, vamos tirar o fato, embrulha-me na toalha, quero tirar o fato de banho, vamos tomar banho, tenho fome, tenho sede, quero fazer xixi, não quero ir embora, não quero ficar. Cinco cabeças com ideias tontas.

22/07/09

Enquanto isso...

Percebo agora que enquanto eu estive quieta, agarrada à minha ideia de casa, toda a gente andou despreocupadamente na borga e a fazer inter-rails e a acampar. Enquanto me afastei dos meus amigos ou eles se afastaram de mim por eu estar a olhar para dentro muitas amizades esmoreceram. Enquanto ficava especada em frente aos livros sem conseguir ler o que diziam e as letras bailavam embaciadas pelas lágrimas que corriam pela minha cara sem que ninguém o percebesse o mundo mudou. Enquanto falavam comigo as palavras corriam pelos meus ouvidos pelo meu cérebro e saíam com gigantescos pontos de interrogação em cima, dizia coisas que não fazia ideia ter dentro da minha cabeça e defendia posições nas quais nunca tinha pensado. Via-me de cima, de fora, de lado. Nunca por dentro.
A cabeça é um lugar estranho. A voz quando vive alheada da cabeça ainda é mais.

Em 1995 o mundo parou ou deu sete voltas de uma vez. Nem sei bem. A mesa deixou de ter seis lugares. A porta deixou de se abrir da tua maneira. Os teus recortes de jornais deixaram de andar pela casa.

O mundo demorou mais ou menos dez anos a voltar ao seu ritmo normal. Foi preciso os miúdos chegarem para a gaveta onde guardo os teus recortes ficar mais tranquila. Gosto de tirar de lá bocadinhos de ti/de mim e expo-los à frente de todos. Estou sempre a falar de ti, sempre que posso, sempre que faz um pequeno cabimento nas conversas. Falo de ti aos primos e aos tios nos casamentos, falo de ti aos amigos, sublinho-te em casa, falo de ti às senhoras do cabeleireiro ou da depilação... Sinto-lhes o constrangimento, mas não me atrapalho. Continuo a conversa como se nada fosse.

Quando tu morreste eu também morri. Morremos todos um bocadinho. Temos saudades percebes?

21/07/09

Sim... também estou de férias

Tenho tido inspiração diária para aqui vir, mas estou em modo férias, apesar de estar a trabalhar. Portanto, estou a fazer uma dieta de computador - e está a saber-me muito bem. Tenho muitas fotos giras para partilhar, mas estou com preguiça. Bons dias de praia.

09/07/09

Assim sim

Hoje acordei com as unhas dos pés pintadas de vermelho vivo.
O meu mini-aspirador cheira a chocolate.
Os meus filhos gostam de brincar aos playmobis.
Encontrei uma amiga de manhã.
Assim sim.

08/07/09

Dormir mal e pessoas fixes

Não sou a pessoa mais original do mundo ao dizer que odeio dormir mal. Não sou a pessoa mais original do mundo ao dizer que ter filhos equivale a dormir mal às vezes. Com sorte, no meu caso, isso é muito raro. Hoje e ontem foi assim.
Hoje troco caracteres uns pelos outros e sinto-me assim como o Lobo Antunes ou o Pedro Paixão que dizem que escrevem sem saber muito bem o que vai sair. No caso deles saem coisas fixes, no meu caso saem letras tortas e palavras que não querem dizer nada e estou constantemente a apagar erros.
Quando durmo mal geralmente tenho menos paciência. Odeio quando estou com pouca paciência. Curo-me quando converso com pessoas fixes ou quando consigo relaxar durante uns dez minutos. Adoro ter a cabeça cheia de projectos. Odeio andar preocupada com gripes estúpidas e o unknown.

06/07/09

Preciso de uma goma!!!

E é já!!!
"mãeeeee, preciso de uma vassoura"
Engulo em seco, tentando lembrar-me da última vez que a minha filha mais pequenina me tinha pedido tal coisa, nunca, uf, que alívio, lembro-me, no entanto, de quando o meu filho crescido a pediu, hoje de manhã, tinha migalhas por todo o quarto de brincar do tio Pedro. Ups. Que cenário me espera? Vem a correr ter comigo e estica-me a mão, em jeito de 'bora lá ser amigas do parque infantil.
"Então conta lá: achas que a mamã vai ficar muito ou pouco chateada contigo?"
"Pouco"
Claro que é pouco, se foi a última hipótese que dei é essa que ela vai repetir. Respiro fundo enquanto vamos pelo corredor fora tão amigas, por tão pouco tempo. Calma. Pode nem ser nada demais.
Só que o azul clarinho do chão da cozinha parece que foi usado para fazer transplante de vasos. O conteúdo da lata de chocolate em pó da Nestlé, aquele delicioso que se chama chocolate quente acho, estava parcialmente espalhado pelo chão. A lata estava já muito arrumadinha em cima da mesa e, palpita-me que tenham sido as mãos dela a fazer os circuitos turísticos que identifico no chocolate. É claro que não ficamos zangadas, quem me dera um chão inteiro de chocolate em pó para me deitar enquanto brinco convosco, mas tenho de te pôr uns minutos de castigo, enquanto me rio às escondidas e limpo a confusão. Ao menos o meu aspirador manual agora cheira a chocolate.
Acho que estamos oficialmente na fase das asneiras da besnica.

02/07/09

O menino de ouro

Tenho visto por todo o lado o novo outdoor do PS, a antecipar as próximas eleições legislativas. Nem sei o que lá diz. Concentro-me nas caras que fazem parte da composição. E pergunto-me: é raiva que põe vermelhos os senhores à direita? É enjoo que põe verdes os senhores à esquerda? É que o Sócrates, amarelinho, já toda a gente sabe que é o menino de ouro. Aqui em versão esfera armilar. Que outdoor mais piroso.

30/06/09

Enquanto isso...

Enquanto penso que queria escrever um post a dizer que já não suporto mais comentários sobre o tempo que está, que ocorrem quando passo por qualquer pessoa hoje em dia, mas acho antipático fazê-lo, porque as pessoas podem não ter mais nada para dizer e coarctar-lhes assim o pensamento é foleiro;

Enquanto estou a escrever quatro textos e a paginar um livrinho;

Enquanto organizo por mail e sms o jantar do clube de livros desta semana;

Enquanto actualizo as minhas leituras obrigatórias para não me sentir tão sozinha como freelancer - há mais out there;

Enquanto me regozijo com os resultados do detox que continuo a fazer (com um dia de interrupção no fim-de-semana, atribuível aos anos da sobrinha mais crescida - acho que tive uma OD de chocolate, mas enfim) e me sinto cheia de energia por não comer as coisas que não devo comer e sinto, não, sei, que perdi aí uns quatro quilos;

Enquanto decido pôr aqui ao lado --> uma caixinha com seguidores para vos ver as carinhas larocas, esperando que sejam mais;

Já são horas de ir buscar o senhor maior, que fica hoje de férias do infantário. O post fica para depois.

26/06/09

A few of my favourite things

A felicidade faz-se de coisas pequeninas. And then I don't feel so bad, cantava a perceptora dos miúdos da família von Trapp, lembrando-se de curas para mordidelas de cães e picadelas de abelhas. Faz bem pensar em coisas boas:

* torradas com manteiga e doce de morango;
* o barulho do vento nos cortinados;
* beijinhos;
* chuvinha de Verão;
* passeios de mão dada pelas avenidas sem destino nenhum;
* scones nas senhoras do Rato;
* fazer bolos com crianças;
* lamber as taças dos bolos;
* o ar supreendido/contente do meu filho quando nos cruzámos de manhã na escola;
* lençóis muito suaves;
* amigos grátis;
* encontros inesperados;
* mergulhos no mar;
* pôr a mesa para uma festa;
* andar de patins e de bicicleta;
* ...

Mantra

Tenho de repetir em voz alta mil vezes (como os alunos que se portavam mal na altura em que importava o que os professores pensavam e os miúdos em geral queriam aprender) o meu novo mantra, adaptado das sábias palavras de uma filósofa nouvelle vague que me costuma aconselhar sabiamente, com os seus conselhos de graça que trocamos em ping-pong:

Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less. Expect less.

A cem por dia, ao fim de dez dias já decorei este mantra. E depois posso evoluir para o próximo:

You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it. You can do it.

Se tudo correr como o previsto, daqui a vinte dias estou em paz. Até lá, p*?a de vida.

25/06/09

O que é isto que me absorve tanto?

Não consigo encontrar melhor analogia para explicar o que estou a fazer do que aquele jogo que jogávamos em miúdos de enrolar um cordel à volta das mãos que depois ia sendo passado de umas mãos para outras e mudando de forma à medida que se progredia. Às tantas tem uma figura que se chama pé de galinha ou de galo, já não sei ao certo. Não me lembro do nome do jogo, mas era do género do jogo do prego, dos berlindes ou dos carrinhos de rolamentos em termos de acessibilidade e universalidade. Toda a gente podia jogar e era muito barato. [Hoje é difícil ir a um restaurante em que haja miúdos sem que os putos estejam agarrados às PSP. Que atraso de vida.]
O que estou a fazer é o projecto final do meu curso (já passou um ano lectivo inteirinho), que é todinho em flash, uma ferramenta linda e que produz resultados lindos mas certamente inventada por mentes muito tortuosas, daquelas que se entretém a desenredar linhas ao fim-de-semana ou a contar os azulejos da casa-de-banho quando se sentam por uns momentos na sanita [eu antes dizia sempre retrete até ao dia em que levei um "humpf" de desaprovação da saloia que me estava a vender as ditas. Agora digo sanitas, mas penso retretes. Tem um som muito mais fixe].
Portanto, o flash é difícil de desenlear, mas produz resultados muito giros. Só que também acho que é um bocado sensível demais para meu gosto. Ofende-se com facilidade. Não me deixa fazer control z até onde eu quero, ou seja, até ao último momento antes do disparate que arruina a animação. Com calma lá irei. Ou será que estou burrinha por causa do detox?